Segunda-feira, 30 de
março de 2015
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Matérias de Hoje
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Agência Brasil
- 28/03/2015 - Brasília, DF
“Fui recebido por
ele e pela presidenta, com quem tive longa conversa. Depois, fui ao MEC,
onde o secretário executivo, que permanecerá, me fez um
briefing inicial de um dos ministérios maiores, mais complexos e
mais ricos da Esplanada. É bom lembrar que são 50
milhões de alunos e 2 milhões de professores”
O Globo - 30/03/2015
- Rio de Janeiro, RJ
Práticas escolares no
Brasil pretendem alcançar um ensino menos amarrado
UOL
Educação - 28/03/2015 - São Paulo, SP
“um crescente leque
de cursos abertos, sem definição profissional, que
aumentarão incrivelmente a qualidade da vida dos alunos.”
Correio Braziliense
- 27/03/2015 - Brasília, DF
Inscrições para a
Obmep terminam na próxima terça-feira (31).
Competições de matemática, história e ambiental
estão abertas
O Globo - 28/03/2015
- Rio de Janeiro, RJ
Segundo o Inep, 4,2
milhões tiraram 450 pontos ou mais e não zeraram a
redação
UOL
Educação - 30/03/2015 - São Paulo, SP
A regra da nota mínima no
Enem só não será cobrada de estudos que sejam
professores permanentes da rede pública e estejam matriculados em
curso de licenciatura normal superior
Revista Veja -
27/03/2015 - São Paulo, SP
É fundamental que o
prefeito conheça os conceitos básicos sobre
educação para entender o que compete à prefeitura, o
que compete às escolas e o que compete aos professores
Revista
Gestão Universitária - 27/03/2015 -Belo Horizonte, MG
Os participantes do Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem) que desejam estudar fora do Brasil
têm até esta sexta-feira (27) para se candidatar a uma vaga na
Universidade do Algarve (UAlg), em Portugal.
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Editoriais, artigos e opiniões
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O Globo - 30/03/2015 - Rio de Janeiro, RJ
O Globo - 30/03/2015 - Rio de Janeiro, RJ
UOL Educação - 28/03/2015 -
São Paulo, SP
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Matérias
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Novo ministro diz em rede
social que sem educar não se avança
Marcelo Brandão - Agência
Brasil - 28/03/2015 - Brasília, DF
O novo ministro da
Educação, Renato Janine Ribeiro, manifestou-se hoje (28), em
rede social, sobre o convite que recebeu da presidenta Dilma Rousseff para
substituir Cid Gomes no comando da pasta. Em um texto de agradecimento pelo
apoio recebido de várias pessoas, Ribeiro se mostrou animado.
“Incrível como há tanta gente acreditando que a
educação é o caminho, ou um dos
principais”.
Ele contou que o
convite surgiu na quinta-feira (26), quando recebeu uma
ligação do chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. “Na
quinta-feira recebi uma ligação do ministro Aloizio
Mercadante, me convidando a ir a Brasilia para vermos a possibilidade de eu
ocupar esse cargo. Aceitei”.
O professor e
filósofo disse ainda que após conversar com Dilma e
Mercadante, foi ao Ministério da Educação (MEC), onde
se encontrou com o secretário executivo, Luiz Cláudio Costa,
que ocupa interinamente o comando da pasta.
“Fui
recebido por ele e pela presidenta, com quem tive longa conversa. Depois,
fui ao MEC, onde o secretário executivo, que permanecerá, me
fez um briefing inicial de um dos ministérios maiores, mais
complexos e mais ricos da Esplanada. É bom lembrar que são 50
milhões de alunos e 2 milhões de professores”, disse.
“E espero que a educação constitua um desses pontos que
permitam unir o país, gente de um lado ou de outro, mas que sabe que
sem educar não se avança”, completou.
Ribeiro lembrou
que o ministério continua nas mãos de Costa até o dia
6 de abril, quando, só então, toma posse. “Tomarei
posse no dia 6 de abril e depois disso terei o prazer e cumprirei o dever
de dar todas as entrevistas que forem necessárias. Só
peço compreensão para a necessidade de estudar os
dossiês antes de entrar em detalhes sobre eles. Afinal, como pode
alguém ir para a educação se não começar
estudando`?
Reforma educacional na
Finlândia suscita debate sobre interdisciplinaridade
Eduardo Vanini - O Globo - 30/03/2015 -
Rio de Janeiro, RJ
A notícia
de que a Finlândia estaria prestes a abolir o ensino por disciplinas
nas escolas em para dar lugar a um modelo baseado em tópicos
interdisciplinares correu o mundo ao longo da semana. Embora a
informação veiculada pelo jornal britânico “The
Independent” tenha sido desmentida pelo governo finlandês, o
episódio suscitou novos debates sobre a importância da
aplicação transversal de conteúdos.
Em nota divulgada
à imprensa, o Conselho Nacional de Educação da
Finlândia afirma que, de fato, prepara um novo projeto para o ensino
básico, que será detalhado em agosto de 2016. E a
reformulação inclui alterações que poderiam ter
dado origem ao mal-entendido. A proposta é aumentar o foco sobre a
aplicação transversal de competências, baseadas em
práticas colaborativas dentro de sala de aula, nas quais alunos
serão orientados simultaneamente por vários professores.
O texto
também afirma que os estudantes devem participar anualmente de, pelo
menos, um módulo de aprendizagem multidisciplinar, concebido
localmente. Para isso, os alunos deverão ser envolvidos no
planejamento
Doutora em
educação pela USP, a diretora-executiva da ONG
Laboratório de Educação, Beatriz Cardoso, destaca que
a Finlândia tem como trunfo a profunda reflexão sobre suas
práticas educacionais.
— As
mudanças são trabalhadas como um conceito, e não
apenas como uma reação. Há uma visão
orgânica do processo de aprendizagem — diz Beatriz, que viajou
ao país para conhecer seu sistema de ensino pelo programa
“Destino Educação” do Canal Futura.
Para os
brasileiros que estão de olho no que vem sendo feito num dos modelos
educacionais mais bem-sucedidos do mundo, a pesquisadora da Faculdade de
Educação da USP, Paula Louzano, que é doutora em
educação pela Universidade de Harvard, lembra que, mais do
que copiar práticas, é importante estudar como o país
chegou aos modelos contemporâneos.
