Janos,
Como sempre: excelente o seu texto. Não só como crítica ao artigo, mas como resumo de vários elementos de identificação da crítica anticivilização. Realmente o texto de Flood tem argumentos rasos e, como você pontuou, trata o primitivismo como uma alucinação que não oferece alternativa.
Adiciono à sua crítica a apropriação que Flood fez do argumento de John Zerzan sobre evolução da linguagem e pensamento abstrato como a conclusão lógica do que é civilização. Na minha opinião ele cita e concorda com Zerzan somente para enganar o leitor, passando-se por conhecedor do objeto que critica. Desse ponto em diante admito que não fiquei muito aberto para os próximos argumentos.
Quero chamar a atenção para um parágrafo que achei especialmente bem construído:
Mas Flood vai mais além. Ele não apenas subestima a inteligência das primitivistas, como as acusa de desonestidade. É como se as primitivistas estivessem fugindo da questão lógica da população (como alimentar 6 bilhões), como se qualquer crítica à civilização implicasse simplesmente em fazer desaparecer num passe de mágica o sistema que atualmente alimenta 6 bilhões de pessoas. Seria como dizer que criticar o capitalismo é largar seu emprego, ou que criticar a domesticação é soltar seu cachorro e não alimentá-lo mais.
Outro parágrafo que gostaria de estender a discussão:
A questão para Flood parece ser: “Se não assim, então como?”. Se não destruindo a agricultura aqui e agora, sem alterar nossa relação com este meio de produção, então como? A resposta se torna evidente na medida em que se conhece a literatura da anarquia anticivilização. Neste ponto eu poderia simplesmente apontar uma série de textos que tratam justamente disso. Mas parece arrogante demais fazê-lo. Um crítico que se preza deveria no mínimo conhecer o que está criticando. Então vou simplesmente assumir que o público alvo desse artigo já está familiarizado com essa produção.
Apesar de ter sido exposto a muito material (compartilhado por você, inclusive), admito que a resposta não está tão evidente, pelo menos não de maneira enciclopédica, como fui levado a compreender pelo texto.
Se puder, aponte os textos que tratam disso, não é arrogante...rsrs
Abraço.