Clipping 15/04/2015

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Clipping Educacional

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Apr 15, 2015, 11:21:25 AM4/15/15
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Quarta-feira, 15 de abril de 2015

Matérias de Hoje

Agência Brasil - 14/04/2015 - Brasília, DF
Segundo o MEC, a alteração no cronograma se justifica pelos procedimentos decorrentes da aprovação do Orçamento federal
O Globo - 14/04/2015 - Rio de Janeiro, RJ
Com aumento da média escolar da região, docentes de Atlanta recebiam bonificação
IG Educação - 15/04/2015 - São Paulo, SP
Pela Constituição, os entes federativos devem investir no mínimo 25% do que arrecadam em educação. Prazo termina no dia 30 de abril para municípios, segundo FNDE
UOL Educação - 14/04/2015 - São Paulo, SP
Até onde uma escola pode ir para motivar seus estudantes a aprender?
Porvir - 14/04/2015 - São Pauo, SP
Especialistas afirmam que investir na formação de professores é a melhor lição que podemos tirar das mudanças na Finlândia
G1 Globo.com - 14/04/2015 - Rio de Janeiro, RJ
Estudantes de Condor Huasi distribuem leitura para a comunidade. Animal puxa carroça com alunos três vezes por semana
UOL Educação - 14/04/2015 - São Paulo, SP
O problema de falta de refrigeração nas salas é antigo e alvo constante de reclamações de alunos e professores
Jornal do Commercio - 14/04/2015 - Recife, PE
Docentes que não aderirem à paralisação terão o vencimento depositado dia 29 de abril
G1 Globo.com - 14/04/2015 - Rio de Janeiro, RJ
Elas ficaram em 1º na Fuvest, Unicamp, Unesp, Unifesp, UFMG e Famema. Veja dicas de Ana Luísa, Maria Clara e Karina para se dar bem nas provas

Editoriais, artigos e opiniões

Envolverde - 13/04/2015 - São Paulo, SP
Portal Aprendiz - 14/04/2015 - São Paulo, SP
Folha de São Paulo - 14/04/2015 - São Paulo, SP

Matérias

Inscrições para o Sisutec são adiadas mais uma vez

Mariana Tokarnia - Agência Brasil - 14/04/2015 - Brasília, DF

As inscrições para o Sistema de Seleção Unificada da Educação Profissional e Tecnológica (Sisutec), que faz parte do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), foram mais uma vez adiadas. De acordo com o Ministério da Educação (MEC), inicialmente elas seriam no fim de março, passaram para o começo de maio e, agora, ocorrerão em junho, entre os dias 22 e 26. Com isso, as turmas serão abertas no segundo semestre, entre 27 de julho e 31 de agosto.

O Sisutec seleciona para o ensino técnico estudantes que concluíram o nivel médio com base nas notas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O programa foi criado em 2013, nos moldes do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que oferece vagas para o ensino superior em instituições públicas. Desde então, ocorre duas vezes por ano, no primeiro e no segundo semestres. Este ano não haverá formação de turmas pelo sistema no primeiro semestre.

Segundo o MEC, a alteração no cronograma se justifica pelos procedimentos decorrentes da aprovação do Orçamento federal. `Tendo em vista o pedido de várias instituições de ensino, o calendário foi ajustado de maneira a compatibilizá-lo com o calendário acadêmico das instituições`, diz a pasta. O novo calendário foi publicado no Diário Oficial da União.

O resultado preliminar das vagas aprovadas será divulgado no dia 18 de maio. Recursos administrativos relativos a vagas não aprovadas podem ser apresentados nos dias 19 e 20 de maio. Eles serão avaliados de 21 de maio a 12 de junho. As bolsas serão homologadas de 16 a 17 de junho. O resultado final será divulgado em 19 de junho.

Os candidatos podem fazer a inscrição de 22 a 26 de junho. No dia 30, sairá o resultado da primeira chamada. Os selecionados devem fazer a matrícula entre 1º e 3 de julho. A segunda chamada terá o resultado publicado em 7 de julho, com matrícula entre os dias 8 e 10 do mesmo mês.

As inscrições online para as vagas remanescentes devem ser feitas de 13 a 26 de julho. As aulas do programa têm início previsto para o período entre 27 de julho e 31 de agosto.

Professores recebem penas de 20 anos de prisão por alterarem notas de alunos

Da redação - O Globo - 14/04/2015 - Rio de Janeiro, RJ

Nove educadores que trabalhavam em uma escola pública de Atlanta foram condenados à prisão por fazerem parte de um esquema que inflava notas de alunos em testes padronizados promovidos pelo estado da Georgia, nos EUA. Três deles receberam penas de 20 anos de prisão, decisão mais dura do que a penalidade sugerida pelos defensores públicos. O juiz Jerry Baxter classificou o caso como `a coisa mais doentia que já aconteceu nesta cidade`.

Dois professores negociaram com os promotores no início do processo. Nestes dois casos, a professora Pamela Clevelan teve prisão domiciliar decretada por um ano e o coordenador de teste Donald Bullock terá que ficar preso durante seis meses. Ambos também concordaram em se desculparem perante os alunos, os parentes e a corte.

Os outros oito sentenciados devem ter penas que variam de um a sete anos de prisão atrás das grades e até 13 anos em liberdade condicional. Ainda há tempo para recorrer da decisão e eles podem aguardar a útima decisão em liberdade caso paguem fiança.

A maioria dos setenciados receberam cinco anos de prisão na cadeia. Além disso, os envolvidos deverão devolver o dinheiro obtido através dos bônus que receberam do governo devido o alto rendimento dos alunos nas avaliações.

ENTENDA O CASO

O caso ganhou destaque em 2009 quando a americana Beverly Hall, então dirigente de um distrito escolar em Atlanta, foi eleita pela Associação Americana de Administradores de Escolas como a superintendente do ano. Foi recebida na Casa Branca pelo ministro da Educação, Arne Ducan pelo seu feito notável: 52 mil alunos dos colégios públicos que administrava, em sua maioria pobres, registravam médias maiores nos exames de avaliação de desempenho do que estudantes de áreas ricas da cidade. Porém, a Justiça descobriu fraude nas notas.

Beverly Hall foi formalmente acusada, junto com 34 educadores sob seu comando, de fraudar as notas dos alunos, orientando professores a apagar com borrachas e corrigir as respostas erradas nos testes que avaliam as escolas. Ao total, foram apontados cerca de 180 funcionários envolvidos. A motivação seria o recebimento de bônus financeiros atrelados ao desempenho dos estudantes. Por causa dessas recompensas, Beverly, além de famosa, ficou rica: ganhou US$ 500 mil em bônus de performance.

O escândalo gerou um intenso debate sobre a recompensa por mérito nos Estados Unidos, país que mais aplica a fórmula — inspirada em práticas empresariais — nas escolas.