— O
país pode dar grandes passos porque sabe fazer o básico muito
bem. Eles iniciaram todo um processo lá atrás, quando
investiram num currículo altamente qualificado e na
formação dos professores. É fundamental entender o
processo de evolução do sistema, em vez de replicar
práticas soltas — pontua a pesquisadora, que também
conhece a fundo o currículo adotado no país.
Como ela lembra, o
Brasil ainda discute a Base Nacional Comum da Educação, para
definir objetivamente o que os estudantes devem aprender em cada ciclo. E
questões como essas precisam ser resolvidas com mais
urgência.
Dificuldades
à parte, o superintendente executivo do Instituto Unibanco, Ricardo
Henriques, avalia que a proposta da Finlândia pode servir como
inspiração. Para ele, abordar um tópico a partir de
vários ângulos gera engajamento e
motivação.
— Com uma
boa estratégia pedagógica, é possível
desenvolver momentos e eventos em que professores abordem determinados
assuntos dessa forma. Boas escolas, públicas e particulares,
conseguem se planejar para isso.
Escolas
concretizam iniciativas
Segundo a gerente
pedagógica Escola Sesc de Ensino Médio, Inez Paz, o
currículo da unidade foi planejado para transcender o tradicional
encontro de sala de aula. Por isso, os estudantes são estimulados a
desenvolver projetos sobre questões cotidianas, utilizando o
conhecimento de todas as áreas.
Recentemente, eles
iniciaram a investigação sobre o Rio Grande, que passa em
frente à escola, em Jacarepaguá. A partir de pesquisas sobre
a qualidade da água, sua origem e possibilidades de uso, eles fazem
atividades orientadas por professores de diversas disciplinas.
— Para
verificar a qualidade da água, eles fizeram coleta e levaram
até o laboratório e, nesse meio tempo, também usaram
ferramentas da geografia para entender a densidade demográfica do
entorno. Uma coisa vai levando à outra — conta Inez. —
Quando trabalhamos assim, pensamos em problemas e onde fica a chave para
respondê-los. Fazemos um caminho em que os alunos vão
até o conhecimento.
O Colégio
QI usa artifícios semelhantes no projeto “QI Ambiental`, em
que os jovens produzem projetos que vão de uma casa
sustentável a sistemas de reaproveitamento de água. Tudo isso
através de atividades que associam várias disciplinas.
— São
dois encontros semanais no contraturno, em que os professores vão
orientando os alunos conforme os desafios vão surgindo —
explica. — Qualquer escola com pouquíssimos recursos materiais
é capaz de fazer isso. Não precisa ser algo grandioso. A
única coisa indispensável é o fator humano.
Janine defende
educação sem currículos rígidos
Josias de Souza - UOL
Educação - 28/03/2015 - São Paulo, SP
Escolhido por
Dilma Rousseff para comandar o Ministério da Educação,
o filósofo Renato Janine Ribeiro tem ideias avançadas para o
setor. Ele discorreu sobre elas num artigo veiculado há quatro meses
na coluna semanal que mantém no jornal ‘Valor
Econômico’. Defendeu, por exemplo, a tese segunda a qual a
educação deveria deixar de seguir currículos
rígidos, tornando-se mais prazerosa e criativa.
Para o novo
ministro, não se pode entender o mundo moderno sem levar em conta o
seguinte: “a educação não termina no
último dia do ensino profissional ou do curso superior —nem
nunca.” Janine avalia que certos diplomas, como o de médico,
poderiam ser “concedidos com exigência de
atualização” em prazos pré-determinados.
Ministradas em “cursos avaliados”, essas
atualizações seriam “obrigatórias, previstas em
lei”.
Janine defende
também a criação de “um crescente leque de
cursos abertos, sem definição profissional, que
aumentarão incrivelmente a qualidade da vida dos alunos.” Ele
explicou: “Para cada curso de atualização em genoma
para profissionais de saúde, haverá dezenas sobre filmes de
conflitos entre pais e filhos, de aprendizado com religiões
distantes, de arte em videogames, destinados a cidadãos em geral, de
qualquer profissão —e a lista não acaba.”
O escolhido de
Dilma deu exemplos do que pode suceder num sistema educacional que inclua
os cursos abertos: “Quem cresceu num meio limitado pode descobrir que
o sentido de sua vida é a fotografia (como o jovem favelado que
é o narrador do filme ‘Cidade de Deus’): um artista se
revela. Ou um menino sensível, alvo de ‘bullying’ na
escola, descobre que é homossexual e que não está
sozinho no mundo: um ser humano se liberta da ignorância que o
prendia. Assim, a cultura aumenta seu próprio contingente –
com a descoberta de novos artistas – mas, acima de tudo, amplia a
liberdade humana.”
Noutros tempos,
anotou Janine, a identificação da vocação das
pessoas seguia padrões engessados. “Cada pessoa vivia num
pacote identitário: por exemplo, homem branco abonado, casado,
filhos, advogado ou médico ou engenheiro. Tudo isso vinha
junto.” Hoje, avalia o novo titular da Educação, os
horizontes alargaram-se.
“Há
milhares de profissões”, escreveu Janine. “No limite,
cada um cria a sua. Profissão, emprego, orientação
sexual, estado civil, crenças políticas e religiosas, tudo
isso se combina como um arco-íris felizmente enlouquecido.
Ninguém é mais obrigado a se moldar a um pacote. Mas isso
não é fácil, exige uma interminável descoberta
de si e, por que não dizer, coragem pessoal.”
Janine esgrimiu no
artigo um ponto de vista ousado sobre quais seriam os principais
ministérios da Esplanada. Começou brincando com as palavras:
“Qualquer um sabe responder quais são os principais
ministérios do governo federal —aliás, de qualquer
governo no mundo atual. São os da área econômica.
Só que não”.
Depois, foi ao
ponto: “Os ministérios que definem o futuro de um país,
que deverão ser decisivos nos próximos anos, e em poucas
décadas serão reconhecidos como os principais, são
três: Cultura, Atividade Física (como eu chamaria a atual
pasta dos Esportes) e Meio Ambiente.”
