Desculpem não estar participando como gostaria, mas a produtividade que
a educação nos cobra está me impedindo de aprender mais com vocês.
Consegui ler as mensagens e estou gostando bastante do debate, no qual
taquigraficamente tentarei pontuar algumas coisas. :)) Pelo menos acabei
de assistir a ressurreição do HD :)))
1 - O Cluetrain sempre me pareceu uma coisa muito próxima do sistema :)
Uma vez, faz tempo, escrevi um texto sobre as coisas que vão até um
certo ponto mas morrem na praia. (e sobre as margens, os limites e as
rupturas)
começa aqui
http://www.gutierrez.pro.br/onde/2003/10/reflexos-que-floresce-o-paradigma-da.html
e continua aqui
http://www.gutierrez.pro.br/onde/2003/10/navegar-o-barco-para-nos-levar-para-o.html
Não estou certa se, qdo fala em "mercado", o Cluetrain está querendo
falar do que usualmente se chama Mercado (grafado assim com maiúsculas
porque quase sempre tem o status de pessoa, pois o Mercado
determina\exige, o Mercado se angustia, o Mercado, se anima, ....).
Porque o Mercado não tem nada de conversação, ele tem é um discurso bem
fechadinho que é o discurso do capital.
É por não sair do sistema do capital que penso que o Cluetrain vai só
"até ali".
2 - É por aí que temos de ter visão crítica em relação a supostos novos
paradigmas da web, como a web 2.0 (uma revolução do mundo dos negócios,
como quer O'Relly, que cunhou o termo). Na web do usuário autor, a
produção do usuário pode ser apropriada pelos donos das plataformas e
dos aplicativos que a põe em rede (olhem os termos de uso de certos
sites; olhem toda esta função em torno dos 'objetos de aprendizagem').
(Trabalho morto, diria Marx. Conhecimento tácito cristalizado na
máquina, na era industrial)
3 - A Escola.... A educação vive em torno de uma anomalia chamada
vestibular. Mesmo a educação daqueles que nem vão fazer vestibular.
Assim, com tanto conteúdo a ser depositado nos pobres educandos, fica
difícil aprender. E fazer qualquer tipo de mudança dentro das escoilas.
4 - O uso da tecnologia (TICs), de um modo geral traz mais trabalho para
o professor neste contexto. Vou dar um exemplo: fizemos um trabalho
interdisciplinar usando blogs, onde cada professor orientava alguns
grupos (5 turmas x 6 grupos em cada). Nenhuma virgulinha do conteúdo das
diversas disciplinas deu espaço para que este trabalho ocupasse mais que
alguns minutos da sala de aula. Alunos pesquisando e postando em blogs,
professores lendo blogs e comentando, repondendo emails.... Diz uma
professora: agora eu tenho de ler tudo e dar parecer escrito
(comentários). Pior, em casa!
É por estas que os professores por vezes reagem muito mal à menção de
TICs na educação.
5 - A ruptura, e eu penso que é necessária em tantas frentes, passa por
reconhecer que o trabalho continua explorado, que a tecnologia não é
neutra nem si mesma, qto mais nos usos que a sociedade das mercadorias
propõe.
....
Só para animar a conversa :)))
abraços!
Su
--
Barbara Dieu
http://dekita.org
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"somos nossa memória, somos este museu quimérico de formas inconstantes,
este monte de espelhos partidos"
de Jorge Luís Borges
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