Clipping 30.03.2015

4 views
Skip to first unread message

Clipping Educacional

unread,
Mar 30, 2015, 12:27:29 PM3/30/15
to lauros...@googlegroups.com

Segunda-feira, 30 de março de 2015

Matérias de Hoje

Agência Brasil - 28/03/2015 - Brasília, DF

“Fui recebido por ele e pela presidenta, com quem tive longa conversa. Depois, fui ao MEC, onde o secretário executivo, que permanecerá, me fez um briefing inicial de um dos ministérios maiores, mais complexos e mais ricos da Esplanada. É bom lembrar que são 50 milhões de alunos e 2 milhões de professores”
O Globo - 30/03/2015 - Rio de Janeiro, RJ
Práticas escolares no Brasil pretendem alcançar um ensino menos amarrado
UOL Educação - 28/03/2015 - São Paulo, SP

“um crescente leque de cursos abertos, sem definição profissional, que aumentarão incrivelmente a qualidade da vida dos alunos.”
Correio Braziliense - 27/03/2015 - Brasília, DF
Inscrições para a Obmep terminam na próxima terça-feira (31). Competições de matemática, história e ambiental estão abertas
O Globo - 28/03/2015 - Rio de Janeiro, RJ
Segundo o Inep, 4,2 milhões tiraram 450 pontos ou mais e não zeraram a redação
UOL Educação - 30/03/2015 - São Paulo, SP
A regra da nota mínima no Enem só não será cobrada de estudos que sejam professores permanentes da rede pública e estejam matriculados em curso de licenciatura normal superior
Revista Veja - 27/03/2015 - São Paulo, SP
É fundamental que o prefeito conheça os conceitos básicos sobre educação para entender o que compete à prefeitura, o que compete às escolas e o que compete aos professores
Revista Gestão Universitária - 27/03/2015 -Belo Horizonte, MG
Os participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que desejam estudar fora do Brasil têm até esta sexta-feira (27) para se candidatar a uma vaga na Universidade do Algarve (UAlg), em Portugal.

Editoriais, artigos e opiniões

O Globo - 30/03/2015 - Rio de Janeiro, RJ
UOL Educação - 28/03/2015 - São Paulo, SP

Matérias

Novo ministro diz em rede social que sem educar não se avança

Marcelo Brandão - Agência Brasil - 28/03/2015 - Brasília, DF

O novo ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, manifestou-se hoje (28), em rede social, sobre o convite que recebeu da presidenta Dilma Rousseff para substituir Cid Gomes no comando da pasta. Em um texto de agradecimento pelo apoio recebido de várias pessoas, Ribeiro se mostrou animado. “Incrível como há tanta gente acreditando que a educação é o caminho, ou um dos principais”.

Ele contou que o convite surgiu na quinta-feira (26), quando recebeu uma ligação do chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. “Na quinta-feira recebi uma ligação do ministro Aloizio Mercadante, me convidando a ir a Brasilia para vermos a possibilidade de eu ocupar esse cargo. Aceitei”.

O professor e filósofo disse ainda que após conversar com Dilma e Mercadante, foi ao Ministério da Educação (MEC), onde se encontrou com o secretário executivo, Luiz Cláudio Costa, que ocupa interinamente o comando da pasta.

“Fui recebido por ele e pela presidenta, com quem tive longa conversa. Depois, fui ao MEC, onde o secretário executivo, que permanecerá, me fez um briefing inicial de um dos ministérios maiores, mais complexos e mais ricos da Esplanada. É bom lembrar que são 50 milhões de alunos e 2 milhões de professores”, disse. “E espero que a educação constitua um desses pontos que permitam unir o país, gente de um lado ou de outro, mas que sabe que sem educar não se avança”, completou.

Ribeiro lembrou que o ministério continua nas mãos de Costa até o dia 6 de abril, quando, só então, toma posse. “Tomarei posse no dia 6 de abril e depois disso terei o prazer e cumprirei o dever de dar todas as entrevistas que forem necessárias. Só peço compreensão para a necessidade de estudar os dossiês antes de entrar em detalhes sobre eles. Afinal, como pode alguém ir para a educação se não começar estudando`?

Reforma educacional na Finlândia suscita debate sobre interdisciplinaridade

Eduardo Vanini - O Globo - 30/03/2015 - Rio de Janeiro, RJ

A notícia de que a Finlândia estaria prestes a abolir o ensino por disciplinas nas escolas em para dar lugar a um modelo baseado em tópicos interdisciplinares correu o mundo ao longo da semana. Embora a informação veiculada pelo jornal britânico “The Independent” tenha sido desmentida pelo governo finlandês, o episódio suscitou novos debates sobre a importância da aplicação transversal de conteúdos.

Em nota divulgada à imprensa, o Conselho Nacional de Educação da Finlândia afirma que, de fato, prepara um novo projeto para o ensino básico, que será detalhado em agosto de 2016. E a reformulação inclui alterações que poderiam ter dado origem ao mal-entendido. A proposta é aumentar o foco sobre a aplicação transversal de competências, baseadas em práticas colaborativas dentro de sala de aula, nas quais alunos serão orientados simultaneamente por vários professores.

O texto também afirma que os estudantes devem participar anualmente de, pelo menos, um módulo de aprendizagem multidisciplinar, concebido localmente. Para isso, os alunos deverão ser envolvidos no planejamento

Doutora em educação pela USP, a diretora-executiva da ONG Laboratório de Educação, Beatriz Cardoso, destaca que a Finlândia tem como trunfo a profunda reflexão sobre suas práticas educacionais.

— As mudanças são trabalhadas como um conceito, e não apenas como uma reação. Há uma visão orgânica do processo de aprendizagem — diz Beatriz, que viajou ao país para conhecer seu sistema de ensino pelo programa “Destino Educação” do Canal Futura.

