Quinta-feira, 16 de abril
de 2015
|
Matérias de Hoje
|
Agência Brasil
- 15/04/2015 - Brasília, DF
“Temos de mudar a
concepção e saber que os recursos economizados em despesas
correntes são mais recursos para investir em
educação”
G1 Globo.com -
15/04/2015 - Rio de Janeiro, RJ
Estabelecer período
mínimo de curso para estágio é contra lei, diz TRF.
UnB informou que analisa determinação para decidir se vai
recorrer
Jornal do Commercio
- 15/04/2015 - Recife, PE
Dos 40.695 profissionais
da ativa, 17.530 têm contrato provisório. Outros 23.165
são efetivos
G1 Globo.com -
15/04/2015 - Rio de Janeiro, RJ
Emily Reay, de 17 anos, foi
obrigada a mudar o tom pela direção do colégio. `Ruivo
não é uma cor natural?`, argumentou a mãe dela
Agência Brasil
- 15/04/2015 - Brasília, DF
O prazo, que termina em pouco
mais de dois meses é primeiro estipulado pelo PNE
Revista Veja -
15/04/2015 - São Paulo, SP
Tribunal ainda não afirmou
se vai acatar a solicitação do partido
Porvir - 15/04/2015
- São Paulo, SP
O chamado Projeto Independente
é autogerido pelos alunos e estimula o estudo de temas de interesse
do grupo
G1 Globo.com -
15/04/2015 - Rio de Janeiro, RJ
Eles cobravam até R$ 50
mil de graduados brasileiros na Bolívia e Rússia. Dupla dizia
garantir empregos com salário de até R$ 30 mil, afirma
polícia
Jornal do Commercio
- 15/04/2015 - Recife, PE
Mil camisas foram confeccionadas
pelo Sintepe com a frase `100% - Prometeu, cumpra!`. Docentes
estarão no ato contra a terceirização
|
Editoriais, artigos e opiniões
|
Revista Gestão Universitária -
16/04/2015 - Belo Horizonte, MG
iG - Último Segundo - 14/04/2015 -
São Paulo, SP
|
Matérias
|
Portaria do MEC determina
economia de recursos públicos a órgãos
vinculados
Mariana Tokarnia - Agência Brasil
- 15/04/2015 - Brasília, DF
Economizar
água e energia transformou-se em política oficial do
Ministério da Educação (MEC). Hoje (15), o ministro da
Educação, Renato Janine Ribeiro, assinou portaria
determinando que tanto o MEC quanto autarquias, órgãos,
fundações e empresas públicas vinculados à
pasta integrem esforços para o uso racional dos recursos
públicos.
“Temos de
mudar a concepção e saber que os recursos economizados em
despesas correntes são mais recursos para investir em
educação”, disse Ribeiro, ao participar do Congresso
Internacional de Gestão de Inovação da
Educação no Setor Público (Cigisp), onde assinou o
documento.
A portaria
estabelece que os órgãos e entidades deverão adotar um
modelo de gestão estruturado na implementação de
ações voltadas para o uso racional de recursos, em
consonância com programas já existentes no governo federal,
como o Coleta Seletiva Solidária, que trata de reciclagem.
`Não se
trata de uma medida de emergência, provisória, mas uma
mudança de concepção, de acabar com qualquer
tolerância com desperdício`, acrescentou Ribeiro.
Durante o Cigisp,
foi apresentada a Coletânea Desafio da Sustentabilidade, formada a
partir da consulta pública Desafio da Sustentabilidade,
lançada ano passado para reunir sugestões capazes de
economizar água e energia. Participaram as universidades e os
institutos federais. As melhores soluções foram agrupadas na
cartilha e premiadas nesta quarta-feira.
A portaria
determina, ainda, que a coletânea deve ser utilizada na
implementação de boas práticas pelos
órgãos e entidades federais. A coletânea será
disponibilizada na internet, com soluções como a
utilização da energia solar e eólica. Cada uma
é detalhada na instalação e
manutenção.
A portaria
será publicada nos próximos dias, em um contexto em que o MEC
espera decisão da presidenta Dilma Rousseff sobre os cortes do
Orçamento. Segundo Ribeiro, a pasta vai contribuir com o ajuste.
`Diante do contexto de ajustes orçamentários, me chamou
atenção a necessidade de fortalecer projetos de economia dos
gastos que temos`, concluiu o ministro.
Tribunal ordena que UnB mude
regras para estágios não obrigatórios
Do G1 DF - G1 Globo.com - 15/04/2015 -
Rio de Janeiro, RJ
O Tribunal
Regional Federal do Distrito Federal determinou que a Universidade de
Brasília (UnB) modifique as regras para estágios não
obrigatórios. A determinação proíbe que a
instituição estabeleça um período mínimo
de curso ou número de disciplinas para que o estudante possa
participar de um estágio.
A UnB informou que
analisa a determinação para decidir se vai recorrer.
A decisão
do tribunal ocorre a partir de uma ação do Ministério
Público e inclui a anulação as
resoluções da universidade que regiam o tema. Segundo o MP, a
UnB estabelecia pré-requisitos para estágios de alunos que
não eram previstos em lei.
Para o engenheiro
agrônomo Sérgio Fernandes, o estágio ajuda o aluno a
vivenciar de perto o setor em que vai atuar. `Acho que é uma chance
de você buscar ter conhecimento da sua área de trabalho`. Ele
diz que hoje é funcionário de uma empresa onde estagiou, e
que o período foi fundamental para ele conseguir a vaga.
