Notícias de Chiapas 24/08/2013

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Coruja Vermelha

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Aug 24, 2013, 1:31:17 PM8/24/13
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PRONUNCIAMENTO DA CÁTEDRA “TATA JUAN CHÁVEZ ALONSO”.
La Jornada, 21/08/2013.


Aos povos e governos do mundo
À Sexta Nacional e Internacional
Às alunas e aos alunos da Escolinha Zapatista

Assim como é no tempo e na nossa história com a mãe terra; os povos,
nações e tribos indígenas Yaqui, Mayo, Náyeri, Wixárika, Rarámuri,
Odam, Nahua, Purépecha, Nañu ou Ñuhu, Mazahua, Popoluca, Tzotzil,
Chol, Tzeltal, Tojolabal, Zoque, Totonaco, Coca, Mame, Binnizá,
Chinanteco, Ikoot, Mazateco, Chontal, Ñu Saavi, Chatino, Triqui,
Afromestiço, Mehpa, Nancue Ñomndaa, Ñhato e Maya Peninsular dos
estados de Sonora, Chihuahua, Veracruz, Durango, Nayarit, Jalisco,
Michoacán, Querétaro, San Luis Potosí, Morelos, Estado do México,
Guerrero, Distrito Federal, Puebla, Tlaxcala, Oaxaca, Tabasco, Yucatán
e Campeche; assim como os povos Ixil, Quiche, Quechua e Nasa dos
países da Guatemala, Peru e Colômbia que temos caminhado juntos e
atentos, como filhos todos e todas da mãe terra, nos encontramos e nos
reconhecemos nos dias 17 y 18 de agosto de 2013 em San Cristóbal de
las Casas, Chiapas, nas instalações do CIDECI- UNITIERRA, para
recordar e atuar consequentemente com a palavra viva de nosso irmão
maior Tata Juan Chávez Alonso que nos ensina, nos guia e cuja memória
há um ano de sua ausência se transforma em esperança e força para os
povos que refundamos e reconstituímos porque decidimos continuar sendo
os indígenas que somos, continuar falando a língua que falamos,
continuar defendendo o território em que vivemos.
Reconhecemo-nos na luta pelo respeito a nosso modo de vida ancestral,
luta que empreendemos juntos e na qual temos falado, temos exigido e
temos sido reiteradamente traídos pelos maus governos.
Neste caminho de luta, aprendemos que os poderosos não respeitam a
palavra, traem-na e violentam-na mais de uma vez de norte a sul, de
leste a oeste deste país que se chama México, desde o desconhecimento
dos Acordos de San Andrés Sakamchén de los Pobres, a contrarreforma
indígena de 2011e as inúmeras traições a nossos povos das diversas
regiões e lutas num México indígena que se encontra vivo, de pé e com
um único coração que se faz grande, tão grande como é a dor que
padecemos e como a esperança com a qual lutamos, pois, apesar da
guerra de extermínio que tem se tornado mais violenta do que nunca,
nós aqui estamos.
Reconhecemo-nos no caminho de nossa história e nossos antepassados
que são presente, futuro e espelho da autonomia exercida nos fatos,
como única via do futuro de nossa existência e que se torna nossa vida
comunitária, assembleias, práticas espirituais, culturais, autodefesa
e segurança, projetos educacionais e de comunicação próprios,
reivindicações culturais e territoriais nas cidades pelos povos
desalojados ou invadidos com uma memória histórica viva.
Somos os indígenas que somos, decididos a reconstruirmo-nos em outro
mundo possível.
Este espelho profundo, antigo e novo, são as lutas que somos e pelas
quais nos pronunciamos com um único coração e uma única palavra.
