O mundo cabe todo em uma folha de
jornal.
Ou pelo menos a ilusão dele.
Madame lhe dizendo o que vai ser de
você,
detetive descobrindo o que não pode
ser,
relax, programas, garotas e afins.
Aqui e ali, mineração,
porque tudo é escavar,
é ferro,
debaixo da terra se esconde um
tesouro.
Debaixo da terra e nas padarias.
O mundo todo cabe e é incabível,
absurdo e engraçado, visto assim de
perto,
e reunido,
até as mazelas são engraçadas,
até a inveja,
a cobiça,
as disputas
(judiciais ou não).
O mundo todo cabe em uma folha de
jornal,
se na manhã acordo vendo você de olhos
fechados,
sua boca
me falando
o exato contrário do que se passa
à minha volta, e é tão bom
ter de novo dezesseis anos.
Quando eu queria ser exatamente:
cartomante,
detetive
e, relax,
uma garota.
Naquela folha de jornal, tem meu
coração
e várias inutilidades.
Você é uma inutilidade
que também cerca meu
coração.