Notícias de Chiapas 14/08/2013

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Coruja Vermelha

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Aug 14, 2013, 2:13:27 PM8/14/13
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ZAPATISTAS: CRUZADA CONTRA A FOME, PLANO DE ATAQUE À NOSSA AUTONOMIA.
Hermann Bellinghausen. La Jornada, 11/08/2013.


San Cristóbal de las Casas, Chiapas, 10 de agosto. NOS CINCO Caracóis
zapatistas, se concluíram hoje as celebrações pelo décimo aniversário
do humilde serviço das Juntas de Bom Governo (JBG). Em Oventic, na
região de Los Altos, cerca de três mil pessoas ouviram em tzotzil,
tzeltal e castelhano a mensagem das JBGs que festeja os 10 anos em que
os povos zapatistas decidiram reorganizar sua autonomia e denuncia os
planos do mau governo contra a autonomia, como a Cruzada Nacional
contra a Fome “que não passa de um programa de contrainsurreição”.
Apesar disso, os povos zapatistas e seus governos autônomos estão
tratando de fortalecer o trabalho em todas as áreas e chamaram a
sociedade civil nacional e internacional a que se uma a suas
rebeldias.
Apesar de só terem sido admitidos os meios de comunicação
alternativos, e nenhum dos comerciais, os primeiro relatam hoje que
uma mulher, integrante da JBG Coração Concêntrico dos Zapatistas
diante do Mundo, leu uma mensagem na noite de sexta: “Não têm sido
fáceis esses dez anos de prática e construção de nossa autonomia, de
nossa própria forma de viver e pensar, de organizarmo-nos e
governarmo-nos. Não têm sido fáceis por muitas razões, por falta de
experiência ou falta de maior preparação”.
Contudo, reconheceu, “o que temos feito é de grande importância
porque temos aprendido e continuamos aprendendo a resistir e enfrentar
todos os males que nos fazem os três níveis de governo, que,
dia-após-dia, aumentam suas agressões contra os povoados”.
No ato, onde tomou a palavra o Comandante David para saudar as JBGs
em representação do Comitê Clandestino Revolucionário Indígena-Comando
Geral do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), a JBG
reprovou o regime de Henrique Peña Nieto e Manuel Velasco Coelho.
“Ainda que os três níveis do mau governo falem tanto de justiça,
liberdade, democracia e respeito aos direitos humanos, são os
principais violadores dos direitos e cúmplices dos crimes que se
cometem em nosso Estado e em nosso país; por isso, os maus governantes
anteriores e atuais estão buscando todas as formas de acabar conosco e
de destruir nossa luta e resistência”.
A porta-voz do governo autônomo rebelde citou a chamada Cruzada
Nacional contra a Fome, “que nada mais é a não ser um plano de
contrainsurreição com o objetivo de dividir, provocar enfrentamentos
nas comunidades e destruir a resistência dos povos zapatistas, porque
é um ataque econômico, político, social, ideológico e cultural contra
a construção da autonomia dos povos originários em nosso país.
Segundo os zapatistas, o plano nacional de Peña Nieto “só trará mais
fome, doenças e mortes, já que a militarização e paramilitarização de
todos os territórios indígenas estão causando mais insegurança,
terror, medo e descontentamento para nossos povos, que não concordam
em ver nossas comunidades invadidas por milhares de federais,
militares e paramilitares que respaldam a violação de direitos
humanos”.
Apesar desta guerra de extermínio, estão tratando de levar adiante
sua forma de autonomia. Admitindo falhas “porque ainda falta muito
para melhorar nosso trabalho por uma vida mais justa, mais digna, mais
humana”; os zapatistas colocaram que ainda creem num mundo melhor, um
mundo onde caibam muitos mundos.
Por último, a JBG chamou as bases de apoio do EZLN a “seguir adiante,
a não ficar para trás, a não desanimar, porque nossa luta não vai
terminar enquanto vivermos numa situação de injustiça, de exploração,
de discriminação e roubo de riquezas naturais de nossas terras”.


“HÁ MEDO” EM CHENALHÓ PELA VOLTA DOS PARAMILITARES, ALERTAM LAS
ABEJAS. Hermann Bellinghausen. La Jornada, 14/08/2013.


San Cristóbal de las Casas, Chiapas, 13 de agosto. Em alguns lugares
do município tzotzil de Chenalhó, como a colônia Puebla, “há medo, as
mulheres e as crianças não se atrevem a sair pra trabalhar no campo”,
relata Rosendo Gómez Hernández, presidente da mesa diretiva da
organização Las Abejas. Afirma que a libertação dos paramilitares
condenados pelo massacre de Acteal, alguns dos quais têm voltado
sub-repticiamente a suas casas, propicia a reativação dos grupos
próximos à oficialidade que, em 1997, atormentaram essa região de Los
Altos.
“O que acontece é que [o massacre de] Acteal ficou impune, e não
concordamos com isso. Para nós, o governo mexicano não tem autoridade.
Se fosse um governo de verdade, faria algo a favor da justiça”,
acrescenta. Quatro anos atrás começou a soltura de praticamente todos
os presos, dois deles (Roberto Méndez Gutiérrez e Lorenzo Pérez
Vázquez) réus confessos de ter participado do ataque ao acampamento de
Acteal em 22 de dezembro de 1997, e todos partícipes da violência
desatada desde maio daquele ano contra bases de apoio zapatistas e
integrantes do Las Abejas em numerosas comunidades.
“Não permitiremos outro massacre. Há momentos em que sentimos que
estamos mortos”, prossegue. “Em Puebla todos os católicos sofrem: uns
são priistas, outros do Las Abejas, outros zapatistas”.
O grupo presbiteriano encabeçado pelo pastor Agustín Cruz tem
propalado rumores e falsas acusações, como ter “envenenado” centenas
de pessoas, semanas atrás, algo que nunca foi comprovado, mas que
provocou o espancamento de três moradores católicos de Puebla, dois
deles zapatistas, e sua prisão em San Cristóbal, antes de saírem
livres por falta de provas.
Mas Las Abejas são unânimes em dizer que, recentemente, têm ouvido
disparos nos arredores de Acteal.
Outro membro da organização relata: “Em Puebla, desde que tiraram a
capelinha que estava sendo construída, não permitem a passagem de
visitantes nem a de observadores, ameaçam os motoristas. Apedrejam os
carros. Dizem que se alguém se aproximar, será tirado ‘à bala’”. Se a
Corte não tivesse libertado os paramilitares, isso não estaria
acontecendo. Sentem-se fortes do lado do governo, e pelo fato de terem
o “seu exército”.
Acrescenta que estão participando diretamente pelo menos cinco
paramilitares. “Em Quextic, mora um que foi chefe, Méndez Gutiérrez”.
E, em Puebla, “os católicos não têm armas; os presbiterianos sim, e as
mostram”.
Outro indígena, de nome Mariano, diz: “O do templo e um pretexto para
agredir. Hoje com porretes, amanhã com armas? Divulgam rumores,
falsidades, ameaças. Os jovens são os mais agressivos”. Lembra que há
novos desalojados “por serem apedrejados, ameaçados, burlados; entram
em suas casas, colocam alguém para vigiar que ninguém saia”. E aponta:
“Bem parecido com 1997”.
Enquanto isso, o grupo presbiteriano, majoritário no ejido Puebla,
acusa de violência os católicos, Las Abejas e os zapatistas, ainda que
estes tenham sido os únicos a serem torturados, perseguidos e
ameaçados. O grupo agressor tem o respaldo das autoridades ejidais e
de vários paramilitares libertados.

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