Tomado pelas
palavras, Janine talvez preferisse que Dilma o tivesse convidado para
chefiar a pasta da Cultura. No artigo, ele falou de educação
como um complemento da cultura. Traçou um paralelo: “A cultura
tem a ver com a educação. As duas pressupõem que o ser
humano não nasce pronto, mas é continuamente
construído pela descoberta dos segredos do mundo e pela
invenção do novo.”
Prosseguiu:
“Na educação como na cultura, não há
limite: sempre se pode descobrir ou inventar mais. Nada é tão
crucial quanto elas para uma sociedade em mudança rápida,
como a nossa. A educação e a cultura, nas suas várias
formas, fazem crescer a liberdade das pessoas.”
Janine recordou
que, em artigo anterior, afirmara que “a cultura é a
educação fora de ordem, livre e bagunçada.”
Comparou: “Para cursos, há currículos. Para a cultura,
não. Um curso sobre a abolição da escravatura é
educação, o filme ‘Lincoln’ é
cultura.”
Foi nesse ponto
que o novo ministro revelou o que seria para ele o modelo ideal de
educação: “Cada vez mais, a educação
deverá se culturalizar: um, deixando de seguir currículos
rígidos; dois, tornando-se prazerosa; três, criativa.”
Na opinião de Janine, deve-se conservar apenas “um
currículo norteador, que leve da infância à idade
adulta.” Sem perder de vista que a educação jamais
termina.
Vai abaixo a
íntegra do artigo de Renato Janine Ribeiro, datado de 1º de
dezembro de 2014:
Os principais
ministérios: Cultura
Qualquer um sabe
responder quais são os principais ministérios do governo
federal —aliás, de qualquer governo no mundo atual. São
os da área econômica.
Só que
não.
Os
ministérios que definem o futuro de um país, que
deverão ser decisivos nos próximos anos, e em poucas
décadas serão reconhecidos como os principais, são
três: Cultura, Atividade Física (como eu chamaria a atual
pasta dos Esportes) e Meio Ambiente.
Essa tese parece
tão insensata que precisa ser justificada. Começo pela
Cultura; nas próximas colunas falarei das outras duas áreas.
Mas um artigo de Antonio Callado pode ilustrar esta questão inteira:
em abril de 1994, quando Rubens Ricupero deixou o Ministério do Meio
Ambiente e da Amazônia Legal para assumir a Fazenda, Callado lamentou
o que ele, só ele, chamou de rebaixamento: Ricupero deixava uma
pasta que portava o futuro do mundo, para cuidar de algo sem a mesma
relevância estratégica. É nesta linha que vamos
argumentar.
É claro que
a economia é decisiva para um país, um governo. Mas ela
geralmente trata de meios, mais que de fins. O próprio nome de
‘infraestrutura’, usado para agrupar algumas de suas pastas,
já indica isso: infra, não super. O solo que pisamos,
não o espaço entre zero e dois metros de altura em que nos
movemos. Temos também ministérios para lidar com nossos
déficits sociais, como saúde, direitos humanos, igualdade das
mulheres e dos negros. Um dia que não deve demorar muito, a
igualdade de direitos estará alcançada. Mas, desde já,
há setores da administração que devem apontar fins
– não de forma autoritária, vertical, mas fazendo a
riqueza criativa da sociedade impactar a administração.
A cultura tem a
ver com a educação. As duas pressupõem que o ser
humano não nasce pronto, mas é continuamente
construído pela descoberta dos segredos do mundo e pela
invenção do novo. Na educação como na cultura,
não há limite: sempre se pode descobrir ou inventar mais.
Nada é tão crucial quanto elas para uma sociedade em
mudança rápida, como a nossa.
A
educação e a cultura, nas suas várias formas, fazem
crescer a liberdade das pessoas. A cultura, já afirmei aqui,
é a educação fora de ordem, livre e bagunçada.
Para cursos, há currículos. Para a cultura, não. Um
curso sobre a abolição da escravatura é
educação, o filme “Lincoln`` é cultura. Cada vez
mais, a educação deverá se culturalizar: um, deixando
de seguir currículos rígidos; dois, tornando-se prazerosa;
três, criativa.
A Cultura
deixará de ser o sobrinho menor da Educação. O
próprio caráter imprevisível da ação
cultural e a dificuldade de planejá-la fazem dela um dos modelos
para o que deve ser a educação numa sociedade criativa.
Deve-se conservar na educação um currículo norteador,
que leve da infância à idade adulta. Mas para entender o mundo
que hoje desponta é bom ter claro o seguinte: a
educação não termina no último dia do ensino
profissional ou do curso superior – nem nunca.
Alguns diplomas,
como o de médico, até poderão ser concedidos com
exigência de atualização, a cada tantos anos. Essa
atualização será dada por cursos avaliados e
fará parte da área da Educação. Mas além
das atualizações obrigatórias, previstas em lei,
será necessário – e demandado – um crescente
leque de cursos abertos, sem definição profissional, que
aumentarão incrivelmente a qualidade da vida dos alunos. Já
temos iniciativas neste sentido, inclusive uma empresarial (a Casa do
Saber), que têm dado certo. Enfatizo: esses cursos serão mais
culturais, não estritamente educacionais. Para cada curso de
atualização em genoma para profissionais de saúde,
haverá dezenas sobre filmes de conflitos entre pais e filhos, de
aprendizado com religiões distantes, de arte em videogames,
destinados a cidadãos em geral, de qualquer profissão –
e a lista não acaba.
A cultura é
indutora de liberdade. Romances, filmes e mesmo novelas nos abrem para
experiências com as quais, no mundinho em que cada um nasceu e
cresce, nunca pudemos sonhar. (É inquietante como estamos voltando a
viver em guetos; a própria dificuldade de tantos aceitarem que houve
gente que votou diferente deles, na recente eleição, é
sinal desse fechamento de cada grupo sobre si – o que pode limitar a
capacidade de cada um se enriquecer com a compreensão do outro, do
diferente).
