Sexta feira, 17 de abril de
2015
|
Matérias de Hoje
|
UOL Notícias
- 16/04/2015 - São Paulo, SP
Basta lembrar das aulas que
você perdeu na escola, porque as pálpebras estavam pesadas
demais
G1 Globo.com. -
16/04/2015 - Rio de Janeiro, RJ
Cientista era secretário
do Ministério de Ciências e Tecnologia. Órgão
é responsável pela pós-graduação e pelo
Ciência sem Fronteiras
Jornal do Commercio
- 17/04/2015 - Recife, SP
Sindicato ainda não
recebeu notificação judicial que determinou fim do movimento
sob pena de multa de R$ 30 mil ao dia
iG Último
Segundo - 16/04/2015 - São Paulo, SP
Os aprovados receberão
gratuitamente horas de consultoria individualizada com a equipe da
Fundação Estudar sobre o processo de application a
universidades fora, especialmente dos EUA
Portal Aprendiz -
16/04/2015 - São Paulo, SP
Curso online gratuito, com
inscrições até 23 de abril
UOL
Educação - 17/04/2015 - São Paulo, SP
Seu filho não queria mais
ir à escola, perdeu o interesse que tinha pelo desenho e
começou a ter medo até de ir ao banheiro sozinho
G1 Globo.com -
16/04/2015 - Rio de Janeiro, RJ
Manifestação foi
repreendida com jatos de água e prisões.
Universitários são contra mudanças no sistema de
financiamento
UOL
Educação - 16/04/2015 - São Paulo, SP
Ainda não há um
número exato de vítimas confirmadas
REDETV - 16/04/2015
- São Paulo, SP
Agora, Marie tem planos de cursar
uma faculdade
UOL
Educação - 16/04/2015 - São Paulo, SP
Também não houve
resposta sobre medidas a serem adotadas para evitar novos ataques
O Globo - 15/04/2015
- Rio de Janeiro, RJ
Sociólogo defende menos
burocracia e mais prestação de contas
|
Editoriais, artigos e opiniões
|
UOL Educação - 16/04/2015 -
São Paulo, SP
O Globo - 17/04/2015 - Rio de Janeiro, RJ
|
Matérias
|
Clique Ciência:
dá para aprender dormindo?
Tatiana Pronin - UOL Notícias -
16/04/2015 - São Paulo, SP
Pesquisas recentes
indicam que o cérebro permanece mais ativo durante o sono do que se
imaginava e que é possível, sim, tirar proveito disso. Mas
não se anime demais: as descobertas da neurociência
estão longe de ser um aval a empresas que oferecem cursos de idiomas
para `aprender dormindo`.
Basta lembrar das
aulas que você perdeu na escola, porque as pálpebras estavam
pesadas demais. Deu para assimilar alguma coisa? Muito pouco, certo? Se
desse para aprender assim, não seria mais preciso investir em bons
professores; bastava um único, que gravasse as aulas, e os alunos
nem precisariam sair da cama, o que resultaria em uma enorme economia de
recursos.
Hoje os cientistas
sabem, porém, que ninguém perde tempo dormindo. `O
período em que adormecemos está longe de ser um momento de
silêncio cognitivo, que se presta apenas para relaxamento e descanso
cerebral`, explica o neurologista Leando Teles, membro da Academia
Brasileira de Neurologia (ABN).
`Na verdade, o
sono é um evento biológico dinâmico, com fases bem
definidas - o cérebro reduz seu metabolismo em alguns momentos e
acelera em outros, mantendo atividades de aprendizado,
organização de memórias, ensaios de criatividade e
testes emocionais`, complementa.
Processamento
automático
Um estudo
publicado no ano passado na revista `Current Biology` mostrou que
indivíduos estimulados a processar informações simples
antes de dormir continuam com a tarefa em andamento nas fases iniciais do
sono.
No experimento,
pesquisadores da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, e da Escola
Normal Superior, em Paris, convidaram pessoas a classificar palavras em
`animais` ou `objetos` apertando um botão em cada mão pouco
antes de dormir. Tudo isso era registrado em exames, que acusavam os
potenciais elétricos para as respostas motoras.
Depois que
caíram no sono, e deixaram de apertar os botões, os
participantes continuaram a ser estimulados a realizar a tarefa. Adivinha o
que aconteceu? Pelos registros da atividade cerebral, os cientistas viram
que eles continuavam acertando tudo, só demoravam um pouco mais para
`responder`.
`Os resultados
não oferecem respostas definitivas, entretanto mostram que o
cérebro é capaz de continuar processando durante os
estágios iniciais do sono informações externas (no
caso, palavras ouvidas)`, esclarece o professor de neurologia Benito
Damasceno, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), em São
Paulo. `Mas não demonstraram evidência de aprendizado nas
tarefas propostas`, frisa, porém, o especialista.
Estudo anterior,
publicado na revista `Cerebral Cortex` e financiado pela
Fundação Nacional de Ciência da Suíça,
mostrou que, se não dá, efetivamente, para aprender enquanto
se dorme, é possível pelo menos solidificar a memória
das palavras ouvidas antes de ir para a cama.
O trabalho
convocou 60 alunos de língua alemã para aprender à
noite algumas palavras em holandês. Metade do grupo foi dormir,
enquanto o som ambiente reproduzia as palavras gravadas, e a outra metade
permaneceu acordada para ouvir o mesmo áudio. Depois, às 2h,
todos foram submetidos novamente ao novo vocabulário e - surpresa! -
quem dormiu se saiu muito melhor ao recordar as palavras novas.
Outro estudo
sugestivo foi feito pela Universidade de Nova York e publicado na revista
`Science`. Pesquisadores comprovaram, em ratos, que dormir depois de
aprender algo novo permite a geração de novas conexões
entre os neurônios. Ou seja: o processo iniciado em estado de alerta
é mantido durante o sono.
Sonhos e
soluções
O grande
responsável pela consolidação de memórias
durante o sono é a chamada `fase REM` (da sigla em inglês para
`movimento rápido dos olhos`), que surge após quatro outros
estágios, como explica Leandro Teles.
Nas fases 1 e 2, o
sono é superficial e as pessoas estão mais sensíveis
ao despertar, já que há uma ligeira percepção
do mundo externo. As fases 3 e 4 são as denominadas de sono
profundo, ou de ondas lentas. O cérebro trabalha menos, mas
não fica totalmente parado: é apenas um descanso.