`Se a pessoa
está apta a assumir um estágio, não vejo problema de
ela estar indo no início do curso ou na metade`, afirma a estudante
Sabrina Raquel.
A aluna Yasmin de
Oliveira discorda. Para ela é importante saber alguma coisa da
área antes de atuar como estagiário no mercado. `Eu acho que
o aluno tem que ter um certo nível de conhecimento do curso para
começar um estágio.`
Professores
temporários são 43% do quadro docente do Estado
Margarida Azevedo - Jornal do Commercio
- 15/04/2015 - Recife, PE
Quase a metade dos
professores que atuam nas escolas estaduais e nos programas de
educação do governo de Pernambuco não faz parte do
quadro de servidores. Dos 40.695 professores ativos, 17.530 são
contratados temporariamente, o que representa 43% do corpo docente. Outros
23.165 são efetivos. O alto número de contratos
temporários é criticado pelo Ministério Público
de Pernambuco (MPPE), que, em novembro de 2011, ingressou com uma
ação judicial pedindo que o governo fosse impedido de
realizar novas contratações provisórias e realizasse
concurso público para professor. Três anos e quatro meses
depois, o processo ainda tramita na 2ª Vara da Fazenda
Pública.
A abertura de
concurso é um dos itens da pauta de reivindicações dos
docentes estaduais, que estão em greve desde a última
segunda-feira. “É um absurdo, uma excrescência haver
tantos professores com contratos temporários. Defendemos concurso.
Os docentes temporários recebem menos que os efetivos e não
têm valorização na carreira”, observa o
presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de
Pernambuco (Sintepe), Fernando Melo. A categoria pede também que o
reajuste de 13,01% do piso do magistério seja concedido a todos os
mestres e não apenas aos que têm nível médio,
como ficou definido na lei estadual aprovada no fim de março.
Na Escola Estadual
João Barbalho, em Santo Amaro, área central do Recife,
há 36 professores, dos quais 22 são temporários e 14
efetivos, segundo o diretor, Natanael José da Silva. Na Escola de
Referência em Ensino Médio Carlos Soares da Silva, localizada
no município de Salgadinho, no Agreste, são 14 docentes
temporários e apenas um efetivo, segundo o Sintepe. O JC tentou
entrevistar cinco mestres que atuam como temporários, mas nenhum se
prontificou a falar com receio de perder o contrato.
A promotora de
Educação Eleonora Rodrigues considera um abuso do Estado ter
tantos temporários nas escolas estaduais. “Esses professores
não criam vínculo com a comunidade escolar e a
remuneração deles é menor que a dos efetivos. Sai mais
barato para o governo mantê-los, em vez de abrir concurso. Os
contratos temporários deixaram de ter um caráter excepcional
e passaram a ser a regra”, destaca a promotora. “A
ação está se arrastando no Judiciário”,
complementa.
O juiz Évio
Marques, da 2ª Vara da Fazenda, informou, por meio da assessoria de
imprensa, que o governo contestou os argumentos do MPPE. Ele entendeu que a
Promotoria de Educação deveria replicar. Mandou
intimação para a promotoria, que não a aceitou com a
justificativa de que deveria vir acompanhada do processo, o que não
ocorreu. “A contestação foi feita sim. A
ação está pronta para ser julgada. O que falta
é a Justiça se posicionar”, diz Eleonora. O processo
está parado desde novembro do ano passado.
PROGRAMAS - Em
relação à contratação provisória
de docentes, o Estado alega ser necessária para atender programas
temporários, a exemplo do Chapéu de Palha, Mãe Coruja,
Paulo Freire e Se Liga. “São programas especiais, com
especificidades e tempo certo de duração”, ressalta a
secretária-executiva de Desenvolvimento da Educação,
Ana Selva.
Apesar disso,
mestres com contratos temporários são designados para atuar
no ensino regular. “Há áreas, como a de exatas, para a
qual nem sempre temos professores habilitados do quadro efetivo. É
quando chamamos os temporários”, explica. Ana Selva não
acredita que haja comprometimento na qualidade do ensino.
Segundo a
secretária-executiva, a gestão reconhece a necessidade de
concurso para professor. “Há o plano de abrir concurso, mas
ainda sem data prevista. Está sendo feito um levantamento na rede
para termos noção exata das vagas”, diz Ana Selva.
Aluna britânica
é barrada na escola por ter o cabelo `ruivo demais`
Do G1, em São Paulo - G1
Globo.com - 15/04/2015 - Rio de Janeiro, RJ
A estudante
britânica Emily Reay, de 17 anos, foi barrada em sua escola, em
Carlisle, no Reino Unido, por causa do cabelo ruivo. Segundo a
direção da Trinity School, Emily voltou do feriado de
Páscoa com o cabelo `muito chamativo` e só pode voltar
às aulas depois de diminuir o tom ruivo que ostenta. A jovem, que
é ruiva natural, alegou que usa a mesma cor de cabelo há
três anos e nunca havia sido importunada.
Emily toca
violão e canta em vídeos postados no YouTube, e alega que os
cabelos brilhantes fazem parte da sua personalidade como cantora. `Todo
mundo me conhece como a `jovem cantora ruiva`. Se meu cabelo ficar
castanho, vou perder isso`, alegou Emily em entrevista ao jornal The
Telegraph`.