1. Exigimos a imediata libertação dos presos políticos em nosso país,
particularmente a de nosso companheiro tzotzil Alberto Patishtán,
injustamente preso há 13 anos e que cumpre uma sentença ilegal de 60
anos. Do mesmo modo, exigimos a liberdade de nossos seis irmãos Nahuas
da comunidade de San Pedro Tlanixco, presos injustamente há 10 anos no
cárcere de Almoloya por defender a água de sua comunidade. Trata-se de
nossos irmãos Pedro Sánchez, com uma sentença de 52 anos, Teófilo
Pérez, com uma sentença de 50 anos, Rómulo Aras, com uma sentença de
54 anos e dos companheiros Marco Antonio Pérez, Lorenzo Sánchez e
Dominga González que estão sendo processados; do mesmo modo, exigimos
o cancelamento das ordens de prisão contra Rey Pérez Martínez e Santos
Alejandro Álvarez, também de Tlanixco; a liberdade dos companheiros
presos da comunidade tzeltal de Bachajón, Chiapas, Miguel de Meza
Jiménez e Antonio Estrada Estrada; dos companheiros Loxichas Eleuterio
Hernández García, Justino Hernández José, Zacarías Pascual García
López, Abraham García Ramírez, Fortino Enríquez Hernández, Agustín
Luna Valencia e Alvaro Sebastián Ramírez, presos no CEFERESO número
seis de Huimanguillo, Tabasco; assim como a de Pablo López Álvarez de
San Isidro Aloapan, Oaxaca, preso no cárcere de Villa de Etla.
2. Denunciamos que os maus governos e as empresas transnacionais têm
se valido de grupos paramilitares para impor megaprojetos extrativos
mediante a exploração ilegal de minérios e madeiras preciosas,
particularmente na costa Nahua e no planalto purépecha de Michoacán e
da comunidade nahua de Ayotitlán, na serra de Manantlán, Jalisco.
3. Pedimos justiça para a comunidade nahua de Santa Maria Ostula, na
Costa de Michoacán, onde os maus governos, em conluio com os cartéis
do narcotráfico, têm protegido a desapropriação das terras ancestrais
da comunidade, a pilhagem dos recursos naturais por grupos do crime
organizado e a sangrenta repressão à organização comunal que tem
acabado em assassinatos e desaparecimentos.
4. Saudamos a luta histórica da comunidade de Cherán, Michoacán e o
digno exercício do direito de autodefesa que tem florescido no povo
Purépecha em defesa de sua própria vida, de suas famílias, sua cultura
e território, ameaçado pela cumplicidade dos maus governos com grupos
paramilitares e narcoparamilitares, sendo suas exigências a segurança,
a justiça e a reconstituição do território.
5. Do mesmo modo, saudamos a defesa digna que as comunidades e
bairros indígenas vêm fazendo dos saberes tradicionais e do cultivo do
milho nativo.
6. Repudiamos a repressão ao povo Ikoot de San Mateo del Mar e San
Dionisio del Mar, assim como o povo binniza de Juchitán e a colônia
Álvaro Obregón; exigimos a libertação imediata de Alejandro Regalado
Jiménez e Arquimedes Jiménez Luis, bem como o imediato cancelamento
dos corredores eólicos nas mãos das empresas espanholas Endesa,
Iberdrola, Gamesa e Unión Fenosa que, na região do Istmo, invadem e
destroem as terras comunais e os sítios sagrados dos povos acima
mencionados.
7. Exigimos que se detenha a repressão contra a comunidade de San
Francisco Xochicuautla do Estado do México, bem como o cancelamento
definitivo do projeto rodoviário chamado rodovia privada
Toluca-Naucalpan, do mesmo modo apoiamos a solicitação de medidas
cautelares ante o Sistema Interamericano de Direitos Humanos para os
habitantes de dita comunidade.
8. Exigimos do mau governo federal que cumpra com o cancelamento da
construção do Aqueduto Independência que pretende desapropriar a tribo
Yaqui da água que historicamente tem defendido no rio Yaqui,
reiterando nossa palavra de que atuaremos de maneira consequente
diante de qualquer tentativa de repressão ao acampamento em
resistência mantido na rodovia internacional na altura de Vícam,
primeira cabeceira da Tribo Yaqui.
9. Exigimos o fim da repressão e a retirada da força pública da
comunidade Huexca, Morelos, pela construção de uma termoelétrica; o
cancelamento do aqueduto e a extração da água do rio Cuautla, pois,
afetará 22 ejidos do município de Ayala, bem como o fim das
hostilidades contra 60 comunidades de Morelos, Puebla e Tlaxcala que
devem ser desalojadas pela instalação de um gasoduto, tudo isso como
parte do Projeto Integral Morelos, que pretende destruir a vida
camponesa desses territórios para transformá-los em indústrias e
rodovias exigimos o respeito ao guardião sagrado: vulcão Popocatépetl,
igualmente depredado pelo desmedido corte clandestino de seus bosques.