Mais de 80% dos municípios e Estados não prestaram conta de recursos em educação

Agência Brasil - IG Educação - 15/04/2015 - São Paulo, SP

A pouco mais de 15 dias para o fim do prazo, apenas 963 municípios prestaram contas dos investimentos feitos em educação em 2014, o que equivale a 17,29% do total de cidades do país. Os mais de 80% municípios que ainda não prestaram contas têm até o dia 30 de abril para fazê-lo. Caso contrário, terão problemas para receber recursos de convênios ou firmar novas parcerias com o governo federal.

Os dados são do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). A prestação de contas deve ser feita no Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação (Siope), disponível no site do FNDE. Até agora, nenhum município de Roraima ou Amapá transmitiu os dados. No Maranhão, apenas dez, o que equivale a 4,6% dos municípios prestaram contas. Na outra ponta, em Sergipe, 36, ou 48% dos municípios do estado transmitiram os dados.

Os estados também devem enviar a prestação de contas. O prazo é, no entanto, maior, até o dia 31 de maio. Até o momento, nenhum estado ou o Distrito Federal prestou contas dos investimentos em educação feitos no ano passado.

Pela Constituição, os entes federativos devem investir no mínimo 25% do que arrecadam em educação. Se o estado ou município não investir esse mínimo em manutenção e desenvolvimento do ensino, o FNDE envia, automaticamente, um comunicado aos tribunais de contas estaduais e ao Ministério Público informando o não cumprimento da norma.

Quem não cumprir o prazo ou não conseguir comprovar o investimento mínimo fica inadimplente no Serviço Auxiliar de Informações para Transferências Voluntárias (Cauc) do governo federal. Com isso, deixa de receber recursos de transferências voluntárias da União e fica impossibilitado de firmar novos convênios com órgãos federais.

Vale a pena recompensar bons alunos com dinheiro?

João Fellet e Paula Adamo Idoeta em Washington e São Paulo - BBC Brasil - UOL Educação - 14/04/2015 - São Paulo, SP

Escolas adotam recompensa a estudantes que tiram boas notas em exames avançados; críticos dizem que ele monetariza as relações de ensino.

Até onde uma escola pode ir para motivar seus estudantes a aprender? Nos Estados Unidos, alguns colégios têm recompensado seus melhores alunos com dinheiro.

Desde 2008, 620 escolas americanas já receberam recursos de um programa gerido pela ONG National Math and Science Initiative (NMSI) para premiar financeiramente estudantes que tiram boas notas em provas nacionais de Ciências, Matemática e Inglês.

A iniciativa busca encorajar mais alunos a realizar os testes AP (`Advanced Placement`, ou colocação avançada), que medem o conhecimento dos alunos sobre temas do currículo universitário e contam pontos para o ingresso na faculdade.

`Antes não tínhamos motivos para estudar, e muitos professores simplesmente não se importavam com as aulas. O dinheiro nos dá um incentivo concreto para fazer a lição de casa`, diz à BBC Brasil Zebediah Cottongim, 16 anos, aluno do penúltimo ano do Ensino Médio da Colonial Forge High School, uma das três escolas públicas do Condado de Stafford (Estado de Virgínia) a integrar o programa.

O programa é uma entre diversas iniciativas adotadas por centenas de escolas americanas na última década, que envolvem remuneração a estudantes e professores. Algumas receberam financiamento estatal; outras, de fundações ou entidades privadas. Nem todas as iniciativas funcionaram, e críticos alegam que o método monetariza o ensino e faz os alunos focarem demais nos testes e na recompensa em vez de despertar seu interesse genuíno pelos estudos.

Defensores e alguns pesquisadores argumentam que, se os incentivos forem bem executados e estiverem associados a outras iniciativas - sobretudo treinamento de professores e acompanhamento dos alunos -, eles podem dar bons resultados.

Pizza e vale-presente

A BBC Brasil visitou a Colonial Forge High School na semana passada. O prédio de tijolos vermelhos, cercado por estacionamentos, se destaca na paisagem de construções espaçadas e largas avenidas.

`O dinheiro nos dá um incentivo concreto para fazer a lição de casa`, diz Zebediah Cottongim.

As provas AP são opcionais e podem ser feitas a partir do primeiro ano do Ensino Médio. Cada exame, que cobre uma única disciplina, custa US$ 91 (R$ 284).

Os alunos de escolas cadastradas no programa NMSI pagam a metade do valor da prova e recebem US$ 100 (R$ 311) cada vez que obtêm nota superior a 3 (em uma escala de 1 a 5) nos testes de Ciências, Matemática e Inglês.

No ano passado, Zebediah foi aprovado em duas provas e recebeu US$ 200 (R$ 622). Ele diz ter gastado parte do dinheiro com comida e gasolina (nos Estados Unidos pode-se dirigir a partir dos 16).

Sua colega Elizabeth McPherson, 16 anos, fará neste ano quatro provas AP e espera receber US$ 400 (R$ 1.250) pelo programa. O dinheiro, diz ela, será entregue aos pais e depositado na poupança para a sua faculdade.

Para a jovem, que quer cursar Astronomia, outro incentivo do programa são os mimos que os alunos recebem ao assistir a aulas nos fins de semana. Nesses dias, há pizza na escola e eles ganham vales-presente de US$ 5 a 20 da Amazon.

`Conteúdos mais rigorosos`

Desde que a iniciativa começou a vigorar, em 2012, o número de provas AP feitas por alunos do colégio passou de 886 para 1.371 ao ano, alta de 55%. Em todas as escolas do Estado de Virgínia, o total de testes AP realizados cresceu apenas 7% no mesmo período.

`O programa nos ajudou a ampliar a exposição dos estudantes a conteúdos mais rigorosos`, diz Kenya Wallach, supervisora de Matemática e Ciências do Departamento de Instrução do Condado de Stafford.

Ela afirma que, motivados pela iniciativa, cada vez mais alunos têm se matriculado em disciplinas preparatórias para os exames, normalmente mais difíceis que as matérias normais (nos Estados Unidos, os estudantes têm relativa autonomia para montar suas grades e podem optar por aulas mais ou menos avançadas).

Elizabeth McPherson espera receber US$ 400, que serão depositados na poupança para a sua faculdade.

Esses jovens, diz ela, deixam o Ensino Médio mais preparados e bem posicionados para entrar em boas universidades. Segundo Wallach, hoje quase 90% dos estudantes que se graduam na escola seguem para Ensino Superior, número ligeiramente maior ao registrado antes do programa.

Mas os resultados observados em Virgínia não necessariamente se repetiram pelo país inteiro.