Os pais da aluna,
que está no último ano do ensino médio, foram à
escola discutir a questão, mas não teve jeito: ou ela muda a
cor para um tom mais neutro, ou será expulsa da escola. `Não
deixaram nem eu colocar uma boina para cobrir os cabelos.`
A mãe de
Emily, Julie Reay, disse que as regras da escola não permitem que o
aluno use cabelos com cores artificiais, como azul ou verde. `Mas o ruivo
não é uma cor natural?`, questionou.
Deputados querem ajudar
estados e municípios na aprovação de planos de
educação
Mariana Tokarnia - Agência Brasil
- 15/04/2015 - Brasília, DF
Deputados federais
querem atuar com estados e municípios para a aprovação
dos planos estaduais e municipais de educação. Os planos
locais, previstos no Plano Nacional de Educação (PNE),
têm até o dia 24 de junho para estarem prontos. De acordo com
o Ministério da Educação (MEC), três estados -
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Maranhão - e 72 municípios
sancionaram os planos.
O prazo, que
termina em pouco mais de dois meses é primeiro estipulado pelo PNE.
Os parlamentares lançaram hoje (15) a Frente Parlamentar em Defesa
da Implementação do Plano Nacional de Educação
e a primeira ação será a organização de
seminários, dois nacionais e cinco em cada uma das regiões do
país, para conscientizar gestores e a população da
importância da aprovação dos planos.
`O PNE é
uma das leis mais importantes votadas. Comparando com outros países,
com certeza é vanguarda e aponta para uma
transformação do Brasil em uma grande nação.
Tem que sair do papel`, defende o presidente da frente, Pedro Francisco
Uczai (PT/SC). “Para que saia do papel, é preciso o
compromisso de todos os entes federados”.
O plano,
sancionado no ano passado, após quatro ano de
tramitação, traça metas para serem cumpridas nos
próximos dez anos. As metas vão desde a inclusão de
crianças e adolescentes na escola até a
pós-graduação. Trata ainda da
valorização do professor e do investimento em
educação, que até 2024 deverá ser de, no
mínimo, o equivalente a 10% do Produto Interno Bruto (PIB).
Atualmente o investimento na área é 6,6%.
De acordo com o
site Planejando a Próxima Década - Alinhando os Planos de
Educação, do MEC, apenas três estados, Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul e Maranhão, estão com os planos aprovados.
Paraná, Bahia e Alagoas são os mais atrasados, têm
apenas a comissão para elaborar o plano estadual constituída.
Os demais estados têm pelo menos o diagnóstico
concluído.
Para constituir os
planos, o MEC estipula fases. A primeira é a
constituição de uma comissão coordenadora, depois, a
elaboração de um diagnóstico da educação
na localidade, a elaboração de um documento-base, consulta
pública e elaboração de projeto de lei. O projeto
é então enviado ao legislativo, aprovado e sancionado.
Entre os
municípios, a maior parte está nas fases iniciais, 306
não têm sequer comissão coordenadora instituída;
2.246 instituíram a comissão e 1.752 concluíram apenas
o diagnóstico. Os demais avançaram na
elaboração do documento-base (829) até o envio dos
projetos para as assembleias (77). Entre os municípios, 72
sancionaram os planos e três aprovaram a lei.
Para o MEC, o
prazo pode ser cumprido. A pasta vai lançar na próxima semana
uma campanha nos meios de comunicação alertando para o prazo.
O secretário de Articulação com os Sistemas de Ensino
do MEC, Arnóbio Marques, ressalta que a maior parte dos estados e
dos municípios concluíram o diagnóstico. Segundo ele,
a fase mais complicada.
`Praticamente
todos os municípios têm pelo menos uma comissão
trabalhando no plano e mais de 3 mil têm o diagnóstico. Pode
ser que alguns não cumpram com o prazo exato, do dia 24, mas acho
que a tendência é ter praticamente todos os municípios
com o plano`, diz.
De acordo com
Marques, o MEC oferece assistência para a elaboração
dos planos, disponibilizando um representante para cada 25 cidades.
PSB contesta novas regras do
Fies no Supremo
Da Redação - Revista Veja
- 15/04/2015 - São Paulo, SP
O Partido
Socialista Brasileiro (PSB) protocolou na tarde desta quarta-feira uma
ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para contestar as
alterações no Fundo de Financiamento Estudantil (FIES),
programa do Ministério da Educação (MEC) que oferece
crédito para universitários pagarem cursos de
graduação.
Em dezembro de
2014, o MEC alterou as regras do programa e passou a exigir
pontuação mínima de 450 no Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem) para que o candidato conseguisse o financiamento para a
faculdade. `É preciso explicar essas novas regras, pois elas excluem
milhares de estudantes já favorecidos com o FIES`, disse em nota
Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB.
Segundo o partido,
o caráter retroativo da nova regra `viola o princípio da
segurança jurídica do cidadão`, previsto na
Constituição Federal. A portaria do Fies publicada em
dezembro prevê que todos os alunos aprovados no programa a partir de
2010 fiquem sujeitos à pontuação mínima no
Enem. Com isso, aqueles que não se encaixarem no perfil
deverão refazer o exame para assegurar o benefício.
`Não se trata de frustração de mera expectativa de
direito. A portaria extinguiu o direito anteriormente consolidado de
ingresso no programa`.