Quem cresceu num
meio limitado pode descobrir que o sentido de sua vida é a
fotografia (como o jovem favelado que é o narrador do filme
“Cidade de Deus``): um artista se revela. Ou um menino
sensível, alvo de “bullying`` na escola, descobre que é
homossexual e que não está sozinho no mundo: um ser humano se
liberta da ignorância que o prendia. Assim, a cultura aumenta seu
próprio contingente – com a descoberta de novos artistas
– mas, acima de tudo, amplia a liberdade humana.
Hoje, pela
primeira vez na história mundial, cada um de nós pode efetuar
a sintonia mais fina possível de sua vocação.
Antigamente, cada pessoa vivia num pacote identitário: por exemplo,
homem branco abonado, casado, filhos, advogado ou médico ou
engenheiro. Tudo isso vinha junto. Hoje, as possibilidades se ampliaram
muitíssimo. Há milhares de profissões. No limite, cada
um cria a sua. Profissão, emprego, orientação sexual,
estado civil, crenças políticas e religiosas, tudo isso se
combina como um arco-íris felizmente enlouquecido. Ninguém
é mais obrigado a se moldar a um pacote. Mas isso não
é fácil, exige uma interminável descoberta de si e,
por que não dizer, coragem pessoal. A cultura ajuda aqui, porque
nenhum setor da aventura humana nos capacita tanto para, cada um de
nós, descobrir sua diversidade única.“
Não perca o prazo de
diversas olimpíadas do conhecimento
Da redação - Correio
Braziliense - 27/03/2015 - Brasília, DF
O prazo para se
inscrever na 11ª edição da Olimpíada Brasileira
de Matemática das Escolas Públicas, a Obmep 2015, termina na
terça-feira (31). Organizada pelo Instituto Nacional de
Matemática Pura e Aplicada (Impa), a competição
premiará 6,5 mil alunos com medalhas. As escolas interessadas em
inscrever alunos no torneio devem acessar o site da Olimpíada e
fazer o cadastro.
Com três
níveis de participação (nível 1: 6º e
7º anos do ensino fundamental; nível 2: 8º e 9º anos
do ensino fundamental; e nível 3: 1º, 2º e 3º anos do
ensino médio), a Obmep é dividida em duas fases. Em 2 de
junho, ocorrem as provas da 1ª fase. Os alunos classificados
farão a prova da 2ª fase em 12 de setembro, e os resultados
serão divulgados no site da olimpíada em 27 de novembro.
Já a
37ª Olimpíada Brasileira de Matemática abre
inscrições na quinta-feira (2). Organizada pela
Comissão Nacional de Olimpíadas de Matemática da
Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), a competição
será disputada em três fases eliminatórias, de acordo
com o nível de classificação dos participantes. O
nível 1 é formado por estudantes de 6º e 7º anos do
ensino fundamental; o nível 2, por alunos de 8º e 9º anos;
no nível 3, estão os alunos de todos os anos do ensino
médio. Estudantes de graduação participam do
nível universitário. Os interessados poderão se
inscrever até 31 de maio pelo site.
Outras
olimpíadas
A 7ª
edição da Olimpíada Nacional em História do
Brasil (ONHB) está com inscrições abertas. O objetivo
é promover debates sobre temas de história nas escolas
públicas e privadas do país. Para participar os alunos devem
se organizar em equipes compostas por três estudantes, matriculados
em 8º ou 9º anos do ensino fundamental ou no ensino médio,
além de um professor que será o coordenador da equipe. As
inscrições vão até 24 de abril, pelo site. Para
participar da olimpíada, as escolas públicas pagarão
uma taxa no valor de R$ 30 por equipe, e as escolas privadas uma taxa de R$
45. A prova consta de questões de múltipla escolha e uma
tarefa. Aos professores será oferecido um curso de
formação continuada on-line de 45 horas.
Estão
abertas também as inscrições para 9ª
Olimpíada Ambiental de Sergipe, que vão até 2 de
julho. Os alunos e professores podem apresentar trabalhos na área de
artes (pintura, escultura, cartaz), produção de texto e
projetos na área (essa categoria é exclusiva para os
professores). Estudantes e professores têm até 11 de maio para
se inscrever no site.
Quase 70% dos alunos que
fizeram Enem atingiram metas para o Fies
Renata Mariz - O Globo - 28/03/2015 -
Rio de Janeiro, RJ
Dos 6,1
milhões de alunos que fizeram o Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem) em 2014, 4,2 milhões atingiram 450 pontos ou
mais e não zeraram a redação. Isso significa que 68,3%
dos estudantes cumprem a nota de corte que passará a ser exigida, a
partir de segunda-feira, para acessar o Fundo de Financiamento Estudantil
(Fies). O número, levantado pelo Instituto Nacional de Estudos
Educacionais Anísio Teixeira (Inep) a pedido do GLOBO, joga luz
sobre a polêmica a respeito da nova regra.
Desde que o
Ministério da Educação (MEC) criou o critério,
em portaria publicada em dezembro passado, as instituições
privadas de ensino superior que participam do Fies vêm ajuizando
ações na Justiça para derrubá-lo. A
União tem recorrido. O principal argumento do setor é que a
lei que instituiu o programa de crédito estudantil não
prevê nota de corte. Além disso, argumentam os dirigentes de
escolas, a regra excluiria da universidade grande parte dos estudantes,
sobretudo os oriundos de escola pública, que não conseguiriam
atingir o mínimo exigido.
Presidente da
Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), uma das
instituições que vêm brigando na Justiça com o
governo contra essa e outras novas regras do Fies, Amabile Pacios chega a
duvidar do dado levantado pelo Inep.
— Nós
consideramos pouco provável que esse percentual elevado tenha a nota
mínima exigida. Vamos levantar os nossos dados para checar.
Já não acreditamos em nada que vem do governo — afirmou
Amabile.
O cálculo
feito pelo Inep considera exatamente a fórmula que será usada
para verificar se o estudante atingiu a pontuação
mínima exigida no Fies: soma das notas obtidas em cada uma das
quatro áreas do conhecimento (Ciências Humanas, Ciências
da Natureza, Linguagens e Códigos, Matemáticas e Tecnologias)
e na redação, dividindo-se, em seguida, o total por
cinco.
