Fwd: PROBLEMAS De APRENDIZAGEM NO CONTEXTO ESCOLAR: DÚVIDAS OU DESAFIOS?

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Magali Ferreira

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Aug 15, 2009, 5:35:49 AM8/15/09
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From: Isabele Côrtes <isabe...@gmail.com>
Date: 2009/8/14
Subject: PROBLEMAS De APRENDIZAGEM NO CONTEXTO ESCOLAR: DÚVIDAS OU DESAFIOS?
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http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=1157

PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM NO CONTEXTO ESCOLAR: DÚVIDAS OU DESAFIOS?

Caroline Côrtes Lacerda

Pesquisa desenvolvida durante o curso de Psicopedagogia da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões URI-Campus Santiago/RS. Apresentada a banca examinadora em janeiro de 2009.

Resumo:
O presente trabalho é fruto de uma pesquisa de campo oriunda do curso de Psicopedagogia da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões URI Campus Santiago/RS, realizada no município de Santana do Livramento/RS, que objetivou investigar os principais problemas de aprendizagem enfrentados pelos docentes da rede municipal, da zona urbana. Esse foi realizado através de um levantamento de dados no Projeto de Educação Inclusiva da prefeitura e um questionário aplicado aos professores das Séries Iniciais do Ensino Fundamental de 09 escolas. Os resultados indicaram que os principais problemas passam pelo raciocínio lógico, falta de atenção e dificuldades na leitura e escrita bem como a falta de formação docente para atuar com essa realidade.

Palavras–chave:  problemas de aprendizagem; contexto escolar; alunos e professores.

Considerações iniciais
Hoje, a Educação passa por profundas transformações, tendo em vista as mudanças constantes que vêm ocorrendo no mundo. As novas tecnologias evoluem num ritmo cada vez mais acelerado, e o mundo científico também avança constantemente, com novas descobertas e estudos, apontando diferentes competências para atuar na sociedade e no campo educacional.  Diante disso, os novos desafios vêm, instigando os profissionais da educação a buscarem novos saberes, conhecimentos, metodologias e estratégias de ensino.
É necessário que sistema escolar encontre o caminho para a diversidade, engajando as crianças no mundo das diferenças, preparando-os para ser legítimos cidadãos, tendo em vista que na sala de aula há alunos de diversas culturas, o que requer do professor um olhar diversificado para seu planejamento, bem como para o currículo escolar que merece adaptações aos conteúdos e atividades desenvolvidas em sala de aula. Outro ponto que merece consideração é a importância de pesquisar a história dos alunos, para que o conteúdo a ser estudado esteja de acordo com seus interesses e realidade, vindo assim o trabalho desenvolvido nas escolas a atender todo tipo de diferença, já que elas são inúmeras: na aparência, na sexualidade, por deficiências, culturas, etnias e outros.
O professor não pode pensar que a inclusão, é exclusividade de deficientes e que para esta acontecer basta adaptar o espaço físico e ter profissionais qualificados. Isto é preciso, mas não é o suficiente, porque uma escola com olhar voltado para a inclusão, jamais pensará somente no deficiente, mas sim em todo tipo de diferença que existe e surge a cada dia. Além de oferecer espaço físico adequado, é necessário que a escola prepare as novas gerações para esta educação, voltada para a diversidade, rompendo as barreiras negativas que foram construídas ao longo do processo histórico, “o preconceito”.
Diante disso, faz-se necessário que a formação docente esteja voltada para esse contexto, buscando prevenir e diminuir as dificuldades no processo de ensinar e aprender. Perrenoud, (2002) in apud Oliveira (2003) menciona que esse é o caminho para a profissionalização, uma vez que permitirá o desenvolvimento da capacidade reflexiva desses profissionais, e através dessa reflexão é que se encontrará meios para atuar com essa realidade de aluno, já que não existem fórmulas nem receitas para esta prática.
As mudanças no contexto escolar e social requerem profissionais atualizados e competentes, que estejam preparados para atuar com diferentes problemas, tais como de comportamento, dificuldades de aprendizagem primárias e secundárias, altas habilidades, deficiências, síndromes, entre outros, que requerem educadores com uma sólida formação, capazes de incluir estes alunos na sala de aula, atuando de forma diversificada, de acordo com a necessidade de cada um, através de uma prática crítica-reflexiva e consciente das necessidades e desafios educacionais.
Para tanto, faz-se necessário compreender e vivenciar a inclusão, adequando-a a prática pedagógica, bem como os conteúdos, as atividades de ensino e aprendizagem, os recursos materiais e as avaliações, pois uma escola aberta à diferença é aquela que flexibiliza seu currículo em prol do educando. 

