Clipping 17/04/2015

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Clipping Educacional

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Apr 17, 2015, 11:02:20 AM4/17/15
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Sexta feira, 17 de abril de 2015

Matérias de Hoje

UOL Notícias - 16/04/2015 - São Paulo, SP
Basta lembrar das aulas que você perdeu na escola, porque as pálpebras estavam pesadas demais
G1 Globo.com. - 16/04/2015 - Rio de Janeiro, RJ
Cientista era secretário do Ministério de Ciências e Tecnologia. Órgão é responsável pela pós-graduação e pelo Ciência sem Fronteiras
Jornal do Commercio - 17/04/2015 - Recife, SP
Sindicato ainda não recebeu notificação judicial que determinou fim do movimento sob pena de multa de R$ 30 mil ao dia
iG Último Segundo - 16/04/2015 - São Paulo, SP
Os aprovados receberão gratuitamente horas de consultoria individualizada com a equipe da Fundação Estudar sobre o processo de application a universidades fora, especialmente dos EUA
Portal Aprendiz - 16/04/2015 - São Paulo, SP
Curso online gratuito, com inscrições até 23 de abril
UOL Educação - 17/04/2015 - São Paulo, SP
Seu filho não queria mais ir à escola, perdeu o interesse que tinha pelo desenho e começou a ter medo até de ir ao banheiro sozinho
G1 Globo.com - 16/04/2015 - Rio de Janeiro, RJ
Manifestação foi repreendida com jatos de água e prisões. Universitários são contra mudanças no sistema de financiamento
UOL Educação - 16/04/2015 - São Paulo, SP
Ainda não há um número exato de vítimas confirmadas
REDETV - 16/04/2015 - São Paulo, SP
Agora, Marie tem planos de cursar uma faculdade
UOL Educação - 16/04/2015 - São Paulo, SP
Também não houve resposta sobre medidas a serem adotadas para evitar novos ataques
O Globo - 15/04/2015 - Rio de Janeiro, RJ
Sociólogo defende menos burocracia e mais prestação de contas

Editoriais, artigos e opiniões

Matérias

Clique Ciência: dá para aprender dormindo?

Tatiana Pronin - UOL Notícias - 16/04/2015 - São Paulo, SP

Pesquisas recentes indicam que o cérebro permanece mais ativo durante o sono do que se imaginava e que é possível, sim, tirar proveito disso. Mas não se anime demais: as descobertas da neurociência estão longe de ser um aval a empresas que oferecem cursos de idiomas para `aprender dormindo`.

Basta lembrar das aulas que você perdeu na escola, porque as pálpebras estavam pesadas demais. Deu para assimilar alguma coisa? Muito pouco, certo? Se desse para aprender assim, não seria mais preciso investir em bons professores; bastava um único, que gravasse as aulas, e os alunos nem precisariam sair da cama, o que resultaria em uma enorme economia de recursos.

Hoje os cientistas sabem, porém, que ninguém perde tempo dormindo. `O período em que adormecemos está longe de ser um momento de silêncio cognitivo, que se presta apenas para relaxamento e descanso cerebral`, explica o neurologista Leando Teles, membro da Academia Brasileira de Neurologia (ABN).

`Na verdade, o sono é um evento biológico dinâmico, com fases bem definidas - o cérebro reduz seu metabolismo em alguns momentos e acelera em outros, mantendo atividades de aprendizado, organização de memórias, ensaios de criatividade e testes emocionais`, complementa.

Processamento automático

Um estudo publicado no ano passado na revista `Current Biology` mostrou que indivíduos estimulados a processar informações simples antes de dormir continuam com a tarefa em andamento nas fases iniciais do sono.

No experimento, pesquisadores da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, e da Escola Normal Superior, em Paris, convidaram pessoas a classificar palavras em `animais` ou `objetos` apertando um botão em cada mão pouco antes de dormir. Tudo isso era registrado em exames, que acusavam os potenciais elétricos para as respostas motoras.

Depois que caíram no sono, e deixaram de apertar os botões, os participantes continuaram a ser estimulados a realizar a tarefa. Adivinha o que aconteceu? Pelos registros da atividade cerebral, os cientistas viram que eles continuavam acertando tudo, só demoravam um pouco mais para `responder`.

`Os resultados não oferecem respostas definitivas, entretanto mostram que o cérebro é capaz de continuar processando durante os estágios iniciais do sono informações externas (no caso, palavras ouvidas)`, esclarece o professor de neurologia Benito Damasceno, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), em São Paulo. `Mas não demonstraram evidência de aprendizado nas tarefas propostas`, frisa, porém, o especialista.

Estudo anterior, publicado na revista `Cerebral Cortex` e financiado pela Fundação Nacional de Ciência da Suíça, mostrou que, se não dá, efetivamente, para aprender enquanto se dorme, é possível pelo menos solidificar a memória das palavras ouvidas antes de ir para a cama.

O trabalho convocou 60 alunos de língua alemã para aprender à noite algumas palavras em holandês. Metade do grupo foi dormir, enquanto o som ambiente reproduzia as palavras gravadas, e a outra metade permaneceu acordada para ouvir o mesmo áudio. Depois, às 2h, todos foram submetidos novamente ao novo vocabulário e - surpresa! - quem dormiu se saiu muito melhor ao recordar as palavras novas.

Outro estudo sugestivo foi feito pela Universidade de Nova York e publicado na revista `Science`. Pesquisadores comprovaram, em ratos, que dormir depois de aprender algo novo permite a geração de novas conexões entre os neurônios. Ou seja: o processo iniciado em estado de alerta é mantido durante o sono.

Sonhos e soluções

O grande responsável pela consolidação de memórias durante o sono é a chamada `fase REM` (da sigla em inglês para `movimento rápido dos olhos`), que surge após quatro outros estágios, como explica Leandro Teles.

Nas fases 1 e 2, o sono é superficial e as pessoas estão mais sensíveis ao despertar, já que há uma ligeira percepção do mundo externo. As fases 3 e 4 são as denominadas de sono profundo, ou de ondas lentas. O cérebro trabalha menos, mas não fica totalmente parado: é apenas um descanso.