Para os brasileiros que estão de olho no que vem sendo feito num dos modelos educacionais mais bem-sucedidos do mundo, a pesquisadora da Faculdade de Educação da USP, Paula Louzano, que é doutora em educação pela Universidade de Harvard, lembra que, mais do que copiar práticas, é importante estudar como o país chegou aos modelos contemporâneos.

— O país pode dar grandes passos porque sabe fazer o básico muito bem. Eles iniciaram todo um processo lá atrás, quando investiram num currículo altamente qualificado e na formação dos professores. É fundamental entender o processo de evolução do sistema, em vez de replicar práticas soltas — pontua a pesquisadora, que também conhece a fundo o currículo adotado no país.

Como ela lembra, o Brasil ainda discute a Base Nacional Comum da Educação, para definir objetivamente o que os estudantes devem aprender em cada ciclo. E questões como essas precisam ser resolvidas com mais urgência.

Dificuldades à parte, o superintendente executivo do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques, avalia que a proposta da Finlândia pode servir como inspiração. Para ele, abordar um tópico a partir de vários ângulos gera engajamento e motivação.

— Com uma boa estratégia pedagógica, é possível desenvolver momentos e eventos em que professores abordem determinados assuntos dessa forma. Boas escolas, públicas e particulares, conseguem se planejar para isso.

Escolas concretizam iniciativas

Segundo a gerente pedagógica Escola Sesc de Ensino Médio, Inez Paz, o currículo da unidade foi planejado para transcender o tradicional encontro de sala de aula. Por isso, os estudantes são estimulados a desenvolver projetos sobre questões cotidianas, utilizando o conhecimento de todas as áreas.

Recentemente, eles iniciaram a investigação sobre o Rio Grande, que passa em frente à escola, em Jacarepaguá. A partir de pesquisas sobre a qualidade da água, sua origem e possibilidades de uso, eles fazem atividades orientadas por professores de diversas disciplinas.

— Para verificar a qualidade da água, eles fizeram coleta e levaram até o laboratório e, nesse meio tempo, também usaram ferramentas da geografia para entender a densidade demográfica do entorno. Uma coisa vai levando à outra — conta Inez. — Quando trabalhamos assim, pensamos em problemas e onde fica a chave para respondê-los. Fazemos um caminho em que os alunos vão até o conhecimento.

O Colégio QI usa artifícios semelhantes no projeto “QI Ambiental`, em que os jovens produzem projetos que vão de uma casa sustentável a sistemas de reaproveitamento de água. Tudo isso através de atividades que associam várias disciplinas.

— São dois encontros semanais no contraturno, em que os professores vão orientando os alunos conforme os desafios vão surgindo — explica. — Qualquer escola com pouquíssimos recursos materiais é capaz de fazer isso. Não precisa ser algo grandioso. A única coisa indispensável é o fator humano.

Janine defende educação sem currículos rígidos

Josias de Souza - UOL Educação - 28/03/2015 - São Paulo, SP

Escolhido por Dilma Rousseff para comandar o Ministério da Educação, o filósofo Renato Janine Ribeiro tem ideias avançadas para o setor. Ele discorreu sobre elas num artigo veiculado há quatro meses na coluna semanal que mantém no jornal ‘Valor Econômico’. Defendeu, por exemplo, a tese segunda a qual a educação deveria deixar de seguir currículos rígidos, tornando-se mais prazerosa e criativa.

Para o novo ministro, não se pode entender o mundo moderno sem levar em conta o seguinte: “a educação não termina no último dia do ensino profissional ou do curso superior —nem nunca.” Janine avalia que certos diplomas, como o de médico, poderiam ser “concedidos com exigência de atualização” em prazos pré-determinados. Ministradas em “cursos avaliados”, essas atualizações seriam “obrigatórias, previstas em lei”.

Janine defende também a criação de “um crescente leque de cursos abertos, sem definição profissional, que aumentarão incrivelmente a qualidade da vida dos alunos.” Ele explicou: “Para cada curso de atualização em genoma para profissionais de saúde, haverá dezenas sobre filmes de conflitos entre pais e filhos, de aprendizado com religiões distantes, de arte em videogames, destinados a cidadãos em geral, de qualquer profissão —e a lista não acaba.”

O escolhido de Dilma deu exemplos do que pode suceder num sistema educacional que inclua os cursos abertos: “Quem cresceu num meio limitado pode descobrir que o sentido de sua vida é a fotografia (como o jovem favelado que é o narrador do filme ‘Cidade de Deus’): um artista se revela. Ou um menino sensível, alvo de ‘bullying’ na escola, descobre que é homossexual e que não está sozinho no mundo: um ser humano se liberta da ignorância que o prendia. Assim, a cultura aumenta seu próprio contingente – com a descoberta de novos artistas – mas, acima de tudo, amplia a liberdade humana.”

Noutros tempos, anotou Janine, a identificação da vocação das pessoas seguia padrões engessados. “Cada pessoa vivia num pacote identitário: por exemplo, homem branco abonado, casado, filhos, advogado ou médico ou engenheiro. Tudo isso vinha junto.” Hoje, avalia o novo titular da Educação, os horizontes alargaram-se.

“Há milhares de profissões”, escreveu Janine. “No limite, cada um cria a sua. Profissão, emprego, orientação sexual, estado civil, crenças políticas e religiosas, tudo isso se combina como um arco-íris felizmente enlouquecido. Ninguém é mais obrigado a se moldar a um pacote. Mas isso não é fácil, exige uma interminável descoberta de si e, por que não dizer, coragem pessoal.”

Janine esgrimiu no artigo um ponto de vista ousado sobre quais seriam os principais ministérios da Esplanada. Começou brincando com as palavras: “Qualquer um sabe responder quais são os principais ministérios do governo federal —aliás, de qualquer governo no mundo atual. São os da área econômica. Só que não”.

Depois, foi ao ponto: “Os ministérios que definem o futuro de um país, que deverão ser decisivos nos próximos anos, e em poucas décadas serão reconhecidos como os principais, são três: Cultura, Atividade Física (como eu chamaria a atual pasta dos Esportes) e Meio Ambiente.”

