Srinivasa Acarya - Parte 3 de 3

3 views
Skip to first unread message

Giridhari Das

unread,
Dec 12, 2009, 3:19:39 PM12/12/09
to dev...@googlegroups.com

(em anexo partes 1 e 2)

 

Krishna.com

 

Srinivasa Acarya: A Corporificação do Amor do Senhor Caitanya

 

Srinivasa Acarya: The Embodiment of Lord Caitanya’s Love

 

por Satyaraja Dasa

 

(parte 3 de 3)

 

Ladrões trabalhando para o rei de Visnupura haviam roubado os inestimáveis manuscritos que Srinivasa e seus amigos estavam levando para a Bengala. Srinivasa, portanto, enviou seus companheiros à frente enquanto que ele próprio permaneceria em Visnupura. Por fim, ele recobrou os manuscritos, tornou o rei seu discípulo, e o inspirou a disseminar a consciência de Krsna pelo reino.

 

Agora, Srinivasa precisava ver seus queridos amigos Narottama e Syamananda novamente. Ele lhes havia escrito sobre os desenvolvimentos em Visnupura, mas ele sabia pouco do que seus amigos estavam fazendo. Ele ouvira que seu professor Narahari Sarakara Thakura estava doente e preparando-se para morrer, em virtude do que desejou ir a Srikhanda para vê-lo, e a Jajigram, próxima a Srikhanda, para ver sua mãe idosa.

 

Srinivasa Retorna a Jajigram

 

Após despedir-se do rei Virhamvir, Srinivasa partiu para Jajigram com o baú de livros. Chegando lá, narrou aos devotos o que havia acontecido. Toda a população da cidade sagrada, especialmente sua mãe, regozijaram-se ante a oportunidade de terem sua companhia. Eles, todavia, também lhe tinham novas desalentadoras: Srimati Visnupriya havia deixado este mundo. Srimati Visnupriya era a viúva de Sri Caitanya, uma pessoa importante na missão de pregação na Bengala. Ao ouvir acerca de sua partida, Srinivasa desfaleceu, e os devotos tiveram de revivê-lo e consolá-lo.

 

Transcorridos alguns dias, uma mensagem chegou de Narahari Sarakara e de Raghunandana Thakura solicitando que Srinivasa fosse a Srikhanda. Srinivasa partiu imediatamente para ver esses dois benquerentes que o haviam orientado em sua juventude. Durante esse encontro, Narahari sugeriu que Srinivasa se casasse.

 

“Sua mãe é uma grande devota”, Sri Narahari disse. “Ela presta valioso serviço em Jajigram já há muitos anos. Você deve satisfazer qualquer pequeno desejo que ela possa ter. Sei que ela se alegraria vendo-o casado. Como ela é uma grande devota, você deveria atender o desejo dela”.

 

Ouvindo isso, Srinivasa decidiu casar-se e constituir família.

 

Após permanecer mais alguns dias em Srikhanda, Srinivasa partiu para Kanthak Nagara a fim de visitar o grande Gadadhara Dasa, um dos associados pessoais de Caitanya Mahaprabhu. Quando Srinivasa chegou, Gadadhara Dasa o abraçou afetuosamente. Ele perguntou a Srinivasa sobre os devotos de Vrndavana, especialmente sobre os Gosvamis: Como eles conseguiam viver separados do Senhor e de seus devotos confidenciais? Onde estavam vivendo, e sob quais condições? Gadadhara Dasa e Srinivasa conversaram sobre Caitanya Mahaprabhu e sobre a condição difícil de Seus devotos em Sua ausência.

 

Após o transcorrer de muitos dias, Srinivasa retornaria para Jajigram. Antes de partir, entretanto, Gadadhara Dasa o abençoou: “Um dia, você saboreará o néctar do canto congregacional na companhia do próprio Senhor e na companhia de Seus associados íntimos. Por ora, você tem minhas bênçãos para se casar. Que isso lhe traga toda boa fortuna”.

 

Srinivasa Contrai Núpcias

 

As palavras de Gadadhara Dasa tocaram Srinivasa. Meditando no significado delas, ele retornou a Jajigram, onde se encontrou com Gopala Cakravarti, um brahmana idoso com uma filha bela e devotada de nome Draupadi. Observando que Srinivasa e Draupadi estavam atraídos um pelo outro, Sri Raghunandana Thakura arranjou o casamento.

 

Após o casamento, Draupadi recebeu o nome de Isvari (alguns dizem ser o seu nome de iniciação), honrando a devoção dela por Deus e reconhecendo seu casamento com um grande santo. Seu pai, Gopala Cakravarti, logo aceitou Srinivasa como seu mestre espiritual, o que também fizeram os dois irmãos dela, Syama Dasa e Ramacandra. Srinivasa logo se tornou um dos gurus mais proeminentes de toda a Bengala.