Depois de todo esse processo é que surge o sono REM: a pessoa quase não se mexe, apenas movimenta os olhos por baixo da pálpebra (daí o nome do estágio). `O indivíduo está distante, sensorialmente, do mundo que o cerca, mas seu cérebro está mais agitado, organizando memórias recentes, exercitando sua criatividade e criando os famosos sonhos, que podem ser lembrados ou não (a depender do momento em que despertamos)`, descreve Teles.

O especialista acrescenta que, nessa fase, há intensa ativação de áreas ligadas a emoções, sem muita interferência da crítica e da racionalidade. `Por isso temos muitos sonhos malucos e `sem pé nem cabeça``, comenta.

Apesar da aparente confusão, o processo é fundamental para a consolidação do aprendizado. Tanto que muita gente vai dormir pensando em um problema e acorda com uma solução para ele. `O cérebro mantém processamentos vindos do período de vigília, numa espécie de segundo plano menos consciente, mas eventualmente muito efetivo e criativo (talvez por menor interferência do juízo e da crítica, que limitam as alternativas)`, diz o neurologista.

Os estudos recentes, para ele, demonstram o grau de complexidade do funcionamento do cérebro humano, a importância do sono e o trabalho que os neurocientistas têm pela frente para compreender os detalhes desse fenômeno.

Ministro da Educação convida Carlos Nobre para ser presidente da Capes

Do G1, em São Paulo - G1 Globo.com. - 16/04/2015 - Rio de Janeiro, RJ

O professor e pesquisador Carlos Nobre será o novo presidente da da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão ligado ao Ministério da Educação responsável pela expansão e consolidação da pós-graduação pelo país e pelo programa de intercâmbio Ciência sem Fronteiras.

Nobre recebeu nesta quarta-feira (15) o convite do ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, para assumir o cargo. Ele exercia desde fevereiro de 2011 a função de Secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação.

Especializado em climatologia, Carlos Nobre entra no lugar de Jorge Guimarães, que deixa a Capes após 12 anos. Ele é formado em engenharia eletrônica pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), com doutorado em meteorologia pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT). Nobre já atuou na Capes como como coordenador da Comissão de Cursos Multidisciplinares de 2006 a 2008` período em que Janine Ribeiro foi diretor de avaliação do órgão.

`“Carlos Nobre é um dos maiores cientistas brasileiros, com forte experiência na coordenação da área interdisciplinar da Capes. Ele também é uma referência importante no debate ético sobre vida e sustentabilidade`, destacou o ministro da Educação em nota divulgada pelo MEC.

Professores fazem assembleia nesta sexta para decidir se continuam greve

Do JC Online - Jornal do Commercio - 17/04/2015 - Recife, SP

Pressionados por decisão judicial que determinou a suspensão da greve, na última quarta-feira (15), sob pena de multa diária de R$ 30 mil, os professores da rede estadual de ensino realizam assembleia, na manhã desta sexta-feira, para definir se dão continuidade ao movimento, iniciado na segunda-feira.

O encontro acontece no Teatro Guararapes, no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda, Grande Recife, a partir das 9h. E, se depender da avaliação do sindicato da categoria, a mobilização continua.

“A adesão é ampla e se manteve na casa dos 70% mesmo após a decisão judicial, que ainda não recebemos. Foram realizados nesta quinta vários atos em todo o Estado, dez só na Região Metropolitana. O governo não nos procurou. Então, o quadro se mantém e, pelo que tenho ouvido, a greve deve continuar, mas quem vai decidir é a categoria”, declara o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), Fernando Melo.

Levantamento da Secretaria Estadual de Educação nas unidades da rede apontou que o índice de adesão total ao movimento caiu de 14% (143 escolas), na quarta-feira para 13% (133) na quinta. O índice de unidades com aula normal subiu de 49% (517) para 53% (556). Já o funcionamento parcial caiu de 37% (385) para 34% (356).

O JC visitou algumas instituições no bairro de Santo Amaro, área central do Recife. Na Luiz Delgado, a adesão foi completa. Ao lado, a João Barbalho funcionou normalmente, com falta de apenas dois professores. “Aqui 60% dos docentes trabalham com minicontrato, que proíbe participação em greve, os demais sofreram com o movimento anterior”, destacou o diretor Natanal José. A Escola José Maria teve parte das aulas.

Entre os atos realizados estava o de alunos das escolas Dom Bosco e Dom Vital, em Casa Amarela. Eles saíram em passeata até a Avenida Norte, no início da manhã, fechando a via por cinco minutos. “Esta luta não é só dos professores. Nós queremos uma escola melhor. Queremos que eles venham com vontade para a sala de aula”, diz o estudante de segundo ano Raí Vinícius, 16 anos. A categoria tem pauta com 44 itens, entre os quais reajuste de 13,01% para todos.

Programa gratuito de preparação para graduação no exterior recebe inscrições

Da Redação - iG Último Segundo - 16/04/2015 - São Paulo, SP

Podem participar do Prep Scholars alunos do 3ª ano do ensino médio com bom desempenho escolar e que falem inglês

A Fundação Estudar está com inscrições abertas para o programa gratuito Prep Scholar, que orienta estudantes interessados a fazerem faculdade no exterior. As inscrições vão até o dia 18 de abril.

O Prep Scholars teve alunos aprovados nas oito universidades que integram a chamada Ivy League - grupo das instituições de maior prestígio nos EUA (Brown, Columbia, Cornell, Dartmouth, Harvard, Princeton, Universidade da Pensilvânia e Yale) -, além de outras de prestígio como Stanford, Duke, Chicago e MIT.

A inscrição deve ser feita no site da fundação. Podem participar alunos do 3ª ano do ensino médio ou que se formaram há no máximo um ano, têm bom desempenho escolar e falam inglês.

O processo seletivo inclui preenchimento de formulários; envio do histórico escolar, uma redação e um vídeo de apresentação; e realização de testes de lógica e inglês. Caso passe para a próxima etapa, o candidato também passará por uma entrevista em inglês.

Os aprovados receberão gratuitamente horas de consultoria individualizada com a equipe da Fundação Estudar sobre o processo de application a universidades fora, especialmente dos EUA. Os selecionados têm ainda orientação em grupo e acompanhamento de um mentor que estudou fora e aqueles que comprovam necessidade financeira recebem ajuda para arcar com os custos do processo.