Tomado pelas palavras, Janine talvez preferisse que Dilma o tivesse convidado para chefiar a pasta da Cultura. No artigo, ele falou de educação como um complemento da cultura. Traçou um paralelo: “A cultura tem a ver com a educação. As duas pressupõem que o ser humano não nasce pronto, mas é continuamente construído pela descoberta dos segredos do mundo e pela invenção do novo.”

Prosseguiu: “Na educação como na cultura, não há limite: sempre se pode descobrir ou inventar mais. Nada é tão crucial quanto elas para uma sociedade em mudança rápida, como a nossa. A educação e a cultura, nas suas várias formas, fazem crescer a liberdade das pessoas.”

Janine recordou que, em artigo anterior, afirmara que “a cultura é a educação fora de ordem, livre e bagunçada.” Comparou: “Para cursos, há currículos. Para a cultura, não. Um curso sobre a abolição da escravatura é educação, o filme ‘Lincoln’ é cultura.”

Foi nesse ponto que o novo ministro revelou o que seria para ele o modelo ideal de educação: “Cada vez mais, a educação deverá se culturalizar: um, deixando de seguir currículos rígidos; dois, tornando-se prazerosa; três, criativa.” Na opinião de Janine, deve-se conservar apenas “um currículo norteador, que leve da infância à idade adulta.” Sem perder de vista que a educação jamais termina.

Vai abaixo a íntegra do artigo de Renato Janine Ribeiro, datado de 1º de dezembro de 2014:

Os principais ministérios: Cultura

Qualquer um sabe responder quais são os principais ministérios do governo federal —aliás, de qualquer governo no mundo atual. São os da área econômica.

Só que não.

Os ministérios que definem o futuro de um país, que deverão ser decisivos nos próximos anos, e em poucas décadas serão reconhecidos como os principais, são três: Cultura, Atividade Física (como eu chamaria a atual pasta dos Esportes) e Meio Ambiente.

Essa tese parece tão insensata que precisa ser justificada. Começo pela Cultura; nas próximas colunas falarei das outras duas áreas. Mas um artigo de Antonio Callado pode ilustrar esta questão inteira: em abril de 1994, quando Rubens Ricupero deixou o Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal para assumir a Fazenda, Callado lamentou o que ele, só ele, chamou de rebaixamento: Ricupero deixava uma pasta que portava o futuro do mundo, para cuidar de algo sem a mesma relevância estratégica. É nesta linha que vamos argumentar.

É claro que a economia é decisiva para um país, um governo. Mas ela geralmente trata de meios, mais que de fins. O próprio nome de ‘infraestrutura’, usado para agrupar algumas de suas pastas, já indica isso: infra, não super. O solo que pisamos, não o espaço entre zero e dois metros de altura em que nos movemos. Temos também ministérios para lidar com nossos déficits sociais, como saúde, direitos humanos, igualdade das mulheres e dos negros. Um dia que não deve demorar muito, a igualdade de direitos estará alcançada. Mas, desde já, há setores da administração que devem apontar fins – não de forma autoritária, vertical, mas fazendo a riqueza criativa da sociedade impactar a administração.

A cultura tem a ver com a educação. As duas pressupõem que o ser humano não nasce pronto, mas é continuamente construído pela descoberta dos segredos do mundo e pela invenção do novo. Na educação como na cultura, não há limite: sempre se pode descobrir ou inventar mais. Nada é tão crucial quanto elas para uma sociedade em mudança rápida, como a nossa.

A educação e a cultura, nas suas várias formas, fazem crescer a liberdade das pessoas. A cultura, já afirmei aqui, é a educação fora de ordem, livre e bagunçada. Para cursos, há currículos. Para a cultura, não. Um curso sobre a abolição da escravatura é educação, o filme “Lincoln`` é cultura. Cada vez mais, a educação deverá se culturalizar: um, deixando de seguir currículos rígidos; dois, tornando-se prazerosa; três, criativa.

A Cultura deixará de ser o sobrinho menor da Educação. O próprio caráter imprevisível da ação cultural e a dificuldade de planejá-la fazem dela um dos modelos para o que deve ser a educação numa sociedade criativa. Deve-se conservar na educação um currículo norteador, que leve da infância à idade adulta. Mas para entender o mundo que hoje desponta é bom ter claro o seguinte: a educação não termina no último dia do ensino profissional ou do curso superior – nem nunca.

Alguns diplomas, como o de médico, até poderão ser concedidos com exigência de atualização, a cada tantos anos. Essa atualização será dada por cursos avaliados e fará parte da área da Educação. Mas além das atualizações obrigatórias, previstas em lei, será necessário – e demandado – um crescente leque de cursos abertos, sem definição profissional, que aumentarão incrivelmente a qualidade da vida dos alunos. Já temos iniciativas neste sentido, inclusive uma empresarial (a Casa do Saber), que têm dado certo. Enfatizo: esses cursos serão mais culturais, não estritamente educacionais. Para cada curso de atualização em genoma para profissionais de saúde, haverá dezenas sobre filmes de conflitos entre pais e filhos, de aprendizado com religiões distantes, de arte em videogames, destinados a cidadãos em geral, de qualquer profissão – e a lista não acaba.

A cultura é indutora de liberdade. Romances, filmes e mesmo novelas nos abrem para experiências com as quais, no mundinho em que cada um nasceu e cresce, nunca pudemos sonhar. (É inquietante como estamos voltando a viver em guetos; a própria dificuldade de tantos aceitarem que houve gente que votou diferente deles, na recente eleição, é sinal desse fechamento de cada grupo sobre si – o que pode limitar a capacidade de cada um se enriquecer com a compreensão do outro, do diferente).