O PSB pede o fim
da aplicação retroativa das novas regras, o que garantiria a
renovação dos contratos dos alunos já inscritos no
FIES. A medida também daria direito de acesso aos estudantes que se
submeteram ao Enem nos anos anteriores, independentemente do preenchimento
das novas exigências.
Estudante dos EUA cria aula
para aprender a aprender
Escola Do Redação na Rua - Do
Centro de Referências em Educação Integral - Porvir
- 15/04/2015 - São Paulo, SP
O Projeto
Independente, da escola Monument Mountain Regional High School, localizada
na cidade de Great Barrington, em Massachussets, nos Estados Unidos, foi
criado em 2010 por um dos próprios estudantes, Samuel Levin. Ele
define sua criação como “uma escola dentro de uma
escola”. O programa tem a duração de um semestre e
ocorre em tempo integral e congrega estudantes de diferentes perfis e
séries do ensino médio. A regra de ouro é:
“aprenda a aprender”.
A
motivação de Samuel foi perceber que não só
ele, mas a maioria de seus colegas “passava seis horas do dia, 180
dias do ano, sendo infelizes”. O adolescente sonhou com uma escola
onde os jovens poderiam estudar aquilo que realmente os motivasse,
instigasse e apaixonasse. Uma escola que os escutasse. “É uma
loucura que em um sistema que foi feito para ensinar e ajudar os jovens,
eles não tenham nenhuma voz”, explica Peter Boyce, outro
participante.
Samuel,
então, idealizou o Projeto Independente e o apresentou à
Monument High, que decidiu aceitar o desafio. A iniciativa está
baseada na autogestão dos estudantes, já que os adultos e
professores aparecem apenas como orientadores, mas não acompanham
presencialmente as atividades diárias dos alunos. Por isso, o apoio
da direção do colégio e de alguns professores foi
fundamental, como mostra o vídeo abaixo (disponível apenas em
inglês), realizado por Peter Boyce, como parte do programa escolar.
”Algo muito importante é que os alunos aprendem a ser mais
independentes”, defende a professora de matemática, Kathy
Erickson.
Como funciona
Os seis meses
estão divididos em 19 semanas. Na primeira, o grupo, que no projeto
piloto contou com oito adolescentes, realiza uma série de atividades
e discussões que têm como objetivo apresentar o programa,
enturmá-los e criar uma boa dinâmica coletiva, na qual a
confiança e apoio mútuo prevaleçam.
Nas
próximas semanas, todas as disciplinas são abordadas a partir
da divisão delas em dois grupos – ciências e artes -,
explorando a interdisciplinaridade. Da segunda à nona semana,
durante as manhãs, os estudantes se dedicam ao estudo do primeiro
eixo; e a partir da décima semana, é a vez das artes. Todo o
semestre, independentemente do tema estudado, é dividido em
três tipos de atividade: estudo coletivo, desafio individual e
desafio coletivo.
Os três
eixos
O estudo coletivo
ocorre pelas manhãs. Cada participante traz uma questão
relacionada ao conteúdo abordado naquela semana, sempre às
segundas-feiras. “O mais importante sobre a pergunta é que
você realmente queira saber a resposta”, explica Peter. Eles
socializam as perguntas para o coletivo, que às vezes ajuda a polir
e melhorar o questionamento. Pergunta estabelecida, todos partem para a
pesquisa. Na sexta-feira é a hora de compartilhar o resultado da
investigação com os colegas, por meio de uma
apresentação. Assim, os estudantes aprendem não
só a investigar, mas também a falar em público e a
transmitir o conhecimento para outros.
A tarde é
dedicada ao chamado desafio individual, em que cada aluno escolhe um
projeto pessoal que pode ser desde a construção de um barco a
como aprender um novo instrumento. Há estudantes que produziram
vídeos, outros escreveram peças de teatro, romances ou
coletâneas de poemas ou contos, enquanto alguns preferiram pesquisas
sobre temas diversos como meio ambiente ou a recuperação de
mulheres que passaram por traumas. Para essa tarefa, o participante do
programa pode contar com a ajuda de um professor ou outro tutor que pode
ser da escola ou da comunidade.
Por fim, nas
últimas três semanas do semestre, o grupo escolhe um desafio
coletivo que deve estar relacionado às necessidades da comunidade.
Em linhas gerais, o objetivo desse eixo é elaborar algum projeto que
tenha impacto social e “faça a diferença”. No
projeto piloto, os estudantes escolheram produzir um vídeo sobre a
experiência do próprio programa, com o objetivo de incentivar
o debate sobre o modelos educacionais alternativos nos Estados Unidos. A
decisão sempre deve ser coletiva e um consenso entre o grupo, o que
também estimula o debate entre os participantes.
Papeis
O projeto é
fortemente marcado pela autogestão dos estudantes. Um deles é
escolhido como um facilitador, cuja tarefa é não só
motivar e apoiar os outros participantes, mas servir de elo com a
direção da escola, que aparece na figura de um orientador
que, por sua vez, apoia-se em um pequeno conselho de três docentes
(um de história, um de matemática e outro de ciências).
Estes, acompanham o projeto, mas não interferem diretamente
nele.