Curso online auxilia formulação participativa de planos locais de educação

Da Redação - Portal Aprendiz - 16/04/2015 - São Paulo, SP

Até o dia 25 de junho deste ano, os municípios e estados brasileiros devem apresentar seus planos locais de educação. Responsáveis por articular as políticas públicas de educação nas diferentes regiões do país com as metas do Plano Nacional de Educação, os planos locais são uma importante ferramenta para a garantia de uma educação de qualidade.

Para auxiliar gestores, conselheiros, famílias, ativistas,estudantes, professores e a sociedade civil nessa tarefa, a Ação Educativa, que criou a Metodologia “De Olho Nos Planos”, irá oferecer um curso online gratuito, com inscrições até 23 de abril, chamado “A Prática em curso: a participação nos Planos de Educação”. O curso irá tratar de desafios no desenvolvimento de processos participativos, diagnóstico de questões locais e sistematização de propostas para os planos.

A formação será realizada no ambiente virtual da Rede De Olho nos Planos , onde os participantes estudarão indicadores da qualidade na educação, como fortalecer a participação de crianças e adolescentes e também trarão questões locais e realizarão atividade em seus territórios.

Serviço – Formação à distância: “A Prática em curso: a participação nos Planos de Educação” – 1ª edição

Carga Horária: 48 horas

Inscrições: 23 de abril

Período: 27 de abril a 15 de junho

Informações: jaquelin...@acaoeducativa.org / rede@deolhonosplanos

Professora é flagrada agredindo alunos em Catanduva (SP)

Estadão Conteúdo - UOL Educação - 17/04/2015 - São Paulo, SP

Imagens de vídeo mostram uma professora tratando com violência crianças de três a quatro anos na Escola Municipal Ângelo Carana, em Catanduva, região norte do Estado de São Paulo. Nas cenas, que foram parar em redes sociais, é possível ver a professora atingindo a cabeça de uma menina com um pote, batendo a cabeça de outra criança na mesa, dando tapas e puxando o cabelo dos alunos. Ela ainda força um deles a comer até vomitar e arrasta outro pelo cabelo para fora da sala.

As imagens foram gravadas em agosto de 2014 pelo sistema de monitoramento instalado na escola, mas a professora Tânia Lopes Marins Cid só foi demitida, nesta quarta-feira, 15, depois que as cenas foram divulgadas. De acordo com a Secretaria da Educação, a demissão ocorreu após a conclusão de um processo disciplinar. A mãe de um aluno, Luciana do Carmo Garcia Vale, conta que seu filho de quatro anos relatou em casa as agressões que sofria na escola, mas as providências contra a professora não foram tomadas de imediato.

Luciana contou que seu filho não queria mais ir à escola, perdeu o interesse que tinha pelo desenho e começou a ter medo até de ir ao banheiro sozinho. `Quando ele pediu para dormir comigo, vi que havia algo errado.` Aos poucos, o filho contou que ele e os colegas apanhavam da professora. Luciana, que também é professora, procurou a colega, mas ela negou as agressões e disse que adorava a criança. `Só que, no outro dia, ela fez tortura psicológica com ele, disse que era fedido e não desenhava bem.`

A mãe exigiu que as imagens das câmeras fossem verificadas e disse ter encontrado resistência. `Fui até ao prefeito (Geraldo Vinholi, PSDB), aí soube que o departamento jurídico tinha aberto um processo administrativo.` A professora foi transferida e passou a trabalhar na secretaria de outra escola. De acordo com a Secretaria, assim que houve a denúncia, a professora foi afastada e todos os procedimentos foram tomados na proteção dos alunos e para dar à servidora o direito de defesa previsto em lei.

As crianças estão recebendo atendimento psicológico, segundo a prefeitura, mas não há indícios de sequelas. A prefeitura lembra que a comprovação dos fatos só foi possível porque as escolas de ensino básico do município têm sistemas de monitoramento e que apura em sindicância interna se houve possíveis erros na condução do processo administrativo.

A Polícia Civil informou ter aberto inquérito para apurar as agressões. Além da requisição das imagens, foram pedidos exames e perícia técnica para confirmar a violência. Dependendo dos laudos, a mulher pode responder por crimes que vão de maus tratos à tortura, segundo a polícia. Procurada, a professora não retornou as ligações. O perfil pessoal que ela mantinha na rede social Facebook teve o conteúdo retirado.

Estudantes fazem megaprotesto contra reforma na educação do Chile

Do G1, em São Paulo - G1 Globo.com - 16/04/2015 - Rio de Janeiro, RJ

Milhares de estudantes saíram às ruas das principais cidades do Chile em um protesto nacional contra a reforma no sistema educacional do país nesta quinta-feira (16). Houve confronto com a polícia em Santiago e Valparaíso. De acordo com estimativas dos organizadores, a marcha em Santiago reuniu 150 mil pessoas, enquanto a polícia estimou em 40 mil o número de participantes.

Os estudantes protestam contra a reforma aprovada em janeiro que proíbe a seleção de estudantes em escolas subvencionadas, o financiamento compartilhado com as famílias e os lucros de capital dos donos de colégios.

Segundo os manifestantes, as medidas envolvendo o lucro e a seleção irão afetar parte das 5 mil escolas subsidiadas, que reúnem 52% dos estudantes chilenos e são financiadas por contribuições do Estado e o pagamento das famílias.

Presa dupla que cobrava R$ 50 mil para revalidar diploma de medicina

Jéssica Nascimento - UOL Educação - 16/04/2015 - São Paulo, SP

Após uma denuncia anônima, dois homens foram presos no Guará (DF) acusados de aplicar golpes contra alunos de medicina. A dupla prometia a revalidação de diplomas emitidos no exterior e também empregos no Distrito Federal com salários de até R$ 30 mil. De acordo com a Polícia Civil, as vítimas eram estudantes brasileiros que estudavam na Bolívia e na Rússia.

