Caso Casa Pia
MP pede condenação de
seis jornalistas por violação do segredo de justiça
O Ministério Público
pediu a condenação de seis jornalistas do Jornal de Notícias e do Público que
cobriram o assunto, por violação de segredo de justiça, e dos respectivos
directores, por cumplicidade
O Mnistério Público (MP) pediu a
condenação por violação de segredo de justiça dos jornalistas do Público António
Arnaldo Mesquita (cinco crimes) e Luciano Alvarez e Nuno Sá Lourenço (um crime
cada), tendo ainda pedido a absolvição de Maria José Oliveira.
Quanto aos jornalistas do Jornal de
Notícias (JN), o MP considera que Tânia Laranjo e Carlos Tomás são culpados de
três crimes cada, enquanto Manuel Vitorino é responsável por um crime de
violação de segredo de justiça.
Em todos estes casos, a procuradora do
MP considerou que os jornalistas tiveram acesso directo e ilegítimo às peças
processuais cujo teor divulgaram, quando estavam legalmente impedidos de o
fazer.
Considerou ainda que os artigos em
questão «não foram produto de investigação jornalística sobre os factos, mas sim
reprodução 'ipsis verbis' ou resumos fidedignos dessas peças, o que só pode ter
sido feito de forma ilícita».
A magistrada do MP frisou que, em
muitos dos artigos em apreço, os próprios jornalistas escreveram que tiveram
acesso às peças processuais, que citam com aspas.
A procuradora considera que os
jornalistas também estão obrigados a respeitar o segredo de justiça, citando, em
apoio da sua acusação vários artigos da Constituição, do Código de Processo
Penal, da Convenção Europeia dos Direitos do Homem, da Lei de Imprensa e do
Estatuto do Jornalista, assim como numerosos acórdãos de tribunais superiores
sobre casos semelhantes.
A magistrada pediu também a condenação
por cumplicidade naqueles crimes das direcções daqueles dois jornais.
Para a Direcção do JN (David Pontes,
Alfredo Leite e José Leite Pereira) a procuradora pediu a condenação por sete
crimes de cumplicidade na violação do segredo de justiça.
A excepção foi para o subdirector
António José Teixeira, cuja cumplicidade a procuradora não considerou provada,
pelo que pediu a sua absolvição.
O MP considerou que os elementos da
Direcção do Público - José Manuel Fernandes, Nuno Pacheco, Eduardo Dâmaso e
Manuel Carvalho - são culpados de 12 crimes de cumplicidade na violação de
segredo de justiça.
Também neste caso a procuradora pediu
a absolvição de um dos elementos da Direcção, Daniel Deusdado (subdirector), por
falta de provas.
A magistrada considerou que as
direcções de ambos os jornais podiam ter impedido a publicação das peças
jornalísticas em apreço e que, não o tendo feito, são cúmplices dos referidos
crimes de violação do segredo de justiça.
Os 16 jornalistas arguidos neste
processo, que na altura dos factos [2003] faziam parte dos quadros dos jornais
'Público' e 'Jornal de Notícias', ambos sedeados no Porto, são acusados do crime
de violação do segredo de justiça por alegadamente terem divulgado nos
respectivos órgãos de comunicação social peças do processo 'Casa Pia'.
Todos os jornalistas alegaram não ter
tido acesso directo às peças processuais nem estarem vinculados ao segredo de
justiça, mas o Tribunal de Instrução Criminal do Porto decidiu pronunciá-los,
considerando que demonstraram conhecimento ilegítimo do processo ao escrever
sobre ele.
O processo, que decorre na 1ª Vara
Criminal do Tribunal de S. João Novo, no Porto, tem hoje à tarde as alegações
dos advogados de defesa.
Lusa /
SOL