Medvedev: "O domínio da diversidade material e da geração histórica do
fenômeno ideológico é insolúvel, e mesmo contraditório em qualquer
outra base que não o materialismo dialético".
Veron: "Uma teoria do processo ideológico não pode separar-se da
teoria marxista enquanto teoria econômica.".
Certamente que as frases acima descrevem perfeitamente o fenômeno
ideológico atual reforçando em nosso inconsciente a idéia de que
vivemos em uma sociedade de classe onde a ideologia imperialista é o
capitalismo exacerbado que define as relações entre os indivíduos
desta dada sociedade.
Não tomemos o parágrafo acima como uma manifestação de crítica ao
modo de vida contemporânea, nem tão pouco como a visão partidária de
um agente da classe produtora da sociedade. Os termos "Ideologia
Imperialista" e "Capitalismo Exacerbado" foram utilizados para
descrever de forma mais objetiva o sistema social em que vivemos e que
vem sendo construído e adaptado ao longo dos séculos como legado, para
ser seguido pela humanidade. Somente nas últimas décadas com o grande
aumento demográfico da população este sistema ideológico tem tomado
uma dimensão geográfica de escala mundial, o que criou o atual
conceito de globalização. A economia mundial de mercado serve para
manter a hierarquia econômica, governamental, social e cultural
estabelecida entre os países, onde grupos de organizações mundiais são
criados para gestão desta estrutura.
A ideologia é a forma pela qual a humanidade se estruturou ao longo de
toda a sua história, e como a sociedade definiu suas classes,
assegurou a relação dos homens entre si e com suas condições de
existência e, também como adaptou os indivíduos as atividades que lhe
foram fixadas. Historicamente as bases de toda a ideologia sempre
foram; diversidade material e a economia, extraindo aqui duas palavras
fundamentais das célebres frases de Medvedev e Veron, que foram além
de sua época quando estabeleceram uma condicionante de base e uma
temporal respectivamente, para início de qualquer discussão sobre o
assunto. Pois se a sustentabilidade de uma sociedade está na produção
e nas condições de reprodução desta mesma produção, como imaginar um
colapso deste sistema em um tempo relativamente curto se não apenas
por uma hipotética mudança de rota da vida no planeta, colocando em
seus conceitos parâmetros apenas para nortear suas visões.
Durante toda a história da humanidade a conquista de novas terras
sempre significou a busca pela harmonia da convivência em sociedade
pela conquista da diversidade material, sustentação da cadeia de
produção e assim a liderança econômica tendo por fim maior
independência e soberania. Para tanto as ciências empreenderam-se em
desenvolver varias tecnologias primeiramente militares e industriais,
reforçando as idéias de conquistar e produzir. A partir de então as
cadeias de produção foram criadas para adquirir matéria prima
extraindo os recursos naturais do meio ambiente, recrutar indivíduos
da sociedade para os processos de industrialização e comercializar com
valor agregado para a sociedade de consumo, assim uma forma clássica
de sociedade se estabeleceu nos últimos séculos. Porém com o avanço da
tecnologia da informação e automatização dos processos de fabricação
evoluíram as formas de administração e gestão de pessoas e negócios,
surgiram outras formas de produção que movimentam uma economia ainda
maior que a gerada pela produção clássica, a mão de obra agora não se
restringe a um site industrial, mas está presente na prestação de
diversos serviços domésticos e intelectuais este último criando até
mesmo uma sociedade virtual onde toda a vida se processa em meio a um
ambiente informatizado em rede mundial de comunicação. Tal fenômeno
serve como um ambiente propício para proliferação de uma ideologia
capitalista sendo esta agora a verdadeira face de um fenômeno que
estruturou a sociedade desde que passou a abandonar as suas velhas
crenças, mitos e a dureza de suas convicções religiosas, para viver,
pensar, querer e dizer permitindo aprisionar-se por sua própria
ambição. Esta nova ideologia vive em meio a uma intensa turbulência
existencial em conflitos sociais com uma luta acirrada de classes;
econômica pela distribuição de renda, pagamento de impostos, a
valorização de moedas, o valor dos salários e outros, cultural pelas
constantes mudanças de comportamento dos hábitos e costumes que
transcendem as fronteiras entre os países. Leis precisam ser criadas,
para atender as contingências, exigindo uma dinâmica que a própria
sociedade e seus legisladores ainda não adquiriram tentado compreender
seus próprios comportamentos e tendências emergentes, assim muitos
casos passam a ocorrer sem ao menos ser julgados ou ainda previstos.
Devido a tamanha velocidade do desenvolvimento a pequena minora que se
define como classe dominante perde noites de sono e investe pequenas
fortunas na busca da solução para o problema: Uma sociedade que tem
como princípio a dignidade da pessoa humana e a vida como valor pátrio
e com milhares de desempregados, famintos, indigentes, excluídos, que
proliferam-se velozmente sobre a face da terra, enquanto observa
indiferente a sua própria decadência, trancada em seus castelos de
areia, ou pelo vidro da janela de seus carros. Um sistema que a cada
dia começa a apresentar rachaduras; corrupção de autoridades,
violência urbana, estados paralelos formados pelo crime organizado,
exploração de menores, gerando medo e insegurança dentro desta
sociedade, que não sabe onde seu destino vai parar.