Depois de todo
esse processo é que surge o sono REM: a pessoa quase não se
mexe, apenas movimenta os olhos por baixo da pálpebra (daí o
nome do estágio). `O indivíduo está distante,
sensorialmente, do mundo que o cerca, mas seu cérebro está
mais agitado, organizando memórias recentes, exercitando sua
criatividade e criando os famosos sonhos, que podem ser lembrados ou
não (a depender do momento em que despertamos)`, descreve
Teles.
O especialista
acrescenta que, nessa fase, há intensa ativação de
áreas ligadas a emoções, sem muita interferência
da crítica e da racionalidade. `Por isso temos muitos sonhos malucos
e `sem pé nem cabeça``, comenta.
Apesar da aparente
confusão, o processo é fundamental para a
consolidação do aprendizado. Tanto que muita gente vai dormir
pensando em um problema e acorda com uma solução para ele. `O
cérebro mantém processamentos vindos do período de
vigília, numa espécie de segundo plano menos consciente, mas
eventualmente muito efetivo e criativo (talvez por menor
interferência do juízo e da crítica, que limitam as
alternativas)`, diz o neurologista.
Os estudos
recentes, para ele, demonstram o grau de complexidade do funcionamento do
cérebro humano, a importância do sono e o trabalho que os
neurocientistas têm pela frente para compreender os detalhes desse
fenômeno.
Ministro da
Educação convida Carlos Nobre para ser presidente da
Capes
Do G1, em São Paulo - G1
Globo.com. - 16/04/2015 - Rio de Janeiro, RJ
O professor e
pesquisador Carlos Nobre será o novo presidente da da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (Capes), órgão ligado ao
Ministério da Educação responsável pela
expansão e consolidação da
pós-graduação pelo país e pelo programa de
intercâmbio Ciência sem Fronteiras.
Nobre recebeu
nesta quarta-feira (15) o convite do ministro da Educação,
Renato Janine Ribeiro, para assumir o cargo. Ele exercia desde fevereiro de
2011 a função de Secretário de Políticas e
Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério de
Ciência, Tecnologia e Inovação.
Especializado em
climatologia, Carlos Nobre entra no lugar de Jorge Guimarães, que
deixa a Capes após 12 anos. Ele é formado em engenharia
eletrônica pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica
(ITA), com doutorado em meteorologia pelo Massachusetts Institute of
Technology (MIT). Nobre já atuou na Capes como como coordenador da
Comissão de Cursos Multidisciplinares de 2006 a 2008` período
em que Janine Ribeiro foi diretor de avaliação do
órgão.
`“Carlos
Nobre é um dos maiores cientistas brasileiros, com forte
experiência na coordenação da área
interdisciplinar da Capes. Ele também é uma referência
importante no debate ético sobre vida e sustentabilidade`, destacou
o ministro da Educação em nota divulgada pelo MEC.
Professores fazem assembleia
nesta sexta para decidir se continuam greve
Do JC Online - Jornal do Commercio -
17/04/2015 - Recife, SP
Pressionados por
decisão judicial que determinou a suspensão da greve, na
última quarta-feira (15), sob pena de multa diária de R$ 30
mil, os professores da rede estadual de ensino realizam assembleia, na
manhã desta sexta-feira, para definir se dão continuidade ao
movimento, iniciado na segunda-feira.
O encontro
acontece no Teatro Guararapes, no Centro de Convenções de
Pernambuco, em Olinda, Grande Recife, a partir das 9h. E, se depender da
avaliação do sindicato da categoria, a
mobilização continua.
“A
adesão é ampla e se manteve na casa dos 70% mesmo após
a decisão judicial, que ainda não recebemos. Foram realizados
nesta quinta vários atos em todo o Estado, dez só na
Região Metropolitana. O governo não nos procurou.
Então, o quadro se mantém e, pelo que tenho ouvido, a greve
deve continuar, mas quem vai decidir é a categoria”, declara o
presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de
Pernambuco (Sintepe), Fernando Melo.
Levantamento da
Secretaria Estadual de Educação nas unidades da rede apontou
que o índice de adesão total ao movimento caiu de 14% (143
escolas), na quarta-feira para 13% (133) na quinta. O índice de
unidades com aula normal subiu de 49% (517) para 53% (556). Já o
funcionamento parcial caiu de 37% (385) para 34% (356).
O JC visitou
algumas instituições no bairro de Santo Amaro, área
central do Recife. Na Luiz Delgado, a adesão foi completa. Ao lado,
a João Barbalho funcionou normalmente, com falta de apenas dois
professores. “Aqui 60% dos docentes trabalham com minicontrato, que
proíbe participação em greve, os demais sofreram com o
movimento anterior”, destacou o diretor Natanal José. A Escola
José Maria teve parte das aulas.
Entre os atos
realizados estava o de alunos das escolas Dom Bosco e Dom Vital, em Casa
Amarela. Eles saíram em passeata até a Avenida Norte, no
início da manhã, fechando a via por cinco minutos.
“Esta luta não é só dos professores. Nós
queremos uma escola melhor. Queremos que eles venham com vontade para a
sala de aula”, diz o estudante de segundo ano Raí
Vinícius, 16 anos. A categoria tem pauta com 44 itens, entre os
quais reajuste de 13,01% para todos.
Programa gratuito de
preparação para graduação no exterior recebe
inscrições
Da Redação - iG
Último Segundo - 16/04/2015 - São Paulo, SP
Podem participar
do Prep Scholars alunos do 3ª ano do ensino médio com bom
desempenho escolar e que falem inglês
A
Fundação Estudar está com inscrições
abertas para o programa gratuito Prep Scholar, que orienta estudantes
interessados a fazerem faculdade no exterior. As inscrições
vão até o dia 18 de abril.
O Prep Scholars
teve alunos aprovados nas oito universidades que integram a chamada Ivy
League - grupo das instituições de maior prestígio nos
EUA (Brown, Columbia, Cornell, Dartmouth, Harvard, Princeton, Universidade
da Pensilvânia e Yale) -, além de outras de prestígio
como Stanford, Duke, Chicago e MIT.
A
inscrição deve ser feita no site da fundação.
Podem participar alunos do 3ª ano do ensino médio ou que se
formaram há no máximo um ano, têm bom desempenho
escolar e falam inglês.
O processo
seletivo inclui preenchimento de formulários; envio do
histórico escolar, uma redação e um vídeo de
apresentação; e realização de testes de
lógica e inglês. Caso passe para a próxima etapa, o
candidato também passará por uma entrevista em
inglês.
Os aprovados
receberão gratuitamente horas de consultoria individualizada com a
equipe da Fundação Estudar sobre o processo de application a
universidades fora, especialmente dos EUA. Os selecionados têm ainda
orientação em grupo e acompanhamento de um mentor que estudou
fora e aqueles que comprovam necessidade financeira recebem ajuda para
arcar com os custos do processo.