O delegado-chefe da Polícia Civil Jeferson Lisboa conta que as vítimas - com a finalidade de conseguir a revalidação - teriam que pagar R$ 50 mil aos suspeitos e também participar de um curso fictício que, segundo os golpistas, seria ministrado em Brasília. `Eles cobravam uma entrada de R$ 1.500 a R$ 2.000. Para dar credibilidade ao golpe, Jurandir Pinheiro, 37, e Jorge Martins, 32, diziam que eram membros da Associação Médica do Mercosul, instituição que não existe`.

Ainda não há um número exato de vítimas confirmadas. Entretanto, cerca de 27 certificados de cursos realizados pelas vítimas foram apreendidos com os suspeitos. `Estima-se que o golpe tenha movimentado, nos últimos quatro meses, mais de 1,5 milhões de reais`, informa o delegado. Ao serem presos na terça-feira (14), a dupla informou que eram estudantes de medicina. Porém, foi encontrado com Jurandir uma carteia da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

`Os envolvidos tinham a fala muito boa. Inventaram uma instituição e prometiam vagas no sistema público de saúde do Brasil. Acreditamos que eles tinham algum contato em uma universidade boliviana`.

A Polícia Civil também informou que mais dois homens estão envolvidos com os golpes. Eles já foram identificados e um mandado para prisão preventiva foi pedido. Os foragidos são de Goiânia e do Litoral Paulista.

Aluna diz que prática é comum

A estudante brasiliense Ana Luiza Perotto, 25 anos, estuda medicina há quatro anos em Buenos Aires. Ela conta que é comum receber ofertas de Revalida e de vagas em faculdades particulares dentro e fora do país. `Essa notícia não me surpreendeu em nada. Desde que eu cheguei no país, recebo esse tipo de proposta de até R$70 mil`, conta.

Para Ana Luíza, o brasileiro tem o hábito de sempre optar pelo caminho mais fácil. `Conheço pessoas que já compraram vagas em universidades particulares. A prática apenas reflete no tipo de profissional que elas serão`, diz.

A estudante que está no quinto semestre conta que não tem medo da revalidação. `Estou estudando para isso e a faculdade em que estudo possui um alto índice de aprovação. Quem decide conseguir as coisas de forma ilegal não terá sucesso`.

Revalidação de diploma

De acordo com o MEC (Ministério da Educação), a competência pela revalidação de diplomas de graduação é das universidades públicas brasileiras que ministram curso de graduação reconhecido na mesma área de conhecimento. Nesse processo de revalidação, os candidatos que estudaram no exterior têm que realizar exames de complementação de estudos.

No caso do curso de medicina, os médicos formados no exterior pode fazer o Revalida, um processo unificado de revalidação. As instituições de ensino superior aderem ao Revalida de forma voluntária. Portanto, as instituições que não aderiram ao Revalida continuam executando procedimentos próprios de avaliação dos profissionais que pleiteiam a revalidação de curso de medicina.

Mulher que largou ensino médio há 87 anos recebe diploma

Redação/RedeTV - REDETV - 16/04/2015 - São Paulo, SP

Uma mulher de 103 anos recebeu na última sexta-feira (10), um diploma honorário do ensino médio depois de ter abandonado a escola há mais de 87 anos.

Em 1928, Marie Hunt foi obrigada a abandonar o Colégio River Valley em Wisconsin, nos Estados Unidos, para cuidar de seus oito irmãos. Na época, ela havia acabado de concluir o oitavo ano.

Agora, Marie tem planos de cursar uma faculdade.

Alunos são atacados por cachorros abandonados no campus da UFRJ

Maria Luisa de Melo - UOL Educação - 16/04/2015 - São Paulo, SP

Quando se mudou para o alojamento da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro, no início deste ano), a estudante maranhense de relações internacionais Rebeca Leite, de 20 anos, não imaginava que seria mais uma vítima de uma matilha abandonada na Cidade Universitária, zona norte da capital fluminense.

No último dia 4, enquanto saía do alojamento para almoçar, foi cercada por seis cães abandonados. O ataque foi inevitável. `Enquanto um latiu, o outro já me deu logo uma bocada. E o pior é que são animais que ficam largados, não sabemos se são vacinados ou tem alguma doença`, conta ela enquanto aponta para os ferimentos deixados em uma de suas pernas.

Segundo alunos que também vivem no alojamento, outro estudante foi atacado há menos de um mês.

`Há vários cachorros que são abandonados aqui na UFRJ e ficam dormindo próximo ao Corpo de Bombeiros. Quando alguém se aproxima, ou simplesmente passa por eles, os bichos atacam. São bem agressivos e atacam até quem se aventura a botar comida para eles`, relata Rebeca.

Aluno do curso de química industrial e também morador do alojamento universitário, Hércules Silva conta que escapou por pouco de um ataque da mesma matilha. `Há três semanas, deixei uma toalha cair pelo varal da janela que fica nos fundos do alojamento. Quando desci para pegar, tinha uns dez cachorros lá. Começaram a latir e vir na minha direção. Mas eu não corri e fiquei paradinho. Por isso, não fui atacado`, conta.

`Existe uma campanha dentro da Universidade para evitar que novos animais sejam abandonados aqui no Fundão. Há vários cartazes espalhados informando que abandono de animais é crime. Mas de nada adianta, porque não existe nenhuma fiscalização por parte da reitoria. Os alunos estão muito vulneráveis. Já procuramos a reitoria várias vezes, mas nada é feito`.

Procurada pelo UOL, a reitoria não respondeu às solicitações sobre fiscalização para evitar que novos cães sejam abandonados na Cidade Universitária, nem sobre a vacinação dos animais já abandonados. Também não houve resposta sobre medidas a serem adotadas para evitar novos ataques.

‘Fundações são parte da solução, não do problema’, afirma Schwartzman

Raphael Kapa - O Globo - 15/04/2015 - Rio de Janeiro, RJ

Na opinião do sociólogo Simon Schwartzman, especialista em ensino superior, o caminho para fazer com que as universidades usem melhor os recursos que recebem é dar mais autonomia para que utilizem este dinheiro, seja público ou privado, mas cobrando delas metas claras e transparência na prestação de contas.

— O problema é que o regime de serviço público não permite isso, e os setores mais dinâmicos das universidades, como os institutos de pesquisa e tecnologia, necessitam poder administrar seus recursos de forma mais flexível — afirma Schwartzman. Segundo ele, é nesse contexto em que surgem as fundações. — Elas são parte da solução, não do problema. O problema está na burocracia e na inércia deste atual modelo de serviço público.

