O Papalagui

[Josi]

Olá, pessoal,

Resolvi enviar para apreciação do grupo o texto "O Papalagui".

O livro, editado por Erich Scheurmann na década de 20, é uma compilação dos relatos e comentários que Tuiávii, chefe da aldeia de Tiavea, no arquipélago de Samoa, fez aos seus conterrâneos, após conhecer a Europa e o modo de vida do europeu. Papalagui é como ele chama o europeu, homem branco: "o homem que furou o céu".

Talvez vocês já conheçam, um amigo do Fernando disse que esse livro é bem conhecido na graduação de Sociologia. Se não, vale a pena. Tem muito a ver com o exercício da crítica à civilização...

Abraço a todos,

Josi.

[hugo]

Não conheço esse texto, mas me parece algo mais típico da Antropologia do que da Sociologia. Onde estou agora não tenho o Word que abre esse tipo de arquivo (acho que só o 2007 consegue, né?), mas em casa eu lerei. --- Em qui, 15/9/11, Josi <jbran...@yahoo.com.br> escreveu:

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[Felipe Kana]

Eu já li alguns trechos d"O Papalagui" em uma disciplina de Antropologia da faculdade. Achei muito bom, realmente é uma recomendação muito boa. Preciso ler a obra na integra ainda, inclusive pretendo usá-la no meu blog em breve.

Abraços!

Felipe

www.vida-nos-bosques.blogspot.com

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Date: Thu, 15 Sep 2011 11:39:19 -0700
From: hug...@yahoo.com.br
Subject: Re: [Civilização] O Papalagui
To: civil...@googlegroups.com

[Josi]

Sim, o texto é mais da antropologia...

Josi

De: hugo <hug...@yahoo.com.br>
Para: civil...@googlegroups.com
Enviadas: Quinta-feira, 15 de Setembro de 2011 15:39
Assunto: Re: [Civilização] O Papalagui

Não conheço esse texto, mas me parece algo mais típico da Antropologia do que da Sociologia. Onde estou agora não tenho o Word que abre esse tipo de arquivo (acho que só o 2007 consegue, né?), mas em casa eu lerei. --- Em qui, 15/9/11, Josi <jbran...@yahoo.com.br> escreveu:

De: Josi <jbran...@yahoo.com.br> Assunto: [Civilização] O Papalagui Para: "civil...@googlegroups.com" <civil...@googlegroups.com> Data: Quinta-feira, 15 de Setembro de 2011, 0:19

Olá, pessoal, Resolvi enviar para apreciação do grupo o texto "O Papalagui". O livro, editado por Erich Scheurmann na década de 20, é uma compilação dos relatos e comentários que Tuiávii, chefe da aldeia de Tiavea, no arquipélago de Samoa, fez aos seus conterrâneos, após conhecer a Europa e o modo de vida do europeu. Papalagui é como ele chama o europeu, homem branco: "o homem que furou o céu". Talvez vocês já conheçam, um amigo do Fernando disse que esse livro é bem conhecido na graduação de Sociologia. Se não, vale a pena. Tem muito a ver com o exercício da crítica à civilização... Abraço a todos, Josi.

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[fernando schuck]

Oi pessoal, estou sumido e permanecerei um tempo assim, pelo menos até dezembro... estou bastante envolvido com leituras e preparação de aulas. Para substituir aulas de professores afastados por saúde e não deixar os alunos sem aulas, acabei assumindo 4 disciplinas diferentes: filosofia (minha praia), sociologia, sociologia jurídica e antropologia. São aulas em 7 cursos diferentes e com um total de 9 turmas. Em número de turmas a coisa melhorou, estava com 14 no primeiro semestre. Fiz esta mudança para diminuir aulas, mas devido aos temas diferentes acabo usando mais tempo preparando. Estou tomando contato com muitos temas diferentes, tomara que possa aproveitar isso em futuras discussões.

Estou usando o texto O Papalagui em duas turmas para a realização de um trabalho. Acho que renderá uma boa discussão.

Quando comento nas aulas sobre crítica à civilização tenho recomendado o blog Civilização e os blogs linkados lá. Isso para aqueles que se interessarem pela discussão, e alguns realmente gostam de refletir sobre isso. Faço isso com sobriedade, sem nenhum tom de proselitismo.

Um abraço a todos e até breve.

Fernando

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De: Felipe Kana <felipe...@hotmail.com>
Para: Civilização? <civil...@googlegroups.com>
Enviadas: Quinta-feira, 15 de Setembro de 2011 15:41
Assunto: RE: [Civilização] O Papalagui

[Janos Biro]

Estou lendo. Parece muito interessante. Eu não conhecia.

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[Janos Biro]

Olá,

Terminei de ler e tenho alguns comentários. O que precisa ficar claro é que não se trata de uma crítica vinda de fora da civilização, como alguns podem pensar. É uma crítica que vem de dentro. O autor primeiro se tornou civilizado para então criticar a civilização, e ele reproduz a autocrítica da civilização numa linguagem que só poderia ser entendida por um povo civilizado e convertido ao cristianismo. Não que isso invalide tudo, é somente algo que deve ficar claro. Trata-se de uma crítica de um recém chegado à civilização que teve contato com aquilo que Freud chama, em Mal-estar na civilização, de "origem da crítica à civilização", a doutrina cristã. É uma crítica verdadeira, mas que ainda não chega ao fundo do poço. Nós já transformamos em mercadoria esta ideia de que o civilizado é um ser alienado em relação à natureza, tanto a externa quanto a interna e também a divina. Mas para onde caminhar a partir dessa constatação?

Enfim, o discurso parece ter uma intenção política, de preservação de um modo de vida. Trata-se de uma teoria pós-colonialista e também de uma teologia que se foca muito no aspecto materialista, tal como na teologia da libertação. Imagino que o autor se deixou levar por um conceito europeu: de que o civilizado é caracterizado pela racionalidade e o "não-civilizado" é caracterizado pela corporeidade. Alguns trechos que me levam a entender isso:

Não devemos, nem podemos fazer coisa alguma que não nos torne mais fortes de corpo, mais alegres e melhores de espírito. Precisamos, e isto é o mais importante, evitar tudo quanto nos prive da alegria de viver, de tudo que nos obscureça o espírito, lhe tire a luz clara, e faça a cabeça brigar com o corpo. O Papalagui, por sua maneira de viver, nos prova que pensar sem parar é doença grave que muito diminui o valor do homem.
 
O Papalagui nos trouxe a palavra divina, mas ele próprio não compreende a palavra nem o ensinamento de Deus. Compreende-as com a boca, com a cabeça, mas não com o corpo. Não o penetrou a luz de tal forma que irradie e, onde quer que vá, tudo ilumine a partir do seu coração; esta luz que também se chama amor.

Assim, embora a crença de que tudo pertence a Deus, não somos deuses e deveríamos nos contentar com o que Deus nos deu pode ser muito boa, mas é insuficiente para se proteger contra a ideologia civilizatória.

Abraços

Janos

Em 15 de setembro de 2011 00:19, Josi <jbran...@yahoo.com.br> escreveu:

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