O orientador,
afirma Samuel Levin em um relatório (disponível em
inglês), deve evitar determinados comportamentos. “[Ele]
não estava lá presente para responder a perguntas. Ele
não estava lá para fazer as coisas tornarem-se mais
fáceis cada vez que ficam mais difíceis. Ele não era
um ponto de foco e não era um líder. O orientador dever ser
um forte, porém invisível ponto de apoio para o
grupo”.
Os pais dos alunos
participantes também são, de alguma forma, parte do programa,
já que devem consentir que seu filho se una à iniciativa.
Todos pais são chamados ao colégio para que conheçam a
proposta e também são convidados para as
apresentações finais dos estudantes e podem, em qualquer
época do ano, solicitar uma reunião com o facilitador, o que
quase nunca ocorre, já que, como explica Samuel, “quase todos
os pais dizem que estão muito cientes do que ocorre no programa
porque seus filhos passaram a falar muito mais sobre o que têm vivido
na escola”.
É verdade
que alguns docentes resistiram ao novo projeto. Os que apoiaram a
definição da escola acabaram tornando-se orientadores e
contam como a experiência os fez crescer. “É um
ótimo risco para se tomar pelos estudantes, dar a eles essa
liberdade de pensamento. Na verdade, não pode dar muito errado [...]
Não posso nem contar quantas vezes as perguntas [deles] me deixaram
pensando e então fui e tentei aprender e me atualizar. Todos
ganharam algo positivo”, conta a professora de ciências, Lisa
Baldwin.
Outro ponto
destacável da iniciativa é que ela reúne jovens de
diferentes perfis, dos que possuem bom rendimento acadêmico aos que
apresentam mais dificuldades. Os alunos, ao final, são avaliados
pelo próprio grupo.
*Fazem parte do
Redação na Rua os sites Catraca Livre, Centro de
Referências em Educação Integral, Guia de Empregos,
Portal Aprendiz, Porvir e VilaMundo.
Dupla é presa por
falsa revalidação de diplomas estrangeiros no DF
Do G1 DF - G1 Globo.com - 15/04/2015 -
Rio de Janeiro, RJ
Dois homens foram
presos na noite desta terça-feira (14) no Distrito Federal suspeitos
de aplicar golpe para revalidar diplomas de medicina de estudantes
brasileiros graduados na Bolívia e na Rússia. A prisão
ocorreu em um shopping no Guará . Segundo a polícia, os
suspeitos cobravam R$ 50 mil para que o diploma fosse revalidado no
Brasil.
De acordo com a
polícia, Jurandir de Medeiros Júnior, de 37 anos, que se
disse advogado em Caldas Novas (GO), e Jorge Martins Júnior, de 32,
que se apresentou como estudante de medicina em São Paulo, usavam
documentos falsos em que apareciam como tendo nacionalidade boliviana.
A dupla, que se
apresentava como representante da Associação Médica do
Mercosul, uma entidade inexistente, e ofereciam um curso falso para a
legalização do documento. De acordo com a polícia,
eles pediam uma entrada que variava de R$ 1,5 mil a R$ 2 mil. Os dois ainda
diziam ter um convênio com o governo do Distrito Federal, pelo qual
ofereciam aos interessados a possibilidade de emprego com salários
de até R$ 30 mil mensais, segundo a polícia.
`Como existia esse
diferencial da contratação aqui em Brasília, pela
necessidade da contratação aqui em Brasília de
médicos, acabavam mais pessoas procurando [pela
revalidação] e de maneira rápida [a dupla] acabou
aplicando o golpe em várias pessoas`, disse o delegado Jefferson
Lisboa.
Com os dois
suspeitos do golpe foram encontrados 27 certificados de brasileiros que
estudaram na Bolívia e um na Rússia, R$ 1,5 mil em dinheiro,
US$ 1,5 mil e um carro com placa boliviana. Eles responderão por
estelionato, uso de documentos falsos e associação criminosa.
A soma das penas chega a 15 anos de prisão.
Para revalidar um
diploma estrangeiro, o Ministério da Educação (MEC)
exije o cumprimento de sete requisitos, entre eles a formação
de uma comissão para avaliar a equivalência da grade
curricular, duração do curso e bibliografia exigida. A
revalidação só pode ser feita por
instituição pública de ensino.
Professores estaduais cobram
do governo promessa de dobrar salário
Do JC Online - Jornal do Commercio -
15/04/2015 - Recife, PE
Professores
estaduais que estão em greve participarão, na tarde desta
quarta-feira, da passeata organizada nacionalmente pelas centrais sindicais
contra o projeto de lei que trata das terceirizações. Os
docentes vão aproveitar o ato, que sairá da Avenida Cruz
Cabugá, em Santo Amaro, Centro do Recife, para cobrar do governador
Paulo Câmara o cumprimento da promessa feita por ele durante a
campanha eleitoral, ano passado, de que irá dobrar o salário
da categoria. Concentração será a partir das 14h.
Mil camisas foram
confeccionadas pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação
de Pernambuco (Sintepe) com a frase “100% - Prometeu, cumpra!”.
Docentes do interior também estão programando passeatas hoje
nas cidades de Passira e Surubim, no Agreste, Belém de São
Francisco e Petrolina, no Sertão.
