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Congresso esclareceu
dúvidas
Pela primeira vez foi
promovida uma conferência com o objectivo de esclarecer a correcta
actuação dos grupos de folclore |
Com a finalidade de
debater, aprofundar e dissipar dúvidas acerca da originalidade do folclore, mais
de 150 pessoas, entre directores de grupos luso-venezuelanos e público em geral
oriundos de diferentes partes do país, participaram no "Primeiro Congresso e
Debate Público sobre Folclore Português". A iniciativa, organizada pelo Clube de
Jovens Folcloristas-Venezuela (CJF-V), na passado sexta-feira, 4 de Julho,
decorreu no Salão Nobre do Centro Português (CP), de Caracas, e contou com a
participação, entre outras personalidades, do cônsul geral de Portugal na
capital, Fernando Teles Fazendeiro, o ex-vice-presidente da Federação de
Folclore Português, Ludgero Mendes, o director do Jornal Folclore, Manuel João
Barbosa.
Em Portugal existem mais de 1.700 agrupamentos folclóricos, dos
quais 70% não representa correctamente as regiões ou zonas que dizem pertencer,
posto que desvirtuam o vestuário e/ou a originalidade da música.
O
presidente do CJF-V, Sérgio Correia, observou na sua alocução que é importante
que os grupos ou todos aqueles que estão interessados no tema, indaguem junto
"fontes correctas" para possuir a informação correcta.
Neste sentido,
Correia espera que os grupos luso-venezuelanas subscrevam o "Jornal Folclore",
que é um meio impresso dedicado ao movimento folclorista dentro e fora de
Portugal com o objectivo de facultar informações acerca de toda a envolvência
relacionada com esta vertente cultural.
O cônsul Teles Fazendeiro, apesar
de ter confessado que não era um especialista na matéria etnográfica, não deixou
de reflectir sobre o tema. "A própria palavra folclore, que nasceu na época
romântica, com não disfarçados propósitos nacionalistas, contribuiu, contudo,
para aglutinar interesses, criar denominadores comuns de pesquisa no sentido de
conservar, registrar e chamar atenção para aspectos culturais, sobretudo de
carácter popular, nos mais variados domínios, do artesanato à música",
observou.
Acrescentou ainda que "a tradição folclórica portuguesa é rica,
complexa e muito variada. Todavia, a sua origem tem algo em comum, para além do
espaço físico onde nasceu: a Língua Portuguesa. O seu ensino e divulgação são a
forma mais eficaz de manter no seio das nossas comunidades, aqui na Venezuela
como noutras partes do mundo, o Folclore da Pátria portuguesa, com quase 900
anos de História".
O director do "Jornal Folclore", Manuel João Barbosa,
explicou, por seu turno, que tudo aquilo que foi utilizado, cantado e tocado num
determinado momento pelo povo "é considerado folclore". A melhor maneira de
manter a originalidade das músicas e bailes é contactando os grupos portugueses
do continente, Madeira e Açores que desejam representar.
Barbosa convidou
os directores dos agrupamentos a procurarem os programas de apoio para receber
ajuda das instituições portuguesas e assim salvaguardar o Património Imaterial
do país.
Por seu turno, o ex-vice-presidente da Federação de Folclore
Português, Ludgero Mendes, assegurou que a sua presença na Venezuela não tinha por objectivo "ensinar folclore a
ninguém". Antes e tudo vinha conhecer o movimento folclorista de cá. No entanto,
Mendes salientou a importância de os "grupo subirem ao palco respeitando a época
que representam e tomando em conta o vestuário e acessórios próprios". Por
último, fez apelou aos luso-venezuelanos para que acabem com os festivais
competitivos, lembrando que os agrupamentos "deveriam reunir apenas para
partilhar a mesma paixão".
Procurar
ajuda e confirmar a informação
Verificar a
veracidade da informação que é divulgada na Internet, assegurar que os bailes e
as canções são as verdadeiras, evitar o uso de maquilhagem, entre outros
aspectos, foram alguns dos pontos discutidos e explicados no congresso. Na
interacção com alguns membros do público presente, foi considerada interessante
e apropriada a ideia de realizar um congresso que trate de folclore para que
quem está fora do país possa aprender e ficar a conhecer mais sobre esta parte
etnográfica da cultura lusa.
Os participantes realizaram perguntas que
foram respondidas pelos especialistas. Foram dissipadas dúvidas como: os cabelos
compridos dos homens devem ser dissimulados, através da sua recolha pra dentro
do chapéu; não se deve dançar com instrumentos agrícolas nem nenhum tipo de
instrumentos; o amarrar do lenço varia de região para
região.