Desde domingo, os jornais O GLOBO, “Zero Hora”, “Diário Catarinense”, “Gazeta do Povo” e “O Estado de S. Paulo” vêm relatando casos de irregularidades em contratos com fundações universitárias e empresas privadas, em muitos casos beneficiando indevidamente professores que deveriam trabalhar em regime de dedicação exclusiva.

Para o sociólogo, o uso das fundações pode gerar uma flexibilização que coíbe a corrupção:

—Os financiamentos obtidos das agências de financiamento de pesquisa e através de convênios com empresas públicas e privadas normalmente requerem relatórios, prestações de conta, você tem que mostrar como o dinheiro está sendo utilizado. O problema é que um grande setor da universidade não quer mudar a forma como ela funciona. Para eles, a burocracia é boa. Eles recebem recursos públicos, independentemente dos resultados que possam obter, no ensino e na pesquisa.

Schwartzman afirma também que não se pode condenar professores que, mesmo com contratos de dedicação exclusiva, buscam alternativas para melhorar seus salários e, ao mesmo tempo, trazer recursos e novas pesquisas para as universidades.

— A “dedicação exclusiva” acabou virando salário-base para a grande maioria dos professores das universidades públicas. A ideia original era que metade do tempo de dedicação seria voltada à pesquisa, mas sabemos que pesquisa de qualidade está concentrada em um número reduzido de universidades e regiões. Não há por que pensar que os professores que trazem mais dinamismo e mais recursos para as universidades não podem ganhar mais por suas iniciativas.

MEC pedirá esclarecimentos

Schwartzman também afirma que não há como ter bons quadros sem flexibilização, porque a universidade precisa disputar talentos com o mercado.

— Muitos dos melhores médicos de São Paulo são professores universitários. É justo eles terem que deixar seus consultórios para serem professores? Se não puderem combinar o trabalho profissional com a universidade, o mais provável é que abandonem o ensino, e quem perde é a universidade.

O pesquisador afirma que, enquanto a estrutura universitária não se adequar ao dinamismo necessário para o uso eficiente e flexível dos recursos e o relacionamento mais dinâmico com a sociedade, o papel das fundações é fundamental.

Em resposta à série de reportagens “Universidades S/A”, o Ministério da Educação (MEC) afirmou que vai pedir esclarecimentos às universidades sobre as irregularidades identificadas nas reportagens. O secretário executivo do ministério, Luiz Cláudio Costa, entrou em contato com a Controladoria-Geral da União (CGU) para saber se a pasta pode tomar mais alguma providência.

— O MEC está pedindo às instituições todos os esclarecimentos e já falei com o secretário da CGU Carlos Higino. Se há irregularidades, como parece nesses casos, cabe primeiro aos reitores atuarem — disse Costa — O MEC entra caso haja irregularidade envolvendo as instâncias superiores das instituições, o que parece não estar ocorrendo.

Costa também afirmou que desde 2013 houve uma mudança na legislação que regula as fundações. A atualização teve como objetivo ter um controle mais rígido nos acordos estabelecidos e coibir ganhos pessoais extras para os docentes.

Editoriais

Os desafios para a democratização da educação superior pública

Daniel Cara - UOL Educação - 16/04/2015 - São Paulo, SP

Na última sexta-feira (10/4) estive no auditório da reitoria da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) para debater a situação das universidades públicas.

Logo após as eleições de 2014, defendi em artigo que as políticas de democratização do acesso à educação ajudaram a eleger Dilma – e também o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

O povo brasileiro valoriza a escolarização. Mas se antes a população demandava acesso à educação secundária (ensino médio, ou antigo o colegial – para os mais velhos), desde os anos 1990 ela começar a almejar o ensino superior. É uma reivindicação justa, lógica e com enorme potencial para o desenvolvimento da sociedade brasileira.

Democratizar o ensino superior, especialmente o público, é medida correta e urgente. Demorou muito, mas enfim a questão social chegou às universidades públicas. Para estudarem, além de boas aulas, convivência acadêmica, oportunidades no desenvolvimento de pesquisas e interlocução com a sociedade, uma boa parte dos novos alunos necessita de políticas de auxílio e assistência estudantil.

Ou seja, não se trata apenas de aumentar vagas, embora o esforço de expansão seja marcadamente meritório. É imprescindível também criar meios para viabilizar transporte, alimentação e moradia estudantil. Além, é claro, de boas instalações, bons professores, bons laboratórios, boas bibliotecas, incentivo à pesquisa, disponibilização de insumos pedagógicos, etc.

Na reitoria da Unifesp, uma faixa verde levada pelos alunos concluía: “nenhum direito a menos”. Questionada, a reitoria explicava detalhadamente medidas relativas ao bandejão (alimentação universitária), moradia, falta de recursos pedagógicos, calendário de obras, etc. Não é a toa que as demandas eram muito próximas das reivindicações empunhadas pelos jovens nas jornadas de junho de 2013. Aumenta a pressão pela qualidade dos serviços públicos. É uma nova etapa da nossa democracia, talvez a mais difícil e necessária.

Com um novo modo de discursar, os alunos argumentaram que a ausência de políticas adequadas de auxílio e assistência estudantil gera abandono e evasão. Como consequência, muitos projetos de vida ficam inviabilizados; e também a sociedade brasileira deixa de ter o benéfico do investimento feito na formação daqueles alunos que, sem alternativas, desistem. Ou seja, todos perdem.

Como resultado dos debates do dia, ficou evidenciada a necessidade de unir forças. O PNE (Plano Nacional de Educação) demanda a criação de cerca de 2 milhões de matrículas em instituições públicas de ensino superior. Além do acesso, o objetivo do plano é manter e aprimorar a qualidade.

Para organizar o trabalho, a ideia foi estabelecer um amplo “Fórum em Defesa da Educação Superior Pública``. Como norte, está sendo redigido um manifesto com o objetivo imediato de evitar os cortes orçamentários nas políticas públicas educacionais.

A estratégia é fazer desse documento uma plataforma comum de orientação e negociação perante os governos federal e estaduais, especialmente no contexto atual de crise arrecadatória e econômica.