Quem cresceu num meio limitado pode descobrir que o sentido de sua vida é a fotografia (como o jovem favelado que é o narrador do filme “Cidade de Deus``): um artista se revela. Ou um menino sensível, alvo de “bullying`` na escola, descobre que é homossexual e que não está sozinho no mundo: um ser humano se liberta da ignorância que o prendia. Assim, a cultura aumenta seu próprio contingente – com a descoberta de novos artistas – mas, acima de tudo, amplia a liberdade humana.

Hoje, pela primeira vez na história mundial, cada um de nós pode efetuar a sintonia mais fina possível de sua vocação. Antigamente, cada pessoa vivia num pacote identitário: por exemplo, homem branco abonado, casado, filhos, advogado ou médico ou engenheiro. Tudo isso vinha junto. Hoje, as possibilidades se ampliaram muitíssimo. Há milhares de profissões. No limite, cada um cria a sua. Profissão, emprego, orientação sexual, estado civil, crenças políticas e religiosas, tudo isso se combina como um arco-íris felizmente enlouquecido. Ninguém é mais obrigado a se moldar a um pacote. Mas isso não é fácil, exige uma interminável descoberta de si e, por que não dizer, coragem pessoal. A cultura ajuda aqui, porque nenhum setor da aventura humana nos capacita tanto para, cada um de nós, descobrir sua diversidade única.“

Não perca o prazo de diversas olimpíadas do conhecimento

Da redação - Correio Braziliense - 27/03/2015 - Brasília, DF

O prazo para se inscrever na 11ª edição da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, a Obmep 2015, termina na terça-feira (31). Organizada pelo Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa), a competição premiará 6,5 mil alunos com medalhas. As escolas interessadas em inscrever alunos no torneio devem acessar o site da Olimpíada e fazer o cadastro.

Com três níveis de participação (nível 1: 6º e 7º anos do ensino fundamental; nível 2: 8º e 9º anos do ensino fundamental; e nível 3: 1º, 2º e 3º anos do ensino médio), a Obmep é dividida em duas fases. Em 2 de junho, ocorrem as provas da 1ª fase. Os alunos classificados farão a prova da 2ª fase em 12 de setembro, e os resultados serão divulgados no site da olimpíada em 27 de novembro.

Já a 37ª Olimpíada Brasileira de Matemática abre inscrições na quinta-feira (2). Organizada pela Comissão Nacional de Olimpíadas de Matemática da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), a competição será disputada em três fases eliminatórias, de acordo com o nível de classificação dos participantes. O nível 1 é formado por estudantes de 6º e 7º anos do ensino fundamental; o nível 2, por alunos de 8º e 9º anos; no nível 3, estão os alunos de todos os anos do ensino médio. Estudantes de graduação participam do nível universitário. Os interessados poderão se inscrever até 31 de maio pelo site.

Outras olimpíadas

A 7ª edição da Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB) está com inscrições abertas. O objetivo é promover debates sobre temas de história nas escolas públicas e privadas do país. Para participar os alunos devem se organizar em equipes compostas por três estudantes, matriculados em 8º ou 9º anos do ensino fundamental ou no ensino médio, além de um professor que será o coordenador da equipe. As inscrições vão até 24 de abril, pelo site. Para participar da olimpíada, as escolas públicas pagarão uma taxa no valor de R$ 30 por equipe, e as escolas privadas uma taxa de R$ 45. A prova consta de questões de múltipla escolha e uma tarefa. Aos professores será oferecido um curso de formação continuada on-line de 45 horas.

Estão abertas também as inscrições para 9ª Olimpíada Ambiental de Sergipe, que vão até 2 de julho. Os alunos e professores podem apresentar trabalhos na área de artes (pintura, escultura, cartaz), produção de texto e projetos na área (essa categoria é exclusiva para os professores). Estudantes e professores têm até 11 de maio para se inscrever no site.

Quase 70% dos alunos que fizeram Enem atingiram metas para o Fies

Renata Mariz - O Globo - 28/03/2015 - Rio de Janeiro, RJ

Dos 6,1 milhões de alunos que fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2014, 4,2 milhões atingiram 450 pontos ou mais e não zeraram a redação. Isso significa que 68,3% dos estudantes cumprem a nota de corte que passará a ser exigida, a partir de segunda-feira, para acessar o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). O número, levantado pelo Instituto Nacional de Estudos Educacionais Anísio Teixeira (Inep) a pedido do GLOBO, joga luz sobre a polêmica a respeito da nova regra.

Desde que o Ministério da Educação (MEC) criou o critério, em portaria publicada em dezembro passado, as instituições privadas de ensino superior que participam do Fies vêm ajuizando ações na Justiça para derrubá-lo. A União tem recorrido. O principal argumento do setor é que a lei que instituiu o programa de crédito estudantil não prevê nota de corte. Além disso, argumentam os dirigentes de escolas, a regra excluiria da universidade grande parte dos estudantes, sobretudo os oriundos de escola pública, que não conseguiriam atingir o mínimo exigido.

Presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), uma das instituições que vêm brigando na Justiça com o governo contra essa e outras novas regras do Fies, Amabile Pacios chega a duvidar do dado levantado pelo Inep.

— Nós consideramos pouco provável que esse percentual elevado tenha a nota mínima exigida. Vamos levantar os nossos dados para checar. Já não acreditamos em nada que vem do governo — afirmou Amabile.

O cálculo feito pelo Inep considera exatamente a fórmula que será usada para verificar se o estudante atingiu a pontuação mínima exigida no Fies: soma das notas obtidas em cada uma das quatro áreas do conhecimento (Ciências Humanas, Ciências da Natureza, Linguagens e Códigos, Matemáticas e Tecnologias) e na redação, dividindo-se, em seguida, o total por cinco.

AJUSTES ABUSIVOS NA MIRA

A nova exigência poderá barrar alunos que estão tentando fazer o financiamento do Fies pela primeira vez este ano. No caso dos contratos vigentes, o MEC garantiu que todos serão renovados. Mesmo nos casos em que a instituição reajustou o valor da mensalidade acima do teto de 6,4% definido no início do ano pelo governo, com base na inflação. Nessas situações, a pasta negociará diretamente com as faculdades, sem que o aluno sofra prejuízo.