Curso online auxilia
formulação participativa de planos locais de
educação
Da Redação - Portal
Aprendiz - 16/04/2015 - São Paulo, SP
Até o dia
25 de junho deste ano, os municípios e estados brasileiros devem
apresentar seus planos locais de educação.
Responsáveis por articular as políticas públicas de
educação nas diferentes regiões do país com as
metas do Plano Nacional de Educação, os planos locais
são uma importante ferramenta para a garantia de uma
educação de qualidade.
Para auxiliar
gestores, conselheiros, famílias, ativistas,estudantes, professores
e a sociedade civil nessa tarefa, a Ação Educativa, que criou
a Metodologia “De Olho Nos Planos”, irá oferecer um
curso online gratuito, com inscrições até 23 de abril,
chamado “A Prática em curso: a participação nos
Planos de Educação”. O curso irá tratar de
desafios no desenvolvimento de processos participativos, diagnóstico
de questões locais e sistematização de propostas para
os planos.
A
formação será realizada no ambiente virtual da Rede De
Olho nos Planos , onde os participantes estudarão indicadores da
qualidade na educação, como fortalecer a
participação de crianças e adolescentes e
também trarão questões locais e realizarão
atividade em seus territórios.
Serviço
– Formação à distância: “A
Prática em curso: a participação nos Planos de
Educação” – 1ª edição
Carga
Horária: 48 horas
Inscrições: 23 de abril
Período: 27
de abril a 15 de junho
Informações:
jaquelin...@acaoeducativa.org / rede@deolhonosplanos
Professora é flagrada
agredindo alunos em Catanduva (SP)
Estadão Conteúdo - UOL
Educação - 17/04/2015 - São Paulo, SP
Imagens de
vídeo mostram uma professora tratando com violência
crianças de três a quatro anos na Escola Municipal
Ângelo Carana, em Catanduva, região norte do Estado de
São Paulo. Nas cenas, que foram parar em redes sociais, é
possível ver a professora atingindo a cabeça de uma menina
com um pote, batendo a cabeça de outra criança na mesa, dando
tapas e puxando o cabelo dos alunos. Ela ainda força um deles a
comer até vomitar e arrasta outro pelo cabelo para fora da
sala.
As imagens foram
gravadas em agosto de 2014 pelo sistema de monitoramento instalado na
escola, mas a professora Tânia Lopes Marins Cid só foi
demitida, nesta quarta-feira, 15, depois que as cenas foram divulgadas. De
acordo com a Secretaria da Educação, a demissão
ocorreu após a conclusão de um processo disciplinar. A
mãe de um aluno, Luciana do Carmo Garcia Vale, conta que seu filho
de quatro anos relatou em casa as agressões que sofria na escola,
mas as providências contra a professora não foram tomadas de
imediato.
Luciana contou que
seu filho não queria mais ir à escola, perdeu o interesse que
tinha pelo desenho e começou a ter medo até de ir ao banheiro
sozinho. `Quando ele pediu para dormir comigo, vi que havia algo errado.`
Aos poucos, o filho contou que ele e os colegas apanhavam da professora.
Luciana, que também é professora, procurou a colega, mas ela
negou as agressões e disse que adorava a criança. `Só
que, no outro dia, ela fez tortura psicológica com ele, disse que
era fedido e não desenhava bem.`
A mãe
exigiu que as imagens das câmeras fossem verificadas e disse ter
encontrado resistência. `Fui até ao prefeito (Geraldo Vinholi,
PSDB), aí soube que o departamento jurídico tinha aberto um
processo administrativo.` A professora foi transferida e passou a trabalhar
na secretaria de outra escola. De acordo com a Secretaria, assim que houve
a denúncia, a professora foi afastada e todos os procedimentos foram
tomados na proteção dos alunos e para dar à servidora
o direito de defesa previsto em lei.
As crianças
estão recebendo atendimento psicológico, segundo a
prefeitura, mas não há indícios de sequelas. A
prefeitura lembra que a comprovação dos fatos só foi
possível porque as escolas de ensino básico do
município têm sistemas de monitoramento e que apura em
sindicância interna se houve possíveis erros na
condução do processo administrativo.
A Polícia
Civil informou ter aberto inquérito para apurar as agressões.
Além da requisição das imagens, foram pedidos exames e
perícia técnica para confirmar a violência. Dependendo
dos laudos, a mulher pode responder por crimes que vão de maus
tratos à tortura, segundo a polícia. Procurada, a professora
não retornou as ligações. O perfil pessoal que ela
mantinha na rede social Facebook teve o conteúdo retirado.
Estudantes fazem
megaprotesto contra reforma na educação do Chile
Do G1, em São Paulo - G1
Globo.com - 16/04/2015 - Rio de Janeiro, RJ
Milhares de
estudantes saíram às ruas das principais cidades do Chile em
um protesto nacional contra a reforma no sistema educacional do país
nesta quinta-feira (16). Houve confronto com a polícia em Santiago e
Valparaíso. De acordo com estimativas dos organizadores, a marcha em
Santiago reuniu 150 mil pessoas, enquanto a polícia estimou em 40
mil o número de participantes.
Os estudantes
protestam contra a reforma aprovada em janeiro que proíbe a
seleção de estudantes em escolas subvencionadas, o
financiamento compartilhado com as famílias e os lucros de capital
dos donos de colégios.
Segundo os
manifestantes, as medidas envolvendo o lucro e a seleção
irão afetar parte das 5 mil escolas subsidiadas, que reúnem
52% dos estudantes chilenos e são financiadas por
contribuições do Estado e o pagamento das
famílias.
Presa dupla que cobrava R$
50 mil para revalidar diploma de medicina
Jéssica Nascimento - UOL
Educação - 16/04/2015 - São Paulo, SP
Após uma
denuncia anônima, dois homens foram presos no Guará (DF)
acusados de aplicar golpes contra alunos de medicina. A dupla prometia a
revalidação de diplomas emitidos no exterior e também
empregos no Distrito Federal com salários de até R$ 30 mil.
De acordo com a Polícia Civil, as vítimas eram estudantes
brasileiros que estudavam na Bolívia e na Rússia.
O delegado-chefe
da Polícia Civil Jeferson Lisboa conta que as vítimas - com a
finalidade de conseguir a revalidação - teriam que pagar R$
50 mil aos suspeitos e também participar de um curso fictício
que, segundo os golpistas, seria ministrado em Brasília. `Eles
cobravam uma entrada de R$ 1.500 a R$ 2.000. Para dar credibilidade ao
golpe, Jurandir Pinheiro, 37, e Jorge Martins, 32, diziam que eram membros
da Associação Médica do Mercosul,
instituição que não existe`.