Problemas de aprendizagem: uma realidade sócio-educacional
O fracasso escolar é um dos maiores problemas que as instituições educacionais encontram nos dias atuais, pois além de possuir uma origem orgânica, psicológica e/ou ambiental, causam outros problemas no aluno, como desmotivação e desinteresse, que interferem no seu processo de aprendizagem. Com isso, é importante que a escola trabalhe com, e no coletivo, através de uma equipe multidisciplinar, a fim de identificar os problemas envolvidos no processo de ensinar e aprender, visto que estes quando identificados, precocemente podem facilitar o tratamento de cada caso.
No âmbito escolar, muitas terminologias relacionadas a problemas na aprendizagem são utilizadas inadequadamente, pois existem educadores que não compreendem os significados distintos que esses termos possuem e acabam por generalizá-los, empregando de forma inadequada. Esta dificuldade que encontramos é fruto da literatura com a qual nos deparamos que utiliza diferentes terminologias para se referir a um único tema.
Segundo Rotta (2006, p 112) a definição dos problemas de aprendizagem passa primeiro pelo conceito de aprendizagem, visto que “não há dúvida que o ato de aprender se passa no sistema nervoso central, onde ocorrem modificações funcionais condutais, que dependem do contingente genético de cada indivíduo, associado ao ambiente onde esse ser está inserido”. Realmente, o ambiente influencia de forma direta na vida do sujeito, vindo até mesmo a alterar sua conduta, mas também é importante salientar que os fatores genéticos têm grande influência no desenvolvimento do ser humano, pois, fazem parte dos fatores intrínsecos que se desenvolvem em função dos fatores extrínsecos.
Em vista disso, pode-se salientar que os problemas na aprendizagem são resultantes de falhas intrínsecas e extrínsecas no processo de aprendizagem. De acordo com a autora acima explicitada, dificuldades de aprendizagem é um termo genérico que abrange um grupo diverso de problemas capazes de alterar as possibilidades de uma criança em aprender, estas podem ser primárias ou específicas, que se devem a alterações no sistema nervoso central, chamadas de transtornos na aprendizagem que caracterizam-se por três tipos: na leitura, na escrita e nas habilidades matemáticas. As dificuldades também podem ser naturais ou secundárias, causadas por problemas da escola e/ou da família, bem como da proposta pedagógica, que muitas vezes não oferece condições adequadas para a criança aprender.
Vale destacar, que as dificuldades primárias podem ser acompanhadas de dificuldades secundárias, o que requerer maior atenção dos profissionais da educação e da família, bem como da equipe multidisciplinar. As dificuldades naturais ou secundárias podem ter origem tanto na família como na escola, pois se a criança não recebe o apoio, a estimulação e o incentivo necessário em sua casa, com certeza irá desenvolver lacunas em sua aprendizagem, e o mesmo ocorre com a escola quando não tem uma proposta pedagógica adequada às necessidades do aluno, bem como profissionais preparados e qualificados para atender a todo tipo de diferença.
A partir dessas discussões realizadas é importante mencionar, que os problemas da aprendizagem em geral, requerem severa atenção dos profissionais da educação, pois estes podem ter origem orgânica ou ambiental e cabe ao professor perceber tais problemas, para encaminhar seu aluno ao atendimento especializado, o mais cedo possível, pois o quanto antes for identificado, maiores serão as chances de progresso.