AJUSTES ABUSIVOS
NA MIRA
A nova
exigência poderá barrar alunos que estão tentando fazer
o financiamento do Fies pela primeira vez este ano. No caso dos contratos
vigentes, o MEC garantiu que todos serão renovados. Mesmo nos casos
em que a instituição reajustou o valor da mensalidade acima
do teto de 6,4% definido no início do ano pelo governo, com base na
inflação. Nessas situações, a pasta
negociará diretamente com as faculdades, sem que o aluno sofra
prejuízo.
Para promover esse
entendimento, o governo criou, no início da semana, um grupo de
trabalho, com integrantes do MEC e do Ministério da Justiça,
que está fazendo avaliações nas planilhas das escolas
que tiveram reajustes elevados para verificar se há abusos.
Constatados aumentos injustificáveis, as instituições
poderão até sofrer sanções.
Titular da
Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) do Ministério da
Justiça, Juliana Pereira disse ao GLOBO que nas planilhas avaliadas
nesta primeira semana de trabalho do grupo interministerial já foram
verificados casos de cursos que tiveram reajustes de mais de 100% na
mensalidade nos últimos três anos. Ela não precisou,
porém, quantas graduações estão nessas
condições nem o total já fiscalizado:
— Qual
será a justificativa para que um curso tenha aumento de mais de 100%
nos últimos dois, três anos? As instituições
serão chamadas para explicar, mas espero que revejam seus valores
— afirma Juliana
A partir desta segunda, Fies
vai exigir nota mínima no Enem
Da redação - UOL
Educação - 30/03/2015 - São Paulo, SP
Os estudantes que
tiveram média inferior a 450 pontos no Enem (Exame Nacional do
Ensino Médio) ou tenham zerado a redação não
poderão participar do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) a
partir desta segunda-feira (30). O prazo para solicitar novos
financiamentos e renovar contratos vai até o dia 30 de abril.
Em dezembro de
2014, o MEC anunciou mudanças nos contratos do Fies, como a
redução de repasses para as universidades (de 12 para 8 por
ano) e a limitação da concessão do crédito aos
estudantes que tiraram no mínimo 450 no Enem. Foi estabelecido ainda
um percentual máximo de reajuste para mensalidades no caso de
aditamentos de contrato.
A regra da nota
mínima no Enem só não será cobrada de estudos
que sejam professores permanentes da rede pública e estejam
matriculados em curso de licenciatura normal superior. Os interessados que
fizeram as inscrições até ontem (29) não
precisaram cumprir as novas exigências.
O Fies oferece
cobertura da mensalidade de cursos em instituições privadas
de ensino superior a juros de 3,4% ao ano. O estudante começa a
quitar o financiamento 18 meses após a conclusão do curso. O
programa acumula 1,9 milhão de contratos e abrange mais de 1,6 mil
instituições.
O que todo prefeito precisa
saber sobre `educação`
João Batista Araujo e Oliveira -
Revista Veja - 27/03/2015 - São Paulo, SP
Para exercer sua
função, todo prefeito precisa entender os fundamentos
básicos das várias áreas de atuação da
Prefeitura: abastecimento, saneamento, saúde pública,
transportes e mobilidade urbana, código de obras, contabilidade
pública etc etc. Não basta escolher as pessoas certas para
cuidar de cada setor. O prefeito precisa ter um mínimo de
informação e conhecimento sobre os setores e os interesses em
jogo para saber ouvir, avaliar e tomar decisões.
Isso também
se aplica à educação. Não basta saber a nota
que o município tirou no Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica (Ideb), é preciso entender o
que leva o município a atingir uma determinada nota. Não
basta escolher um secretário por critérios de acerto de
contas político, lealdade ou mesmo competência. Quem responde
perante a população é o prefeito e sua equipe o faz
apenas por delegação.
Tratamos aqui
apenas de dois conceitos fundamentais para entender educação:
o conceito de escola e o conceito de pedagogia. No debate político e
nos embates quotidianos da gestão da educação, esses
dois conceitos estão intimamente ligados.
Para que serve a
escola? Em que consiste o debate? Há duas correntes principais sobre
esse tema.
Uma corrente
advoga que a função principal da escola é transmitir o
patrimônio cultural acumulado pela humanidade, de forma que o aluno
conheça e aprecie o conhecimento produzido até hoje e seja
capaz de fazê-lo avançar. O nome `ensino tradicional` ou
`escola tradicional` está associado à ideia de
tradição, que tipicamente é transmitida na forma das
`disciplinas escolares`. Essa corrente vem perdendo terreno no
último século, mas ainda é dominante na maioria dos
países desenvolvidos e em parte da América do Norte.
A outra corrente
advoga que o objetivo principal da escola é promover a
auto-realização, tornar as pessoas auto-confiantes e felizes.
A escola deixa de ser responsável por transmitir a herança
cultural entre as gerações: seu objetivo agora é
promover a `auto realização`. No limite isso significa
liberar os alunos de deveres enfadonhos e repetitivos, da disciplina e do
rigor necessários para aprender, da aprendizagem de conteúdos
obrigatórios e introduzi-los a um mundo de aprendizagem livre de
coerções apoiado pela simpatia e encorajamento. O professor
torna-se um apoiador, ajudando o aluno a descobrir por si mesmo o que - num
certo sentido - ela já sabia. Essa tradição firmou
suas raízes a partir das publicações do
filósofo norte-americano John Dewey no início do
século XX e foram introduzidas no Brasil por Anísio Teixeira.
Paulo Freire aprofundou uma vertente dessa corrente, ao criticar a
ênfase excessiva da escola tradicional no que denominou de pedagogia
`bancária`, representada pelo ensino e `cobrança` de
conhecimentos e conteúdos - cujo ensino estaria em detrimento da
formação do espírito crítico. Nessa vertente, o
ensino vira militância.
Na maioria das
escolas hoje temos uma mistura dessas duas versões, e essa mistura
não costuma funcionar bem, pois no compromisso entre elas perdeu-se
a clareza sobre o que esperar da escola e o que cobrar dela.
O que é
pedagogia? O que é importante o prefeito saber a respeito de
pedagogia?