Ainda não
há um número exato de vítimas confirmadas. Entretanto,
cerca de 27 certificados de cursos realizados pelas vítimas foram
apreendidos com os suspeitos. `Estima-se que o golpe tenha movimentado, nos
últimos quatro meses, mais de 1,5 milhões de reais`, informa
o delegado. Ao serem presos na terça-feira (14), a dupla informou
que eram estudantes de medicina. Porém, foi encontrado com Jurandir
uma carteia da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
`Os envolvidos
tinham a fala muito boa. Inventaram uma instituição e
prometiam vagas no sistema público de saúde do Brasil.
Acreditamos que eles tinham algum contato em uma universidade
boliviana`.
A Polícia
Civil também informou que mais dois homens estão envolvidos
com os golpes. Eles já foram identificados e um mandado para
prisão preventiva foi pedido. Os foragidos são de
Goiânia e do Litoral Paulista.
Aluna diz que
prática é comum
A estudante
brasiliense Ana Luiza Perotto, 25 anos, estuda medicina há quatro
anos em Buenos Aires. Ela conta que é comum receber ofertas de
Revalida e de vagas em faculdades particulares dentro e fora do
país. `Essa notícia não me surpreendeu em nada. Desde
que eu cheguei no país, recebo esse tipo de proposta de até
R$70 mil`, conta.
Para Ana
Luíza, o brasileiro tem o hábito de sempre optar pelo caminho
mais fácil. `Conheço pessoas que já compraram vagas em
universidades particulares. A prática apenas reflete no tipo de
profissional que elas serão`, diz.
A estudante que
está no quinto semestre conta que não tem medo da
revalidação. `Estou estudando para isso e a faculdade em que
estudo possui um alto índice de aprovação. Quem decide
conseguir as coisas de forma ilegal não terá sucesso`.
Revalidação de diploma
De acordo com o
MEC (Ministério da Educação), a competência pela
revalidação de diplomas de graduação é
das universidades públicas brasileiras que ministram curso de
graduação reconhecido na mesma área de conhecimento.
Nesse processo de revalidação, os candidatos que estudaram no
exterior têm que realizar exames de complementação de
estudos.
No caso do curso
de medicina, os médicos formados no exterior pode fazer o Revalida,
um processo unificado de revalidação. As
instituições de ensino superior aderem ao Revalida de forma
voluntária. Portanto, as instituições que não
aderiram ao Revalida continuam executando procedimentos próprios de
avaliação dos profissionais que pleiteiam a
revalidação de curso de medicina.
Mulher que largou ensino
médio há 87 anos recebe diploma
Redação/RedeTV - REDETV -
16/04/2015 - São Paulo, SP
Uma mulher de 103
anos recebeu na última sexta-feira (10), um diploma honorário
do ensino médio depois de ter abandonado a escola há mais de
87 anos.
Em 1928, Marie
Hunt foi obrigada a abandonar o Colégio River Valley em Wisconsin,
nos Estados Unidos, para cuidar de seus oito irmãos. Na
época, ela havia acabado de concluir o oitavo ano.
Agora, Marie tem
planos de cursar uma faculdade.
Alunos são atacados
por cachorros abandonados no campus da UFRJ
Maria Luisa de Melo - UOL
Educação - 16/04/2015 - São Paulo, SP
Quando se mudou
para o alojamento da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro, no
início deste ano), a estudante maranhense de relações
internacionais Rebeca Leite, de 20 anos, não imaginava que seria
mais uma vítima de uma matilha abandonada na Cidade
Universitária, zona norte da capital fluminense.
No último
dia 4, enquanto saía do alojamento para almoçar, foi cercada
por seis cães abandonados. O ataque foi inevitável. `Enquanto
um latiu, o outro já me deu logo uma bocada. E o pior é que
são animais que ficam largados, não sabemos se são
vacinados ou tem alguma doença`, conta ela enquanto aponta para os
ferimentos deixados em uma de suas pernas.
Segundo alunos que
também vivem no alojamento, outro estudante foi atacado há
menos de um mês.
`Há
vários cachorros que são abandonados aqui na UFRJ e ficam
dormindo próximo ao Corpo de Bombeiros. Quando alguém se
aproxima, ou simplesmente passa por eles, os bichos atacam. São bem
agressivos e atacam até quem se aventura a botar comida para eles`,
relata Rebeca.
Aluno do curso de
química industrial e também morador do alojamento
universitário, Hércules Silva conta que escapou por pouco de
um ataque da mesma matilha. `Há três semanas, deixei uma
toalha cair pelo varal da janela que fica nos fundos do alojamento. Quando
desci para pegar, tinha uns dez cachorros lá. Começaram a
latir e vir na minha direção. Mas eu não corri e
fiquei paradinho. Por isso, não fui atacado`, conta.
`Existe uma
campanha dentro da Universidade para evitar que novos animais sejam
abandonados aqui no Fundão. Há vários cartazes
espalhados informando que abandono de animais é crime. Mas de nada
adianta, porque não existe nenhuma fiscalização por
parte da reitoria. Os alunos estão muito vulneráveis.
Já procuramos a reitoria várias vezes, mas nada é
feito`.
Procurada pelo
UOL, a reitoria não respondeu às solicitações
sobre fiscalização para evitar que novos cães sejam
abandonados na Cidade Universitária, nem sobre a
vacinação dos animais já abandonados. Também
não houve resposta sobre medidas a serem adotadas para evitar novos
ataques.
‘Fundações são parte da
solução, não do problema’, afirma
Schwartzman
Raphael Kapa - O Globo - 15/04/2015 -
Rio de Janeiro, RJ
Na opinião
do sociólogo Simon Schwartzman, especialista em ensino superior, o
caminho para fazer com que as universidades usem melhor os recursos que
recebem é dar mais autonomia para que utilizem este dinheiro, seja
público ou privado, mas cobrando delas metas claras e
transparência na prestação de contas.
— O problema
é que o regime de serviço público não permite
isso, e os setores mais dinâmicos das universidades, como os
institutos de pesquisa e tecnologia, necessitam poder administrar seus
recursos de forma mais flexível — afirma Schwartzman. Segundo
ele, é nesse contexto em que surgem as fundações.
— Elas são parte da solução, não do
problema. O problema está na burocracia e na inércia deste
atual modelo de serviço público.
Desde domingo, os
jornais O GLOBO, “Zero Hora”, “Diário
Catarinense”, “Gazeta do Povo” e “O Estado de S.
