Os Brics (Brasil, R�ssia, �ndia, China e �frica do Sul) condicionam aumentar os recursos que p�em � disposi��o do FMI (Fundo Monet�rio Internacional) a um aumento nas cotas e, por extens�o, no poder de fogo de que disp�em no Fundo, at� aqui limitado a meros 10% do total de cotas (e votos).
� o que consta claramente da "Declara��o de D�li", o documento final da quarta c�pula do grupo, ontem encerrada na capital indiana.
Depois de reclamar do "lento ritmo das reformas" que lhes permitiriam aumentar suas cotas para 16%, numa primeira etapa, os Brics prop�em claramente a barganha: "Enfatizamos que o esfor�o em andamento para aumentar a capacidade de empr�stimo do FMI s� ser�o bem sucedidos se houver confian�a de que todos os membros da institui��o est�o realmente comprometidos a implementar a reforma de 2010 de boa f�".
A reforma de 2010 foi fechada na c�pula do G20 e prev� um aumento das cotas dos pa�ses em desenvolvimento at� lev�-las a 16%, no caso dos Brics, assim mesmo apenas empatando com o poder de um s� pa�s, os Estados Unidos.
O aumento dos recursos para o FMI � tido como essencial para que a institui��o tenha cacife para ajudar pa�ses em crise, especialmente os grandes da Europa, como Espanha e It�lia, assediados pelos mercados. Mas a Europa por si s� n�o tem recursos suficientes para erguer um muro de prote��o financeira, pelo que necessita recorrer ao FMI, que, por sua vez, passaria o pires nas pot�ncias emergentes.
A ideia de barganhar apoio ao Fundo em troca de mais cotas circula j� faz tempo, mas nunca havia sido colocada no papel de forma t�o expl�cita e, ainda por cima, assinada pelos chefes de governo, n�o pelos seus ministros de Economia.
Ainda na �rea econ�mica, o texto dos Brics retoma a queixa que a presidente Dilma Rousseff vem manifestando seguidamente, a de que as medidas tomadas pelos pa�ses ricos para sair da crise prejudicam os pa�ses em desenvolvimento.
Diz o documento: "A excessiva liquidez decorrente das agressivas a��es pol�ticas tomadas pelos bancos centrais para estabilizar suas economias dom�sticas est� contagiando as economias emergentes, estimulando uma volatilidade excessiva nos fluxos de capital e nos pre�os das commodities".
Tradu��o: como os BCs norte-americano e europeus est�o despejando rios de dinheiro na economia para destrav�-la, sobram recursos para serem investidos em pa�ses, como o Brasil, em que as taxas de juros s�o incomparavelmente mais altas do que no mundo rico. Sobram tamb�m especular com commodities, gerando eventuais bolhas.
A receita dos Brics para solucionar o n� � "restaurar a confian�a dos mercado e recolocar a economia global no caminho do crescimento". F�cil de falar, muito dif�cil de fazer.
Os Brics, tal como j� havia sido antecipado, n�o manifestaram apoio a nenhum dos tr�s candidatos lan�ados para substituir Robert Zoellick na presid�ncia do Banco Mundial. Limitaram-se a saudar as candidaturas surgidas do mundo em desenvolvimento, sem dar nomes (s�o o da nigeriana Ngozi Ogonjo-Iweala e o colombiano Jos� Antonio Ocampo).
Mas a expectativa � de que acabe ganhando mesmo o candidato dos EUA, Jim Yong Kim, reafirmando uma tradi��o que vem desde a funda��o do Banco, em 1944, de ser presidido por um norte-americano.
Os Brics lutavam para que a elei��o se desse n�o por esse crit�rio geogr�fico mas "por um processo aberto e baseado no m�rito", tese que reafirmaram ontem.
Exatamente pelas queixas que t�m a respeito do funcionamento do Banco Mundial, os Brics decidiram criar um grupo de trabalho para estudar a forma��o de seu pr�prio banco de desenvolvimento, uma iniciativa que entusiasma �ndia e �frica do Sul, mas que, no Brasil, recebe apoio pouco mais que protocolar.
O racioc�nio nas �reas t�cnicas do governo � o de que um pa�s que tem um banco do porte do BNDES, maior que o pr�prio Banco Mundial, n�o precisa de outro banco de desenvolvimento.
O GT estudar� os s�rios n�s em torno da cria��o do banco: quem entra com quanto de capital? Por extens�o, quem comanda o processo decis�rio, a chamada governan�a? Autoridades brasileiras temem que a China, com suas colossais reservas, se torne de longe o maior acionista e, por extens�o, domine o novo eventual banco, impondo pol�ticas de seu interesse que podem n�o coincidir com os do Brasil.
A previs�o dos negociadores brasileiros � a de que os estudos estar�o prontos apenas para a c�pula de 2014.
Fonte: Folha.com