Livro aberto é ilusão.
Meu nome é escritura.
A moça que me ensinou:
morre-se, mas perpetua-se
na consciência.
Mas e se não.
Se a vida é que for
consciência.
Morre-se e perpetua-se,
só.
No lugar da consciência,
a existência,
pura e simples,
como os bichos em flor.
Como os ventos.
Tão mais leve que o sabido.
Ou saber: outra
ilusão.
No paraíso perdido, tínhamos a mesma
estirpe.
Depois é que veio o inferno e os bichos ganharam
jeito de instinto
primitivo.
(Já eram os bichos enxergados
sob a luz da consciência.)
Gosto de ser mais que velha.
Primitiva.
Gosto de ter garras.
E, de quarenta em quarenta anos, arrancá-las com o
bico.
Depois quebrar o bico na pedra.
Antes de tudo, arrancar minhas penas, ficar
nua,
nua e só, lá no fundo
da caverna -
como ave
de rapina.
Muita luz cega tanto quanto a treva.
Muita luz fere a vista e fere a alma.
Esta é uma desilusão.