Paulo” vêm relatando casos de irregularidades em contratos com
fundações universitárias e empresas privadas, em
muitos casos beneficiando indevidamente professores que deveriam trabalhar
em regime de dedicação exclusiva.
Para o
sociólogo, o uso das fundações pode gerar uma
flexibilização que coíbe a
corrupção:
—Os
financiamentos obtidos das agências de financiamento de pesquisa e
através de convênios com empresas públicas e privadas
normalmente requerem relatórios, prestações de conta,
você tem que mostrar como o dinheiro está sendo utilizado. O
problema é que um grande setor da universidade não quer mudar
a forma como ela funciona. Para eles, a burocracia é boa. Eles
recebem recursos públicos, independentemente dos resultados que
possam obter, no ensino e na pesquisa.
Schwartzman afirma
também que não se pode condenar professores que, mesmo com
contratos de dedicação exclusiva, buscam alternativas para
melhorar seus salários e, ao mesmo tempo, trazer recursos e novas
pesquisas para as universidades.
— A
“dedicação exclusiva” acabou virando
salário-base para a grande maioria dos professores das universidades
públicas. A ideia original era que metade do tempo de
dedicação seria voltada à pesquisa, mas sabemos que
pesquisa de qualidade está concentrada em um número reduzido
de universidades e regiões. Não há por que pensar que
os professores que trazem mais dinamismo e mais recursos para as
universidades não podem ganhar mais por suas iniciativas.
MEC pedirá
esclarecimentos
Schwartzman
também afirma que não há como ter bons quadros sem
flexibilização, porque a universidade precisa disputar
talentos com o mercado.
— Muitos dos
melhores médicos de São Paulo são professores
universitários. É justo eles terem que deixar seus
consultórios para serem professores? Se não puderem combinar
o trabalho profissional com a universidade, o mais provável é
que abandonem o ensino, e quem perde é a universidade.
O pesquisador
afirma que, enquanto a estrutura universitária não se adequar
ao dinamismo necessário para o uso eficiente e flexível dos
recursos e o relacionamento mais dinâmico com a sociedade, o papel
das fundações é fundamental.
Em resposta
à série de reportagens “Universidades S/A”, o
Ministério da Educação (MEC) afirmou que vai pedir
esclarecimentos às universidades sobre as irregularidades
identificadas nas reportagens. O secretário executivo do
ministério, Luiz Cláudio Costa, entrou em contato com a
Controladoria-Geral da União (CGU) para saber se a pasta pode tomar
mais alguma providência.
— O MEC
está pedindo às instituições todos os
esclarecimentos e já falei com o secretário da CGU Carlos
Higino. Se há irregularidades, como parece nesses casos, cabe
primeiro aos reitores atuarem — disse Costa — O MEC entra caso
haja irregularidade envolvendo as instâncias superiores das
instituições, o que parece não estar ocorrendo.
Costa
também afirmou que desde 2013 houve uma mudança na
legislação que regula as fundações. A
atualização teve como objetivo ter um controle mais
rígido nos acordos estabelecidos e coibir ganhos pessoais extras
para os docentes.
|
Editoriais
|
Os desafios para a
democratização da educação superior
pública
Daniel Cara - UOL Educação
- 16/04/2015 - São Paulo, SP
Na última
sexta-feira (10/4) estive no auditório da reitoria da Unifesp
(Universidade Federal de São Paulo) para debater a
situação das universidades públicas.
Logo após
as eleições de 2014, defendi em artigo que as
políticas de democratização do acesso à
educação ajudaram a eleger Dilma – e também o
governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
O povo brasileiro
valoriza a escolarização. Mas se antes a
população demandava acesso à educação
secundária (ensino médio, ou antigo o colegial – para
os mais velhos), desde os anos 1990 ela começar a almejar o ensino
superior. É uma reivindicação justa, lógica e
com enorme potencial para o desenvolvimento da sociedade brasileira.
Democratizar o
ensino superior, especialmente o público, é medida correta e
urgente. Demorou muito, mas enfim a questão social chegou às
universidades públicas. Para estudarem, além de boas aulas,
convivência acadêmica, oportunidades no desenvolvimento de
pesquisas e interlocução com a sociedade, uma boa parte dos
novos alunos necessita de políticas de auxílio e
assistência estudantil.
Ou seja,
não se trata apenas de aumentar vagas, embora o esforço de
expansão seja marcadamente meritório. É
imprescindível também criar meios para viabilizar transporte,
alimentação e moradia estudantil. Além, é
claro, de boas instalações, bons professores, bons
laboratórios, boas bibliotecas, incentivo à pesquisa,
disponibilização de insumos pedagógicos, etc.
Na reitoria da
Unifesp, uma faixa verde levada pelos alunos concluía: “nenhum
direito a menos”. Questionada, a reitoria explicava detalhadamente
medidas relativas ao bandejão (alimentação
universitária), moradia, falta de recursos pedagógicos,
calendário de obras, etc. Não é a toa que as demandas
eram muito próximas das reivindicações empunhadas
pelos jovens nas jornadas de junho de 2013. Aumenta a pressão pela
qualidade dos serviços públicos. É uma nova etapa da
nossa democracia, talvez a mais difícil e necessária.
Com um novo modo
de discursar, os alunos argumentaram que a ausência de
políticas adequadas de auxílio e assistência estudantil
gera abandono e evasão. Como consequência, muitos projetos de
vida ficam inviabilizados; e também a sociedade brasileira deixa de
ter o benéfico do investimento feito na formação
daqueles alunos que, sem alternativas, desistem. Ou seja, todos
perdem.
Como resultado dos
debates do dia, ficou evidenciada a necessidade de unir forças. O
PNE (Plano Nacional de Educação) demanda a
criação de cerca de 2 milhões de matrículas em
instituições públicas de ensino superior. Além
do acesso, o objetivo do plano é manter e aprimorar a
qualidade.
Para organizar o
trabalho, a ideia foi estabelecer um amplo “Fórum em Defesa da
Educação Superior Pública``. Como norte, está
sendo redigido um manifesto com o objetivo imediato de evitar os cortes
orçamentários nas políticas públicas
educacionais.
A
estratégia é fazer desse documento uma plataforma comum de
orientação e negociação perante os governos
federal e estaduais, especialmente no contexto atual de crise
arrecadatória e econômica.
Os pessimistas
dirão que é pouco, mas o primeiro passo sempre é o da
articulação de esforços com base em princípios
e programas. O princípio geral é o da
democratização da educação superior
pública com qualidade. O programa é que isso seja feito
garantindo condições de acesso e permanência dos
estudantes, excelência na pesquisa e uma ampla agenda de
extensão.