Os pessimistas dirão que é pouco, mas o primeiro passo sempre é o da articulação de esforços com base em princípios e programas. O princípio geral é o da democratização da educação superior pública com qualidade. O programa é que isso seja feito garantindo condições de acesso e permanência dos estudantes, excelência na pesquisa e uma ampla agenda de extensão.

‘Temos que socorrer redes defeituosas’, afirma Mangabeira Unger sobre ‘Pátria Educadora’

Mangabeira Unger - Por Antônio Gois - O Globo - 17/04/2015 - Rio de Janeiro, RJ

Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos detalha o plano encomendado a ele pela presidente Dilma. Municípios com maus resultados poderão até sofrer intervenção

O plano para tirar o slogan da “Pátria Educadora” do papel, que está sendo gestado a pedido da presidente Dilma Rousseff na Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência (SAE), prevê que municípios que apresentarem baixo desempenho no ensino sofram uma espécie de intervenção caso não consigam melhorar seus indicadores educacionais. Segundo o ministro da SAE, Roberto Mangabeira Unger, a medida é inspirada nas comissões do SUS.

- Não podemos permitir que a qualidade da educação que uma criança brasileira recebe dependa do acaso do lugar onde ela nasce. Nós teríamos que associar os três níveis da federação em órgãos conjuntos colegiados, como acontece no SUS, para socorrer essas redes defeituosas e, quando necessário, intervir, assumi-las, e devolvê-las consertadas, como se faz com empresas em situação falimentar - diz Mangabeira.

Unger já apresentou as propostas gerais do plano à presidente Dilma, e diz que estava dialogando frequentemente com o ex-ministro Cid Gomes, mas ainda não teve tempo de detalhar suas ideias ao atual titular da educação, Renato Janine Ribeiro.

O plano da SAE prevê ainda práticas de escolha de diretores inspiradas em modelos empresariais que levam em conta a meritocracia, a reforma do currículo nacional, e a criação de uma rede de escolas federais de referência. Está em discussão também a criação de centros de formação de diretores, de capacitação de professores, e um plano de carreira nacional para docentes.

Segundo Mangabeira, sua aflição é constatar que “falta no país uma vanguarda pedagógica capaz de ser portadora de um projeto” educacional para o país. O plano elaborado por Mangabeira, que também já foi apresentado em linhas gerais ao Conselho Nacional de Educação, prevê quatro grandes eixos, já encampados e enunciados pela presidente Dilma na posse de Janine.

O primeiro deles, no qual se inclui a proposta de intervenção em caso de maus resultados, é a reconstrução de mecanismos de cooperação entre os entes federativos. O segundo trata da mudança curricular, “para reorientar a maneira de ensinar e aprender” e criar um “sistema nacional de ensino”. O terceiro eixo é de formação de professores e, o quarto, do uso de tecnologias para enriquecer o processo pedagógico.

Como o governo pretender intervir em municípios com maus resultados?

O termo intervenção ninguém vai querer usar porque é inconveniente. O que queremos, antes de tudo, é conciliar gestões locais com padrões nacionais. Não vamos federalizar o ensino básico, como propôs o senador Cristovam Buarque (PDT-DF). Para fazer esta conciliação, um dos requisitos é poder agir para consertar quando um conjunto local de escolas persistentemente caia aquém do padrão mínimo aceitável. Senão, estaríamos dizendo para aquela criança: “azar, você nasceu no lugar errado”.

Para fazer isso, temos primeiro que reorganizar o regime federativo, para haver órgãos colegiados que primeiro tentem acompanhar, socorrer e reorientar aquela rede defeituosa. Mas, se necessário, depois de um tempo, é necessária assumi-la. Entregá-la a outros gestores. Consertá-la, e devolvê-la. Isso não pode ser feito por uma intervenção federal. Tem que ser feita por órgãos transfederais, que juntem os três níveis da federação em entidades conjuntas.

O que seriam essas entidades transfederais?

Seriam análogas às comissões intergestores que já funcionam no âmbito do SUS, em que estão representados os três níveis da federação atuando de forma conjunta.

Não é injusto cobrar resultados de municípios quando eles se queixam de estarem sobrecarregados com suas responsabilidades educacionais e de receberem apoio financeiro insuficiente da União?

O governo tem o compromisso de privilegiar o uso dos recursos do pré-sal e de outras fontes na educação. Mas isso depende da economia e do aproveitamento de recursos naturais. Não temos controle total sobre isso. E temos também no Brasil esse hábito de achar que o dinheiro resolve tudo. Tenho conversado com muitos prefeitos e secretários de educação, e posso dizer que eles estão entre os mais entusiasmados defensores de um projeto de nação como esse. Claro que precisamos de mais recursos, mas necessitamos também de instituições e ideias, e é disso que eu estou cuidando.

No caso da reorganização do regime federativo, há três elementos essenciais. O primeiro é a avaliação dos resultados, e foi aí onde mais avançamos. O segundo, que envolve dinheiro, é aperfeiçoar mecanismos de redistribuição de recursos e quadros de lugares mais ricos para os mais pobres. Apenas começamos a avançar nessa agenda, pois o Fundeb (fundo que redistribui recursos da educação básica entre estados, municípios e União) é levemente distribuidor. Precisamos assegurar patamares mínimos, favorecendo assim estados em situação mais difícil. E o terceiro elemento mais difícil é este de construção de procedimentos corretivos.

Há três passos a avançar nesta questão da cooperação federativa. Há muito que pode ser feito por mera mudança de práticas, sem rever qualquer lei. Mas, num segundo momento, será preciso regulamentar em lei o artigo 23 da Constituição, que trata das competências concorrentes. E há um terceiro momento, lá adiante, em que teríamos de contemplar uma revisão constitucional para aprofundar essas mudanças.

O segundo eixo desse projeto toca na questão das mudanças curriculares. Qual é a proposta do governo?

O coração desse projeto é a reorientação da maneira de ensinar e aprender. O primeiro foco dessa iniciativa é a substituição da orientação enciclopédica por um ideal de aprofundamento seletivo, como palco para a aquisição de capacitações analíticas. O ensino brasileiro não tem currículo. Tradicionalmente o currículo tem sido o livro didático, e ele é uma enciclopédia grande. Não estamos propondo substituir uma enciclopédia grande por outra pequena. O que vale é a profundidade, não a abrangência. Em especial em duas famílias de capacitações analíticas centrais: interpretação de texto, e o raciocínio lógico e matemático. Isso é que deve estar no centro.