Materiais e métodos
O referido trabalho foi realizado através de uma pesquisa de campo com abordagem qualitativa e quantitativa. Buscou investigar os principais problemas de aprendizagem enfrentados pelos docentes, da rede municipal, da zona urbana, do Município de Santana do Livramento/RS. Como objetivos específicos: conhecer o papel da escola em seus diferentes contextos; analisar os documentos escolares utilizados pelo NAPE (Núcleo de Apóio Pedagógico Especializado- do município) para melhor compreensão dos fatos; Verificar os principais  problemas de aprendizagem enfrentados pelos alunos e professores no contexto escolar. Suscitar reflexões sobre os diferentes olhares da prática docente e suas implicações no fazer pedagógico; Compreender a importância do trabalho multidisciplinar no contexto escolar; Analisar como os problemas de aprendizagem vêm sendo diagnosticados e trabalhados no contexto escolar;
As técnicas e instrumentos utilizados para coletar os dados da pesquisa foram: um questionário estruturado com questões “fechadas e abertas”, aplicado aos professores regentes das Séries Iniciais do Ensino Fundamental; e a análise dos documentos do NAPE. Esse atende alunos encaminhados pelos professores da rede municipal que apresentam problemas na aprendizagem.
A população foi composta por 04 professores de cada escola, sendo que estas totalizavam nove (09), num total de trinta e seis (36) professores envolvidos.  Foram selecionados para responder o questionário os professores que tinham a regência das turmas da 1º, 2ª, 3ª e 4ª séries de cada escola urbana, dando preferência aos profissionais que tinham alunos com problemas de aprendizagem em sala de aula.
 
