Notícias de Chiapas 09/11/2013

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Coruja Vermelha

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Nov 9, 2013, 12:05:21 PM11/9/13
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INDULTO A PATISHTÁN NÃO SIGNIFICA JUSTIÇA, DIZ O SEU POVO.
Hermann Bellinghausen. La Jornada 09/11/2013.


San Juan El Bosque, Chiapas, 8 de novembro. “Não há o que aplaudir na
libertação de Patishtán. Não significa justiça. Nunca deveria ter sido
preso. Se ele sempre foi inocente, por que tivemos que esperar mais de
13 anos e uma intervenção do presidente da República?”, afirma o
Movimento do Povo de El Bosque pela Liberdade de Alberto Patishtán.
“As autoridades deveriam pedir perdão de joelhos diante das pessoas às
quais aplicam um castigo injusto e aceitar ‘sim, erramos, somos
responsáveis’. Acreditam que se lavam as mãos com o indulto”.
Aqui “não há lugar para a palavra ‘indulto’; pesa-nos”, dizem os
porta-vozes do movimento em entrevista com o La Jornada. “Eles sabiam
que teria que suportar todo esse castigo imerecido, garantiram isso,
já que é assim que funciona a justiça”.
Também admitem, de maneira enfática, que todo o movimento nacional e
internacional que durante anos exigiu o mesmo que os moradores deste
povoado tzotzil ao norte de Los Altos, não teria sido possível sem o
respaldo da Outra Campanha, depois da Sexta, e do Exército Zapatista
de Libertação Nacional (EZLN), e daí tantas organizações que se
uniram.
Apesar disso, sublinham, “foi o povo de El Bosque quem sempre
sustentou a luta. Sem o seu povo, Patishtán não o teria conseguido”.
Martín Ramírez López e Pascual Gómez López se alternam ao tomar a
palavra para fixar a postura dos indígenas e relatar como foi recebida
aqui a notícia na tarde de 31 de outubro: “As pessoas aplaudiam,
levantavam seus polegares, gritavam espontaneamente pelas ruas ‘viva
Patishtán!’. Na sua casa ressoaram foguetes. Na noite de 31 de
outubro, quando o professor foi libertado, na rua, se juntavam
grupinhos para aplaudir. Depois de tantos anos, enfim, estavam
celebrando”.
O professor Martín conta: “A família e o comitê do movimento tinham
três compromissos com o povo: sair a divulgar com o som a notícia
quando fosse confirmada; explicar que não vai voltar até terminar o
seu tratamento; e agradecer todos do povo, das organizações, das
diferentes igrejas e as pessoas em geral”. Aqui, sublinha, “99%
concordam com sua inocência; só discordam as pessoas que o acusaram”.
Pascual, com uma camiseta que faz referência à luta de Patishtán
(“agora vou colocá-la como enfeite na minha casa”), contava: “No dia
de sua libertação ficamos sem eletricidade em todo o povoado e sem
sinal de celular; e aqui eu que era o contato com os companheiros no
Distrito Federal estava sem comunicação. Ficamos aflitos. Foi até um
senhor do outro lado que nos emprestou seu telefone para que
pudéssemos falar, e assim avisar a família. Na nova estação FM o
anúncio foi várias vezes ao ar. As pessoas estavam muito contentes”.
O primeiro revela que se tem a proposta de “convidar uma caravana do
DF para acompanhar e cuidar de sua volta”. Não há data, mas no povoado
já estão esperando por ele. “O ânimo subiu, a gente está contente
todos os dias. Durante 13 anos deram gritos em nível municipal,
nacional e internacional. Sabem que ganharam esta batalha, é a
colheita de todos os grupos sociais”. E acrescenta: “O governo se
cansou de que o povo continuasse a lutar, achavam que iríamos calar,
mas nem em 20 ou 30 anos. Então, abriram a porta a um homem inocente.
Faltam muitos mais”.
Pascual explica que “o governo não concedeu, do nosso lado houve
sempre bons argumentos, e sim, alguns artigos da lei foram mudados,
mas não nos importa porque o governo não quis declarar a inocência de
Patishtán”. Se existisse uma justiça verdadeira “a reforma não seria
necessária; muitos presos agora vão aprender que têm que tomar
consciência”.
Ramírez López aponta: “Vimos que o impulso começa em janeiro de 2006
quando o Subcomandante Marcos para no presídio de El Amate para apoiar
os presos, e Patishtán e seus companheiros mandam dizer que desde 2005
são da Outra Campanha. Também foi muito importante quando em 2012,
durante as ações nas embaixadas e países, estavam juntos os cartazes
com as fotos do zapatista Francisco Santiz e do Profe. Isso ajudou a
fazer com que o mundo ajudasse”.
Insiste de que se devem investigar as falsas testemunhas, em especial
Manuel Gómez Ruiz, prefeito em 2000, e seu filho Rosemberg, a
testemunha que o acusou. “As autoridades sabem que precisam de outra
investigação da emboscada -que deixou sete policiais mortos naquele
ano, e pela qual Patishtán foi acusado e condenado em 2001- e atribuir
responsabilidades aqueles que usaram a justiça por vingança contra um
inocente”.
Ramírez López, companheiro de magistério e de luta do libertado há
mais de 18 anos, conclui: “Patishtán está livre, mas a luta continua”.

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