Nós estudamos muitas experiências estrangeiras, e a que é particularmente reveladora e atraente é o currículo nacional australiano. Mas já temos experimentos notáveis dentro do Brasil, inclusive no Rio de Janeiro, de tentativa de construir um currículo orientado nesse sentido. A ideia é organizar o currículo numa sequência padrão de capacitações analíticas, mas também facultar o surgimento de sequências especiais para os alunos com maior dificuldade e para os com maior potencial, em determinadas áreas. O aluno que enfrenta dificuldade precisa ter alternativas na forma de aprender. Se ele não aprendeu com um método, não devemos repetir 20 vezes o mesmo método que não deu certo. Devemos criar alternativas de aprendizagem.

O senhor poderia dar um exemplo de como seria o ensino de um aluno de maior ou menor dificuldade?

Dou o exemplo de matemática. Para o aluno que não tenha vocação especial, o normal seria conhecer a matemática abstrata só adiante, no ensino superior, ou ao final do ensino médio. Mas, para o aluno com grande pendor, há a possibilidade de apresentar a matemática abstrata mais cedo.

Essas sequências especiais de capacitação são uma extraordinária oportunidade para experimentalismo pedagógico. Estamos pensando inclusive na possibilidade de organizar uma rede federal de escolas médias de referência, que eu propus chamar de escolas Anísio Teixeira. Essas escolas de referência seriam também um terreno privilegiado para a experimentação pedagógica.

O plano fala também no desenvolvimento de habilidades socioemocionais, aquelas mais ligadas ao comportamento e personalidade dos alunos. Qual seria o foco?

O foco é a nossa preocupação com as inibições que os alunos, sobretudo os mais pobres, enfrentam. Dois conjuntos dessas capacitações socioemocionais, ou pré-cognitivas, são especialmente importantes: a de disciplina e a de cooperação. Quanto à de disciplina, o que parece crucial é o vínculo da escola com a família. Muitos dos alunos pobres vêm de famílias desestruturadas, de mulheres sozinhas que lutam para manter o emprego e zelar pelos filhos. A escola teria que buscar essa família e assumir parte de suas tarefas no espaço escolar, daí ser importante a ampliação da jornada escolar.

Para a questão da cooperação, que é a porta para as formas mais altas de aprendizagem e reprodução, o melhor caminho seria organizar o ensino cooperativamente. Nosso ensino é historicamente autoritário e individualista, agora queremos um ensino cooperativo, organizado em forma de redes de equipes. Há naturalmente uma hierarquia de formas de cooperação. As mais primitivas dependem de comando e controle, as mais altas se constroem por vínculos horizontais. É a melhor maneira que os alunos e professores têm de superar seus próprios limites.

Como fazer este debate?

Essas mudanças todas partem de uma premissa de que devemos ter um sistema nacional de ensino, algo que nunca tivemos. Temos no Brasil práticas conformistas e lenientes com a mediocridade. Nosso objetivo é substituir a uniformidade desorganizada pela diversidade organizada. Um sistema que seja capaz de divergir, experimentar e de evoluir. Uma tarefa muito mais complicada e exigente. E temos muito claro que uma reforma de grande dimensão não pode ser entendida como um mero amontoado de iniciativas tecnocráticas. Ela precisa de um ideário que a oriente, a unifique, e que seja capaz de inspirar no país uma mística e uma mobilização. É preciso organizar um grande debate nacional, pois isso só pode ser uma obra coletiva. Minha primeira aflição é observar a aparente falta no país de uma vanguarda pedagógica capaz de ser a portadora desse projeto. Um projeto como esse não pode ser concebido e executado por um pequeno grupo de tecnocratas políticos e visionários. Tem que ter como portadora um grupo grande. E ela na realidade não está configurada no país. Teremos que construí-la no meio do caminho.

Essa rede de escolas federais que o senhor mencionou não corre o risco de repetir o padrão das escolas técnicas e colégios de aplicação vinculados à universidade, que, ao selecionar os melhores, acabam atendendo a poucos alunos, e de maior nível socioeconômico?

Sim. Haveria dois perigos a evitar. Um é ter escolas de referência que só os alunos da classe média ilustrada consigam aproveitar. Para vencer este perigo, temos que buscar proativamente os mais pobres. O perigo inverso é que, sob o manto do compromisso igualitário, suprimamos o espaço para o aprofundamento das vocações, deixando de criar um espaço especial para nossos futuros Newtons e Darwins. Esse discurso de que a república não permite isso, de que compartilharemos a mesma pobreza de espírito, também não serve. Esta é minha opinião, e não do governo.

Qual a proposta para qualificar melhor o professor?

Este é o terceiro eixo do plano. Aí sim nós vemos um grande problema. Não quero que o governo carregue o ônus da minha sinceridade, portanto falo em meu nome. Temos dois milhões de professores que não estão preparados ainda para ministrar esse ensino analítico que eu descrevi. Não há uma solução única e mágica. Há um conjunto de iniciativas que estamos considerando. Primeiro, desenvolveremos iniciativas em relação aos diretores, que têm uma influência enorme na escola. Uma das iniciativas são centros regionais de formação de diretores. Particularmente ilustrativa é a experiência do Reino Unido. Numa primeira fase, seriam centros para a formação de diretores já em exercício. Depois de ampliados esses centros, eles seriam também para candidatos a diretor. Num acordo com estados e municípios, poderíamos caminhar para um regime em que os diretores poderiam ser escolhidos entre os já habilitados por esses centros, mesmo que escolhidos por métodos de seleção variados.

De igual modo, temos a ideia de organizar centros de qualificações avançadas de professores. Para atender aqueles em meio de carreira, daríamos estímulos para cursos de requalificação. Aproveitaríamos a experiência bem-sucedida do Pbid (Programa Institucional de Bolsa Docente), que envolve alunos de cursos de pedagogia numa prática docente sob supervisão pedagógica.

