No mundo onde eu cresci, município de Pio IX, cidade do interior do Estado do Piauí, partido político existia apenas para disputar eleição. Meu pai, dirigente local do PSDB, sempre se preocupou apenas com a situação do nosso município. Para ele, tudo, até hoje, gira em torno de um único problema, a má gestão de quem governa.
Então por um longo período acreditei que a solução para mudar a realidade da sociedade poderia se resolver através do voto. Com Lula na presidência me convenci de que eleição não é capaz de fazer reais transformações. Como não acreditava mais nessa ilusão e só conhecia partido na disputa eleitoreira da minha cidade ou nas propagandas eleitorais, todo partido pra mim era motivo de desconfiança.
Discurso de candidato não me convencia mais de nada. Quer transformar a sociedade? Pois então vamos construir lutas de verdade. Foi isso o que aprendi no Movimento Estudantil e é justamente por isso que entrei no PSTU.
Sendo assim, se foi no Movimento Estudantil que me tornei um ativista apartidário, foi no Movimento Estudantil, depois de um certo amadurecimento, que soube reconhecer a necessidade dos partidos políticos para a organização da classe trabalhadora. Graças ao Movimento Estudantil que pude conhecer realmente o PSTU, sempre presente, construindo lutas.
Demorei para ter certeza, mas enfim percebi que para o meu partido eleição não é o princípio, muito menos o fim. Eleição é apenas uma tática e o nosso foco é a ação direta, através da luta dos trabalhadores.
Mas como acreditar que esse discurso não é mentira? Foi o que perguntei em uma entrevista com o camarada do partido, Geraldo Carvalho, candidato a governador pelo PSTU nas eleições de 2010. Ele respondeu que era preciso analisar se o discurso se aliava com a prática. Portanto não fui convencido só pelo que foi dito e está escrito. Palavras podem ser bonitas, mas não valem nada caso não se materializem objetivamente na realidade.
E o meu partido caminha lado a lado, por onde é possível dialogar com a consciência dos trabalhadores, sem jamais desrespeitar nossos valores e princípios, pois temos o centralismo democrático como base da nossa organização. Portanto nem todo partido é igual. O meu partido, por exemplo, é assim, um partido da classe trabalhadora.
Por isso, nesse caso, afirmo com convicção de que não tenho sido contraditório. Pelo contrário, ao entrar no PSTU estou consolidando minha escolha de vida, ser um lutador, socialista e revolucionário.
Não foi a toa que segurei o choro quando decidi entrar no partido. Era o último dia do primeiro congresso da ANEL. Estava grampeando as páginas com as resoluções a serem aprovadas a instantes na plenária final. Neire, militante do PSTU que estava nos acompanhando no pré-núcleo, me chamou para conversar e fez o convite. Pensei um pouco e respondi positivo. Ela me abraçou, saiu e eu voltei a cumprir minha tarefa. Meu coração batia forte no peito, meus olhos ardiam, respirei fundo, segurei as lágrimas e continuei o trabalho que estava fazendo.
Eu sabia o compromisso que havia assumido a partir daquele momento. Ser mais um militante do PSTU significa mais que números, é um passo a mais rumo ao socialismo. Mesmo que seja um passinho de formiga, sou um a mais e não só mais um, pois o partido me valoriza enquanto o indivíduo que sou e ao mesmo tempo me faz ser coletivo a todo instante, a cada hora, em qualquer lugar.
Isso me emociona e me enche de alegria. Hoje tenho orgulho de dizer que sou socialista, internacionalista, militante do PSTU, da Liga Internacional dos Trabalhadores (LIT) e que construo a Quarta Internacional.
Aprendi que para ser socialista não basta dizer, é preciso se organizar e lutar.