O pedido de
ilegalidade da greve, feito pelo governo estadual ao Tribunal de
Justiça de Pernambuco terça-feira, será julgado pelo
desembargador Jovaldo Nunes. Já o mandado de segurança
impetrado pelo deputado estadual Edilson Silva contra o corte do ponto dos
professores será apreciado pelo desembargador Ricardo Paes
Barreto.
|
Editoriais
|
Equilíbrio
Distante
Wolmer Tavares - Revista Gestão
Universitária - 16/04/2015 - Belo Horizonte, MG
A
educação é a chave mestra que abre portas para
dignidade, cidadania, mas essa tem que ser embasada em um conhecimento
coercivo e crítico.
Hodiernamente o
país tem passado por momentos de reflexão e nos tem feito
perceber que a educação deveria fazer as pessoas que se
consideram “instruídas” menos preconceituosas e mais
tolerantes, entretanto, tem sido justamente o contrário.
Infelizmente, podemos perceber que algumas vezes, são essas pessoas
“educadas” que têm sido mau exemplo para sociedade com
sua intolerância, visto que é justamente estes
“educados” que fazem apologia ao ódio.
Percebe-se
também que essas pessoas pseudo-instruídos, diplomadas em
suas áreas, orgulhosas de seus títulos e pseudo-conhecimentos
se demonstram verdadeiros néscios, idiotas e com auto grau de
amnésia em relação a um passado tenebroso, regado de
violência, desaparecimentos e assassinatos. Quase uma
geração, que deixou apagar a historicidade e hoje tem como
efeito colateral uma incontinência verbal recheada de asneiras
embutidas pela manipulação da mídia corruptora.
Obviamente, tem-se
poucos esclarecidos que expõe seus ideais, e poucos destes,
sustentam um ideal, não fundamentado no ódio, apesar de uma
divergência ideológica, respeitando o momento
democrático conquistado com perseguições e muito
sangue brasileiro, o que levou a infelicidade de muitas famílias das
quais se desfizeram como um castelo de areia no meio de um vendaval.
O povo brasileiro
tem procurado segurar nas asas da esperança, asas essas de cera que
se aproxima do sol como asas de Ícaro.
Temos na
educação a sustentação para um país
melhor. Esses protestos são válidos desde que seja respeitado
o momento democrático e não uma oportunidade para um golpe
causado pela manipulação de uma elite oportunista afundada
também neste esgoto de corrupção.
O voto
deverá ser a única arma de protesto para mudanças, e
não o ódio e frustração de não ter
conseguido eleger partido A, ou B, e este voto, terá mais
força mediante uma educação protagonista.
Precisamos
encontrar o equilíbrio para que o país possa crescer,
prosperar e para que possamos ser realmente agentes protagônicos
deste crescimento, porque povo sem consciência não passa de
massa de manobra de uma mídia corruptora e de políticos
oportunistas.
Em momentos assim,
precisamos falar a língua da democracia, respeito ao próximo
e não a língua idiotês, embasada em imbecilidades e
seguida de uma estéril historicidade.
Tais idiotas
acusam os demais de bolivarianos como se fossem aberrações
sociais, mas como não conhecem a história, não sabem
que em pensamentos bolivarianos estão inseridos a
promoção da educação de qualidade
pública gratuita e obrigatória; repúdio da
intromissão estrangeira, pois somos joguetes de países como
Estados Unidos; e propõe uma união entre os países
latino-americanos. O termo bolivariano surgiu de Simón
Bolívar que liderou a luta pela independência em grande parte
da América do Sul.
Não cabe
aqui uma explicação mais explícita, pois como dizem,
não se atira pérolas aos porcos. Como falta história a
tais intelectuais alienados a que podemos denominar idiotas, precisamos
torcer para que a educação tão sonhada traga um
equilíbrio a tão esperada sociedade utópica.
`É absurdo pais
não irem às ruas com greve de professores`, diz docente da
USP
Vitor Henrique Paro - Por Cristiane
Capuchinho - iG - Último Segundo - 14/04/2015 - São
Paulo, SP
Pesquisador de
educação básica, Vitor Henrique Paro diz que escola
deve repensar seus objetivos para unir pais, professores e diretores em
torno da boa formação do aluno
Defensor da
gestão democrática da escola, o professor da USP Vitor
Henrique Paro se indigna ao falar sobre a dissociação entre a
escola e a comunidade e o ensino e a realidade das crianças. Para
ele, é absurdo os professores entrarem em greve sem que os pais
estejam nas ruas defendendo a melhoria da educação
pública.
Paro acaba de
lançar o livro `Diretor Escolar: Gerente ou Educador?` (editora
Cortez) em que explora as funções do diretor e a realidade de
escolas públicas e o objetivo da educação.
O pesquisador da
Faculdade de Educação recebeu a reportagem do iG para uma
longa conversa sobre o papel do diretor, as avaliações de
desempenho e a relação entre pais e escolas.
Confira abaixo a
entrevista:
iG - O MEC
lançou neste ano uma consulta pública pedindo ideias para a
valorização do diretor. Em São Paulo também a
rede estadual lançou uma política de
valorização do diretor. Como o senhor vê esse tipo de
política que está sendo levantada?
Vitor Paro - Por
que valorizar o diretor? Que preocupação é essa com o
diretor? Há a preocupação em valorizar o diretor,
valorizar o professor, valorizar a escola e ninguém se preocupa de
repente com pra que que serve a educação.
Educação serve para valorizar o aluno. Você tem que
pensar primeiro no que favorece a formação do cidadão,
que é o papel da escola formar um cidadão consciente que
tenha acesso à cultura no seu sentido mais pleno e depois pensar no
que é preciso fazer para que isso funcione.