‘Temos que socorrer
redes defeituosas’, afirma Mangabeira Unger sobre
‘Pátria Educadora’
Mangabeira Unger - Por Antônio
Gois - O Globo - 17/04/2015 - Rio de Janeiro, RJ
Ministro da
Secretaria de Assuntos Estratégicos detalha o plano encomendado a
ele pela presidente Dilma. Municípios com maus resultados
poderão até sofrer intervenção
O plano para tirar
o slogan da “Pátria Educadora” do papel, que está
sendo gestado a pedido da presidente Dilma Rousseff na Secretaria de
Assuntos Estratégicos da Presidência (SAE), prevê que
municípios que apresentarem baixo desempenho no ensino sofram uma
espécie de intervenção caso não consigam
melhorar seus indicadores educacionais. Segundo o ministro da SAE, Roberto
Mangabeira Unger, a medida é inspirada nas comissões do
SUS.
- Não
podemos permitir que a qualidade da educação que uma
criança brasileira recebe dependa do acaso do lugar onde ela nasce.
Nós teríamos que associar os três níveis da
federação em órgãos conjuntos colegiados, como
acontece no SUS, para socorrer essas redes defeituosas e, quando
necessário, intervir, assumi-las, e devolvê-las consertadas,
como se faz com empresas em situação falimentar - diz
Mangabeira.
Unger já
apresentou as propostas gerais do plano à presidente Dilma, e diz
que estava dialogando frequentemente com o ex-ministro Cid Gomes, mas ainda
não teve tempo de detalhar suas ideias ao atual titular da
educação, Renato Janine Ribeiro.
O plano da SAE
prevê ainda práticas de escolha de diretores inspiradas em
modelos empresariais que levam em conta a meritocracia, a reforma do
currículo nacional, e a criação de uma rede de escolas
federais de referência. Está em discussão também
a criação de centros de formação de diretores,
de capacitação de professores, e um plano de carreira
nacional para docentes.
Segundo
Mangabeira, sua aflição é constatar que “falta
no país uma vanguarda pedagógica capaz de ser portadora de um
projeto” educacional para o país. O plano elaborado por
Mangabeira, que também já foi apresentado em linhas gerais ao
Conselho Nacional de Educação, prevê quatro grandes
eixos, já encampados e enunciados pela presidente Dilma na posse de
Janine.
O primeiro deles,
no qual se inclui a proposta de intervenção em caso de maus
resultados, é a reconstrução de mecanismos de
cooperação entre os entes federativos. O segundo trata da
mudança curricular, “para reorientar a maneira de ensinar e
aprender” e criar um “sistema nacional de ensino”. O
terceiro eixo é de formação de professores e, o
quarto, do uso de tecnologias para enriquecer o processo
pedagógico.
Como o governo
pretender intervir em municípios com maus resultados?
O termo
intervenção ninguém vai querer usar porque é
inconveniente. O que queremos, antes de tudo, é conciliar
gestões locais com padrões nacionais. Não vamos
federalizar o ensino básico, como propôs o senador Cristovam
Buarque (PDT-DF). Para fazer esta conciliação, um dos
requisitos é poder agir para consertar quando um conjunto local de
escolas persistentemente caia aquém do padrão mínimo
aceitável. Senão, estaríamos dizendo para aquela
criança: “azar, você nasceu no lugar errado”.
Para fazer isso,
temos primeiro que reorganizar o regime federativo, para haver
órgãos colegiados que primeiro tentem acompanhar, socorrer e
reorientar aquela rede defeituosa. Mas, se necessário, depois de um
tempo, é necessária assumi-la. Entregá-la a outros
gestores. Consertá-la, e devolvê-la. Isso não pode ser
feito por uma intervenção federal. Tem que ser feita por
órgãos transfederais, que juntem os três níveis
da federação em entidades conjuntas.
O que seriam essas
entidades transfederais?
Seriam
análogas às comissões intergestores que já
funcionam no âmbito do SUS, em que estão representados os
três níveis da federação atuando de forma
conjunta.
Não
é injusto cobrar resultados de municípios quando eles se
queixam de estarem sobrecarregados com suas responsabilidades educacionais
e de receberem apoio financeiro insuficiente da União?
O governo tem o
compromisso de privilegiar o uso dos recursos do pré-sal e de outras
fontes na educação. Mas isso depende da economia e do
aproveitamento de recursos naturais. Não temos controle total sobre
isso. E temos também no Brasil esse hábito de achar que o
dinheiro resolve tudo. Tenho conversado com muitos prefeitos e
secretários de educação, e posso dizer que eles
estão entre os mais entusiasmados defensores de um projeto de
nação como esse. Claro que precisamos de mais recursos, mas
necessitamos também de instituições e ideias, e
é disso que eu estou cuidando.
No caso da
reorganização do regime federativo, há três
elementos essenciais. O primeiro é a avaliação dos
resultados, e foi aí onde mais avançamos. O segundo, que
envolve dinheiro, é aperfeiçoar mecanismos de
redistribuição de recursos e quadros de lugares mais ricos
para os mais pobres. Apenas começamos a avançar nessa agenda,
pois o Fundeb (fundo que redistribui recursos da educação
básica entre estados, municípios e União) é
levemente distribuidor. Precisamos assegurar patamares mínimos,
favorecendo assim estados em situação mais difícil. E
o terceiro elemento mais difícil é este de
construção de procedimentos corretivos.
Há
três passos a avançar nesta questão da
cooperação federativa. Há muito que pode ser feito por
mera mudança de práticas, sem rever qualquer lei. Mas, num
segundo momento, será preciso regulamentar em lei o artigo 23 da
Constituição, que trata das competências concorrentes.
E há um terceiro momento, lá adiante, em que teríamos
de contemplar uma revisão constitucional para aprofundar essas
mudanças.
O segundo eixo
desse projeto toca na questão das mudanças curriculares. Qual
é a proposta do governo?
O
coração desse projeto é a reorientação
da maneira de ensinar e aprender. O primeiro foco dessa iniciativa é
a substituição da orientação
enciclopédica por um ideal de aprofundamento seletivo, como palco
para a aquisição de capacitações
analíticas. O ensino brasileiro não tem currículo.
Tradicionalmente o currículo tem sido o livro didático, e ele
é uma enciclopédia grande. Não estamos propondo
substituir uma enciclopédia grande por outra pequena. O que vale
é a profundidade, não a abrangência. Em especial em
duas famílias de capacitações analíticas
centrais: interpretação de texto, e o raciocínio
lógico e matemático. Isso é que deve estar no
centro.