Pedagogia, no
sentido tradicional, refere-se ao conjunto de métodos e
técnicas utilizados para promover o ensino. A pedagogia tornou-se
uma disciplina quando os países precisaram universalizar a
educação para fazer face aos desafios da
revolução industrial, especialmente a partir do século
XVIII. Nesse sentido a pedagogia refere-se aos instrumentos do
professor/educador para exercer o seu ofício.
Atualmente, e
especialmente no Brasil, a palavra pedagogia assumiu diversos outros
sentidos. Geralmente é usada no sentido mais amplo, como
sinônimo de `educação` ou até mesmo
`ciência` ou `ciências da educação`. Assuntos com
a definição da função da escola e o que nela se
deve ensinar - tema de natureza eminentemente política e
filosófica - costumam ser capturados e restritos ao debate
pedagógico ou considerados `reserva de caça` dos educadores.
Um exemplo claro é a ideia, corrente no Brasil, de que cabe à
escola e a cada professor decidir sobre o que ensinar.
A perda de uma
noção clara sobre o papel da escola na sociedade aliada
à confusão sobre o sentido e lugar da pedagogia tornou
disseminada a ojeriza cultivada no país à ideia de
currículos, programas de ensino ou qualquer tentativa de se
organizar as redes de ensino. Ao mesmo tempo, o pensamento que se tornou
hegemônico na educação defende uma autonomia irrestrita
das escolas e professores, até mesmo para estabelecer o que deve ser
ensinado em cada série escolar - e até mesmo há os que
acham que ensinar é algo secundário.
O monopólio
da discussão e a adoção de ideias que se tornaram
quase hegemônicas também vem contribuindo para disseminar a
ideia de que educação é algo para os educadores e para
os professores - e não primordialmente para a sociedade e para os
alunos. Três exemplos ilustram o ponto. Primeiro, todos os
fóruns e `pactos` que se tornaram moda realizar no Brasil ficam
restritos a debates entre um subconjunto de educadores
pré-selecionados. Aqui e ali se fazem concessões para ouvir
alguns grupos de pressão apenas para cumprir tabela. O processo de
`debate` que levou à aprovação da Lei do Plano
Nacional de Educação é um exemplo disso. Segundo,
todas as `conquistas` alardeadas pelas corporações
profissionais referem-se a benefícios adquridos pela classe,
não a avanços no desempenho dos alunos. Terceiro, nas
inúmeras greves que ocorreram nas últimas décadas, a
greve sempre começa com uma lista de dezenas de
reivindicações a favor da escola pública. E a greve
termina quando se faz o acordo salarial - sem qualquer menção
às demais questões.
Não se pode
censurar os sindicatos e professores para lutar por melhores
salários e condições de trabalho. Nada mais justo,
eles existem para isso. Mas podemos censurar os governos e
responsáveis pela educação ao ignorar sua
função e suas responsabilidades. É pouco o que o
prefeito precisa saber sobre educação. Mas esse pouco
é fundamental para entender o que compete à Prefeitura, o que
compete às escolas e o que compete aos professores.
Educação tem um único objetivo: assegurar o sucesso do
aluno - que é a condição de sobrevivência da
espécie, da nossa sociedade.
Universidade portuguesa
oferta 260 vagas a participantes do Enem
Ministério da Educação
e Universidade do Algarve - Revista Gestão Universitária
- 27/03/2015 -Belo Horizonte, MG
Os participantes
do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que desejam estudar fora do
Brasil têm até esta sexta-feira (27) para se candidatar a uma
vaga na Universidade do Algarve (UAlg), em Portugal.
Desde 2014, o
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (Inep) tem acordo firmado com universidades portuguesas (Coimbra e
Algarve) de aproveitamento dos resultados do exame para ingresso em suas
graduações.
A segunda fase de
candidatura da UAlg será a partir de 8 de maio e se estende
até 29 de maio. Já a terceira ocorrerá no mês de
julho. Para esta primeira, são 260 vagas e dentro delas, 61 com
valor da anuidade reduzida para os participantes do Enem, que tenham tirado
no mínimo 500 pontos em cada uma das provas e na
redação.
O participante do
Enem não precisará realizar prova de ingresso, apenas
apresentar os resultados obtidos no exame. A Algarve criou um incentivo
para os estudantes internacionais, reduzindo o valor da anuidade a ser
pago. Assim, os aprovados com as melhores classificações
pagarão mil euros (1.000 € - aproximadamente R$ 3.468),
conforme vagas previstas para cada curso.
Os diplomas da
Algarve são reconhecidos em todos os países da União
Europeia, o que habilita o aluno a realizar uma
pós-graduação em outras universidades da Europa.
Sobre a
instituição portuguesa
A Universidade de
Algarve é uma instituição do ensino superior
público português que congrega unidades de ensino superior
universitário e politécnico. Aceita candidaturas para os
cursos de licenciaturas e mestrados integrados no ano letivo 2015/2016 de
estudantes que tenham realizado o Enem em 2012, 2013 e 2014.
São quatro
unidades, sendo três na cidade de Faro e uma em Portimão, que
oferecem licenciaturas e mestrados integrados (graduação),
mestrados e pós-graduação. As áreas de
formação são distribuídas em: artes,
comunicação e patrimônio I, ciências sociais e da
educação I, ciências e tecnologias da saúde I,
ciências da terra, do mar e do ambiente I, economia, gestão e
turismo I, engenharias e tecnologias.
Acesse o site da
universidade e confira todas as vagas disponíveis.
Saiba mais
Os diplomas
conferidos pela UAlg são válidos e reconhecidos em todos os
países da União Europeia, permitindo realizar uma
pós-graduação em qualquer universidade da Europa.
As taxas
acadêmicas anuais variam entre 1.750 € (aproximadamente R$ 6
mil) e 4.000 € (aproximadamente R$ 13.875) podendo ser pagas
até ao máximo de 8 mensalidades, entretanto para os
participantes do Enem o valor é reduzido para 1.000 € .
A universidade
está situada no sul de Portugal, em Faro, capital de Algarve, numa
região de clima mediterrânico procurada por milhares de
turistas. A sua localização privilegiada junto ao Aeroporto
Internacional de Faro e o grande número de novas rotas aéreas
de ligação às principais cidades portuguesas (Porto e
Lisboa).