Isso é
até um pensamento bastante administrativo. Todos os administradores
pensam nisso: qual o objetivo que eu tenho e como é que eu vou
chegar lá. Se você quer valorizar o aluno, você tem que
pensar em que escola é essa e depois questionar se é o caso
de ter um diretor.
As últimas
críticas que se faz a respeito da educação chegam
à conclusão de que a escola a rigor não precisaria de
um diretor, precisaria de uma equipe que estivesse estruturada para fazer a
escola andar.
iG - No livro, o
senhor discute se o diretor tem funções de gerente ou de
educador. Para você, qual seria o papel ideal do diretor?
Paro - Primeiro
tem-se de pensar em uma administração que é uma
mediação para que os meios sejam usados da melhor maneira
possível e adequados aos fins, e isso não é levado em
conta na educação. Quando você vai fazer um
automóvel ou uma geladeira, você pensa nos meios que
são necessários para construir aquilo. Na
educação, não. Você usa muitas vezes os meios
que são usados para construir uma geladeira e não para
produção de seres humanos. Para a produção de
seres humanos, você precisa de princípios de
educação que levem à apropriação do
saber. Na escola, isso não é feito.
Quais são
as metas do MEC? Atingir determinados escores. O que se pensa da
criança? O que se espera da criança? Que ela consigo
responder a umas tantas perguntas de uns testes e [a escola] não
está preocupada de maneira nenhuma que a sociedade se aproprie da
educação e da cultura. Não há a
preocupação da escola de formar seres
humanos-históricos. Ser humano que tem autonomia para se apropriar
da cultura, que não é apenas saber ler, escrever e contar,
que é o que se avalia nas avaliações da vida.
Depois [as notas]
vão parar no Pisa [avaliação internacional] como se a
educação brasileira fosse daquele jeito. Não é,
é muito pior, apesar de estar mal colocada. Não significa que
por ter respondido àquelas perguntas, por ter feitos aqueles `x` na
frente, ele entende alguma coisa.
A
situação é tão dramática que, quando
você entra lá na escola, os professores, que antes tentavam
ensinar a ler, a escrever e a contar, agora estão tentando treinar
os alunos para responder a esses testes.
Na escola,
você está lidando com crianças e adolescentes, que
estão muito a fim de fazer outra coisa. Se você tem a
metodologia adequada, você precisa fazer ele ficar a fim daquilo. O
que se precisa faer na escola é uma instituição de que
o aprender seja uma coisa prazerosa. Tudo o que fazemos é para que
não seja isso.
iG - Por que
você defende um conselho diretivo em lugar de um diretor?
Paro - Falo em
conselho diretivo baseado na realidade, porque nas escolas temos um diretor
que em toda a rede de ensino é o responsável último
pela escola. Ele tem a aparência de um tremendo poder, mas que
não tem poder nenhum. Ele está ali para fazer aquilo que o
sistema quer porque quem o nomeia e quem o demite é o poder
estatal.
O modelo é
o mesmo da administração empresarial. E quando se examina
à luz da ciência e de uma política de
educação, vê-se que está tudo errado. A escola
para funcionar não precisa de alguém que mande, ela precisa
de alguém que pense, de pessoas que dialoguem entre si. Quem deveria
mandar ali são os alunos e os pais de alunos.
A
solução que imagino é que você tenha uma escola
que seja administrada por um conselho de coordenadores. Isso tem uma
intenção política que é tirar a
educação da dominação do Estado. Se você
tem um diretor que é representante do Estado, ele vai fazer o que o
Estado quer. Se você elege três ou quatro coordenadores,
você pode dividir o trabalho e eles são os diretores. Nenhum
é chefe de ninguém e o trabalho é dividido. Assim
você consegue estimular os pais a partiparem na escola, a dialogarem.
Eles vão depender dos pais porque seria a comunidade que os
escolheriam.
Se você,
como coordenador da escola, chama os pais e os pais querem determinado
recurso, você é pressionado pelos pais a reivindicar isso do
Estado. E quando você vai reivindicar, os pais estão juntos.
Hoje o diretor vai lá reivindicar e ele sozinho não
representa porcaria nenhuma. Ele pede e o secretário de
educação diz que não vai dar e acabou. Nesse conselho
diretivo é diferente, porque ele vai respaldado pelos pais.
É um
absurdo o que nós temos hoje de ter greve de professores, como
está tendo agora, e os pais não estarem lá. Por que
acontece isso? Porque não existe contato entre os professores e os
pais. Quando o pai chega na escola, os professores em vez de darem um
abraço nele, falam para o pai que a culpa do aluno não
aprender é do proprio aluno, que não estuda, que não
quer, que isso que aquilo. O pai não tem nenhuma empatia com o
professor. Você precisa criar essa empatia para que o pai esteja ao
lado do professor e instrumentalizando o professor para conseguir melhores
salários e melhores condições para a
educação.
iG - Quando a
secretaria apresenta as suas políticas e programas de ensino, o
diretor é o responsável, diante dos professores e dos pais,
de torná-las realidade. E quando essa política não
funciona, o Estado fala que a culpa é desse diretor.
Paro - Quando
falam em formar o diretor é uma forma de dizer que a escola
não funciona não é porque faltam recursos, não
é porque não tem objetivos, é por causa da
incompetência do diretor.
