Notícias de Chiapas 23/07/2013

[Coruja Vermelha]

ZAPATISTAS ABREM A SEGUNDA E TERCEIRA TURMA DA ESCOLINHA. Hermann
Bellinghausen. La Jornada 20/07/2013.


O Subcomandante Moisés, do Exército Zapatista de Libertação Nacional
(EZLN), divulgou as datas para a segunda e terceira turma da chamada
Escolinha, a serem realizadas na última semana de dezembro e na
primeira de janeiro de 2014. É o curso A Liberdade segundo os
zapatistas, cujas primeiras aulas serão dadas em agosto em comunidades
indígenas dos cinco caracóis nas montanhas de Chiapas.
“Queremos comunicar-lhes companheiros, homens, mulheres, crianças e
anciãos, que não conseguiram sua vaga nesta primeira chamada da
Escolinha, em agosto, que os povos zapatistas fizeram um esforço para
que se ampliassem ainda mais as vagas e foram ampliadas para 1700
estudantes e já está completo outra vez”, informa o Subcomandante
Moisés num comunicado.
“Mas, mesmo assim, continuam restando muitas e muitos que querem vir.
Bom, então, queremos dizer-lhes que não fiquem tristes, nem com raiva
ou enojados por não terem tido uma vaga. Acontece que as e os
companheiros professores já decidiram que as aulas vão continuar em
dezembro e janeiro próximos”.
“A segunda chamada será de 25 a 29 de dezembro, justo antes da festa
do 20º aniversário do levante zapatista. Os rebeldes também acordaram
festejar o amanhecer de primeiro de janeiro de 1994. Mas não há
descanso, porque também já há acordo que, terminada a festa, o
trabalho continua numa terceira rodada da escolinha, de 3 a 8 de
janeiro”.
Moisés adverte que, para pedir o convite e a chave de registro para a
segunda e terceira turma da Escolinha, ainda que já tenham pedido na
página ou por correio, terão que mandar sua solicitação a partir de
hoje mesmo.
“A anunciada celebração pelos primeiros 10 anos dos caracóis e das
juntas de bom governo, de 8 a 10 de agosto, é aberta a todos”,
reitera. Vai haver um concerto e apresentações de grupos artísticos de
várias partes do México e do mundo. E também um concerto no CIDECI de
San Cristóbal de las Casas, em 11 de agosto.
Aqueles que forem às comunidades deverão pagar cem Pesos pelo pacote
de estudo, que consta de quatro livros de texto e dois DVDs. Ao
concluir ditos cursos, em San Cristóbal, terá a cátedra Tata Juan
Chávez Alonso, regida por dirigentes de vários povos originários de
nosso país.
Por último, o EZLN avisa os aderentes da Sexta Declaração da Selva
Lacandona que não venham em agosto que haverá “aulas especiais por
videoconferência, com uma equipe especial de companheir@s zapatistas
que vão explicar e estar respondendo suas dúvidas através do tal do
chat”, com o apoio da mídia livre da Sexta. Sobre isso, se falará num
escrito especial.
O porta-voz zapatista adianta que as videoconferências serão nos dias
12, 13, 14, 15 e 16 de agosto em, pelo menos, dois horários: um para
que se possa entrar na noite na América e outro será horas depois para
que possam entrar na noite os de outros continentes. Isso porque estou
pensando que é de noite que vocês voltam de seus trabalhos e podem
assistir às aulas, ou tomá-las de dia, caso trabalhem à noite. Cabe
lembrar que os zapatistas informaram anteriormente que na Escolinha se
inscreveram pessoas dos cinco continentes.
Para ter acesso às conferências será necessária uma senha que será
fornecida apenas aos convidados e a quantos pediram para assistir às
aulas desta forma. Os que desejarem ouvi-las e não têm convite podem
solicitar que os levem em consideração para a videoconferência através
do correio eletrônico víd...@exln.org.mx.


CONTINUA O CONFLITO PELA CAPELINHA EM CHENALHÓ.
Hermann Bellinghausen. La Jornada, 22/07/2013.


