TAYLOR, Charles. Uma Era secular. Tradução de Nélio Schneider e Luzia
Araújo. São Leopoldo: UNISINOS, 2010. 930 p. Título original: A Secular
Age
O livro é o resultado das Gifford Lectures, realizadas por Charles
Taylor (1931) em Edimburgo, na primavera de 1999.
Na busca de uma resposta ao problema de saber “o que é viver em uma era
secular?” o autor apresenta inicialmente duas possibilidades de
resposta. A primeira diz respeito às instituições e práticas comuns e
engloba o Estado. Por ela, a religião, ou mesmo a sua ausência, é uma
questão privada. Num segundo sentido, por secularidade se entende o
abandono de convicções e práticas religiosas.
Não satisfeito com o segundo sentido – principalmente com a afirmação de
que a ciência refuta e abafa a crença religiosa-, Taylor menciona ainda,
um terceiro, baseado nas condições de fé.
A mudança para a secularidade nesse sentido consiste, entre outras
coisas, na passagem de uma sociedade em que a fé em Deus é
inquestionável e, de fato, não problemática, para uma na qual a fé é
entendida como uma opção entre outras e, em geral, não a mais fácil de
ser abraçada. (TAYLOR, 2010, p. 15)
Com isto ele pretende desviar a atenção para as condições de crença. A
idéia é centralizar a atenção nos “diferentes tipos de experiência
vivida envolvidos na compreensão da vida” dos que se afirmam como
crentes ou descrentes.
Somente a identificação de como essa mudança da experiência vivida
ocorreu, será capaz de colocar de modo apropriado a questão, evitando
ingenuidades do tipo da que afirma que a descrença é o desaparecimento
gradual do sentido da plenitude.
A secularidade moderna significou o abandono de uma compreensão do
dilema humano em que o homem não se encontrava no topo. Em outras
palavras,
[...] o surgimento de uma sociedade na qual, pela primeira vez na
história, um humanismo puramente autossuficiente tornou-se uma opção
amplamente disponível. Quero dizer com isso um humanismo que não aceita
quaisquer objetivos finais além do próprio florescimento humano, nem
qualquer lealdade a nada além desse florescimento. (TAYLOR, 2010, p.
32-33)
E este foi um feito inédito na história das sociedades.
Atenciosamente,
Núcleo de Direitos Humanos - Unisinos.