Em Washington, foi abandonado um programa que pagava US$ 100 quinzenais a estudantes em troca de boas notas, presença nas aulas e bom comportamento. Segundo reportagem do jornal Washington Post, houve queixas de que alunos que não cumpriam os pré-requisitos acabaram sendo remunerados, e outros que seguiram as regras não receberam nada.

A conclusão da reportagem é de que problemas na execução do programa acabaram `aprofundando as disfunções na escola`, em vez de as reduzirem.

Em Nova York, outro programa, adotado na década passada, não aumentou o número de alunos aprovados nos testes AP.

Incentivos a professores

Diretores de escolas em Virgínia e organizadores do NMSI dizem que a recompensa financeira tem de ser parte de uma estratégia mais ampla, também voltada ao aprimoramento e à motivação dos professores.

`Os incentivos monetários por si só não bastam`, explica à BBC Brasil Gregg Fleisher, responsável acadêmico pelo NMSI.

`Usamos o dinheiro para animar os alunos a fazer as aulas. Alguns alunos não iam prestar os testes, mas acabam gostando (de seus avanços acadêmicos) e dizem `agora eu quero cursar Engenharia (na universidade)`. Mas os incentivos são aliados a um grande treinamento de professores, para que eles inspirem os alunos com a pedagogia adequada.`

O programa banca a ida de professores a um treinamento anual em que se encontram com docentes de todo o país. Nas reuniões, eles compartilham suas experiências e aprendem métodos de ensino bem-sucedidos. E professores de Ciências, Matemática ou Inglês recebem US$ 100 (R$ 311) por cada aluno seu aprovado nos testes AP.

Diretor da North Stafford High School, outra escola em Virgínia integrante do projeto, Tom Nichols diz que alguns professores de seu colégio aumentaram sua renda anual em até US$ 8 mil (R$ 24.900) com os pagamentos extras.

O montante equivale a quase um quinto do salário anual de um professor iniciante, o que os mantêm motivados, afirma Nichols.

Segundo o diretor, o estímulo aos professores tem impacto maior no programa que os pagamentos aos alunos. `Eles têm a oportunidade de aprender com os melhores de suas áreas e crescer na carreira.`

Custo-benefício

Pesquisas consultadas pela BBC Brasil confirmam que dão melhores resultados os programas que aliam as recompensas financeiras dos estudantes a incentivos e treinamento também aos professores.

`No longo prazo, vemos um bom custo-benefício financeiro se os programas forem focados em lugares pobres`, considerando que os eventuais ganhos salariais que esses alunos podem ter no futuro supera os custos do projeto, explica C. Kirabo Jackson, professor do Institute of Policy Research da Universidade Northwestern e pesquisador de programas de incentivos.

`Não está claro se os programas aumentam o número de alunos que conseguem entrar em faculdades, mas os que conseguem passam mais anos estudando e tendem a ganhar mais.`

Isso não impede que haja distorções.

De volta à Colonial Forge High School, em Virgínia, o aluno do penúltimo ano do Ensino Médio Wudison Gomez, 17 anos, diz que sua principal motivação para fazer os testes AP é ganhar créditos para a faculdade, e não ganhar dinheiro. E ele faz críticas ao programa: `No dia em que (os estudantes) pararem de receber, eles vão perder o interesse em aprender`, opina.

Para a pesquisadora brasileira Paula Louzano, doutora em Política Educacional pela Universidade de Harvard, programas do tipo desestimulam `alguns valores queremos para os alunos, como ter prazer em aprender e se esforçarem independentemente (de pagamentos)`.

`Nenhum país que foi por esse caminho melhorou (a educação) sistematicamente. Países que são modelos de sucesso por ensinarem com alto grau de excelência, como o Canadá e os países nórdicos, não se baseiam nessa lógica de que falta esforço e de que pagando (professores e alunos) eles vão se esforçar. Se baseiam em uma relação de mais confiança com o docente`, diz ela.

Fleisher, do NMSI, argumenta que o dinheiro já faz parte da realidade dos jovens e que, em geral, os mais ricos já são recompensados por seu esforço.

Para Kirabo Jackson, os programas do tipo podem ser eficientes em melhorar o desempenho dos alunos e incentivá-los a estudar, desde que sejam projetados corretamente.

`O programa deve dar aos alunos metas que sejam factíveis e garantir que eles tenham ferramentas para atingi-las. Se você pagar os alunos por uma meta como ler mais livros, terá resultados ruins - porque é uma meta que pode ser manipulada e provavelmente os alunos não aprenderão nada. O incentivo deve ocorrer para pontos que sejam difíceis de serem melhorados se não houver um grande esforço (dos estudantes).`

Jackson também defende que os professores sejam recompensados e que os testes que meçam o desempenho sejam padronizados, para evitar manipulação.

Fleisher agrega que, cumpridos alguns pré-requisitos, o programa pode ser facilmente exportado para o resto do mundo. `O que aprendemos é que o professor é essencial para os resultados e que os incentivos funcionam, desde que você dê apoio extra aos alunos. Uma vez que os alunos veem os resultados do seu esforço, eles param de se esforçar apenas pelo dinheiro`, diz.

Dominar conteúdo é base para ensinar competências

Fernanda Kalena - Porvir - 14/04/2015 - São Pauo, SP

Desde o final do mês passado, quando a Finlândia anunciou o redesenho de seu sistema educacional, que coloca projetos transversais à frente de disciplinas, o debate sobre o espaço que conteúdos e competências devem ocupar na grade escolar está a todo vapor. Para trazer essa discussão ao cenário brasileiro, o Porvir conversou com especialistas em educação para entender quais são as lições e inspirações que podem ser tiradas das mudanças finlandesas.

Um ponto ressaltado por Marjo Kyllönen, secretária de educação da cidade de Helsinque, foi o preparo dos educadores para lidar com o novo modelo. E não coincidentemente, a necessidade de reforçar a formação docente aparece como consenso quando se olha para o Brasil.

“Se o professor não souber trabalhar bem na sua disciplina ele não vai conseguir trabalhar com as competências transversais. Isso exige uma formação docente que não se tem aqui”, argumenta a educadora Guiomar Namo de Mello, presidente do Conselho Estadual de Educação de São Paulo. “Por isso que a proposta da Finlândia não elimina as disciplinas, diz que as competências devem ser vistas em cada disciplina de uma forma diferente. É aí que a questão da competência geral se encontra com a específica”, aponta.

A diretora do Cadec (Consultores Associados de Educação), Ana Cristina Canettieri, que frequentemente viaja para conhecer boas práticas de redes de ensino pelo mundo, concorda que a Finlândia só consegue fazer essas mudanças por ter um corpo docente muito bem preparado, uma formação inicial consistente e professores que trabalham com muita autonomia. “As transformações acontecem pois os docentes são muito valorizados e têm um amplo domínio de como ensinar e como se aprende”.