Dialogando com a realidade escolar do município de Santana do Livramento
Ao analisar os questionários percebeu-se que 96% dos professores envolvidos na pesquisa eram do sexo feminino, sendo 4% do sexo masculino. Isso retrata a história do magistério no Brasil, que segundo Aplle (1988) acabou tornando-se um símbolo de ascensão social para muitas mulheres, pelo fato delas terem muito pouca escolha ocupacional, e, comparado à maioria das alternativas – lavanderia, costura, limpeza ou trabalho na fábrica – o magistério oferecia numerosos atrativos.
Hoje a profissão docente é marcada por movimentos e renovações, uma vez que  desde a entrada na carreira o professor passa por diversas etapas. Segundo Nóvoa (1995) há vários traços que caracterizam o percurso dos professores, e diante dos dados apresentados a população pesquisada encontra-se no início da profissão, pois 46% tem entre 20-30 anos, ou seja, estão nos melhores anos de carreira  sendo estes determinados por fatores endógenos e exógenos à profissão e ao próprio indivíduo, ocorrendo o início do percurso profissional, determinados pela prevalência da descoberta sobre a angústia do enfrentamento com a realidade. Já 33% dos professores estão entre 40-50 anos e 21%  50-60 anos.
Tendo em vista a faixa-etária dos professores, vale destacar a importância de analisar a carga horária desenvolvida por estes na escola, uma vez que 68% cumprem 20 horas aula, o que facilita o tempo para planejamento da vida profissional e pessoal, bem como o cuidado com a formação continuada. Este espaço que o professor tem entre escola e vida pessoal é muito significativo, pois, afeta positivamente na qualidade de vida, no nível de stress, e sensações prazerosas. 28% dos professores cumprem 40 horas e 4%  60 horas. Por outro lado, verificou-se que apesar desses professores cumprirem uma carga horária de 20 horas nas escolas, esses buscam aumentar sua renda com outras atividades em escolas particulares e estaduais. E diante disso é importante deixar claro que a sobrecarga de funções é algo que desmotiva o profissional docente, pois, além de ter que cuidar do trabalho também tem a família e a casa para administrar, o que gera cansaço e mal-estar, afetando o processo de ensino.
Levando em consideração a carga horária desenvolvida pelos professores na escola, vale destacar sobre formação que 60% possuem graduação, 24% cursos de magistério e 16% já concluíram a especialização. Observou-se que é pequena a demanda de professores apenas com o Ensino Médio, o que é um fator positivo. Gatti (2000) menciona a idéia de que os cursos de Magistério não são muito animadores, há uma desvalorização, quanto ao apoio, carreira e salário, bem como grande fragilidade no preparo de profissionais habilitados.
Conforme a exigência de ensino superior para docência na educação básica, os professores estão se adequando à proposta, pois a maioria dos profissionais apenas o Ensino Médio, estão com a graduação em andamento. Porém, o que não parece muito animador é o fato de os professores não apresentarem nenhum curso de aperfeiçoamento para atuar com alunos com problemas na aprendizagem, visto que nas salas de aula é freqüente alunos com algum distúrbio. Desse modo, acredita-se que a formação para atuar com alunos que apresentam “diferenças” é cada vez mais necessária, visto que sala de aula torna-se um local cada vez mais diverso, necessitando que o professor esteja preparado para enfrentar os desafios do dia-a-dia.
Os problemas de aprendizagem, fazem parte da vida dos professores e alunos, uma vez que interferem no processo de ensino e aprendizagem, direcionando o aluno ao insucesso escolar. As causas do não aprender podem ser diversas. Scoz (1994) vê os problemas de aprendizagem não se restringindo em causas físicas ou psicológicas. É preciso compreendê-los a partir de um enfoque multidimensional enfocando fatores orgânicos, cognitivos, afetivos, sociais e pedagógicos. Para aprender é necessário que exista uma relação de condições entre fatores externos e internos. Há necessidade de estabelecer uma mediação entre o educador e o educando.
Frente a esta visão, verifica-se que os professores têm um bom entendimento acerca dos problemas de aprendizagem, pois entendem como “aquele aluno que não consegue acompanhar o desenvolvimento do trabalho proposto por motivos sociais ou neurológicos, não assimilando o conhecimento necessário”, o que condiz com a idéia de Scoz, de que há fatores intrínsecos e extrínsecos  relacionados às dificuldades de aprendizagem.
Porém, não basta ter um bom entendimento sobre dificuldades de aprendizagem, é preciso saber administrá-los para não conduzir o aluno ao fracasso. Ter alunos com problemas da aprendizagem, não é tarefa fácil, pois requer um professor com olhar diferenciado frente a sua prática pedagógica. Desse modo, através das respostas dos professores pode-se perceber que estes apresentam entre 1 e 2 alunos com dificuldades no processo de ensinar e aprender, a maioria dos profissionais atuando do 1º ano. Através desta análise percebeu-se que pelo fato de apresentarem problemas na aprendizagem, os alunos do 1º ano estão com dificuldades para evoluir, ocasionando casos de repetência e fracasso. Assim, é importante mencionar que a metodologia utilizada em sala de aula deve estar de acordo com as necessidades do educando, buscando saciar sua necessidade em busca de ressignificações no contexto escolar.