A
avaliação em educação no Brasil é um
subterfúgio para evitar a avaliação de verdade.
Avaliação é algo que se faz a todo momento e a todo
instante, é a verificação se os esforços que
estamos fazendo estão adequados ao fim que nós temos. Na
escola, isso é mais necessário do que nunca. Enquanto
você está desenvolvendo uma atividade, você tem de
conversar com o aluno para saber se ele está acompanhando ou
não. Do jeito que está, você faz uma
avaliação que é mentirosa. É só pensar
quantos milhões de pessoas fizeram ensino fundamental e passaram com
pelo menos nota cinco. Faça um teste com ela agora, após
anos, para ver se ela realmente sabe aquilo. Não sabe nada. Seu
diploma diz que você sabe os afluentes do Amazonas, sabe fazer
equação de segundo grau, sabe um monte de coisa.
iG - Mas aí
há que se questionar o que está nesse currículo,
não?
Paro - Concordo.
Mas também temos que questionar essa avaliação que diz
que você sabe uma coisa que você não sabe. Será
que nossos ministros de educação passariam no Enem? Acho que
não. Esse tipo de avaliação ou é enganosa ou
é chorar por um leite derramado. Isso tem que ser feito antes dele
não saber.
Eu sou
favorável a um currículo básico, não uma camisa
de força. Nas disciplinas de conhecimento, matemática,
geografia, história, você coloca lá o conteúdo
básico. Mas é preciso saber que não é só
isso que faz o cidadão. Ninguém aqui é contra o
conteúdo, mas o que chamam por aí de conteúdo é
apenas uma parte apenas do que é preciso para o ser humano. O ser
humano é feito de conhecimentos, de valores, de crenças, de
ciência, de filosofia, de arte, de direitos. Você quer coisa
mais dramática do que uma população que não
sabe se prevenir da dengue? Isso está aí e não
está na escola.
iG - O senhor
falou muito sobre a necessidade da população estar perto da
escola. Como se faz para criar essa relação de proximidade
entre professores e pais?
Paro - Não
é o pai que não quer ir à escola, é a escola
que expulsa o pai normalmente. Não é verdade que o pai
não tem tempo para ir à escola, ele passa uma hora e meia
assistindo a um jogo de futebol, ele passa horas conversando na rua ou em
um bar. O que acontece é que a escola não é um lugar
prazeroso para ele. A escola é uma das coisas mais penosas para os
pais. Os pais das camadas trabalhadoras, em grande parte, foram expulsos da
escola [quando alunos], foram considerados burros, lentos e bagunceiros. E
isso não é verdade. Quando a escola não ensina, a
culpa é da escola.
O pai aprendeu
desde criancinha que ele é fraco, que ele é burro. Aí,
ele sonha em ter um filho que será a segunda chance dele.
Intimamente, ele sente que se o filho dele aprender é porque
não é filho de um burro. Isso que é pungente e as
pessoas não percebem isso. Esse aluno vai para a escola e o pai diz
`a escola é boa, estude`.
No primeiro dia de
aula, essa criança deveria ser abraçada, beijada, ter tido
seu nome dito em voz alta, se sentir sujeito. Qual escola faz isso? A
primeira coisa que a criança ouve é que isso daqui é a
escola, não é para brincar. A criança começa a
ter um choque com a realidade e não aprende, porque a escola
não ensina.
iG - Quando
conversamos com os pais é comum ouvir que eles vão à
escola para receber bronca e é isso.
Exato. Primeira
reunião de pais, os pais entram como se fossem para a forca. Isso
que é gritante, o fato de que os nossos cidadãos vão
à escola como se fosse privilégio e não como se fosse
um direito. Eles são donos daquilo e vão lá como se
estivessem recebendo um favor.
A primeira coisa
que o professor diz na reunião é `Pai do Joãozinho,
ah, não dá. Muito lento, muito bagunceiro. Você precisa
fazer alguma coisa em casa`. E aí, o professor coloca na
criança e no pai a culpa da educação. Aquele pai que
tinha esperança de que o filho era sua segunda chance, frustrou.
Naquela meia hora antes da reunião, aquele pai deveria estar
conversando com o outro pai dizendo como o filho é esperto, porque
é disso que o pai gosta de falar, para ele o filho é a coisa
mais importante do mundo. E esse pai tem que ouvir na frente de todos de
como o seu filho é bagunceiro. Como ele vai gostar de participar da
escola?
Os professores
precisam aprender como lidar com esse pai, conversar com esse pai. Se
você dá um elogio para o filho desse pai, você ganha um
ajudante em casa. Esse pai, mesmo se for analfabeto, vai chegar em casa e
querer ajudar o filho. Ele tem que ajudar esse pai a ajudar seu filho em
casa, explicar como é que ele pode ajudar. Assim, esse pai vai ser
diferente. Isso não cabe em uma prova do Saeb.
|
Informações adicionais e
contato
|
O Clipping Educacional é enviado no formato
HTML que é melhor visualizado no Thunderbird, Outlook Express
ou programas equivalentes.
Para RECEBER o Clipping Educacional, faça
o seu cadastro neste endereço: http://www.editau.com.br/produtos_clipping.php
Telefone:
55 (31) 3491-3739
E-mail:
clip...@editau.com.br
Endereço: Rua Aníbal Andrade Câmara, 100, bairro
Planalto
|
|
|