Segundo Guiomar, as competências transversais devem ser desenvolvidas em cada disciplina respeitando as especificidades de cada campo do conhecimento. A educadora ilustra: “Ao pensar em um projeto que aborda a poluição de um rio e suas implicações, por exemplo, o objeto de estudo afeta a cidade, a população e o prefeito. Contém componentes químicos e é influenciado por um conjunto de fatores do entorno, do meio ambiente físico. Esse projeto vai desenvolver conteúdos de geografia, química, história, ciências políticas, todos voltados para diminuir a poluição do rio. Só que a solução em química se expressa de um jeito e em geografia, de outro, mas todas resultam em uma habilidade geral, de resolução de problema”. Para ela, os professores especialistas tem que ter um sólido conhecimento e preparo em suas áreas para se sentirem confiantes em trabalhar de forma interdisciplinar. “A disciplina, nesse caso, é mais importante do que nunca”, ressalta a educadora.

Ao mesmo tempo, aponta que a realidade é multidisciplinar. Para ela, estimular nos alunos as habilidades socioemocionais e desenvolver neles a capacidade de resolver problemas não é um trabalho restrito a uma única disciplina ou a um campo de conhecimento e pode ser viabilizado através do ensino baseado em projetos (PBL). “É disso que se trata a Finlândia. Estão colocando professores para desenvolver um trabalho integrado, pensando na possibilidade dos alunos constituírem um conjunto comum de competências”.

Mas para isso, a educadora volta ao ponto da necessidade de uma formação inicial docente de qualidade, pois assim além de os educadores estarem mais preparados para formar seus alunos para o século 21, não seriam resistentes a mudança que os beneficiassem. “Quanto mais você conhece a disciplina que leciona, mais sabe os limites e as fronteiras dela com a realidade”, completa.

Já Paula Louzano, doutora em política educacional pela Universidade de Harvard, alerta que a existência ou não de um conjunto de disciplinas não deve ser algo que engessa, que limita a correlação de conteúdos e acarreta uma educação de baixa qualidade. “Isso está mais associado aos métodos de ensino, voltados para a memorização de datas e conceitos do que com a própria existência de disciplinas. Para integrar os conteúdos é preciso ter um sólido conhecimento dele e no Brasil ainda temos dificuldade em ensinar os fundamentos de cada disciplina. O primeiro passo para um trabalho colaborativo é garantir o aprendizado dos conceitos básicos”, diz Louzano.

`Biblioteca a cavalo` leva livros para regiões sem internet na Argentina

Do G1, em São Paulo - G1 Globo.com - 14/04/2015 - Rio de Janeiro, RJ

Na pequena aldeia de Condor Huasi, na região noroeste da Argentina, não há conexão com a internet. As crianças e adolescentes que estudam ali adquirem e distribuem informação e conhecimento para os moradores locais transportando uma biblioteca móvel puxada por uma carroça.

O pequeno cavalo Pepe puxa a carroça cheia de livros e alunos. Por três vezes na semana, os estudantes levam os livros para a comunidade local e promovem um encontro de leitura ao ar livre.

A ideia da biblioteca móvel surgiu a partir de um projeto para ter atividades extracurriculares na escola e na comunidade. Em entrevista à agência APTN, a jovem Julia Lazarte disse que “queria que as crianças tivessem acesso à internet para conseguirem obter informações de forma mais rápida e fácil, mas por enquanto estudar da maneira antiga é a única opção”.

Condor Huasi fica a 27 km de distância de San Miguel de Tucumán, cidade com um milhão de habitantes no norte da Argentina.

Para fugir do calor, alunos do Ifal assistem aulas no corredor

Carlos Madeiro - Do UOL, em Maceió - UOL Educação - 14/04/2015 - São Paulo, SP

Alunos do campus Maceió do Ifal (Instituto Federal de Alagoas) estão assistindo aulas nos corredores da instituição por conta do calor nas salas. No prédio histórico onde estudam não há sistema de refrigeração. Mas o problema teria piorado após obras que fecharam as janelas e retiraram os ventiladores de teto.

Na tarde desta segunda-feira (13), estudantes do curso de edificações foram obrigados a descer até o térreo do campus, localizado no centro da capital alagoana, para fugir da temperatura de até 36ºC do outono alagoano. Lá, assistiram aulas no corredor refrigerado do setor administrativo. Sem sol, outra opção, à noite, são os corredores dos dois andares da sala de aula.

Segundo a professora secretária do Sindicato dos Servidores Públicos Federais da Educação Básica e Profissional no Estado, Silvia Regina, o problema de falta de refrigeração nas salas é antigo e alvo constante de reclamações de alunos e professores.

`A gente está há pelo menos três anos enfrentando esse sufoco. A gente vai, procura a direção, e eles dizem que estão fazendo reforma, mas que o prédio velho, precisava de ajustes elétrios. Eles nunca concluem nem dão uma explicação satisfatória`, contou.

Regina explica que, com obras feitas recentemente no prédio, a situação piorou. `Foi feita toda uma instalação, e as obras fecharam as janelas e impediram a ventilação natural. Tiraram também os ventiladores, e ficou uma coisa insuportável, principalmente para os alunos da tarde --que é o horário em que o sol bate. Está uma situação desumana`, afirmou.

A professor ainda diz que o sindicato pretende denunciar o problema ao Ministério Público nos próximos dias. `O calor está insuportável e precisamos de uma solução. Dentro da sala de aula está impraticável, os alunos chegam ficam assados`, explicou.

Solução em 30 dias

Segundo Zoroastro Neto, chefe do departamento de comunicação, 220 aparelhos de ar condicionado já foram comprados para refrigerar as salas e devem ser entregues até o fim desta semana. Ele garantiu que a instalação ocorrerá em seguida e, dentro de no máximo 30 dias, o problema será resolvido.

`Até o fim desta semana haverá a entrega dos aparelhos, e na outra semana começa a instalação no 2º andar, onde a reforma da parte elétrica já foi concluída. O reparo da subestação do 1º andar termina em 15, 20 dias, e com isso vamos poder começar a instalação dos aparelhos nesse andar também`, disse.

Hoje, segundo ele, apenas o térreo --onde funciona a área administrativa-- possui sistema de refrigeração. Já os 1º e 2º andares, onde ficam as salas de aula, passam por processos de finalização de reformas para receber os aparelhos.