Como todo professor, queremos que nossos alunos acertem sempre, mas é interessante construir um novo olhar sobre o erro na aprendizagem. O erro é um indicador de como o aluno está pensando e como ele compreendeu o que foi ensinado. Analisando com mais cuidado os erros dos alunos, podemos elaborar a reformulação e práticas docentes de modo que elas fiquem perto das necessidades dos alunos e assim atender as dificuldades que ele apresenta.
Os problemas mais identificados pelos participantes da pesquisa foram: raciocínio lógico, falta de atenção - que afeta no comportamento em sala de aula e dificuldades na leitura e escrita. Esses foram diagnosticados, na maior parte, através da observação dos professores em sala de aula, que logo encaminharam para a equipe do NAPE. No entanto, alguns alunos não são atendidos, visto que há uma falta de comprometimento da família em acompanhar o segmento do tratamento, o que dificulta a caminhada em busca de melhores condições para a aprendizagem.
Diante desse quadro, sabe-se da grande importância que a metodologia tem no fazer pedagógico, pois, pode influenciar positivamente ou negativamente na aprendizagem do aluno, tendo em vista que muitos dos “problemas de aprendizagem” estão na própria proposta metodológica desenvolvida. Os professores pesquisados mencionam que utilizam como metodologia: “sentar próximo do aluno realizando um trabalho mais individualizado, ajudando-o a ler, proporcionando trabalhos em grupo, utilizando jogos nas atividades, materiais concretos, leituras mais simples quando necessário e trabalhos ao ar livre”.
Nessa perspectiva, recomenda-se que o professor, em conjunto com a equipe da escola, reflita sobre as possibilidades metodológicas que estão sendo oferecidas e a compatibilidade dessa com a estrutura cognitiva, afetiva e social do aluno, afinal a aprendizagem se baseia no equilíbrio dessas estruturas. O professor deve, ainda, adaptar a sua linguagem, pois pode haver diferença de cultura entre professor e aluno e isso poderá causar conflitos e dificuldades de comunicação, tendo como conseqüência problemas na aprendizagem. Para Vygotsky (1993) todos os seres humanos são capazes de aprender, mas é necessário que adaptemos a nossa forma de ensinar.
Os docentes percebem o aluno com problemas de aprendizagem, através de observações das crianças que não conseguem acompanhar o grupo e o desenvolvimento das atividades propostas. Mas não se sentem preparados para trabalhar com esses alunos, pois, falta conhecimento, preparo e apoio técnico para desenvolver um trabalho voltado para atender os anseios constatados.
A população pesquisada encontra como dificuldades em sua prática, a falta de espaço físico das escolas para a realização de atividades, falta de materiais didáticos e profissionais capacitados que auxiliem no desenvolvimento da prática pedagógica, bem como o apoio da família. São grandes as dificuldades para se chegar a uma prática (trans)formadora, mas não podemos desanimar. É preciso caminhar na busca de propostas alternativas à práxis, pois, as dificuldades sempre existirão.
Como estratégias para instrumentalizar a prática pedagógica, os professores utilizam “trabalhar de forma individualizada, atendendo cada aluno na medida do possível em sua especificidade, utilizando ditados, avaliações orais, materiais reciclados, sucatas e para enfrentar todos esses desafios muito amor”.
De acordo com os dados do NAPE- Núcleo de apoio Pedagógico Especializado,  foram verificadas 71 pastas de crianças  que freqüentam escolas da zona urbana, e participam do projeto, no intuito de suscitar reflexões a cerca da realidade educacional.
Entre as 09 escolas municipais urbanas pesquisadas, a que mais apresentou atendimentos pelo NAPE foi a escola 1, com 31%  do total de  alunos atendidos. A grande demanda de alunos com problemas de aprendizagem, oriundos da escola “1” representa ser reflexo da realidade vivenciada pela mesma, pois esta localiza-se em uma região de extrema pobreza, com grandes obstáculos, inclusive de acesso, tendo em vista a distância geográfica. As dificuldades de aprendizagem caracterizam grande parte dos problemas enfrentados pelos professores e alunos no processo de ensino e aprendizagem, pois muitas vezes refletem a realidade social que estas crianças provém, com famílias problemáticas, pais separados, negligências, falta de limites, abandono, desnutrição, entre outros fatores que podem facilitar ou não o processo o desenvolvimento.
Segundo a concepção teórica de Vygotsky (1988), as dificuldades de aprendizagem podem ser explicadas segundo a lei da dupla formação, cuja explicação é: no desenvolvimento dos indivíduos qualquer função mental aparece duas vezes, primeiro em nível social e depois em nível individual. Em outras palavras, primeiro entre pessoas (daí a importância da mediação) e depois no interior do próprio aprendiz (pela internalização do conhecimento construído).  Com base nessas premissas, as dificuldades podem ser geradas desde fora do sujeito, na mediação (que inclui a inadequação dos instrumentos utilizados) ou ainda, no interior do próprio aprendiz, devido a algum problema biológico ou conseqüência psicológica das suas relações com o ambiente.