 

Passado algum tempo, Isvari engravidou, e quando Srinivasa escreveu sobre o evento para Jiva Gosvami em Vrndavana, Jiva enviou uma resposta exuberante e deu ao menino o nome de Vrndavana Vallabha. Posteriormente, Srinivasa se casou mais uma vez (poligamia era algo comum na época). Sua segunda esposa, Padmavati, também era uma grande devota, e, após ser iniciada, passou a ser conhecida como Gauranga Priya.

 

Alguém talvez se pergunte por que Srinivasa aceitou uma segunda esposa. A maioria das biografias padrão não elaboram sobre isso, declarando apenas que a segunda esposa seguiu a primeira após alguns poucos anos somente. Mas o Anuragavali nos informa que seus discípulos mais íntimos pediram que ele se casasse novamente após a morte de seus dois filhos com Isvari. É dito que eles morreram jovens.

 

Isvari teve três filhas – Hemlata, Krsna Priya e Kancana, também conhecida como Yamuna. Gauranga Priya teve um filho, Gati Govinda. Tanto Isvari quanto suas filhas tiveram, posteriormente, muitos discípulos, e se diz que a linhagem sangüínea de Srinivasa ainda prossegue em Vrndavana a partir de Gati Govinda.

 

A Partida de Narahari Sarakara

 

Algum tempo após o casamento de Srinivasa, Narahari Sarakara Thakura deixou o mundo, tendo visto Srinivasa uma última vez. Srinivasa organizou um grande festival para honrar a memória de Narahari. Todos de Srikhanda e de vilas vizinhas compareceram, e festivais Vaisnavas logo se disseminaram pela região. Cerimônias para a instalação de pequenas Deidades de Krsna se davam com elaboradas festividades, incluindo canto, dança e compartilhamento de alimento sagrado (prasadam). Por meio de tais festivais, o movimento Hare Krsna se espalhou pela Bengala.

 

O Discipulado de Srinivasa

 

Quando apropriado, Srinivasa decidiu retornar a Vrndavana. Ramacandra Kaviraja, um de seus mais renomados seguidores, acompanhou-o nessa viagem. Ramacandra era considerado “o braço direito” de Srinivasa. Ramacandra e seu irmão, Govinda, que também era discípulo de Srinivasa, eram os filhos de um associado íntimo do Senhor Caitanya. Tanto Ramacandra como Govinda eram estudiosos, artistas e poetas célebres, mas Ramacandra foi amplamente aceito como o discípulo mais notável de Srinivasa. Isso se deu, em certa medida, em virtude de Narottama Dasa Thakura, que, ao pedido de Srinivasa, encarregou-se de Ramacandra e iniciou uma amizade próxima com ele enquanto ensinando-lhe todos os detalhes da filosofia Vaisnava.

 

Com o auxílio do rei de Visnupura, Virhamvir, Srinivasa propagou sua pregação na Bengala aos distritos de Birbhum, Bankura, Burdwan; até Tripura, no leste. Ele ensinou por toda a Bengala e fez centenas de discípulos.

 

Hemlata Thakurani

 

Na lista de seus discípulos proeminentes, frequentemente figura Hemlata Thakurani, sua filha. Ela não poderia, em razão meramente da relação sangüínea, ser considerada uma discípula, mas ela foi de fato uma das pessoas que mais notavelmente seguiram Srinivasa Thakura. Como uma pregadora altamente instruída e vigorosa, ela foi e é comparada à venerável Jahnava Devi no que diz respeito à propagação do movimento ao longo da Bengala. Ela foi uma líder talentosa e devotada, iniciando tanto homens como mulheres na tradição Gaudiya Vaisnava. Um de seus discípulos, Yadunandana Thakura, tornou-se famoso como estudioso e poeta. Ele compôs versificações bengalis simples de literaturas Gaudiyas, algumas ante o pedido pessoal dela.

 

No devido tempo, ela se casou com um grande devoto e teve muitos filhos. Hoje, seus descendentes vivem nas vilas de Maliati e Budhaipad, no distrito de Mursidabad da Bengala, onde revolucionou a pregação do Vaisnavismo Gaudiya.

 

Srinivasa Retorna a Vrndavana

 

Srinivasa não havia ido a Vrndavana desde que recuperara os livros roubados. Os Gosvamis estavam ansiosos por mostrar sua apreciação, e, quando Srinivasa chegou, eles o fizeram gloriosamente. E agora Srinivasa havia chegado a Vrndavana com Ramacandra Kaviraja. Um discípulo tão conceituado mostrava o mérito de Srinivasa como pregador. Assim, Gopala Bhatta Gosvami, que queria que Srinivasa assumisse a adoração da Deidade de Radha-Ramana em Vrndavana, atribuiu esse dever a outro discípulo seu, Gopinatha Pujari, e insistiu que Srinivasa continuasse pregando na Bengala. Os descendentes dos irmãos de Gopinatha ainda são os responsáveis pelo templo de Radha-Ramana.

 

Syamananda Pandita retornou a Vrndavana aproximadamente na mesma época que Srinivasa, o que permitiu que aprofundassem sua amizade. Juntos, eles deram continuidade a seus estudos. Gradualmente, Srinivasa começou a revelar sua potência mística, e tornou-se evidente que ele estava completamente absorto no mais íntimo amor a Deus.

