No passado dia 18 de Novembro, dois dias antes do
Transgender Remembrance Day,
o GRIT esteve presente na reunião realizada em Estrasburgo com o
Comissário Para os Direitos Humanos do Conselho da Europa, Thomas
Hammarberg, para debater a discriminação e os direitos das pessoas
transsexuais europeias. Activistas de Portugal, Sérvia, Turquia,
Holanda, Reino Unido, Suécia, França e Alemanha, representaram os
respectivos países na reunião, que cobriu áreas como o reconhecimento
legal da identidade das pessoas transsexuais, acesso aos cuidados de
saúde, acesso à transição por parte de pessoas jovens, integração
laboral, direitos reprodutivos, habitação e discriminação.
A reunião abriu com o
comissário Hammarberg a declarar que 'chegou a altura do T em LGBT'.
Karen Reid, do Secretariado do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos,
discutiu o significado da Convenção Europeia dos Direitos Humanos para
as pessoas transsexuais, os casos já apresentados ao TEDH, e que
ajudaram a estabelecer jurisprudência a nível europeu na área do
trabalho, vida familiar e saúde, embora a maioria dos estados-membros
ainda estejam longe de respeitar espontaneamente essa jurisprudência.
Nicholas Beger, da Amnistia Internacional, e Richard Koehler, da
Transgender-Europe,
falaram do reconhecimento legal da identidade das pessoas transsexuais.
Stephen Whittle, da Press For Change, e presidente do Simpósio
Científico da
WPATH,
falou do acesso aos cuidados de saúde. Bastiaan Franse, da Transvisie,
discutiu o acesso de pessoas jovens à transição, área em que a Holanda
tem sido pioneira, a nível europeu, argumentando não haver razões
científicas para se impor limites de idade no acesso aos cuidados de
saúde.
Lewis Turner, da PFC, e Michelle Kurt, da
Lamba Istambul,
falaram dos crimes de ódio contra as pessoas transsexuais. Kurt apontou
a morte recente de uma mulher transsexual turca, em condições não
esclarecidas, como exemplo da precariedade da situação das pessoas
transsexuais na Turquia. Alexandra Larsson, da Federação Sueca para os
Direitos LGBT, falou do acesso ao emprego, e foi realçado o facto de
que, mesmo em casos de habilitações literárias acima da média, o
emprego e salário das pessoas transsexuais europeiras continua muito
abaixo da média, e que uma percentagem significativa não tem qualquer
acesso ao mercado laboral. Kristian Randjelovic, da Trans Gayten,
relatou a situação na Sérvia, e do trabalho desenvolvido com as
famílias de pessoas transsexuais. Luísa Reis, em representação da
Associação ILGA Portugal, descreveu a situação em Portugal, desde a
ausência de qualquer legislação, incluindo uma Lei de Identidade de
Género, acesso aos cuidados de saúde e ao emprego, e os crimes de ódio
contra pessoas transsexuais, como o caso de Gisberta Salce Júnior. Foi
também entregue o
documento sobre transsexualidade da Associação ILGA Portugal e do GRIT, que inclui uma
proposta de Lei de Identidade de Género.
Thomas
Hammarberg encerrou a reunião apontando a necessidade de mudança no
futuro próximo nas áreas discutidas pelos participantes, e prometendo
que o comissariado, sensibilizado para o tema, irá advogar nesse
sentido.
No dia seguinte, a Associação ILGA Portugal esteve presente numa
reunião com representantes de vários órgãos do Conselho da Europa, e
onde se debateu também a importância do European Social Charter para os
direitos das pessoas transsexuais.
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