Nós
estudamos muitas experiências estrangeiras, e a que é
particularmente reveladora e atraente é o currículo nacional
australiano. Mas já temos experimentos notáveis dentro do
Brasil, inclusive no Rio de Janeiro, de tentativa de construir um
currículo orientado nesse sentido. A ideia é organizar o
currículo numa sequência padrão de
capacitações analíticas, mas também facultar o
surgimento de sequências especiais para os alunos com maior
dificuldade e para os com maior potencial, em determinadas áreas. O
aluno que enfrenta dificuldade precisa ter alternativas na forma de
aprender. Se ele não aprendeu com um método, não
devemos repetir 20 vezes o mesmo método que não deu certo.
Devemos criar alternativas de aprendizagem.
O senhor poderia
dar um exemplo de como seria o ensino de um aluno de maior ou menor
dificuldade?
Dou o exemplo de
matemática. Para o aluno que não tenha vocação
especial, o normal seria conhecer a matemática abstrata só
adiante, no ensino superior, ou ao final do ensino médio. Mas, para
o aluno com grande pendor, há a possibilidade de apresentar a
matemática abstrata mais cedo.
Essas
sequências especiais de capacitação são uma
extraordinária oportunidade para experimentalismo pedagógico.
Estamos pensando inclusive na possibilidade de organizar uma rede federal
de escolas médias de referência, que eu propus chamar de
escolas Anísio Teixeira. Essas escolas de referência seriam
também um terreno privilegiado para a experimentação
pedagógica.
O plano fala
também no desenvolvimento de habilidades socioemocionais, aquelas
mais ligadas ao comportamento e personalidade dos alunos. Qual seria o
foco?
O foco é a
nossa preocupação com as inibições que os
alunos, sobretudo os mais pobres, enfrentam. Dois conjuntos dessas
capacitações socioemocionais, ou pré-cognitivas,
são especialmente importantes: a de disciplina e a de
cooperação. Quanto à de disciplina, o que parece
crucial é o vínculo da escola com a família. Muitos
dos alunos pobres vêm de famílias desestruturadas, de mulheres
sozinhas que lutam para manter o emprego e zelar pelos filhos. A escola
teria que buscar essa família e assumir parte de suas tarefas no
espaço escolar, daí ser importante a ampliação
da jornada escolar.
Para a
questão da cooperação, que é a porta para as
formas mais altas de aprendizagem e reprodução, o melhor
caminho seria organizar o ensino cooperativamente. Nosso ensino é
historicamente autoritário e individualista, agora queremos um
ensino cooperativo, organizado em forma de redes de equipes. Há
naturalmente uma hierarquia de formas de cooperação. As mais
primitivas dependem de comando e controle, as mais altas se constroem por
vínculos horizontais. É a melhor maneira que os alunos e
professores têm de superar seus próprios limites.
Como fazer este
debate?
Essas
mudanças todas partem de uma premissa de que devemos ter um sistema
nacional de ensino, algo que nunca tivemos. Temos no Brasil práticas
conformistas e lenientes com a mediocridade. Nosso objetivo é
substituir a uniformidade desorganizada pela diversidade organizada. Um
sistema que seja capaz de divergir, experimentar e de evoluir. Uma tarefa
muito mais complicada e exigente. E temos muito claro que uma reforma de
grande dimensão não pode ser entendida como um mero amontoado
de iniciativas tecnocráticas. Ela precisa de um ideário que a
oriente, a unifique, e que seja capaz de inspirar no país uma
mística e uma mobilização. É preciso organizar
um grande debate nacional, pois isso só pode ser uma obra coletiva.
Minha primeira aflição é observar a aparente falta no
país de uma vanguarda pedagógica capaz de ser a portadora
desse projeto. Um projeto como esse não pode ser concebido e
executado por um pequeno grupo de tecnocratas políticos e
visionários. Tem que ter como portadora um grupo grande. E ela na
realidade não está configurada no país. Teremos que
construí-la no meio do caminho.
Essa rede de
escolas federais que o senhor mencionou não corre o risco de repetir
o padrão das escolas técnicas e colégios de
aplicação vinculados à universidade, que, ao
selecionar os melhores, acabam atendendo a poucos alunos, e de maior
nível socioeconômico?
Sim. Haveria dois
perigos a evitar. Um é ter escolas de referência que só
os alunos da classe média ilustrada consigam aproveitar. Para vencer
este perigo, temos que buscar proativamente os mais pobres. O perigo
inverso é que, sob o manto do compromisso igualitário,
suprimamos o espaço para o aprofundamento das
vocações, deixando de criar um espaço especial para
nossos futuros Newtons e Darwins. Esse discurso de que a república
não permite isso, de que compartilharemos a mesma pobreza de
espírito, também não serve. Esta é minha
opinião, e não do governo.
Qual a proposta
para qualificar melhor o professor?
Este é o
terceiro eixo do plano. Aí sim nós vemos um grande problema.
Não quero que o governo carregue o ônus da minha sinceridade,
portanto falo em meu nome. Temos dois milhões de professores que
não estão preparados ainda para ministrar esse ensino
analítico que eu descrevi. Não há uma
solução única e mágica. Há um conjunto
de iniciativas que estamos considerando. Primeiro, desenvolveremos
iniciativas em relação aos diretores, que têm uma
influência enorme na escola. Uma das iniciativas são centros
regionais de formação de diretores. Particularmente
ilustrativa é a experiência do Reino Unido. Numa primeira
fase, seriam centros para a formação de diretores já
em exercício. Depois de ampliados esses centros, eles seriam
também para candidatos a diretor. Num acordo com estados e
municípios, poderíamos caminhar para um regime em que os
diretores poderiam ser escolhidos entre os já habilitados por esses
centros, mesmo que escolhidos por métodos de seleção
variados.
De igual modo,
temos a ideia de organizar centros de qualificações
avançadas de professores. Para atender aqueles em meio de carreira,
daríamos estímulos para cursos de
requalificação. Aproveitaríamos a experiência
bem-sucedida do Pbid (Programa Institucional de Bolsa Docente), que envolve
alunos de cursos de pedagogia numa prática docente sob
supervisão pedagógica.
Estamos
investigando uma série de maneiras de influir na
formação inicial de professores. Há a ideia de uma
prova nacional docente, já debatida no passado, que serviria de um
lado como alavanca para influenciar cursos de pedagogia, e que de outro
lado ajudaria a mobilizar professores.