O Centro de Direitos Humanos Frei Bartolomeu de las Casas (FRAYBA)
denunciou um aumento das agressões contra católicos da organização
Povo Crente no ejido Puebla (município de Chenalhó, Chiapas). Neste
sábado, dois deles foram privados “arbitrariamente” de sua liberdade,
golpeados e ameaçados de “linchamento”. No domingo, foram transferidos
a San Cristóbal de las Casas pelo Ministério Público e se encontram
detidos. Outros três receberam ameaças, “acusados de encabeçar a
construção da capelinha”.
Capturados “a golpes”, Mariano Méndez Méndez e Luciano Méndez
Hernández [bases de apoio do EZLN], foram acusados “de ter envenenado
a água da comunidade”. “Um pretexto”, disseram do FRAYBA. Segundo
testemunhos de Povo Crente, isso nunca ocorreu. Pelo menos não por
parte deles. Não obstante, as autoridades ejidais informaram à
Secretaria de Saúde que tinham dezenas de intoxicados (de 60 a 88), o
que não pôde ser confirmado pelas próprias autoridades. E quando
funcionários da saúde tentaram estudar o tanque supostamente
contaminado, este se encontrava “vazio”, segundo a parte acusadora, o
que não permitiu o exame.
Presos perto de sua casa, os indígenas “foram arrastados durante
quinze minutos até a escola do ejido, e amarrados a um poste da quadra
de basquete pelas mãos e o pescoço” por Germán Gutiérrez Arias e por
autoridades comunitárias, denuncia o FRAYBA. Disseram que lhes
jogariam gasolina e ateariam fogo “para acabar de vez com os dois”.
Entre os agressores se encontravam Nicolás Santiz Arias e Agustin
Méndez López, auxiliares municipais, além de Calixto e Benjamin Cruz
Gómez, filhos do representante ejidal Agustín Cruz Gómez, que tem
encabeçado as agressões contra o grupo católico da comunidade depois
da soltura de Jacinto Arias Cruz, ex-prefeito de Chenalhó condenado
pelo massacre de Acteal e originário do ejido que, uma vez em
liberdade, visitou seus correligionários em abril.
No sábado, os agressores cercaram Humberto Méndez Méndez, irmão de
Mariano e, então, o comissário Cruz Méndez e seus colaboradores
Lorenzo Gutiérrez Gómez, Javier Cruz López, Lorenzo López Méndez, Juan
López Arias e Diego Hernández López “incresparam” com Macario Arias
Gómez, Pedro López Guzmán e Francisco López Santiz, de Povo Crente,
incitando os presentes “a agarrá-los e matá-los, coisa que não ocorreu
pois eles não se encontravam no lugar”.
De acordo com testemunhos recebidos pelo FRAYBA, os agressores,
identificados por sua filiação religiosa como evangélicos, cercaram
cerca de 35 católicos na capela. Rosa Hernández Méndez, esposa de
Méndez Méndez, foi agredida a golpes por algumas mulheres da
comunidade; além disso, chegou ao ejido o síndico municipal André
Gómez Vázquez, que foi impedido de sair.
Agora, três integrantes de Povo Crente poderiam ser processados por
acusações falsas. Neste domingo, cerca de 40 evangélicos se
apresentaram na Procuradoria Indígena em San Cristóbal para pressionar
as autoridades e impediram à força a passagem dos advogados que
pretendiam representar legalmente os detidos (um dos quais ainda não
foi identificado).
O conflito, aparentemente religioso, foi desencadeado em abril,
depois que famílias católicas se determinaram a reconstruir sua
capela, já que a anterior estava deteriorada. No dia 12 começaram a
demoli-la. Em 29 de abril, um grupo de 140 pessoas, encabeçadas pelo
comissário Cruz Gomez e por outras autoridades da comunidade, como
Lorenzo Gutiérrez Gómez, Juan López Arias, Lorenzo López Méndez e
integrantes do Patronato de Obra e Comitê de Saúde, “todos do Partido
Revolucionário Institucional e de religião evangélica, muitos deles
pastores”, afirma o FRAYBA, “invadiram o terreno e depois de colocar
uma linha divisória ameaçaram apoderar-se deste lote e do material de
construção”.
Em primeiro de julho, os católicos retomaram a construção da nova
capela. No ultimo dia 18, um grupo de pessoas encabeçadas por Agustín
Méndez López e Javier Cruz López destruiu o que havia sido edificado.

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