Simpósio:
Percursos, exílios, territórios: a literatura judaica e hebraica contemporâneas
Coordenadores:
Prof. Dr. Luis Krausz (USP)
Profa. Dra. Lyslei Nascimento (UFMG)
A fusão e o trânsito entre culturas e tradições, além dos conceitos de nação e território, são paradigmáticos no que diz respeito à literatura hebraica e judaica, tanto as produzidas fora do espaço da nação, antes da fundação do Estado de Israel, quanto as que, no esforço de se empreender um consenso nacional literário, são escritas pós 1948. As múltiplas faces da identidade judaica na literatura hebraica e judaica do século 20 passam, assim, pela diáspora, ou seja, por países e regiões distintas como, por exemplo, Prússia, Alemanha, Itália, Galícia, Áustria, Ucrânia, Rússia, Lituânia, Polônia, além das Américas, e, por fim, Palestina-Israel. No repertório literário desse período, predominaram, a princípio, um modelo cristalizado do “judeu da diáspora”, em que se destacavam personagens miseráveis e degeneradas da aldeia; e, posteriormente, o modelo da vanguarda, do desenraizado. Por um lado, a degenerescência, que havia nos enredos provinha da estética realista e do naturalismo europeus; por outro, na formação dos personagens judeus percebia-se a observação do mundo judaico pela ótica negativa da ideologia sionista que, após o seu clímax, sofreu críticas e abalos. Com a passagem da literatura hebraica para a Palestina, um novo modelo penetrou gradativamente no repertório literário judaico. As personagens eram agora “o judeu da Terra de Israel”, portanto, corajoso, orgulhoso, nativo e enraizado, calcadas no ideal romântico, em contraste com os modelos realistas que vigoraram até então. A partir da decepção no que se refere ao Sionismo, outra geração livrou-se do “nós” do coletivismo, desenvolvendo uma temática individualista, na qual se explorou o tema existencial. As gerações literárias que se sucederam em Israel, com grande rapidez e vitalidade, indicam a preocupação dos escritores com uma ampla variedade de situações ali desenvolvidas – em especial como consequência das condições específicas do país que, nos seus anos de existência, enfrentou guerras, modificações demográficas e político-sociais. Há, ainda, na contemporaneidade, uma tentativa de fazer uma revisão espiritual e estética na imagem do novo Israel. Aparentemente, cessou-se o diálogo com a longa cadeia genealógica e tradicional da literatura hebraica, o que apontaria para uma percepção pós-modernista de fragmentação, ruptura ou descrença nas grandes utopias. Questões como a existência ou não de um eixo comum entre as gerações de escritores; da possibilidade da representação de valores éticos e estéticos na literatura e dessa literatura poder traduzir o prisma das diversidades e das variedades culturais, étnicas, tradicionais judaicas são desafios a serem empreendidos. A pertinência da existência de gerações e grupos distintos de escritores ou se existe ainda uma ligação com o passado pré-israelense da literatura hebraica; bem como se ainda existem limites nítidos e fixos entre a ficção dita canônica e a literatura não canônica apontam para outras tensões a serem estudadas. Além disso, qual seria o significado do pendor por uma literatura confessional ou documentaria em Israel e na diáspora; como o movimento feminista ou a religiosidade pressionariam a literatura judaica; qual seria a importância e o impacto da Shoá sobre a literatura judaica; e, se essa literatura ainda mantiver a missão tradicional de “observador da Casa de Israel”, ou melhor, o profeta, o visionário, qual seria o seu status público e de seus escritores no discurso israelense em geral? Ou seja, como essas literaturas forjaram e ainda forjam um vínculo com a tradição judaica? Quais seriam os traços ou as marcas incorporadas, na literatura, das nações em que essas literaturas são produzidas? Como estão contempladas na literatura Imigração, emigração e as condições de trânsito judaico no mapa mundial? Transnacionais e extraterritoriais, avant la lettre, em que medida esse percurso às avessas dialoga com o debate sobre as fronteiras fixas ou fluidas na contemporaneidade? Como as noções de território e de desterritorialização podem ser vistas diante das condições de texto e contexto de sua produção e recepção? Essas e outras perguntas e reflexões estarão em debate nesse simpósio que abarcará esses temas, caros à literatura judaica da diáspora e israelense, bem como aos diálogos dessas literaturas com outras, não judaicas, mas que tenham com elas interfaces.
PROCEDIMENTOS PARA SUBMISSÃO DE TRABALHOS AOS SIMPÓSIOS
Período de envio das propostas de comunicação: 2/1 a 19/4/2013 pela página do congresso, www.eventosabralic.com.br.
Resultados: 26/4/2013.
Cada comunicação poderá ter, no máximo, dois autores.
A condição mínima para submissão é possuir título de Mestre.
Cada autor deverá escolher um único simpósio e enviar uma única proposta.
O pagamento da taxa deverá ser realizado apenas após o recebimento do aceite.
Outras instruções no site da Abralic: www.abralic.org.br ou no e-mail: lys...@ufmg.br.
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