Olá Eliana!
De fato, traduções são perigosas e passíveis de interpretação. Até mesmo com o nosso português, tem gente por aí (inclusive a boa imprensa nacional) que deturpa as falas de figuras públicas, inverte a ordem do raciocínio e faz grandes estragos na opinião pública - imagine o que acontece quando o interlocutor fala um idioma do qual não temos nenhum conhecimento! Ficamos mesmo reféns da tradução.
Entretanto, veja que o artigo a que você se refere não isenta o presidente iraniano de nenhuma das coisas que você afirma em seu e-mail. O que o estudioso (falante de persa que é) nos diz é que as afirmações são utilizadas muitas vezes de forma interpretativa, e por isso podem ser manipuladas. Não é o que ocorre, porém, quando a tradução é feita por especialistas - muitos deles persas de origem, e que portanto não podem ser confundidos com jornalistas que usam de fontes não-confirmadas ou enviesadas. Digo isso porque, no caso da comunidade bahá'í, não utilizamos nenhuma informação antes de ela ser confirmada por várias fontes de dentro do próprio Irã.
Gostaria de deixar claro que os bahá'ís nao são contra a pessoa do presidente iraniano, nem contra o Irã - um país que tem, sem sombra de dúvidas, um potencial enorme com o qual pode contribuir com o avanço da civilização humana. A comunidade bahá'í divulga informações relacionadas com a perseguição aos bahá'ís naquele país -- direito que tem uma vez que todas as acusações feitas contra as autoridades iranianas neste sentido são confirmadas por meio de investigações realizadas por mecanismos das Nações Unidas, organizações não-governamentais independentes e muitas vezes confirmadas pelas próprias autoridades iranianas (como foi o caso dos 50 jovens bahá'ís que davam aulas de reforço para a população carente em Shiráz, sob um programa da UNESCO, e terminaram condenados a assistir aulas que têm o objetivo explícito de faze-los renegarem sua Fé - além dos 3 que permanecem presos desde 2006).
Não é a mídia ocidental quem vem trazendo as informações sobre os bahá'ís iranianos - é a própria população iraniana (tanto os bahá'ís quanto seus amigos muçulmanos) quem tem se levantado contra as atrocidades realizadas contra esses indivíduos, que não têm nenhuma ligação com qualquer facção política, não têm o objetivo de promover uma contra-revolução e somente desejam poder continuar contribuindo para o progresso de seu país.
Obrigada, portanto, pela sua preocupação com a verdade dos fatos e pela participação nesta lista. Seguimos em contato.
Abraços,
Mary (membro da comunidade bahá'í de Brasília)