Diante disso, tratando-se das dificuldades que causam maiores obstáculos na aprendizagem, surge a matemática com 29% dos alunos que apresentam algum tipo de déficit, como: dificuldade em diferenciar cores, números, letras, atraso psicomotor, raciocínio lógico, noção de espaço tempo, entre outras. Segundo Carvalho (2007) uma criança com dificuldades gerais de aprendizagem em matemática manifesta também em outras matérias e não apenas na matemática. Como conseqüência, essas crianças levam mais tempo para aprender do que as outras.  Já as crianças que apresentam discalculia, manifestam uma enorme falta de habilidade nas operações e princípios básicos da contagem devido a uma lesão cerebral.
De acordo com Piaget (1978), essas dificuldades que a criança apresenta na aprendizagem podem ser minimizadas com atividades que estimulem o “problema”, e o jogo é um instrumento que pode facilitar o desenvolvimento de habilidades, pois, assegura que o desenvolvimento do jogo progride de processos puramente individuais e simbólicos idiossincráticos privados que derivam da estrutura mental da criança e que só por ela podem se explicados. Assim, desenvolver noções matemáticas de maneira lúdica favorecerá o raciocínio lógico e também preparará o educando para aprendizagens futuras.  Nesse sentido, o professor deve estar empenhado em ajudar o seu aluno a percorrer o caminho do conhecimento matemático, de forma intensa e prazerosa, fazendo com ele próprio reconheça que estudar matemática pode ser uma atividade agradável e divertida.
Os problemas de aprendizagem também influenciam no comportamento do aluno, pois manifestar alterações na aprendizagem modifica a condição de ser do sujeito, uma vez que, esse pode sentir-se frustrado diante dos colegas, desmotivado, ou até mesmo ansioso por não conseguir, vindo a refletir em suas atitudes. De acordo com a pesquisa 24% das crianças atendidas pelo NAPE apresentam alterações no comportamento. Nesse campo aparecem também outros fatores que estão envolvidos nessa dinâmica como: falta de atenção, atraso na idade mental, problemas na leitura e escrita, hiperatividade, ansiedade, inabilidades matemáticas que prejudicam o processo de aprendizagem.
A leitura e escrita são processos muito complexos e as dificuldades podem ocorrer de maneiras diversas no processo de ensinar e aprender. No entanto, a aquisição da leitura e escrita é considerada fator fundamental e favorecedor dos conhecimentos futuros. Segundo Freitas (2006) é uma ferramenta essencial, ou mesmo a estrutura mestra onde serão alicerçadas as demais aquisições. É apoio para as relações interpessoais, para a comunicação e leitura de seu mundo interno e externo. Uma criança que não tenha solidificado realmente sua alfabetização, poderá tornar-se frustrada diante da educação formal, terá deficitário o seu processo evolutivo de aprendizagem, apresentará baixo rendimento escolar e pouco a pouco sua auto estima estará minada, podendo manifestar ações reativas de comportamento anti-social, bem como levá-la ao desinteresse e, muitas vezes, até a evasão escolar. O problema pode ainda decorrer em outras situações secundárias que acabarão se tornando tão ou mais graves daquelas originais que produziram a ineficiência da alfabetização.
A partir desses dados, 20% dos alunos atendidos pelo NAPE possuem problemas no desenvolvimento da leitura e escrita, pois apresentam atrasos na ortografia, na linguagem oral, falta de atenção, imaturidade, confusão de letras, reconhecimento de números. Outro fator que causa fracasso neste processo é a Dislexia, caracterizada pela dificuldade na aprendizagem da leitura e escrita nos indivíduos de inteligência e estado psiquiátrico normais, mas que, por lesões neurológicas, manifestam os sintomas acima descritos.  Tratando-se de dificuldades específicas de leitura 14% dos alunos apresentam problemas e 13%  na escrita
Através do levantamento de dados foi possível identificar do total de crianças atendidas na zona urbana, o percentual de 71% sendo do sexo masculino e 29% do sexo feminino. Rotta (2006) menciona que há uma predominância do sexo masculino para os problemas de Déficit de atenção e hiperatividade –TDAH, visto que no sexo feminino há predomínio de desatenção como expressão clínica, enquanto no homem são mais expressivas a hiperatividade e a impulsividade. Ainda segundo Rotta, pode-se relacionar o TDAH com os problemas de comportamento acima referendados, visto que estas crianças têm um risco aumentado de desenvolver problemas de conduta, de comportamento anti-social e abuso de drogas, o que além de interferir no progresso escolar, também ira interferir em suas relações sociais. 
Das crianças pesquisadas, é importante destacar que, 53 % freqüentam o 1º ano do ensino Fundamental. Diante dos dados, podemos perceber que há um grande número de repetência no 1º ano, visto que, há uma concentração de problemas de aprendizagem e também devido a idade dos alunos não ser adequada. 29% freqüentam a 2ª série, 10% na 3ª série e 8% a 4ª série.
A idade que das crianças variou entre 6 e 13 anos. 20% apresentam 9 anos, havendo um certo nível de repetência, pois estes alunos são a maioria do 1º ano. 19% apresentam 8 anos, 17% 7 anos, 16% 6 anos, 11% 10 anos, 7% 11 anos, 5% 12 e 13 anos.
Esses dados proporcionados pelos documentos do NAPE ajudaram a verificar que muitos dos problemas que os professores enfrentam em sala de aula são oriundos da realidade que os alunos vivenciam, da falta de estímulos e recursos. E diante disso, destaca-se a importância que a escola deve ter em proporcionar alternativas para de certa forma minimizar essas carências, de modo a diminuir os problemas que se originam desse tipo de realidade.

