Não te dei todo o meu amor.
Houve uma lembrança
de amor por você,
houve um amor
por você revisitado e,
hora, veja,
o que vi?
Vi que não te dei todo o meu amor.
E sabe um segredo?
Não te dei nada,
meu amor.
O que te dei foi uma sede
que trouxe de um tempo em que a sede
não podia ser saciada.
E uma vontade
de existir em você como o limo
sobre
a pedra.
As pessoas gostam das coisas,
palavras,
sofisticadas e modernas,
como meu amor caberia
nisso?
Meu amor é velho, tênue e frágil,
muito embora não acontecido.
Como um sebo que bóia sobre a água,
ou como um espírito,
não resiste a tantos olhos.
Meu amor só rexiste no escuro,
porque ele é quando luz.
E a alma,
cega.
Não te dei todo o meu amor, mas já
senti:
quero mais vida,
para te dar.