Estamos investigando uma série de maneiras de influir na formação inicial de professores. Há a ideia de uma prova nacional docente, já debatida no passado, que serviria de um lado como alavanca para influenciar cursos de pedagogia, e que de outro lado ajudaria a mobilizar professores.

Só uma pequena porcentagem dos professores hoje é formada em instituições federais. A grande maioria vem de instituições privadas, e muitas delas são limítrofes. Temos que impor limites, condições. Se há financiamento público direto ou indireto, tem que ter qualidade condicionada. Por fim, estamos considerando também como começar a organizar passo por passo as diretrizes de uma carreira nacional de professor, vinculado ao piso nacional. Isso não poderia ser imposto, teria que ser organizado por meio de mecanismos de adesão voluntária.

E como seria o quarto eixo do programa?

Esse quarto eixo seria o de aproveitamento de novas tecnologias, como são as aulas em vídeo no ensino a distância (que difundem exemplos vindos de longe para sacudir o ambiente local) e os softwares progressivos e interativos. Não vemos essas tecnologias como um instrumento mágico que nos permitirá escapar das limitações do nosso meio, mas elas são um acelerador potencial de um processo de mudança lenta.

O que penso é que a fecundidade dessas tecnologias é determinada em grande parte por dois fatores: em primeiro lugar pela difusão no ensino de uma atitude experimentalista. Em segundo lugar pela organização do ensino na forma de práticas de cooperação. Se cada aluno e cada professor está confinado às suas próprias limitações, é muito difícil superar os obstáculos e aproveitar o potencial das tecnologias. Se estão trabalhando em equipes, entre si, o potencial para aproveitar essas tecnologias é muito maior.

O senhor tem citado os casos de Sobral e Foz do Iguaçu como experiências bem-sucedidas no Brasil, que se inspiraram numa “cultura empresarial” que valoriza a meritocracia e focada em mecanismos de acompanhamento, cobrança e recompensa de resultados. Os bons resultados nessas cidades, porém, foram restritos aos primeiros anos do ensino fundamental. Além disso, avaliações rigorosas sobre programas tidos como meritocráticos, caso do pagamento de bônus por resultados a professores, mostram que em muitos casos isso não se traduziu em ganhos de aprendizado para o aluno. Por que apostar nessas práticas?

Eu tenho mencionado também que esse paradigma empresarial é insuficiente. No esboço do plano, não inclui uma proposta de premiação a professores. Minha posição pessoal, que ainda não é consenso no governo, é que esses incentivos e premiações sejam coletivos, para toda a escola. Neste debate, temos duas correntes de opinião. Uma é a organizada sob a égide do paradigma empresarial, que motivou muito desses experimentos relativamente bem-sucedidos que tivemos localmente no Brasil, mas que demonstraram ter fôlego curto. Temos que aproveitar alguns elementos daqueles experimentos. A outra corrente de opinião, eu muito criticamente a descreveria como uma espécie de confusionismo filosófico sediado em algumas das faculdades de pedagogia, amancebado com o interesse corporativista de alguns dos sindicatos de professores. Essa é a minha posição pessoal, não do governo. Esta segunda corrente abraça a causa igualitária e republicana, e oculta os seus interesses e seus preconceitos atrás do escudo dessa retórica republicana. Essas são as duas correntes que nós temos: os empresários e o pseudoesquerdismo republicano. Isso é o que organiza o espaço do debate educacional no Brasil. Minha premissa é que essas duas correntes não bastam para orientar nosso debate. Não quer dizer que não tenham nada a contribuir, temos que dialogar com elas, mas não podemos nos render a elas. Confio que vamos ganhar esse debate, mas para ganhar esse debate precisa haver debate, precisa convidar o país para uma grande discussão a respeito desse projeto libertador.

O senhor está trabalhando na elaboração de um novo plano, mas pouco fala do Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado no Congresso.

Estudei cuidadosamente o PNE. Ele não define o caminho pormenorizado, por exemplo, de reorientação pedagógica curricular. O PNE é um exemplo clássico de uma lei arcabouço, que fixa metas e organiza procedimentos. Ele estipula, por exemplo, um prazo para a formação da base curricular comum, mas não define o conteúdo. E é de conteúdo que estamos tratando. Portanto não há contradição com o PNE.

O titular da pasta de educação é o ministro Renato Janine Ribeiro. Ele está ciente do plano?

Quando eu assumi a Secretaria de Assuntos Estratégicos, em cinco de fevereiro, a presidenta me pediu que priorizasse o projeto de qualificação do ensino básico, a pátria educadora. Passei a trabalhar intensivamente com ela e com o ministro Cid Gomes, e a dialogar com todos os interessados em educação: professores, sindicatos, estudiosos. E começamos então a construir as grandes linhas desse projeto. Houve o incidente com o ministro Cid Gomes, e o novo ministro assumiu. Ele está procurando conhecer as questões de sua pasta, e lidar com problemas prementes, como o Fies. Não tive ainda oportunidade de discutir em pormenores com ele. Passei, transmiti os textos que esboçam o que já havíamos pensado e discutido, e confio inteiramente que o trabalho vai continuar, como estava acontecendo com o ministro Cid Gomes. Mas isso aí não é um amontoado de ações tecnocráticas desconexas, tem que ser uma construção coletiva inspirada num ideário. Não é um acerto entre dois ou três ministros, e é assim que estou concebendo, como um trabalho de largo fôlego para unir e entusiasmar o país.

Quando o programa será apresentado definitivamente? Haverá um texto final?

Não há um documento fetiche. Tenho colocado em texto o ideário e um elenco de propostas e ações concretas, e distribuído dentro do governo e para a presidente e para os ministros. Mas esses textos são apenas um fragmento do trabalho. Logo que o ministro Janine tiver assentado sua posição e tomado conhecimento dos problemas prementes, espero ter a oportunidade de divulgar esse texto. E a começarmos esse grande debate nacional que precisamos ter. O debate será mais útil se provocado por ideias fortes. Não vamos conseguir organizar no país uma mudança de grande envergadura de forma meramente indutiva, por um mínimo denominador comum. Temos que propor, e propondo, provocar. E, aí sim, podemos ter uma discussão muito rica. Este é o método que venho tentando seguir.

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