Felgueiras
Quatro homens acusados
de agredir Francisco Assis dizem que apenas queriam «defendê-lo»
Os quatro
homens acusados de terem agredido, em Maio de 2003, em Felgueiras, o
ex-presidente da Distrital do Porto do PS, Francisco Assis, negaram hoje os
factos em Tribunal, garantindo que apenas pretendiam
«defendê-lo»
Os
arguidos Casimiro Sousa, alfaiate, Joaquim José Rodrigues, sapateiro, Agostinho
Gonçalves Sousa, empregado de balcão, e Manuel Pereira de Sousa, vigilante,
justificaram ao Tribunal de Felgueiras as suas poses de braço no ar ou punho
cerrado junto ao agredido com o alegado facto de terem sido empurrados e de se
terem levantado com o braço estendido ou de estarem a tentar agarrar pessoas que
se encontravam à sua volta.
Confrontados pela juíza Maria Isabel Barros e
pelo delegado do procurador da República Pedro Miguel Loureiro, os quatro
arguidos foram desfiando desculpas e explicações, como as de que «apenas
queriam ver Francisco Assis» ou que queriam mesmo ajudá-lo a sair do
meio da multidão.
A identificação dos arguidos foi feita através de imagens
veiculadas na altura pelas televisões, que difundiram reportagens sobre os
factos então ocorridos em Felgueiras.
O procurador tentou
«desmontar» a tese dos arguidos, evidenciando a sua postura
agressiva e as tentativas que protagonizaram para chegar junto de Francisco
Assis ou mesmo de o atingir, mas as imagens não parecem ser, de todo,
conclusivas.
As dúvidas que ainda ficaram em Tribunal sobre a autoria
concreta das agressões a Francisco Assis deverão ser desfeitas pelo depoimento
do próprio - que se inicia ao princípio da tarde - e de duas outras testemunhas,
o deputado do PS Agostinho Fernandes e o dirigente local dos socialistas António
Faria.
Ambas as testemunhas poderão identificar, ou não, os agressores, já
que foram elas quem protegeu Francisco Assis da fúria da multidão, na noite de
16 de Maio de 2003.
Em declarações à Lusa, Francisco Assis disse que não vai
pedir qualquer indemnização aos arguidos, mesmo que estes sejam condenados,
sublinhando que é «um episódio
triste que quer ver definitivamente ultrapassado».
Os arguidos
estão acusados do crime de ofensa à integridade física qualificada, cuja pena
pode ir da simples multa até aos quatro anos de prisão.
As agressões a Francisco Assis ocorreram no dia em que se
deslocou a Felgueiras com a intenção de explicar aos militantes locais do
Partido Socialista a razão pela qual a Federação portuense do PS decidira
retirar a confiança política à presidente da autarquia, Fátima Felgueiras, então
refugiada no Brasil.
O PS/Porto havia, também, retirado a confiança aos
quatros vereadores eleitos na lista do PS à Câmara Municipal, depois de o
Tribunal da Relação de Guimarães ter decretado a prisão preventiva da presidente
eleita.
Francisco Assis foi impedido de
entrar na sede do PS por uma multidão em fúria que reclamava o regresso de
Fátima Felgueiras a Portugal. O presidente da Federação do PS/Porto andou em
fuga pelas ruas da cidade, perseguido por apoiantes da autarca que tinham feito
uma vigília, com velas, em seu apoio.
O
objectivo de Francisco Assis de se explicar na sede local do PS acabou com a sua
fuga num veículo da GNR, após momentos de tensão vividos num varandim de um
prédio daquela localidade, onde teve de se refugiar, guardado pelas forças de
segurança.
Embora tenham sido algumas dezenas as pessoas envolvidas nos
actos de violência física e verbal contra o líder da Federação Distrital do
Porto do PS, apenas quatro homens foram alvo de acusação.
A Guarda Nacional Republicana chegou meia hora depois do
início dos insultos e agressões a Assis, facto que gerou várias críticas da
parte do Partido Socialista.
Lusa/SOL