Flávia de Castro Alves (UnB & NTL)
Andrey Nikulin (UnB & NTL & uOttawa)
Diogo Koga (PPGL/UnB & NTL)
Victoria A. dos Santos(IC/UnB & NTL)
Resumo
O estudo, realizado
colaborativamente no âmbito do Projeto Canela, busca descrever a semântica e a sintaxe de construções com semântica reflexiva na língua indígena Canela (complexo dialetal Timbira, família Jê, tronco Macro-Jê),
falada pelos povos homônimos no estado do Maranhão. Foi constatado que o marcador reflexivo amji ocorre em diferentes
construções com semântica reflexiva relacionada. Além de uma leitura reflexiva prototípica, em
que amji codifica um paciente (que funciona como objeto direto) e seu antecedente codifica um agente (que funciona como sujeito), o amji possui uma
leitura que estamos chamando de extensão metafórica, entre outras diferentes possibilidades - a saber, ênfase e aspecto incoativo (este apenas com verbos monovalentes,
incluindo os descritivos e os intransitivos).
Quanto aos tipos de posições argumentais em que o marcador reflexivo amji pode aparecer,
além daquela de objeto direto mencionada acima, o Canela permite amji na posição de objeto indireto
(mã DAT) e, adicionalmente, como complemento de inúmeras posposições (to INST, pê MAL),
permitindo inclusive reflexivos locativos (encabeçados pelas posposições locativas kãm, nã, kôt…
). A língua também permite amji em posições não argumentais como, por exemplo, modificador dentro do sintagma nominal.
Esta apresentação visa descrever a construção reflexiva prototípica do Canela e seus desenvolvimentos subsequentes, na gama de funções que são adquiridas por construções que em algum momento tiveram (apenas) uma função reflexiva.