O julgamento do caso da criança encontrada morta numa estação de esgotos da Arrentela em 1999, no qual a Câmara Municipal do Seixal foi condenada ao pagamento de uma indemnização de 250 mil euros, será parcialmente repetido a 27 e 28 de Junho.
As datas da repetição do julgamento foram confirmadas à Lusa pelo advogado da
família da vítima, José Nóvoa Cortez, e a repetição deve-se ao facto das
gravações das testemunhas do processo terem ficado inaudíveis.
"É, de
facto, uma vergonha nacional terem de repetir-se julgamentos por falta de
gravações mas isso só acontece por termos mau material nos tribunais e gravações
quase caseiras. Mais uma vez, a mãe da vítima terá de prestar depoimento e
relembrar um caso que a entristece e revolta", defendeu José Nóvoa Cortez.
A leitura do acórdão do julgamento condenou, em Julho de 2005, a Câmara
Municipal do Seixal ao pagamento de uma indemnização de 250 mil euros à família
da vítima mas a má gravação das declarações das testemunhas adiou a decisão para
depois da nova audição de prova.
As declarações da advogada da Câmara
Municipal no final do julgamento, nas quais afirmou que o juiz do processo teria
já tomado partido no caso antes da leitura da sentença, levaram este mesmo a
interpôr um processo crime por difamação agravada contra Paula Pinho.
Além disso, Paula Pinho também avançou com um incidente de recusa de
juiz, com o objectivo deste mesmo não presidir ao segundo julgamento, pedido
esse que foi indeferido pelo Tribunal da Relação, Supremo Tribunal de Justiça e
Tribunal Constitucional.
A conjugação da extensão destes dois processos
paralelos ao caso atrasou a marcação da data de repetição parcial do julgamento,
que decorrerá quase dois anos depois da primeira decisão do colectivo de juízes.
Contactada pela Lusa, Paula Pinho declarou não querer prestar mais
declarações sobre decisões judiciais acrescentando, no entanto, que não espera
nenhuma mudança no acórdão, visto que esta foi também a posição defendida pelo
acórdão de indeferimento do incidente de recusa de juiz.
A criança, que
na altura do crime tinha 4 anos, foi descoberta sem vida na manhã seguinte ao
seu desaparecimento numa estação de esgotos da Arrentela, sendo que o tribunal
deu como provado em 2005 que terá caído numa caixa de esgoto municipal
destapada, perto da estação elevatória do Porto da Raposa.
De acordo com
o advogado da família da vítima, a criança terá caído na caixa de esgoto depois
da mãe a ter largado por momentos para acudir o filho mais novo, que seguia num
carrinho empurrado pelo padrasto da vítima.
Cerca de oito anos depois da
descoberta do corpo da criança, o julgamento do processo deverá ter, segundo
José Nóvoa Cortez, uma decisão final tomada no decorrer no próximo mês de
Julho.