Notícias de Chiapas 19/11/2013

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Coruja Vermelha

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Nov 19, 2013, 11:09:34 AM11/19/13
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APESAR DE ATACADO E PERSEGUIDO, O EZLN COMEMORA 30 ANOS DE SUA
FUNDAÇÃO. Hermann Bellinghausen. La Jornada 18/11/2013.


“Sempre atacados e perseguidos, sempre resistindo; sempre sendo
aniquilados, sempre reaparecendo”, os zapatistas comemoraram neste
domingo os 30 anos da fundação do Exército Zapatista de Libertação
Nacional (EZLN) nas montanhas da selva chiapaneca. Apesar, ou “talvez
por isso”, as denúncias de suas bases de apoio, feitas através das
Juntas de Bom Governo, têm tão poucas leituras. “Mas também aqui nos
mostramos”.
O Subcomandante Marcos divulgou um comunicado onde relata “o encontro
excepcional entre um escaravelho e um ser desconcertante (quero dizer,
mais desconcertante que o escaravelho), e as reflexões não
conjunturais e sem importância que nele se deram; bem como a forma
pela qual, aproveitando um aniversário, o Sup tenta explicar, sem
conseguir, como os zapatistas veem sua própria história”.
Explica que, como advertiu em seu comunicado anterior (3 de
novembro), não se tornaram públicos os textos que o precediam. Agora
os “rebobina”. Adianta que não se centrará em temas políticos nem
conjunturais, mas, em pós-escritos, expõe como os zapatistas veem e se
veem em sua própria história. Esta não é só o que têm sido, o que lhes
têm acontecido, o que têm feito. É, sobretudo, “o que queremos ser e
fazer”. Então, na “avalanche” dos novos meios audiovisuais que mostram
a realidade em cores que “não têm nada a ver com a realidade, podemos
situar, numa improvável ‘linha do tempo’, nosso modo de ver nossa
história com o cinescópio”.
Admite ter ido “um pouco longe, às origens do cinema”. Assim, “nossa
história parece uma imagem de movimento contínuo e repetitivo, com
algumas variações que dão essa sensação de imobilidade móvel”.
Estabelece uma semelhança com o cinescópio de Edison, em 1894, (Annie
Oakley): “Como se nós fossemos a moeda lançada no ar, enquanto a
senhorita civilização atira em nós mais de uma vez (sim, o governo
seria o empregado servil que lança a moeda). Ou como na ‘chegada do
trem’, dos irmãos Lumiere, de 1895, nós seríamos aqueles que
permanecem na plataforma enquanto o trem do progresso chega e vá
embora”. Para ilustrar o ponto, o Subcomandante Marcos acrescenta
“alguns vídeos”: Rebobinar-3.
Mas “o coletivo que somos” pega cada fotograma “vendo a realidade que
fomos e somos, muitas vezes com os pontos negros de perseguições e
prisões, com os cinzas do desprezo, e com o vermelho da desapropriação
e da exploração. Mas também com a cor marrom e verde que somos da
terra que somos”.
Acrescenta: “Quando alguém de fora pára para olhar nossa ‘película’,
em geral comenta: ‘que atiradora certeira!’ Ou ‘como se arrisca o
empregado que joga a moeda para o alto sem medo de ser ferido!’, mas
ninguém comenta nada da moeda. Ou, no trem de Lumiere, dizem: ‘mas que
bobos, porque continuam na plataforma e não sobem no trem?’ ou ‘eis aí
uma amostra de que os indígenas estão como estão porque não querem
progredir’ (...). Mas se alguém nos perguntasse por que não subimos
nesse trem, diríamos ‘porque as estações que seguem são Decadência,
Guerra, Destruição, e o destino final é Catástrofe. A pergunta
pertinente não é por que nós não subimos, e sim por que vocês não
descem”.
Aqueles que vêm para estar com os zapatistas descobrem que “em cada
fotograma” têm acrescentado “uma imagem que não é perceptível a um
simples olhar, como se o movimento aparente das imagens ocultasse o
particular que cada fotograma contém”, algo que “só é possível
apreciar com um coração bem grande”.
Não falta, assinala, “quem nos diga que já há tablets e celulares com
câmaras à frente e atrás, com cores mais vivas que as da realidade”,
que, “a democracia representativa, que as eleições, que os partidos
políticos, que a modernidade, que o progresso, que a civilização”.
Dito isso tudo, “editando torpemente que é em sua modernidade onde se
perpetram os crimes mais atrozes; onde as crianças são queimadas vivas
e os incendiários são deputados e senadores; onde a ignorância simula
reger os destinos de uma nação; onde se destroem as fontes de
trabalho; onde os professores são perseguidos e caluniados; onde uma
grande mentira é ofuscada por uma maior”.
E aponta: “Para os meios de comunicação pagos, eles são os modernos,
nós os arcaicos”; eles “os que trabalham, nós os folgados”; eles “os
limpos, nós os sujos”. E esquecem o fundamental: “Esta é nossa
história, nossa forma de pensar-nos, de fazer-nos o nosso caminho, com
nossos erros, quedas, cores, vidas, mortes. É nossa liberdade”.

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Acessos aos materiais divulgados através da lista e novas inscrições
podem ser feitos através do site:
http://groups.google.com.br/group/chiapas-palestina/
Aguardamos suas críticas e observações pelo e-mail nadiacoru...@gmail.com
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