Só uma
pequena porcentagem dos professores hoje é formada em
instituições federais. A grande maioria vem de
instituições privadas, e muitas delas são
limítrofes. Temos que impor limites, condições. Se
há financiamento público direto ou indireto, tem que ter
qualidade condicionada. Por fim, estamos considerando também como
começar a organizar passo por passo as diretrizes de uma carreira
nacional de professor, vinculado ao piso nacional. Isso não poderia
ser imposto, teria que ser organizado por meio de mecanismos de
adesão voluntária.
E como seria o
quarto eixo do programa?
Esse quarto eixo
seria o de aproveitamento de novas tecnologias, como são as aulas em
vídeo no ensino a distância (que difundem exemplos vindos de
longe para sacudir o ambiente local) e os softwares progressivos e
interativos. Não vemos essas tecnologias como um instrumento
mágico que nos permitirá escapar das limitações
do nosso meio, mas elas são um acelerador potencial de um processo
de mudança lenta.
O que penso
é que a fecundidade dessas tecnologias é determinada em
grande parte por dois fatores: em primeiro lugar pela difusão no
ensino de uma atitude experimentalista. Em segundo lugar pela
organização do ensino na forma de práticas de
cooperação. Se cada aluno e cada professor está
confinado às suas próprias limitações, é
muito difícil superar os obstáculos e aproveitar o potencial
das tecnologias. Se estão trabalhando em equipes, entre si, o
potencial para aproveitar essas tecnologias é muito maior.
O senhor tem
citado os casos de Sobral e Foz do Iguaçu como experiências
bem-sucedidas no Brasil, que se inspiraram numa “cultura
empresarial” que valoriza a meritocracia e focada em mecanismos de
acompanhamento, cobrança e recompensa de resultados. Os bons
resultados nessas cidades, porém, foram restritos aos primeiros anos
do ensino fundamental. Além disso, avaliações
rigorosas sobre programas tidos como meritocráticos, caso do
pagamento de bônus por resultados a professores, mostram que em
muitos casos isso não se traduziu em ganhos de aprendizado para o
aluno. Por que apostar nessas práticas?
Eu tenho
mencionado também que esse paradigma empresarial é
insuficiente. No esboço do plano, não inclui uma proposta de
premiação a professores. Minha posição pessoal,
que ainda não é consenso no governo, é que esses
incentivos e premiações sejam coletivos, para toda a escola.
Neste debate, temos duas correntes de opinião. Uma é a
organizada sob a égide do paradigma empresarial, que motivou muito
desses experimentos relativamente bem-sucedidos que tivemos localmente no
Brasil, mas que demonstraram ter fôlego curto. Temos que aproveitar
alguns elementos daqueles experimentos. A outra corrente de opinião,
eu muito criticamente a descreveria como uma espécie de
confusionismo filosófico sediado em algumas das faculdades de
pedagogia, amancebado com o interesse corporativista de alguns dos
sindicatos de professores. Essa é a minha posição
pessoal, não do governo. Esta segunda corrente abraça a causa
igualitária e republicana, e oculta os seus interesses e seus
preconceitos atrás do escudo dessa retórica republicana.
Essas são as duas correntes que nós temos: os
empresários e o pseudoesquerdismo republicano. Isso é o que
organiza o espaço do debate educacional no Brasil. Minha premissa
é que essas duas correntes não bastam para orientar nosso
debate. Não quer dizer que não tenham nada a contribuir,
temos que dialogar com elas, mas não podemos nos render a elas.
Confio que vamos ganhar esse debate, mas para ganhar esse debate precisa
haver debate, precisa convidar o país para uma grande
discussão a respeito desse projeto libertador.
O senhor
está trabalhando na elaboração de um novo plano, mas
pouco fala do Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado no
Congresso.
Estudei
cuidadosamente o PNE. Ele não define o caminho pormenorizado, por
exemplo, de reorientação pedagógica curricular. O PNE
é um exemplo clássico de uma lei arcabouço, que fixa
metas e organiza procedimentos. Ele estipula, por exemplo, um prazo para a
formação da base curricular comum, mas não define o
conteúdo. E é de conteúdo que estamos tratando.
Portanto não há contradição com o PNE.
O titular da pasta
de educação é o ministro Renato Janine Ribeiro. Ele
está ciente do plano?
Quando eu assumi a
Secretaria de Assuntos Estratégicos, em cinco de fevereiro, a
presidenta me pediu que priorizasse o projeto de qualificação
do ensino básico, a pátria educadora. Passei a trabalhar
intensivamente com ela e com o ministro Cid Gomes, e a dialogar com todos
os interessados em educação: professores, sindicatos,
estudiosos. E começamos então a construir as grandes linhas
desse projeto. Houve o incidente com o ministro Cid Gomes, e o novo
ministro assumiu. Ele está procurando conhecer as questões de
sua pasta, e lidar com problemas prementes, como o Fies. Não tive
ainda oportunidade de discutir em pormenores com ele. Passei, transmiti os
textos que esboçam o que já havíamos pensado e
discutido, e confio inteiramente que o trabalho vai continuar, como estava
acontecendo com o ministro Cid Gomes. Mas isso aí não
é um amontoado de ações tecnocráticas
desconexas, tem que ser uma construção coletiva inspirada num
ideário. Não é um acerto entre dois ou três
ministros, e é assim que estou concebendo, como um trabalho de largo
fôlego para unir e entusiasmar o país.
Quando o programa
será apresentado definitivamente? Haverá um texto final?
Não
há um documento fetiche. Tenho colocado em texto o ideário e
um elenco de propostas e ações concretas, e
distribuído dentro do governo e para a presidente e para os
ministros. Mas esses textos são apenas um fragmento do trabalho.
Logo que o ministro Janine tiver assentado sua posição e
tomado conhecimento dos problemas prementes, espero ter a oportunidade de
divulgar esse texto. E a começarmos esse grande debate nacional que
precisamos ter. O debate será mais útil se provocado por
ideias fortes. Não vamos conseguir organizar no país uma
mudança de grande envergadura de forma meramente indutiva, por um
mínimo denominador comum. Temos que propor, e propondo, provocar. E,
aí sim, podemos ter uma discussão muito rica. Este é o
método que venho tentando seguir.
|
Informações adicionais e
contato
|
O Clipping Educacional é enviado no formato
HTML que é melhor visualizado no Thunderbird, Outlook Express
ou programas equivalentes.
Para RECEBER o Clipping Educacional, faça
o seu cadastro neste endereço: http://www.editau.com.br/produtos_clipping.php
Telefone:
55 (31) 3491-3739
E-mail:
clip...@editau.com.br
Endereço: Rua Aníbal Andrade Câmara, 100, bairro
Planalto
|
|
|