Sobre a demora, o representante do Ifal alega que foram necessárias reformas no prédio histórico. `O campus de Maceió tem mais de 100 anos e precisa de toda uma reforma, tanto da parte física, quanto elétrica, para que pudesse comportar os aparelhos de ar condicionado`, explicou

Já o problema causado pela reforma nas salas, Zoroastro disse que o problema foi informado a alunos e professores em reunião no mês passado. `No dia 20 de março teve reunião com o grêmio estudantil, professores, representantes de sindicato, e foi dado um prazo de 30 a 40 dias para conclusão. Ainda estamos nesse prazo. Fizemos um investimento de R$ 530 mil, mas o Ifal é empresa pública, não é comprar e receber no outro dia - tem todo um processo. Foram três empresas que ganharam a licitação e vão concluir os trabalhos até o fim de abril e início de maio`, finalizou.

Professor que fizer greve só vai receber salário dia 5 de maio

Da Redação - Jornal do Commercio - 14/04/2015 - Recife, PE

Além de descontar os dias parados dos professores que aderirem à greve, o governo do Estado vai pagar o salário desses servidores em dia diferente dos demais trabalhadores da educação. Quem participar da paralisação só receberá dia 5 de maio, enquanto aqueles que não fizerem greve terão o vencimento depositado no dia 29 de abril.

Portaria que regulamenta as decisões do Estado foi publicada no Diário Oficial de Pernambuco desta quarta-feira (14). Segundo texto, os professores lotados nas escolas de referência que estiverem em greve poderão ser transferidos. Os contratados temporariamente poderão ter os contratos rescindidos.

A greve dos professores começou segunda-feira. Estudam na rede estadual cerca de 650 mil alunos.

USP reúne calouras `supercampeãs` dos grandes vestibulares de medicina

Ana Carolina Moreno Do G1, em São Paulo - G1 Globo.com - 14/04/2015 - Rio de Janeiro, RJ

Neste ano, só 37,7% dos 175 calouros de medicina na Universidade de São Paulo (USP) são mulheres. Mas três delas, além de terem sido aprovadas no vestibular da Fuvest 2015, também conquistaram as maiores notas na USP e em outras seis instituições.

A estudante Ana Luisa Smith Rocha, de 18 anos, atingiu as notas máximas na primeira e na segunda fases da Fuvest, após ganhar o bônus do Inclusp, e ficou em primeiro lugar na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Ela também foi a primeira colocada na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Karina Caciola, de 20 anos, foi a primeira colocada nas provas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já Maria Clara Lemos, de 20 anos, ficou com a nota mais alta do curso de medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp), da Pontifícia Universidade Católica (PUC) e da Faculdade de Medicina de Marília (Famema). Hoje, as três são colegas no curso da FMUSP.

O fato de serem minoria numérica na turma de calouros de 2015 não intimida as jovens. `Nos últimos anos, progressivamente, o número de alunas tem aumentado no Brasil`, afirmou Maria Clara ao G1.

`Se foi mulher que passou, ou se foi homem que passou, não necessariamente significa que homens são mais inteligentes, ou que mulheres são mais inteligentes, isso realmente não importa, porque no vestibular são muitas variáveis. Cada prova é uma prova, você pode estar bem num dia, estar mal no outro dia.`

Elas também não ligam muito para o fato de terem superado todos os outros candidatos em relação à nota do vestibular. `Você estuda para passar, e o primeiro lugar é uma consequência de muito estudo`, explicou Karina. `A diferença de nota entre quem passa e quem não passa também é muito pequena`, disse Ana Luísa. `Se eu tivesse passado em último lugar, estaria super feliz do mesmo jeito`, completou Maria Clara.

Nova rotina

Hoje, as três aproveitam as primeiras semanas de aulas na faculdade, que são realizadas no campus das Clínicas e na Cidade Universitária, no Butantã. Elas conversaram com o G1 após um dia repleto de aulas – o curso de medicina tem horário integral.

O período ainda é de adaptação, dizem elas. Uma das novidades que as jovens estranharam é o fato de os professores passarem poucos exercícios de lição de casa, em vez de as listas com dezenas de exercícios, típicas da vida dos vestibulandos.

Elas também já planejam participar dos treinos de esportes na Atlética, das ligas e programas acadêmicos, como o Diretório Científico, e de coletivos com o Geni, de mulheres estudantes.

Sonho realizado

As três afirmam que acabaram optando pela USP mais por motivos subjetivos, relacionados à realização do sonho de estudar no curso de medicina mais prestigiado do país. `Sempre foi um sonho desde criança. A USP tem um nome muito forte, pra todo mundo. Foi um sonho, não teve motivo específico pra falar `foi por isso que escolhi`. Foi bem subjetivo`, explicou Karina.

Maria Clara tem vários parentes médicos, inclusive seu pai e sua mãe, que têm diploma da USP de Ribeirão Preto. `Meu pai fez residência na USP em Ribeirão, minha mãe fez USP em Ribeirão, mas eu sempre gostei muito da USP São Paulo, sempre foi minha primeira opção. Ter passado aqui realmente me deixou muito muito feliz.`

Já Ana Luísa, que é de Salvador e decidiu se mudar para São Paulo para fazer a graduação na USP, afirma que a primeira opção de seus pais era que ela ficasse na Bahia. `Eu fiquei bastante em dúvida, meus pais não queriam que eu viesse pra São Paulo, em primeiro lugar, mas eles me deram muito apoio. Eu acabei escolhendo a USP por causa também do renome da faculdade, por todo o reconhecimento, e por causa também do Hospital das Clínicas, que é fenomenal`, disse ela. Trotes

As três jovens disseram que as denúncias de violações de direitos na faculdade não as fizeram desistir de fazer a matrícula na USP, mas sucumbiram à apreensão antes da matrícula e da recepção de calouros. `Eu estava um pouco apreensiva sim`, disse Ana Luísa. `Mas realmente não teve nada, a recepção foi maravilhosa, a primeira semana foi muito boa.`

Karina afirma que nenhuma das expectativas que ela tinha sobre a faculdade foram quebradas. `A semana de recepção foi fantástica, a gente foi muito bem acolhido. Não tem essa de bixo, te chamam de calouro, o pessoal quer te chamar pelo nome`, afirmou a jovem.

Sobre as denúncias de estupro, Maria Clara diz que não está preocupada. `É uma questão social que ocorre dentro da universidade, fora de universidade, acontece em todo o mundo. Isso é uma questão que deve ser resolvida. Mas isso não me fez desistir da USP. Acho que os problemas estão sendo solucionados, as investigações estão sendo feitas, e os culpados serão punidos.`

Dicas de estudo

As três jovens afirmam que o resultado que tiveram no vestibular foi o resultado de uma fórmula simples: esforço e dedicação durante o ano. Veja a seguir as dicas que as primeiras colocadas deram em cada vestibular:

Como estudou na rede pública, Ana Luísa conseguiu o bônus do Inclusp sobre sua nota da Fuvest. Então, sua pontuação, que já tinha sido alta, acabou atingindo o limite máximo nas duas fases: na primeira, ela acertou 81 de 90 questões, antes da aplicação do bônus. Na segunda, sua nota chegou a 1.000 após a bonificação.