Para promover esse entendimento, o governo criou, no início da semana, um grupo de trabalho, com integrantes do MEC e do Ministério da Justiça, que está fazendo avaliações nas planilhas das escolas que tiveram reajustes elevados para verificar se há abusos. Constatados aumentos injustificáveis, as instituições poderão até sofrer sanções.

Titular da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) do Ministério da Justiça, Juliana Pereira disse ao GLOBO que nas planilhas avaliadas nesta primeira semana de trabalho do grupo interministerial já foram verificados casos de cursos que tiveram reajustes de mais de 100% na mensalidade nos últimos três anos. Ela não precisou, porém, quantas graduações estão nessas condições nem o total já fiscalizado:

— Qual será a justificativa para que um curso tenha aumento de mais de 100% nos últimos dois, três anos? As instituições serão chamadas para explicar, mas espero que revejam seus valores — afirma Juliana

A partir desta segunda, Fies vai exigir nota mínima no Enem

Da redação - UOL Educação - 30/03/2015 - São Paulo, SP

Os estudantes que tiveram média inferior a 450 pontos no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) ou tenham zerado a redação não poderão participar do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) a partir desta segunda-feira (30). O prazo para solicitar novos financiamentos e renovar contratos vai até o dia 30 de abril.

Em dezembro de 2014, o MEC anunciou mudanças nos contratos do Fies, como a redução de repasses para as universidades (de 12 para 8 por ano) e a limitação da concessão do crédito aos estudantes que tiraram no mínimo 450 no Enem. Foi estabelecido ainda um percentual máximo de reajuste para mensalidades no caso de aditamentos de contrato.

A regra da nota mínima no Enem só não será cobrada de estudos que sejam professores permanentes da rede pública e estejam matriculados em curso de licenciatura normal superior. Os interessados que fizeram as inscrições até ontem (29) não precisaram cumprir as novas exigências.

O Fies oferece cobertura da mensalidade de cursos em instituições privadas de ensino superior a juros de 3,4% ao ano. O estudante começa a quitar o financiamento 18 meses após a conclusão do curso. O programa acumula 1,9 milhão de contratos e abrange mais de 1,6 mil instituições.

O que todo prefeito precisa saber sobre `educação`

João Batista Araujo e Oliveira - Revista Veja - 27/03/2015 - São Paulo, SP

Para exercer sua função, todo prefeito precisa entender os fundamentos básicos das várias áreas de atuação da Prefeitura: abastecimento, saneamento, saúde pública, transportes e mobilidade urbana, código de obras, contabilidade pública etc etc. Não basta escolher as pessoas certas para cuidar de cada setor. O prefeito precisa ter um mínimo de informação e conhecimento sobre os setores e os interesses em jogo para saber ouvir, avaliar e tomar decisões.

Isso também se aplica à educação. Não basta saber a nota que o município tirou no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), é preciso entender o que leva o município a atingir uma determinada nota. Não basta escolher um secretário por critérios de acerto de contas político, lealdade ou mesmo competência. Quem responde perante a população é o prefeito e sua equipe o faz apenas por delegação.

Tratamos aqui apenas de dois conceitos fundamentais para entender educação: o conceito de escola e o conceito de pedagogia. No debate político e nos embates quotidianos da gestão da educação, esses dois conceitos estão intimamente ligados.

Para que serve a escola? Em que consiste o debate? Há duas correntes principais sobre esse tema.

Uma corrente advoga que a função principal da escola é transmitir o patrimônio cultural acumulado pela humanidade, de forma que o aluno conheça e aprecie o conhecimento produzido até hoje e seja capaz de fazê-lo avançar. O nome `ensino tradicional` ou `escola tradicional` está associado à ideia de tradição, que tipicamente é transmitida na forma das `disciplinas escolares`. Essa corrente vem perdendo terreno no último século, mas ainda é dominante na maioria dos países desenvolvidos e em parte da América do Norte.

A outra corrente advoga que o objetivo principal da escola é promover a auto-realização, tornar as pessoas auto-confiantes e felizes. A escola deixa de ser responsável por transmitir a herança cultural entre as gerações: seu objetivo agora é promover a `auto realização`. No limite isso significa liberar os alunos de deveres enfadonhos e repetitivos, da disciplina e do rigor necessários para aprender, da aprendizagem de conteúdos obrigatórios e introduzi-los a um mundo de aprendizagem livre de coerções apoiado pela simpatia e encorajamento. O professor torna-se um apoiador, ajudando o aluno a descobrir por si mesmo o que - num certo sentido - ela já sabia. Essa tradição firmou suas raízes a partir das publicações do filósofo norte-americano John Dewey no início do século XX e foram introduzidas no Brasil por Anísio Teixeira. Paulo Freire aprofundou uma vertente dessa corrente, ao criticar a ênfase excessiva da escola tradicional no que denominou de pedagogia `bancária`, representada pelo ensino e `cobrança` de conhecimentos e conteúdos - cujo ensino estaria em detrimento da formação do espírito crítico. Nessa vertente, o ensino vira militância.

Na maioria das escolas hoje temos uma mistura dessas duas versões, e essa mistura não costuma funcionar bem, pois no compromisso entre elas perdeu-se a clareza sobre o que esperar da escola e o que cobrar dela.

O que é pedagogia? O que é importante o prefeito saber a respeito de pedagogia?

Pedagogia, no sentido tradicional, refere-se ao conjunto de métodos e técnicas utilizados para promover o ensino. A pedagogia tornou-se uma disciplina quando os países precisaram universalizar a educação para fazer face aos desafios da revolução industrial, especialmente a partir do século XVIII. Nesse sentido a pedagogia refere-se aos instrumentos do professor/educador para exercer o seu ofício.