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Editoriais
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Avanço
insuficiente
Antônio Góis - O Globo -
30/03/2015 - Rio de Janeiro, RJ
Uma tese de
doutorado, apresentada mês passado na Fundação
Getúlio Vargas de São Paulo, mostra como é
árdua a tarefa de reduzir desigualdades na educação
brasileira. No trabalho, a pesquisadora Lara Simielli traz uma boa
notícia: a chance de um aluno mais pobre do 5º ano do ensino
fundamental estudar com um professor com formação
universitária mais que dobrou entre 2001 e 2011. É um feito
notável, mas, apesar de todo esse esforço, o quadro
verificado em 2011 para esses alunos de menor renda não era
suficiente para alcançar sequer o nível que as
crianças mais ricas já verificavam em suas escolas dez anos
antes.
O estudo
identificou que, em 2001, menos de 30% dos alunos que pertenciam à
classe E tinham professores com diploma de nível superior. Na classe
A, o percentual ultrapassava 80%, uma diferença de mais de 50
pontos. Dez anos depois, o percentual aumentou para cerca de 70% entre os
mais pobres, enquanto entre os mais ricos a proporção
já ultrapassava 90%.
Foram analisadas
também outras variáveis do professor, como a cobertura do
currículo durante o ano letivo e o percentual de docentes
pós-graduados. No caso da cobertura do currículo, o
padrão se repetiu: avanços para os mais pobres, mas ainda
insuficiente para alcançar o nível dos mais ricos dez anos
antes. Já no caso dos professores com mestrado ou doutorado, os
ganhos em todas as classes foram uniformes. Entre estudantes da classe E, a
proporção de docentes pós-graduados variou de cerca de
30% a 50%, enquanto na classe A passou de cerca de 50% a 70%. A
distância entre os dois grupos, portanto, permaneceu exatamente a
mesma.
Para a autora,
é preciso continuar investindo na melhoria da formação
docente, mas é preciso também estabelecer padrões
mínimos para todas as escolas, além de combater a
desigualdade investindo mais em áreas de maior vulnerabilidade.
Outro dado
interessante da tese: houve melhoria das condições
socioeconômicas dos estudantes. Em 2001, 35% dos alunos do ensino
fundamental estavam nas classes D e E. Dez anos depois, o percentual caiu
para 15%. A geração que estava em sala de aula em 2011,
portanto, tinha melhores condições de vida e teve acesso a
professores com melhor titulação (sem entrar no mérito
da qualidade dessa formação), em comparação com
a de 2001.
Das
variáveis externas à escola, sabemos que a mais influente no
desempenho dos estudantes é o grau de escolaridade e pobreza das
famílias. Entre aquelas que dizem respeito ao que acontece dentro de
sala de aula, o destaque é para o professor. Com esses dois fatores
jogando a favor da melhoria da qualidade do ensino no Brasil,
poderíamos esperar ganhos mais expressivos no aprendizado. No
5º ano do fundamental, eles até ocorreram, e há quem
diga que sua principal causa tenha sido a diminuição nos
níveis de pobreza dos estudantes. Já no 9º ano e no
ensino médio, os avanços foram residuais.
Um outro estudo,
de Priscilla Tavares, analisou justamente o impacto que a melhoria das
condições de vida da população teve no
desempenho dos alunos nos últimos anos. O trabalho foi publicado em
dezembro no livro “Educação básica no Estado de
São Paulo”, mas não se restringe ao cenário
paulista. Priscilla mostra que o peso do nível socioeconômico
para explicar as desigualdades de notas entre os estudantes brasileiros
é muito menor hoje do que há dez anos. Para ela, “isto
significa que as políticas, ações e os programas
educacionais possuem muito mais possibilidades de atuar para elevar o
aprendizado e reduzir ainda mais as diferenças existentes entre os
alunos. O desafio agora é adequar a escola a este novo perfil de
estudante, com novos anseios e novas demandas para a escola
pública.”
Professores de escolas
estaduais e municipais já recebem mais que os de
particulares
Antônio Gois e Raphael Kapa - O
Globo - 30/03/2015 - Rio de Janeiro, RJ
A professora Lucy
Corrêa Bauly, de 58 anos, trabalhou em escolas particulares por 23
anos. Foi um período em que, na média, os profissionais que
davam aulas na rede privada recebiam salários maiores do que no
setor público. Segundo ela, para os padrões da
profissão, o pagamento que recebia por hora aula era até bom.
No entanto, uma reestruturação no colégio onde
trabalhava alterou esse quadro. Foi aí que decidiu, em 2012, fazer
concurso para o município.
— Já
entrei com um salário maior do que ganhava na rede particular. Era
algo em torno de R$ 2.600. Logo depois, o sindicato brigou para que
existisse uma equiparação dos nossos salários com uma
outra categoria que exercia as mesmas funções e, aí,
nosso salário aumentou para quase R$ 5 mil. É óbvio
que o professor merece mais, mas, para mim, foi um aumento salarial
relevante.
Dados tabulados
pelo GLOBO na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, do IBGE,
mostram que a rede pública já paga, em média,
salários melhores aos seus professores na educação
básica em comparação à particular. Até o
final da década passada, o padrão era o contrário. Em
2002, considerando todos os professores com diploma de nível
superior dos ensinos fundamental e médio, um docente da rede privada
recebia, em média, 18% a mais em seu trabalho principal para uma
jornada de 40 horas semanais. Ao longo da década passada, a
distância entre as duas redes em termos salariais foi diminuindo,
até que, em 2011, pela primeira vez, a rede pública superou a
particular. Os últimos números da Pnad, de 2013, mostram que
o rendimento médio de um professor da educação
básica na rede pública é 6% maior do que na rede
privada.
LEI DO PISO
CONTRIBUIU
A reversão
desse padrão aconteceu principalmente por causa da melhoria salarial
verificada no setor público no ensino médio e no segundo
segmento do ensino fundamental, o antigo ginásio. Nesses dois
segmentos, enquanto os profissionais da rede pública registraram
aumentos reais (superiores à inflação do
período) entre 2002 e 2013, os que davam aulas no ensino particular
viram seus salários caírem, quando considerada a
inflação. No primeiro segmento do ensino fundamental (antigo
primário), os salários da rede pública já
superavam os da particular em 2002, e houve aumento real no período
nos dois setores.