Considerações finais:
A diversidade é muito freqüente na realidade pesquisada, pois os alunos provêm de diferentes culturas e etnias, tendo em vista que a cidade de Livramento faz fronteira com Rivera-Uruguai, gerando, assim, uma grande demanda de diferenças. O professor, mais do que qualquer outro profissional deve trabalhar em sua prática, temas que envolvam as diferenças seja de raça, etnia, cultura ou sexo. E também estar atualizado, pois, essa realidade abrange também o espaço da sala de aula. É comum ter alunos provenientes de outras culturas, com modelos diversificados de família, com ritmo de aprendizagem diferente e até mesmo problemas que interferem no processo de aprender. Assim, faz-se necessário que o profissional docente utilize em seu fazer pedagógico metodologias que visem a sanar as dificuldades dos alunos na busca pelo sucesso escolar.
Acredita-se que através da divulgação dos resultados da pesquisa, poderão ser desenvolvidas diferentes visões dos docentes frente à prática pedagógica com alunos que apresentam alguma diferença no processo de aprender, através da busca de metodologias que busquem minimizar os problemas de aprendizagem, caminhando na busca da transformação do ensino.
Nesse aspecto é importante mencionar que a mudança da prática pedagógica, depende de cada sujeito, do compromisso frente à educação, independentemente dos obstáculos, pois eles, são os elementos essenciais, para que o professor continue buscando a perfeição em seu fazer pedagógico, procurando construir uma escola de qualidade, de libertação e transformação, que esteja preocupada em uma formação crítica, reflexiva e construtiva do cidadão consciente de sua responsabilidade com o mundo e com a sociedade em que está inserido. 
Por fim, vale destacar que muitas das questões que foram discutidas continuam abertas a novas pesquisas e estudos que visem a transformar o ensino, pois, através da propagação desses dados, novos olhares frente aos problemas de aprendizagem irão surgir, na busca pela ressignificação da educação e pela transformação do ensino voltado à diversidade.

Referências bibliográficas:
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FREITAS, S. N. A formação de professores na Educação inclusiva: construindo a base de todo o processo. In: RODRIGUES, D. (Org.). Inclusão e educação: doze olhares sobre a educação inclusiva. São Paulo: Summus, 2006. p. 161-181.
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_____________.  Pensamento e linguagem. SP, Martins Fontes, 1988.

Publicado em 05/08/2009 14:20:00


Caroline Côrtes Lacerda - Pedagoga formada pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões URI Campus Santiago/RS e psicopedagoga formada pela mesma






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