Atualmente, e especialmente no Brasil, a palavra pedagogia assumiu diversos outros sentidos. Geralmente é usada no sentido mais amplo, como sinônimo de `educação` ou até mesmo `ciência` ou `ciências da educação`. Assuntos com a definição da função da escola e o que nela se deve ensinar - tema de natureza eminentemente política e filosófica - costumam ser capturados e restritos ao debate pedagógico ou considerados `reserva de caça` dos educadores. Um exemplo claro é a ideia, corrente no Brasil, de que cabe à escola e a cada professor decidir sobre o que ensinar.

A perda de uma noção clara sobre o papel da escola na sociedade aliada à confusão sobre o sentido e lugar da pedagogia tornou disseminada a ojeriza cultivada no país à ideia de currículos, programas de ensino ou qualquer tentativa de se organizar as redes de ensino. Ao mesmo tempo, o pensamento que se tornou hegemônico na educação defende uma autonomia irrestrita das escolas e professores, até mesmo para estabelecer o que deve ser ensinado em cada série escolar - e até mesmo há os que acham que ensinar é algo secundário.

O monopólio da discussão e a adoção de ideias que se tornaram quase hegemônicas também vem contribuindo para disseminar a ideia de que educação é algo para os educadores e para os professores - e não primordialmente para a sociedade e para os alunos. Três exemplos ilustram o ponto. Primeiro, todos os fóruns e `pactos` que se tornaram moda realizar no Brasil ficam restritos a debates entre um subconjunto de educadores pré-selecionados. Aqui e ali se fazem concessões para ouvir alguns grupos de pressão apenas para cumprir tabela. O processo de `debate` que levou à aprovação da Lei do Plano Nacional de Educação é um exemplo disso. Segundo, todas as `conquistas` alardeadas pelas corporações profissionais referem-se a benefícios adquridos pela classe, não a avanços no desempenho dos alunos. Terceiro, nas inúmeras greves que ocorreram nas últimas décadas, a greve sempre começa com uma lista de dezenas de reivindicações a favor da escola pública. E a greve termina quando se faz o acordo salarial - sem qualquer menção às demais questões.

Não se pode censurar os sindicatos e professores para lutar por melhores salários e condições de trabalho. Nada mais justo, eles existem para isso. Mas podemos censurar os governos e responsáveis pela educação ao ignorar sua função e suas responsabilidades. É pouco o que o prefeito precisa saber sobre educação. Mas esse pouco é fundamental para entender o que compete à Prefeitura, o que compete às escolas e o que compete aos professores. Educação tem um único objetivo: assegurar o sucesso do aluno - que é a condição de sobrevivência da espécie, da nossa sociedade.

Universidade portuguesa oferta 260 vagas a participantes do Enem

Ministério da Educação e Universidade do Algarve - Revista Gestão Universitária - 27/03/2015 -Belo Horizonte, MG

Os participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que desejam estudar fora do Brasil têm até esta sexta-feira (27) para se candidatar a uma vaga na Universidade do Algarve (UAlg), em Portugal.

Desde 2014, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) tem acordo firmado com universidades portuguesas (Coimbra e Algarve) de aproveitamento dos resultados do exame para ingresso em suas graduações.

A segunda fase de candidatura da UAlg será a partir de 8 de maio e se estende até 29 de maio. Já a terceira ocorrerá no mês de julho. Para esta primeira, são 260 vagas e dentro delas, 61 com valor da anuidade reduzida para os participantes do Enem, que tenham tirado no mínimo 500 pontos em cada uma das provas e na redação.

O participante do Enem não precisará realizar prova de ingresso, apenas apresentar os resultados obtidos no exame. A Algarve criou um incentivo para os estudantes internacionais, reduzindo o valor da anuidade a ser pago. Assim, os aprovados com as melhores classificações pagarão mil euros (1.000 € - aproximadamente R$ 3.468), conforme vagas previstas para cada curso.

Os diplomas da Algarve são reconhecidos em todos os países da União Europeia, o que habilita o aluno a realizar uma pós-graduação em outras universidades da Europa.

Sobre a instituição portuguesa

A Universidade de Algarve é uma instituição do ensino superior público português que congrega unidades de ensino superior universitário e politécnico. Aceita candidaturas para os cursos de licenciaturas e mestrados integrados no ano letivo 2015/2016 de estudantes que tenham realizado o Enem em 2012, 2013 e 2014.

São quatro unidades, sendo três na cidade de Faro e uma em Portimão, que oferecem licenciaturas e mestrados integrados (graduação), mestrados e pós-graduação. As áreas de formação são distribuídas em: artes, comunicação e patrimônio I, ciências sociais e da educação I, ciências e tecnologias da saúde I, ciências da terra, do mar e do ambiente I, economia, gestão e turismo I, engenharias e tecnologias.

Acesse o site da universidade e confira todas as vagas disponíveis.

Saiba mais

Os diplomas conferidos pela UAlg são válidos e reconhecidos em todos os países da União Europeia, permitindo realizar uma pós-graduação em qualquer universidade da Europa.

As taxas acadêmicas anuais variam entre 1.750 € (aproximadamente R$ 6 mil) e 4.000 € (aproximadamente R$ 13.875) podendo ser pagas até ao máximo de 8 mensalidades, entretanto para os participantes do Enem o valor é reduzido para 1.000 € .

A universidade está situada no sul de Portugal, em Faro, capital de Algarve, numa região de clima mediterrânico procurada por milhares de turistas. A sua localização privilegiada junto ao Aeroporto Internacional de Faro e o grande número de novas rotas aéreas de ligação às principais cidades portuguesas (Porto e Lisboa).

Editoriais

Avanço insuficiente

Antônio Góis - O Globo - 30/03/2015 - Rio de Janeiro, RJ

Uma tese de doutorado, apresentada mês passado na Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, mostra como é árdua a tarefa de reduzir desigualdades na educação brasileira. No trabalho, a pesquisadora Lara Simielli traz uma boa notícia: a chance de um aluno mais pobre do 5º ano do ensino fundamental estudar com um professor com formação universitária mais que dobrou entre 2001 e 2011. É um feito notável, mas, apesar de todo esse esforço, o quadro verificado em 2011 para esses alunos de menor renda não era suficiente para alcançar sequer o nível que as crianças mais ricas já verificavam em suas escolas dez anos antes.