Para o presidente
do Consed (Conselho Nacional de Secretários de
Educação), Eduardo Deschamps, um dos fatores que contribuiu
para os rendimentos do setor público terem superado os da rede
privada foi a Lei do Piso Nacional do Magistério, aprovada em 2008.
Deschamps, que é também secretário em Santa Catarina,
defende ajustes na lei para, segundo ele, garantir que ela seja
sustentável — os secretários pedem mais recursos da
União ou mudanças na forma de cálculo do reajuste
—, mas reconhece que a legislação tem proporcionado
aumentos superiores à inflação no setor
público.
— Enquanto
os salários da rede privada são reajustados normalmente pelo
INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), o piso variou
entre 2011 e 2014 algo em torno de 78%, para uma inflação que
não chega à metade deste percentual.
A
secretária municipal de educação do Rio, Helena
Bomeny, conta que a melhoria dos salários tem feito também a
relação de candidatos por vaga aumentar em concursos para o
magistério. O salário base hoje no município para 40
horas semanais é de R$ 4.410, chegando a R$ 4.947 quando somados
benefícios como auxílio transporte, alimentação
e bônus cultura, que elevam o valor do salário inicial para R$
4.947.
— No nosso
último concurso, foram 54 candidatos por vaga —, diz a
secretária.
REDE PRIVADA TEM
MAIS DISPARIDADES
Na
comparação entre rendimentos dos setores público e
privado, é preciso considerar que os salários tendem a ser
mais homogêneos no setor estatal. No município do Rio, por
exemplo, há colégios de elite no ensino médio que
pagam R$ 60 por hora de aula, enquanto outros pagam somente o piso, de R$
15. Ou seja, o salário mensal de um professor da rede privada que
consegue fazer 40 horas semanais nesses valores de hora aula pode variar de
R$ 9.600 a R$ 2.400.
Algumas pesquisas
publicadas nos últimos anos já vinham registrando a
diminuição desse diferencial entre as redes. Um estudo
apresentado em 2007 pelos pesquisadores Samuel Pessoa, Fernando Barbosa
Filho e Luis Eduardo Afonso, da FGV e da USP, indicava que a vantagem
salarial dos professores da rede privada variava apenas de 5% a 11%, a
depender do nível de ensino. Os autores argumentavam na
época, no entanto, que a carreira no setor público já
era mais vantajosa do que no privado, se fossem consideradas as regras de
aposentadoria, mais favoráveis para servidores públicos do
que na iniciativa privada.
Lucy Bauly, a
professora que trocou a rede privada pela pública há
três anos, diz que a estabilidade é outro fator a favor do
setor estatal.
— No
colégio particular você pode ser o melhor professor do mundo,
mas é o aluno que dá o dinheiro. E a direção,
na dúvida, geralmente aceita mais a versão do aluno do que a
do professor em momentos de crise.
Ela afirma que a
maior diferença que ela percebeu logo que trocou de rede foi na
infraestrutura.
— A primeira
escola municipal em que atuei não tinha ar-condicionado, eu levava
ventilador de casa e o material para sala de aula era escasso. A que eu
estou agora possui uma direção muito atuante que muda esse
cenário. Mas deveria ser assim em toda escola: com bons
salários e uma infraestrutura adequada.
Os desafios de Janine
Ribeiro no MEC
Daniel Cara - UOL Educação
- 28/03/2015 - São Paulo, SP
Foi positiva a
nomeação de Renato Janine Ribeiro como novo Ministro da
Educação. Embora seu nome estivesse sendo cogitado, estava
distante dos favoritos. A escolha da presidenta Dilma Rousseff foi parecida
com a tradição do conclave papal: aqueles que entram na
clausura do Vaticano como papas, saem como arcebispos. No caso do MEC
(Ministério da Educação), os mais cotados não
foram confirmados.
Principal desafio:
o PNE
Renato Janine
Ribeiro é professor titular da USP (Universidade de São
Paulo), sendo amplamente reconhecido no meio acadêmico por seus
trabalhos em Teoria Política. Na gestão pública,
participou do governo do ex-presidente Lula como diretor da Capes
(Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior), entre 2004 e 2008.
O principal
desafio do novo Ministro será implementar o Plano Nacional de
Educação 2014-2024, sancionado sem vetos pela presidenta
Dilma Rousseff. Embora tenha sido aprovado com votos de todos os partidos,
quase alcançando a unanimidade dos parlamentares do Congresso
Nacional, o PNE ainda não saiu do papel. O que, no mínimo,
contradiz o lema governamental “Brasil: Pátria
Educadora”.
Além disso,
o novo titular da pasta terá outro desafio de gestão: manter
em funcionamento a máquina do MEC. Ela é responsável
por centenas de universidades e escolas de educação
básica – a maior parte delas dedicadas ao ensino
técnico profissionalizante de nível médio. Há
também uma série de programas federais complexos como Fies,
Prouni, Sisu e Pronatec. E quase todos apresentam dificuldades.
Tudo isso
não é pouco, mas está distante de ser tudo. Há
ainda uma série de ações realizadas em convênios
com Estados e Municípios. E se antes do aperto
orçamentário governadores e prefeitos já reclamavam do
MEC, agora as queixas se multiplicam. Muitas delas com razão.
MEC carece de
diálogo
Implementar o PNE
e manter em funcionamento a máquina do MEC são tarefas
hercúleas, ainda mais em um contexto de crise econômica.
Diante desse cenário, a comunidade educacional espera que o novo
ministro, diferente de seus antecessores, estabeleça canais
constantes de interlocução com a sociedade civil. Não
com o intuito de angariar adesão às decisões da pasta,
como era praxe, mas para formular alternativas, sabendo lidar com
discordâncias.
Tendo em vigor um
PNE, o melhor caminho é compreender que a educação
não precisa de ideias novas. O desafio é colocar em
prática aquilo que já foi discutido e está legitimado
na forma da Lei 13.005/2014.
A
implementação do PNE é, inclusive, uma boa
lição em termos de cultura política: se há
leis, elas devem ser cumpridas, não podendo ser escanteadas.
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