 

De Volta a Visnupura

 

Mas o trabalho missionário estava incompleto, e, após muitos meses, Srinivasa e os demais retornaram à Bengala, encorajados pelos Gosvamis de Vrndavana. No caminho, eles pararam em Vana Visnupura a fim de ver o rei Virhamvir, que se deleitou com a presença de seu guru e dos outros devotos.

 

A devoção do rei se propagou ao longo do reino. Nas palavras de D.C. Sen:

 

O raja Vira Hamvira não faria nada sem o conselho de seu guru [Srinivasa Acarya], mesmo em assuntos políticos. Sua voz [de Srinivasa] prevalecia igualmente na corte e nos círculos domésticos de Visnupura. Encontramos que a repetição do nome de Deus um número determinado de vezes tornou-se algo compulsório pela lei penal do Estado. O sacrifício de animais no altar dos deuses também foi desencorajado, embora não efetivamente proibido por lei. Dignidade mundial se recaía sobre o guru que trouxera glória espiritual ao país. Encontramos que, em toda ocasião de festividades Vaisnavas de qualquer importância, valiosos presentes eram dados a Srinivasa, ao mesmo tempo em que o raja Vira Hamvira estava sempre pronto para servir a favor de seus confortos físicos de todo modo possível. Todavia, fiel às tradições de um santo e estudioso bramânico, Srinivasa contentava-se em viver em uma cabana de teto de palha, conquanto pudesse ter construído palácios com a ajuda do raja e de outros discípulos influentes. O dinheiro que recebia era gasto principalmente para alimentar seus discípulos, dos quais sempre havia um grande número residindo na casa dele.

 

As Glórias de Visnupura

 

A difusão da consciência de Krsna na Bengala, especialmente em Visnupura, manteve-se bem após o período de Srinivasa e nos séculos que se seguiram. O sucessor do rei Virhamvir, Raghunatha Singh I, construiu templos Vaisnavas em muitas vilas distantes de sorte a popularizar a consciência de Krsna entre o povo tribal. De fato, os reis de Visnupura, do tempo de Virhamvir em diante, assumiram grande responsabilidade pelo bem-estar material e espiritual de seus súditos.

 

De acordo com o Dr. Sambidananda Das:

 

Em resumo, os reis Vaisnavas, de Vira Hamvira em diante, desenvolveram a cultura Vaisnava em todos os seus ramos. As vidas religiosas práticas dos reis [...] fizeram o povo de Visnupura tementes a Deus, virtuosos, humildes, corteses e de coração puro. Não é algo fácil tornar uma população inteira feliz e piedosa. [Mas] o povo considerava seus reis como seus gurus. Até a atualidade, é costume deles, na ocasião de adoração pública, oferecer comestíveis ao altar de Sri Caitanya em nome do rei. Deste modo, Srinivasa começou fortemente, através do raja Vira Hamvira, uma nova época na vida religiosa do país.

 

As Atividades Diárias de Srinivasa

 

As atividades de Srinivasa Acarya poderiam preencher volumes de livros, o que de fato fizeram. Muitas obras oferecem detalhes de sua vida diária em Visnupura e em Jajigram.

 

Cedo pela manhã, ele lia livros escriturais, explicando e interpretando-os para seus discípulos. O estudo desses livros ocupava-o até as dez horas da manhã. Então, até as duas da tarde, ele cantava sozinho em suas contas, ocasionalmente adorando Krsna de acordo com sua meditação interna. Das quatro às seis horas da noite, ele fazia canto congregacional com seus discípulos. A forma de kirtana pela qual ele ficou famoso se chama Manohar Soy, e alguns dizem que se trata do único estilo clássico e autêntico que sobrevive na atualidade. À noite, ele costumava instruir seus discípulos e conversar com eles sobre os passatempos de Krsna.

 

Sua Contribuição Literária

 

É dito que Srinivasa compôs apenas cinco canções. Ele também escreveu um comentário – estudado e respeitado ainda hoje – aos quatro versos essenciais do Srimad-Bhagavatam. Outras obras suas incluem o famoso Gosvamy-astakam, “Oito Preces aos Seis Gosvamis”. Embora sua contribuição literária seja de pouca monta, o conteúdo e o estilo da mesma são deveras nectáreos, e marcaram de forma ímpar a tradição Gaudiya.

 

Ascensão Divina

 

Assim como os biógrafos autorizados de Sri Caitanya Mahaprabhu deixam de lado os detalhes de Sua partida deste mundo, os seguidores de Srinivasa mantém-se em silêncio quanto ao desaparecimento de Srinivasa. Entretanto, embora sua ascensão divina permaneça um mistério, sua vida permanece uma inspiração.

 

 

Tradução de Bhagavan dasa (DvS) – Outras traduções disponíveis em www.devocionais.xpg.com.br

 

 

 

 

 

 

Srinivasa Acarya 1.doc
Srinivasa Acarya 2.doc
Reply all
Reply to author
Forward
0 new messages