Carta de denúncia.
Tentativa de invasão da Terra Indígena Awá e intimidação aos Ka’apor da Terra Indígena Alto Turiaçu
Nos últimos dias, um senhor que se identifica como “Goiano filho” vem assediando as lideranças e moradores indígenas da aldeia Xie Pihun Renda do povo Ka’apor, localizada na Terra Indígena Alto Turiaçu (município de Centro Novo do Maranhão-MA).
O pai do senhor em questão é um conhecido antigo, que cometeu diferentes crimes na região, além de grilar a terra indígena, era chefe de serraria dos anos 1990 até 2000, um dos responsáveis pela devastação da região. Inclusive conhecido por contratar pistoleiros para execuções e intimidação de trabalhadores.”Goiano Filho” alega que ele tem posse legítima, herdada de seu ´pai, sobre uma propriedade localizada na Terra Indígena Awá
A aldeia Xie fica nas bordas da Terra Indígena, criada aí já com objetivo de não deixar invasores se instalarem.
O invasor “Goiano filho” chegou mesmo a “negociar” sua permanência criminosa, querendo fazer ele mesmo uma demarcação da suposta propriedade com a intenção explícita de construir “benfeitorias”, colocar gado, levar máquinas, material de construção e plantar lavoura na Terra Indígena Awá.
O invasor inclusive acusa uma das lideranças indígenas principais do povo ka’apor de ser “invasor” dessas terras! Segundo o invasor, o povo Ka’apor estaria “usufruindo” da fazenda. O invasor os acusa de invadirem uma terra indígena.
Essas tentativas foram repudiadas pelas lideranças da aldeia que buscaram a Funai, da qual aguardam providências. Ao saber, o invasor disse que não queria que se “partisse para esses lados” [isto é, que não queria que os indígenas acionaram os órgãos competentes], mas que queria “resolver entre a gente”, que “não precisa de a gente ir para Imperatriz [MA], não” [Imperatriz é onde fica o escritório da Funai com jurisdição sob as TIs em questão] que “ficaria fácil”.
A Terra Indígena Awá (do povo Awá-Guajá que mantém estreitas relações políticas e de parentesco com o povo Ka’apor) é um dos principais alvos de criminosos que buscam acabar com a Amazônia maranhense - madeireiros ilegais e fazendeiros grileiros.
Assinam, rede de apoio ao povo Ka’apor:
Gustavo de Godoy e Silva, Universidade do Texas em Austin
Cristabell López, Operação Amazônia Nativa (OPAN)
Claudia Leonor López - Museu Paraense Emílio Goeldi
Alessandro Campos - Universidade Federal do Pará/Festival Internacional do Filme Etnográfico do Pará
André Sanches de Abreu, Universidade de São Paulo
Vitória Gonçalves de Aniz, Universidade de São Paulo