Purga em Angola aborda os acontecimentos ocorridos no dia 27 de Maio de 1977. Militantes, simpatizantes, amigos e familiares dos "purgados", dezenas de milhares de pessoas, passaram por cadeias, campos de concentrao . Muitos foram mortos aps aterradores interrogatrios ou em fuzilamentos sumrios. Por estranho que possa parecer as atrocidades cometidas no Chile de Pinochet assume uma modesta proporo quando comparadas aos acontecimentos de 77 em Angola.
impossvel compreender os acontecimentos do 27 de Maio sem recordar a histria do MPLA e de um "outro" MPLA, que se constitui margem do MPLA organizado de grandes nomes.
Aps 32 anos grande parte do mundo continua sem saber o que realmente aconteceu. Este livro tenta cruzar toda a informao e descrever para entendimento comum o que ter sido o 27 de Maio de 1977 e como esses acontecimentos
O Tribunal Criminal de Lisboa, no Campus da Justia, o palco do julgamento de Maria Eugnia Neto, acusada de difamao pelas declaraes que esta fez numa entrevista concedida revista "nica" e publicada no jornal portugus Expresso de 5 de janeiro de 2008.
A queixa-crime apresentada pela investigadora Dalila Cabrita Mateus contra a viva do primeiro Presidente de Angola, Agostinho Neto, resulta das afirmaes da arguida, que nessa entrevista qualificou a historiadora portuguesa de "desonesta e mentirosa".
Dalila Mateus, coautora do livro "Purga em Angola", publicado em 2007, sentiu-se seriamente ofendida depois de ler na referida entrevista a resposta de Eugnia Neto questo colocada por dois jornalistas do Expresso a propsito das anunciadas 30 mil mortes resultantes do 27 de maio. Esta data tem a ver com os acontecimentos ocorridos em 1977 e nos anos seguintes contestao interna liderada por Nito Alves contra o rumo que ento seguia o Movimento Popular de Libertao de Angola, o MPLA.
Ser este o mote do julgamento que decorre at o dia 13 de maro. Na primeira sesso desta quarta-feira (27.02.2013), dirigida pela juza Ana Paula Figueiredo, foram ouvidos a lesada Dalila Mateus, bem como o jornalista Jos Pedro Castanheira, que conduziu a entrevista exclusiva com a colega Cndida Pinto.
No final da audincia, o advogado da queixosa, Srgio Braz, preferiu no prestar declaraes at que esteja concludo o julgamento. Numa reao prvia a um e-mail endereado pela DW frica, Dalila Mateus apenas manifestou confiana na justia portuguesa e na independncia do poder judicial.
Entrevistada pela DW frica em maio do ano passado, a propsito dos acontecimentos de 27 de maio de 1977, a investigadora explicou ter comeado a fazer entrevistas a antigos presos polticos devido sua tese de doutoramento.
Ouvi presos de Angola, de Moambique, da Guin que me contaram todas as torturas infligidas pela PIDE", a polcia poltica da ditadura portuguesa. "Depois, para o livro sobre o 27 de maio ouvi os presos angolanos narrar tudo aquilo que sofreram nas cadeias." Muita documentao que sustenta o trabalho da pesquisadora, as gravaes e as transcries de todas as entrevistas, est depositada no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, acrescentou Dalila Mateus.
O julgamento prossegue esta quinta e sexta-feira (28 e 29 de fevereiro) para audio de outras testemunhas arroladas pela queixosa, entre os quais o historiador Fernando Rosas. O ex-presidente da Repblica Portuguesa, Ramalho Eanes, uma das testemunhas da defesa, deve prestar depoimento por escrito.
Purga em Angola aborda os acontecimentos ocorridos no dia 27 de Maio de 1977. Militantes, simpatizantes, amigos e familiares dos "purgados", dezenas de milhares de pessoas, passaram por cadeias, campos de concentrao . Muitos foram mortos aps aterradores interrogatrios ou em fuzilamentos sumrios. Por estranho que possa parecer as atrocidades cometidas no Chile de Pinochet assume uma modesta proporo quando comparadas aos acontecimentos de 77 em Angola. impossvel compreender os acontecimentos do 27 de Maio sem recordar a histria do MPLA e de um "outro" MPLA, que se constitui margem do MPLA organizado de grandes nomes. Aps 32 anos grande parte do mundo continua sem saber o que realmente aconteceu. Este livro tenta cruzar toda a informao e descrever para entendimento comum o que ter sido o 27 de Maio de 1977.