O estudo identificou que, em 2001, menos de 30% dos alunos que pertenciam à classe E tinham professores com diploma de nível superior. Na classe A, o percentual ultrapassava 80%, uma diferença de mais de 50 pontos. Dez anos depois, o percentual aumentou para cerca de 70% entre os mais pobres, enquanto entre os mais ricos a proporção já ultrapassava 90%.

Foram analisadas também outras variáveis do professor, como a cobertura do currículo durante o ano letivo e o percentual de docentes pós-graduados. No caso da cobertura do currículo, o padrão se repetiu: avanços para os mais pobres, mas ainda insuficiente para alcançar o nível dos mais ricos dez anos antes. Já no caso dos professores com mestrado ou doutorado, os ganhos em todas as classes foram uniformes. Entre estudantes da classe E, a proporção de docentes pós-graduados variou de cerca de 30% a 50%, enquanto na classe A passou de cerca de 50% a 70%. A distância entre os dois grupos, portanto, permaneceu exatamente a mesma.

Para a autora, é preciso continuar investindo na melhoria da formação docente, mas é preciso também estabelecer padrões mínimos para todas as escolas, além de combater a desigualdade investindo mais em áreas de maior vulnerabilidade.

Outro dado interessante da tese: houve melhoria das condições socioeconômicas dos estudantes. Em 2001, 35% dos alunos do ensino fundamental estavam nas classes D e E. Dez anos depois, o percentual caiu para 15%. A geração que estava em sala de aula em 2011, portanto, tinha melhores condições de vida e teve acesso a professores com melhor titulação (sem entrar no mérito da qualidade dessa formação), em comparação com a de 2001.

Das variáveis externas à escola, sabemos que a mais influente no desempenho dos estudantes é o grau de escolaridade e pobreza das famílias. Entre aquelas que dizem respeito ao que acontece dentro de sala de aula, o destaque é para o professor. Com esses dois fatores jogando a favor da melhoria da qualidade do ensino no Brasil, poderíamos esperar ganhos mais expressivos no aprendizado. No 5º ano do fundamental, eles até ocorreram, e há quem diga que sua principal causa tenha sido a diminuição nos níveis de pobreza dos estudantes. Já no 9º ano e no ensino médio, os avanços foram residuais.

Um outro estudo, de Priscilla Tavares, analisou justamente o impacto que a melhoria das condições de vida da população teve no desempenho dos alunos nos últimos anos. O trabalho foi publicado em dezembro no livro “Educação básica no Estado de São Paulo”, mas não se restringe ao cenário paulista. Priscilla mostra que o peso do nível socioeconômico para explicar as desigualdades de notas entre os estudantes brasileiros é muito menor hoje do que há dez anos. Para ela, “isto significa que as políticas, ações e os programas educacionais possuem muito mais possibilidades de atuar para elevar o aprendizado e reduzir ainda mais as diferenças existentes entre os alunos. O desafio agora é adequar a escola a este novo perfil de estudante, com novos anseios e novas demandas para a escola pública.”

Professores de escolas estaduais e municipais já recebem mais que os de particulares

Antônio Gois e Raphael Kapa - O Globo - 30/03/2015 - Rio de Janeiro, RJ

A professora Lucy Corrêa Bauly, de 58 anos, trabalhou em escolas particulares por 23 anos. Foi um período em que, na média, os profissionais que davam aulas na rede privada recebiam salários maiores do que no setor público. Segundo ela, para os padrões da profissão, o pagamento que recebia por hora aula era até bom. No entanto, uma reestruturação no colégio onde trabalhava alterou esse quadro. Foi aí que decidiu, em 2012, fazer concurso para o município.

— Já entrei com um salário maior do que ganhava na rede particular. Era algo em torno de R$ 2.600. Logo depois, o sindicato brigou para que existisse uma equiparação dos nossos salários com uma outra categoria que exercia as mesmas funções e, aí, nosso salário aumentou para quase R$ 5 mil. É óbvio que o professor merece mais, mas, para mim, foi um aumento salarial relevante.

Dados tabulados pelo GLOBO na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, do IBGE, mostram que a rede pública já paga, em média, salários melhores aos seus professores na educação básica em comparação à particular. Até o final da década passada, o padrão era o contrário. Em 2002, considerando todos os professores com diploma de nível superior dos ensinos fundamental e médio, um docente da rede privada recebia, em média, 18% a mais em seu trabalho principal para uma jornada de 40 horas semanais. Ao longo da década passada, a distância entre as duas redes em termos salariais foi diminuindo, até que, em 2011, pela primeira vez, a rede pública superou a particular. Os últimos números da Pnad, de 2013, mostram que o rendimento médio de um professor da educação básica na rede pública é 6% maior do que na rede privada.

LEI DO PISO CONTRIBUIU

A reversão desse padrão aconteceu principalmente por causa da melhoria salarial verificada no setor público no ensino médio e no segundo segmento do ensino fundamental, o antigo ginásio. Nesses dois segmentos, enquanto os profissionais da rede pública registraram aumentos reais (superiores à inflação do período) entre 2002 e 2013, os que davam aulas no ensino particular viram seus salários caírem, quando considerada a inflação. No primeiro segmento do ensino fundamental (antigo primário), os salários da rede pública já superavam os da particular em 2002, e houve aumento real no período nos dois setores.

Para o presidente do Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação), Eduardo Deschamps, um dos fatores que contribuiu para os rendimentos do setor público terem superado os da rede privada foi a Lei do Piso Nacional do Magistério, aprovada em 2008. Deschamps, que é também secretário em Santa Catarina, defende ajustes na lei para, segundo ele, garantir que ela seja sustentável — os secretários pedem mais recursos da União ou mudanças na forma de cálculo do reajuste —, mas reconhece que a legislação tem proporcionado aumentos superiores à inflação no setor público.