A jovem explica que se preparou para a maratona de vestibulares pensando principalmente na prova da USP., que ela considera a mais completa. `A Fuvest é uma prova que ainda não usa o Enem, e é uma prova bastante interdisciplinar, então não tem como você priorizar uma parte de matérias. Não dá pra você dizer `ah, vou estudar isso e com isso vou passar`. Você tem que focar em tudo, e dar o seu máximo em todas as matérias`, explicou ela.

Já a Unicamp tem uma especificidade que deixa muitos candidatos agoniados: a redação. `Acho que uma das partes mais importantes talvez seja humanas e redação. A redação da Unicamp é diferente, todo mundo sabe que é um estilo que não é aquela dissertação tradicional. Tem que treinar bastante a redação, para você conseguir fazer de uma forma que eles gostem.`

Karina foi a primeira colocada nos vestibulares de medicina da Unifesp e da UFMG. Ambas usam a nota do Enem, e a Unifesp, que tem o vestibular no modelo misto, aplica ainda uma prova adicional aos candidatos.

Essa prova, aplicada para a seleção de cursos na área da saúde, não tem questões de humanas. Por isso, a tática de Karina foi `estudar matérias específicas, de exatas, e redação também, que para qualquer prova é importante`.

Segundo a jovem, o segredo para aguentar os dois dias de prova do Enem é treino. `A estratégia legal para passar é saber administrar o tempo com a prova. São muitas questões, 90 questões por dia, no segundo dia ainda tem uma redação. Então é legal você fazer provas antigas, saber o jeito da prova para não ter surpresa no dia.`

Quando Maria Clara recebeu a notícia de que havia sido aprovada na Fuvest, ela saiu de casa e foi direto para o cursinho comemorar com os colegas. O resultado saiu após a notícia de que ela havia sido a primeira colocada nas provas da Unesp e da Famema, mas a jovem nem esperou para checar sua colocação na USP antes de celebrar a conquista de uma vaga na sua primeira opção.

A estudante diz que sente uma afinidade maior com o vestibular da Unesp, que, segundo ela, `pega mais` em humanas. Por isso, ela afirma que investir nos estudos de sociologia, filosofia, história e geografia pode ajudar a aumentar a nota. Além de português e redação, que podem ser um diferencial.

Já para passar na Famema, a prova que ela fez foi aplicada pela Pontifícia Universidade Católica (PUC), no vestibular unificado. Ela afirma que as questões são variadas (em teste, escritas e redação), e que o tempo é curto. A dica que a agora caloura dá é tentar administrar o tempo para concluir a prova da melhor forma possível.

Editoriais

Há 781 milhões de pessoas que não podem ler isto

Kanya D’Almeida, da IPS - Envolverde - 13/04/2015 - São Paulo, SP

Nações Unidas, 13/4/2015 – Se você está lendo este artigo, considere-se uma pessoa afortunada. Teve a sorte de haver recebido uma educação, de ser alfabetizada em um mundo onde a capacidade de ler e escrever pode ser a diferença entre uma vida digna e a pobreza absoluta. Muitas coisas mudaram nos 15 anos transcorridos desde que 164 governos representados no Fórum Mundial sobre Educação, realizado em Dacar, capital do Senegal, acordaram seis ambiciosas metas educacionais no ano de 2000.

Agora há mais 34 milhões de estudantes graças às políticas adotadas com a iniciativa Educação para Todos (EPT). O número de meninos e meninas não escolarizados diminuiu pela metade desde 2000, e muitos países tiveram grandes avanços para a igualdade de gênero nas salas de aula.

No entanto, basta escavar um pouco e aparece uma realidade mais sombria. Segundo o último Informe de Acompanhamento da EPT no Mundo, publicado no dia 9 deste mês pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), “ainda há 58 milhões de crianças fora da escola no mundo e cerca de cem milhões que não concluíram o ensino primário.

“As crianças mais pobres do mundo têm quatro vezes mais probabilidades de não irem à escola do que as crianças mais ricas, e cinco vezes mais probabilidades de não concluirem o curso primário”, segundo a Unesco. “Apesar de todos os esforços dos governos, da sociedade civil e da comunidade internacional, o mundo não conseguiu a Educação para Todos”, acrescentou.

Nos seis objetivos acordados em Dacar, se propôs estender e melhorar a educação e a proteção da primeira infância; o ensino primário universal, gratuito e obrigatório; o acesso equitativo a um aprendizado adequado de jovens e adultos; a alfabetização da população adulta; a igualdade de gênero; e melhorar a qualidade da educação.

Embora a taxa de matrícula pré-escolar tenha melhorado em dois terços desde 1999, e a taxa de matrículas chegue a 93% no final deste ano, uma em cada seis crianças nos países de baixa ou média renda, aproximadamente um milhão de meninos e meninas no total, não irão à escola quando vencer o prazo para cumprir as seis metas, em 2015.

Apenas 69% dos países estudados terão conseguido a igualdade de gênero no primário até 2015, dado que cai para 48% na educação secundária. Embora os governos tenham acordado em 2000 reduzir pela metade o analfabetismo mundial, só foi conseguida uma queda de 4%.

Kátia Malouf Bous, assessora da organização humanitária Oxfam, radicada em Washington, disse à IPS que o informe de acompanhamento da Unesco revela “um saldo misto, muito desigual entre os diferentes países”. A maior desigualdade no acesso à educação e nos resultados educacionais é preocupante, e existe a urgente necessidade de “redobrar os investimentos na educação pública e garantir que estes tenham como objetivo as comunidades e as crianças adequadas”, acrescentou.

“A previsão é de que o custo total anual de alcançar a educação pré-escolar, primária e secundária, nos países de renda baixa e média, aumentará de US$ 100 bilhões em 2012 para US$ 239 bilhões, em média, entre 2015 e 2030”, afirma um documento da Unesco datado de março deste ano. Esse déficit demonstra que a maioria dos governos não destina 20% de seus orçamentos nacionais, ou 4% do produto interno bruto anual, como se requer para a educação.

“Uma coisa que na verdade nos preocupa é a tendência do Estado de derivar algumas de suas responsabilidades para o setor privado, e de se centrar em que as escolas privadas de baixo custo deem educação”, assinalou Bous. “Isso só aprofunda as desigualdades educativas, sobretudo na região da Ásia, onde muitas das iniciativas impulsionadas pelos doadores apoiam as escolas privadas de baixo custo, que basicamente têm fins lucrativos e cobram mensalidades das famílias mais pobres”, acrescentou.