(...) Mas o livro mais polmico, escrito tambm em colaborao com lvaro Mateus, foi "Purga em Angola" (2007), dedicado aos acontecimentos de 27 de Maio de 1977, em Angola, quando o exrcito angolano, apoiado pelas tropas cubanas, reagiu a uma mobilizao de contestao liderada por Nito Alves e Jos Van Dunen com um massacre que vitimou milhares de pessoas (a historiadora calculou em 30 mil o nmero de vtimas). A historiadora no hesitou em responsabilizar directamente o ento presidente da Repblica Popular de Angola, Agostinho Neto, pelo massacre, em que tambm morreu a portuguesa e ex-militante do PCP Sita Valles. in www.esquerda.net
Nito Alves e Jos Van-Dnem tinham sido formalmente acusados de fraccionismo em Outubro de 1976. Os visados propuseram a criao de uma comisso de inqurito, que foi liderada pelo actual Presidente angolano, Jos Eduardo dos Santos, para averiguar se havia ou no fraccionismo no seio do partido.
As concluses desta comisso nunca chegaram a ser divulgadas publicamente mas, segundo alguns sobreviventes, revelariam que no existia fraccionismo no seio do MPLA. De acordo com o livro, o prprio Jos Eduardo dos Santos e o primeiro-ministro de ento, Lopo do Nascimento, seriam tambm alvos a abater pela cpula do MPLA. O actual Presidente ter sido salvo pelo comissrio provincial do Lubango, Belarmino Van-Dnem.
Os autores do livro chegam mesma concluso depois de cruzarem a informao recolhida, desde entrevistas a sobreviventes, ex-elementos da polcia poltica (DISA) e antigos responsveis do MPLA, a notcias ou arquivos da PIDE e do Ministrio dos Negcios Estrangeiros portugus.
O livro tenta reconstruir os acontecimentos antes, durante e ps 27 de Maio de 1977 e d conta de testemunhos que referem os horrores a que os chamados fraccionistas foram submetidos, desde prises arbitrrias, a tortura, condenaes sem julgamento ou execues sumrias.
O apontado lder do alegado golpe de Estado ter sido fuzilado, mas o seu corpo nunca foi encontrado, tal como o dos seus mais directos apoiantes como Jos Van-Dnem e a mulher, Sita Valles, que foi dirigente da UEC, ligada ao Partido Comunista Portugus, do qual se desvinculou mais tarde, e foi expulsa do MPLA.
O Governo angolano prepara, pela primeira vez, uma homenagem s vtimas dos conflitos em Angola no prximo dia 27, dia que assinala mais um aniversrio dos massacres de 1977, quando milhares de pessoas foram mortas pela represso governamental, que muitos consideram uma purga no seio do MPLA, partido no poder.
Pela primeira vez, em 44 anos, o Governo angolano vai realizar uma cerimnia para assinalar o 27 de Maio, uma alegada tentativa de golpe de Estado, que dever reunir sobreviventes e rfos, de acordo com o programa governamental.
Francisco Queiroz marcar presena na denominada Homenagem s Vtimas dos Conflitos Polticos, na Praia da Independncia, em Luanda, juntamente com um representante da Fundao 27 de Maio e um antigo -membro das Foras Armadas Populares de Libertao de Angola (FAPLA).
O livro da jornalista britnica Lara Pawson, Em Nome do Povo, lanado em Portugal no dia 7 de Junho. Ao l-lo entra-se numa viagem a fundo pelos acontecimentos de Maio de 1977, uma questo interna do MPLA que provocou muitas mortes e afectou inmeros angolanos, inclusive as geraes seguintes, pela dificuldade que deixou de gesto de diferendos e crticas, assim como a banalizao da represso. Lara Pawson deitou mos a uma pesquisa apurada, falou com vrias fontes, sobreviventes, familiares, envolvidos, estudiosos, testemunhas, colaboradores. Uns mais annimos que outros, as suas vidas estiveram irremediavelmente ligadas a este momento.
Alm de uma escrita jornalstica apelativa e abrangente, que nos deixa aceder ao mundo denso de cada personagem e de cada figura retratada, o livro permite-nos acompanhar o processo de pesquisa e o posicionamento da autora, com as suas hesitaes, entusiasmos e dificuldades, e chegar ao entendimento de algumas causas e consequncias do massacre. Assunto to delicado, no foi certamente fcil compor, 37 anos depois, com memrias to divergentes e traumticas, esta narrativa. Mas o resultado um livro que contribui para esclarecer a complexidade desse perodo, fazendo a ponte com o presente do pas.
Lara Pawson vive em Londres e trabalha como jornalista freelance. J foi correspondente da BBC em Luanda de 1998 a 2000, e na Costa do Marfim, Mali e So Tom e Prncipe. O Rede Angola teve uma conversa com a autora do livro, publicado pela Tinta-de-China, do qual pode ler no REDE ANGOLA, em EXCLUSIVO, a introduo.
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