— Enquanto os salários da rede privada são reajustados normalmente pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), o piso variou entre 2011 e 2014 algo em torno de 78%, para uma inflação que não chega à metade deste percentual.

A secretária municipal de educação do Rio, Helena Bomeny, conta que a melhoria dos salários tem feito também a relação de candidatos por vaga aumentar em concursos para o magistério. O salário base hoje no município para 40 horas semanais é de R$ 4.410, chegando a R$ 4.947 quando somados benefícios como auxílio transporte, alimentação e bônus cultura, que elevam o valor do salário inicial para R$ 4.947.

— No nosso último concurso, foram 54 candidatos por vaga —, diz a secretária.

REDE PRIVADA TEM MAIS DISPARIDADES

Na comparação entre rendimentos dos setores público e privado, é preciso considerar que os salários tendem a ser mais homogêneos no setor estatal. No município do Rio, por exemplo, há colégios de elite no ensino médio que pagam R$ 60 por hora de aula, enquanto outros pagam somente o piso, de R$ 15. Ou seja, o salário mensal de um professor da rede privada que consegue fazer 40 horas semanais nesses valores de hora aula pode variar de R$ 9.600 a R$ 2.400.

Algumas pesquisas publicadas nos últimos anos já vinham registrando a diminuição desse diferencial entre as redes. Um estudo apresentado em 2007 pelos pesquisadores Samuel Pessoa, Fernando Barbosa Filho e Luis Eduardo Afonso, da FGV e da USP, indicava que a vantagem salarial dos professores da rede privada variava apenas de 5% a 11%, a depender do nível de ensino. Os autores argumentavam na época, no entanto, que a carreira no setor público já era mais vantajosa do que no privado, se fossem consideradas as regras de aposentadoria, mais favoráveis para servidores públicos do que na iniciativa privada.

Lucy Bauly, a professora que trocou a rede privada pela pública há três anos, diz que a estabilidade é outro fator a favor do setor estatal.

— No colégio particular você pode ser o melhor professor do mundo, mas é o aluno que dá o dinheiro. E a direção, na dúvida, geralmente aceita mais a versão do aluno do que a do professor em momentos de crise.

Ela afirma que a maior diferença que ela percebeu logo que trocou de rede foi na infraestrutura.

— A primeira escola municipal em que atuei não tinha ar-condicionado, eu levava ventilador de casa e o material para sala de aula era escasso. A que eu estou agora possui uma direção muito atuante que muda esse cenário. Mas deveria ser assim em toda escola: com bons salários e uma infraestrutura adequada.

Os desafios de Janine Ribeiro no MEC

Daniel Cara - UOL Educação - 28/03/2015 - São Paulo, SP

Foi positiva a nomeação de Renato Janine Ribeiro como novo Ministro da Educação. Embora seu nome estivesse sendo cogitado, estava distante dos favoritos. A escolha da presidenta Dilma Rousseff foi parecida com a tradição do conclave papal: aqueles que entram na clausura do Vaticano como papas, saem como arcebispos. No caso do MEC (Ministério da Educação), os mais cotados não foram confirmados.

Principal desafio: o PNE

Renato Janine Ribeiro é professor titular da USP (Universidade de São Paulo), sendo amplamente reconhecido no meio acadêmico por seus trabalhos em Teoria Política. Na gestão pública, participou do governo do ex-presidente Lula como diretor da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), entre 2004 e 2008.

O principal desafio do novo Ministro será implementar o Plano Nacional de Educação 2014-2024, sancionado sem vetos pela presidenta Dilma Rousseff. Embora tenha sido aprovado com votos de todos os partidos, quase alcançando a unanimidade dos parlamentares do Congresso Nacional, o PNE ainda não saiu do papel. O que, no mínimo, contradiz o lema governamental “Brasil: Pátria Educadora”.

Além disso, o novo titular da pasta terá outro desafio de gestão: manter em funcionamento a máquina do MEC. Ela é responsável por centenas de universidades e escolas de educação básica – a maior parte delas dedicadas ao ensino técnico profissionalizante de nível médio. Há também uma série de programas federais complexos como Fies, Prouni, Sisu e Pronatec. E quase todos apresentam dificuldades.

Tudo isso não é pouco, mas está distante de ser tudo. Há ainda uma série de ações realizadas em convênios com Estados e Municípios. E se antes do aperto orçamentário governadores e prefeitos já reclamavam do MEC, agora as queixas se multiplicam. Muitas delas com razão.

MEC carece de diálogo

Implementar o PNE e manter em funcionamento a máquina do MEC são tarefas hercúleas, ainda mais em um contexto de crise econômica. Diante desse cenário, a comunidade educacional espera que o novo ministro, diferente de seus antecessores, estabeleça canais constantes de interlocução com a sociedade civil. Não com o intuito de angariar adesão às decisões da pasta, como era praxe, mas para formular alternativas, sabendo lidar com discordâncias.

Tendo em vigor um PNE, o melhor caminho é compreender que a educação não precisa de ideias novas. O desafio é colocar em prática aquilo que já foi discutido e está legitimado na forma da Lei 13.005/2014.

A implementação do PNE é, inclusive, uma boa lição em termos de cultura política: se há leis, elas devem ser cumpridas, não podendo ser escanteadas.

Informações adicionais e contato

O Clipping Educacional é enviado no formato HTML que é melhor visualizado no Thunderbird, Outlook Express ou programas equivalentes.

Para RECEBER o Clipping Educacional, faça o seu cadastro neste endereço: http://www.editau.com.br/produtos_clipping.php

Telefone: 55 (31) 3491-3739

E-mail: clip...@editau.com.br

Endereço: Rua Aníbal Andrade Câmara, 100, bairro Planalto

Instituições promotoras

Parar de receber o Clipping Copyright 2012 EdiTAU


Reply all
Reply to author
Forward
0 new messages