Para mim e para muitos que trabalham entre os muros de uma fábrica
como a jovem da estória, ainda é o som da sirene que nos chama pra
dentro ou convida-nos a sair. Na sua rotina, ela nos avisa a hora da
refeição, do descanso, de ir pra casa e voltar ao trabalho. Enfim,
diariamente ao seu som reorganizo a vida, até que um dia, ao som de
uma sirene celestial, vez por todas tudo será reordenado em
transbordante justiça e paz.
Muitos ao ouvir a sirene da fábrica, talvez não se sintam tão
provocados como o rapaz do nosso conto. Entretanto, pra mim, ela é
muito distinta e marcante. Não tem como ignorar. Escondida aos meus
olhos, mas escancarada aos ouvidos, as vezes ela chora melancólica.
Por vezes soa como espada - comprida e chata. No fundo, acho que ela
não muda sua canção. Sinto que é o que está dentro de mim que me faz
ouvi-la em escalas e timbres mutantes como vento. Percebo isso quanto
estou motivado ou ansioso, pois ao seu som faço uma prece: “Bendito
aquele que te despertou”... e Fred Flintstone na pedreira canta:
“Yabba-dabba-duuuu”!
Heron Caetano