Cerca de quatro bilhões de pessoas vivem na região Ásia-Pacífico, caracterizada pela desigualdade, algo que só se agravará se os governos não tomarem as medidas necessárias para educar a população. Atualmente, um terço de todos os estudantes de seis a 18 anos no sul da Ásia frequenta escolas particulares. Um estudo realizado este ano pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) revela que mais de 40% dos adolescentes que abandonaram o sistema educacional vivem no sul da Ásia, e que o Paquistão sozinho responde por metade dessa cifra.

Em um informe regional de 2014, sobre os avanços da iniciativa Educação para Todos, a Unesco indicou que cinco dos países E-9, definidos como os Estados em desenvolvimento mais povoados do mundo, ficam na Ásia: Bangladesh, China, Índia, Indonésia e Paquistão. Juntos representam 45% das matrículas totais mundial na educação primária e 80% das matrículas totais da região Ásia-Pacífico em 2009, segundo o Unicef.

Embora esses Estados tenham avançado muito em matéria educacional, milhões de seus jovens não vão à escola, a maioria dos quais não recebeu uma educação adequada. Isso tem importantes consequências para a saúde econômica da região, que em 2014 abrigava 64% dos adultos analfabetos do mundo, ou cerca de 497 milhões de pessoas.

Dez países da região alcançaram o ensino primário universal, com matrículas superiores a 99%, e outros nove o conseguirão até o final do presente ano, de acordo com a Unesco. Mas Bangladesh, Birmânia, Camboja, Laos, Nepal, Paquistão e Ilhas Salomão têm dificuldades para reter os estudantes até o último ano da escola primária, e muito mais para garantir sua inscrição no ensino secundário. Envolverde/IPS

A atualidade de Paulo Freire

Ana Luiza Basílio, do Centro de Referências em Educação Integral - Portal Aprendiz - 14/04/2015 - São Paulo, SP

“Chega de doutrinação marxista. Basta de Paulo Freire”. “É preciso colocar Paulo Freire em seu devido lugar, que é o lixo da história”. Esses foram alguns ecos decorrentes das manifestações contra o governo no mês de março, que reuniram pessoas nas ruas de várias capitais brasileiras.

Por que Paulo Freire incomoda? A quem? O que esses discursos revelam? Levamos os questionamentos a alguns especialistas, com o intuito de resgatar parte da história e da contribuição do educador pernambucano, declarado patrono da educação brasileira em 2012, pela lei 12.612, sancionada pela presidente Dilma Rousseff.

O lugar de Paulo Freire

Para o professor titular da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) e diretor do Instituto Paulo Freire, Moacir Gadotti, é preciso rigor para falar de Paulo Freire. Ele relembra as incontáveis publicações e referências ao educador, algumas disponíveis na internet, e completa: “ele tem um lugar no mundo garantido pelo reconhecimento do seu trabalho, com contribuições na educação, nas artes, nas ciências e até na engenharia”.

Por isso, avaliá-lo somente como educador não basta, opina o professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Miguel Arroyo. “A radicalidade dele tem que ser entendida dentro de nossa história”, garante. Daí a necessidade de se reivindicar o lugar de Paulo Freire. “Sobretudo por parte dos educadores populares que assumem, para além de suas ideias, as concepções de mundo que estão por trás delas”, reflete Gadotti.

Uma pedagogia concreta

O rechaço a Paulo Freire não é novidade e tampouco recente. Tem início já nos fins dos anos 50 e começo da década de 60, momento em que o educador idealiza a educação popular e realiza as primeiras iniciativas de conscientização política do povo, em nome da emancipação social, cultural e política das classes sociais excluídas e oprimidas. Sua metodologia dialógica foi considerada perigosamente subversiva pelo regime militar, o que rendeu a Freire o exílio. O educador, entretanto, não deixou de produzir e nesse período escreveu algumas de suas principais obras, dentre elas, a Pedagogia do Oprimido.

Arroyo entende que as manifestações atuais contra o educador só mostram que os setores conservadores continuam tão reacionários quanto na época da ditadura. “E isso surge em um momento em que o partido político que está no poder foi eleito, majoritariamente, pelo cidadão pobre, negro, nordestino. A rejeição a Freire, a meu ver, revela uma questão premente de nossa história de reconhecer ou não o povo como sujeito de direitos”, garante, ponto sobre o qual o educador se apoia para chamar a pedagogia freiriana de “pedagogia dos oprimidos concretos”.

“O que caracteriza a nossa história é não reconhecer os indígenas, os negros, os pobres, os camponeses, os quilombolas, os ribeirinhos e os favelados como sujeitos humanos”, condena o educador.Em sua análise, essa crença serviu, ao longo da história, como justificativa ideológica para que as classes dominantes escravizassem e espoliassem esses setores sociais. “Tudo isso a partir de uma visão de que somos o símbolo da cultura, civilidade e os outros a expressão da sub-humanidade, subcultura, imoralidade. É isso que nos acompanha ao longo da vida e Paulo Freire se contrapôs a isso, inverteu esse olhar”, analisa Arroyo.

O que ele considera “como um dos pontos mais radicais e politicamente avançados de Freire” é a valorização da cultura, das memórias, dos valores, saberes, racionalidade e matrizes culturais e intelectuais do povo, contrapondo-se à lógica de que era necessária a inferiorização de uns para garantir a dominação de outros. Na educação, sobretudo, essa radicalidade implica em enfrentamentos. “Existe a ideia de que nós, cultos, racionais, conscientes, vamos fazer o favor de, através da educação, conscientizar o povo; para Freire não se tratava de conscientizá-los, moralizá-los, mas de reconhecê-los como sujeitos de uma outra pedagogia, capaz de dialogar com essas culturas, identidades e histórias”, esclarece Arroyo.

Paulo Freire em outros contextos

Essa centralidade nos sujeitos, própria da concepção freiriana, também apoiou a organização de trabalhadores. Na cidade de São Paulo, quando à frente da Secretaria Municipal de Educação, na gestão de Luiza Erundina, Paulo Freire aprovou oEstatuto do Magistério importante não só aos docentes como a todos os profissionais da educação, como avalia a atual chefe de gabinete da deputada estadual Luiza Erundina, Muna Zeyn, que trabalhou com o educador na gestão paulistana. “Para ele, todos estavam em processo de educação, do bedel à faxineira, passando pelo professor”.

Influência também na construção de organizações e movimentos de massa, caso do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Para a militante do setor de Educação do Movimento Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), de Pernambuco, Rubneuza Leandro de Souza, a combinação entre necessidade e conscientização foi vital para a organização do movimento. ”Sobretudo em relação à educação. Começamos a nos perguntar qual educação queríamos. Sabíamos que não era aquela que desconhecia o contexto das crianças e as estigmatizava como filhas de ladrões, criminalizando a nossa luta”, critica.