Enquanto a ideologia capitalista preocupou-se em ampliar suas cadeias
produção desenvolver tecnologias e mercados, a maior parte da
sociedade ficou excluída, sem empregos, salários, escola, saúde,
segurança e todo o tipo de serviço social que se possa imaginar. Mesmo
assim as cidades expandiram-se, fábricas de alta capacidade de
produção trabalham ininterruptamente para atender as demandas da
sociedade, toneladas de lixo urbano de todo o tipo é jogado em aterros
sanitários, dejetos e lixo escoam para os rios, efluentes industriais
contaminam e matam os rios, toneladas de gases nocivos à atmosfera são
lançadas para o céu, o barulho ensurdecedor, o ar carregado de gases
tóxicos e o odor tornam a vida urbana cada vez mais difícil. Esta
mesma sociedade ainda enfrenta outros problemas como maus hábitos
alimentares, jovens e adultos alcoólatras ou viciados em drogas
extremamente poderosas, propiciando uma debilidade genética para
doenças infecciosas que ainda não possuem cura. Recentemente com
avanço da tecnologia genética foi possível alterar geneticamente
plantas que se destinam para o consumo humano criando os chamados
alimentos transgênicos, na verdade ainda não foram concluídos todos os
estudos a seu respeito e por este motivo não é possível prever a suas
conseqüências pelo consumo humano ou para o meio ambiente, mas o fato
é que já estão sendo produzidos em larga escala e consumidos pela
humanidade. Monoculturas são expandidas, plantas e animais exóticos
são introduzidos a ambientes estranhos, enquanto outros são extintos
da face da terra, apenas insetos e pragas acham espaço para
proliferar.
Em conseqüência disto o planeta sobre diversas agressões, o ar, os
rios, o mar, e a terra são poluídos ou ainda alguns não podem mais ser
recuperados, animais e plantas são extintos, fazendo da humanidade um
câncer a contaminar o planeta. Em resposta o planeta aflige as cidades
e o campo, com secas, enchentes, calor e frios que vão e que vem fora
de temporada, colheitas inteiras são perdidas e toda uma safra
comprometida, cidades são inundadas para dar lugar às hidrelétricas, a
preocupação com as fontes energia passam a exitir, uma preocupação
ainda maior com a escassez de água já começa a ser sentida e o
aquecimento global desenfreado já produz alterações climáticas no
planeta e abre discussão para o futuro da humanidade dentro dessa
realidade.
Organizações mundiais preocupadas com o futuro do planeta recentemente
apresentaram estudos com dados estatísticos sobre o avanço da
degradação do meio ambiente, suas causas, e até quando o planeta
conseguirá suportar a vida na terra. A partir de agora uma nova
consciência está sendo tomada, ou seja a convicção de que o planeta é
um ser vivo que precisa ser preservado para que possa oferecer
condições de vida na terra, ou em pouca décadas estaremos clamando por
condições mínimas de sobrevivência. Somente agora a Ideologia
Imperialista do Capitalismo percebeu que é preciso considerar o meio
ambiente em que vive antes de tudo, sob pena de estar sentenciando a
própria morte, e está convocando até mesmo países que lideram a
economia mundial a assinar tratados de proteção ao meio ambiente. Não
é supresa alguma que estas potencias mundiais venham a aceitá-los,
pois refere-se à um problema que afeta a vida sobre a terra, não
podendo aqui fazermos quaisquer ponderações.
Mas espere, não há motivos para que se pense ser este o momento para
qualquer afrouxamento da atual ideologia, trazendo algum tipo de
benefício ou inclusão, para a maior parte da sociedade que já vive
verdadeiramente em meio a um colapso do sistema social. Os estudos
concluíram que apenas 3% de toda a econômica mundial produzida é
necessárias para reverter os danos causados ao meio ambiente e salvar
o planta em um prazo relativamente curto, por isso começam a
desenvolver políticas ambientais, e desenvolvimento industrial auto
sustentável ambientalmente, além da criação de créditos verdes, que já
indicam uma clara capitalização do meio ambiente e porque não dizer da
vida, pois sem o primeiro a segunda não é viável. Políticas para o
desenvolvimento da conscientização da preservação do meio ambiente já
começam a ser implantadas, para convocar a sociedade a mudar seu
comportamento enquanto isto não custa dinheiro algum. Mesmo assim já
estamos nos habituando a comprar água mineral algumas vezes de origem
duvidosa e logo estaremos a pagar mais impostos para que o governo
possa direcionar novos recursos para a proteção e melhoria do meio
ambiente. Na verdade a diferença social tende a aumentar a cada vez
mais pela disponibilização e acesso a recursos naturais, enquanto
algumas manchetes já anunciam que empresários afirmam: "Preservar o
meio ambiente é um bom negócio".
Tudo indica que a Biodiversidade da Natureza já faz parte da Ideologia
do Capitalismo, cumprindo assim a teroria de Daisen estabelcida por
Heidegger , onde o homem não é o centro mas um ser dotado de um
objetivo finito, que modifica e é modificado pelo ambiente em que vive.