Nas escolas do MST, há uma necessidade de que o conhecimento escolar se articule com a realidade e que a educação se estabeleça como elemento de transformação, “libertadora, contra hegemônica e emancipadora”. Rubneuza explica que, nos acampamentos, onde muitas vezes não há escolas próximas, o movimento busca auto organizá-las e que, quando o assentamento é conquistado, há um processo de formalização da instituição. “Isso porque a educação formal entra em contradição com nosso processo de luta, quase sempre porque a escola não entende a realidade que a criança vive”.

Pela integralidade dos indivíduos

Há quem ataque a pedagogia freiriana, tratando-a como doutrinária. Gadotti explica que a grande questão é entender que Freire reconhecia a educação como ato político, de cultura. “A primeira aula de alfabetização em Angicos (Rio Grande do Norte) foi sobre cultura”, relembra o educador. A educação, a formação e até a alfabetização inicial precisa passar pela cultura, pelo reconhecimento do sujeito que conhece, que faz sua leitura do mundo. E é por ser cultural que a educação é política, não no sentido partidário, mas de decidir a vida na pólis (cidade), discutir a vida, o mundo que queremos”.

Ainda de acordo com Gadotti, a educação deve ser vista como um dos elementos de uma cidade educadora , que prevê a educação integral, e não deve se referir só ao conhecimento e ao saber simbólico, mas também ao sensível, ao técnico. “A integralidade do saber é o tecido técnico, simbólico, político, cultural e implica também a politicidade do ato educativo. Ninguém nega que a educação supõe valores, princípios, ética. É isso que falta discutirmos na educação brasileira hoje”, constata Gadotti.

Por mais Paulo Freire

Em sua análise, a perseguição a Paulo Freire na época da ditadura não apenas o expulsou do Brasil, mas também do sistema de ensino do país, impondo um autoritarismo e associando a educação ao chamado tecnicismo pedagógico, que a afasta de qualquer caráter social. “Não conseguimos sequer agregar qualidade a esse tecnicismo, mas o fato é que ele é uma herança da ditadura e continua forte”, evidencia.

Para Gadotti, o ethos freiriano não está presente nas escolas hoje. “Estaria se tivéssemos uma educação participativa, democrática, em que a escola formasse para a cidadania, como está naConstituição Federal e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Não é só formar para o trabalho, mas para a cidadania, para que o povo participe da construção de uma nação. Ao invés de ‘basta de Paulo Freire’, precisamos de mais Paulo Freire para um país mais decente”, reforça.

Arroyo também compartilha da opinião e demonstra preocupação, sobretudo com a proposta de educação integral. “Não podemos entendê-la como mais tempo de escola, nesse mesmo contexto que estamos inseridos. Seria um desrespeito para o povo e iria contra tudo o que Paulo Freire defendia”, alerta. É fundamental, em sua opinião, que as propostas pedagógicas incorporem os indivíduos em suas totalidades. “Precisamos entender as crianças que chegam às escolas em diversos contextos, o da família negra, o da favela, como filhos de mulheres trabalhadoras. Que saberes e lutas eles trazem consigo para a educação?”, indaga.

“Essas são experiências reais, totais, que exigem uma proposta plural, integrada”, problematiza. Para ele, é urgente pensar que a educação, o currículo diversificado e os saberes prévios podem dar conta de devolver a humanidade roubada das crianças e adolescentes oprimidos. “A função da escola só é integral se ela passa a ser um espaço digno, justo, capaz de recuperar o que lhes roubam”, conclui.

Não Aprendizagens

Rosely Sayão - Folha de São Paulo - 14/04/2015 - São Paulo, SP

Na semana passada, um vídeo bombou na internet. Ele mostra um garoto que agride fisicamente outro, menor do que ele e que chega a chorar por causa da humilhação que sofre, principalmente porque todos que ali estão sabem que a cena está sendo filmada e que, inevitavelmente, seria publicada. E foi. Os garotos devem ter entre 11 e 13 anos.

A cena incomoda por identificar o fenômeno do bullying e, por isso, o vídeo foi tantas vezes replicado nas redes sociais. A maioria dos comentários que li condenava veementemente e violentamente –que ironia, não é?– o protagonista da agressão. Poucos, bem poucos, lembraram-se de apontar um detalhe da cena que é, porém, o mais importante: tudo o que foi documentado aconteceu em uma escola.

A instituição escolar costuma levantar bandeiras e adotar bordões, sendo alguns deles `educar para a cidadania`, `educação para a paz`, `ensinar a aprender` etc. Tudo o que ela consegue, entretanto, é esvaziar de sentido essas expressões e tantas outras que usa.

Você já se deu conta, caro leitor, de que quase todas as situações de bullying e de agressividade descontrolada entre crianças e adolescentes ocorrem na escola? É por isso que as instituições de ensino costumam realizar muitas palestras a respeito do assunto. Mas, ao agirem assim, elas simplesmente declaram, nas entrelinhas, que nada têm a ver com o fato. As famílias é que são responsabilizadas pelo comportamento dos mais novos, não é assim?

Pois é dever da escola ensinar a convivência zelosa, justa e respeitosa dos alunos, entre si e com todos os trabalhadores do seu espaço. Mas o problema é que a escola está ocupada com outras questões que considera mais importantes. Transmitir uma quantidade enorme de conteúdos, por exemplo.

Além disso, ela não sabe como passar para a prática o que declara fazer parte de seu projeto, como a ética e a cidadania. Regras, regras, mais regras e punições: é dessa forma que a escola tenta ensinar a convivência no espaço público.

Já entrei em muitos espaços escolares e vi, pintadas nos pisos, setas indicando por onde os alunos devem descer ou subir uma escada ou caminhar pelos corredores. O objetivo, me disseram, é levar os estudantes a caminhar pelos locais de trânsito sem atrapalhar os outros.

Há coisa mais infantilizadora e inócua? Os alunos simplesmente ignoram ou transgridem tal indicação. E caminham trombando com colegas e arrastando ruidosamente suas malas com aquela enormidade de material didático –ou nada didático. Em resumo: não aprendem nada a respeito do bom uso do espaço coletivo e, menos ainda, a enxergar o outro.

Se você tem filho na escola, caro leitor, deveria preocupar-se com o que ele NÃO aprende por lá, muito mais do que com o que a instituição quer que ele aprenda.

Na maioria das escolas, o aluno não aprende –porque não é ensinado– a participar de um grupo, a conviver respeitosamente sem exceção com todos os colegas, a cuidar dos menores, a pedir a ajuda de um adulto quando precisa, a pensar por si mesmo, a ser crítico, a administrar o seu próprio tempo nos estudos, a fazer escolhas bem informadas, a colocar-se no lugar do outro.

Todos esses ensinamentos têm feito muita falta, principalmente agora, que temos dado aos mais novos tantos maus exemplos.

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