10. Solidarizamo-nos com a luta da comunidade Coca de Mezcala, em
Jalisco, pela recuperação de seu território e exigimos o cancelamento
das ordens de apreensão vigentes contra os comunheiros cujo delito têm
sido o de defender sua terra.
11. Exigimos o respeito ao território comunal e à assembleia geral de
comunheiros de Tepoztlán, somando-nos à exigência de cancelamento da
rodovia La Pera-Cuautla, assim como rechaçamos a campanha de mentiras
e enganações à opinião pública por parte do governo de Morelos para
justificar a desapropriação.
12. Advertimos que há um ataque sem precedentes aos pilares sagrados
do mundo reconhecidos e sustentados pelos povos originários e que, com
certeza, defendem em nome da vida no Universo, como são os territórios
sagrados de Wirikuta e Hara Mara nos estados de San Luis Potosí e
Nayarit ameaçados por projetos capitalistas de turismo e mineração com
a cumplicidade dos maus governos nacionais e estaduais, assim como
fazemos nossa a exigência de cancelamento da totalidade das concessões
de turismo e mineração de ditos territórios e na totalidade dos
territórios indígenas. Repudiamos a campanha de confrontação realizada
pela empresa de mineração First Majestic Silver e pelo mau governo
municipal de Catorce, San Luis Potosí. Saudamos o digno povo camponês
de Wirikuta que decidiu levantar a voz em defesa de sua terra, água,
saúde e meio-ambiente e a irmandade com o povo Wixárika.
13. No mesmo sentido, advertimos que não nos manteremos a margem da
tentativa de destruição do sítio sagrado Muxatena e de outros 14
sítios sagrados do povo Náyeri diante do projeto de construção da
represa Las Cruces no rio San Pedro Mezquital, no estado de Nayarit.
14. Denunciamos as invasões por mão de empresas do agronegócio nos
territórios indígenas e camponeses que alteram deliberadamente as
chuvas em benefício próprio e destroem a vida camponesa, como é o caso
da comunidade nahua de Tuxpan, Jalisco e Planalto Potosino no
território sagrado de Wirikuta.
15. Exigimos o cancelamento de concessões de mineração no coração da
Sierra de Santa Marta, em território Popoluca e denunciamos a
tentativa de invasão das terras comunais de San Juan Volador do
município de Pajapan pela empresa eólica Dragón, no sul de Veracruz.
16. Exigimos o cancelamento do projeto rodoviário Tuxtepec-Huatulco,
o chamado corredor turístico Chinanteco em território Chinanteco, bem
como o cancelamento das reservas ecológicas na região norte de Oaxaca.
17. Exigimos o cancelamento do aqueduto impulsionado pelo mau governo
de Guerrero que pretende desapropriar os povos Nasavi, Nancue Ñomndaa
e Afromestiço da água do rio San Pedro da costa chica de Guerrero.
18. Repudiamos a tentativa de inundação dos lugares sagrados do povo
Garijo de Alamo, Sonora, com a construção da represa Pilares, bem como
o desvio do rio Sonora em prejuízo da nação Komkaak, que há quatro
meses vem sendo privada da água em benefício dos grandes proprietários
agrícolas da costa de Sonora.
19. Denunciamos a política de extermínio por parte do governo do
Distrito Federal contra as comunidades e povos da serra de Ajusco,
mediante a desapropriação dos territórios ejidais e comunais de San
Miguel Xicalco e San Nicolas Totolapan; respaldamos e reconhecemos os
subdelegados comunitários em resistência de San Miguel e Santo Tomas
Ajusco.
20. Saudamos a luta da comunidade autônoma de San Lorenzo Azqueltán,
no estado de Jalisco e reconhecemos suas autoridades autônomas,
mantendo-nos atentos e solidários a sua luta pelo reconhecimento de
seu território ancestral.
21. Saudamos e reconhecemos a renovação das autoridades da comunidade
autônoma Wixárica de Bancos de San Hipólito, Durango; do mesmo modo,
apoiamos sua luta pelo reconhecimento territorial ancestral que vem
exigindo há mais de 45 anos.
22. Responsabilizamos os funcionários públicos da delegação política
de Xochimilco pelas ameaças ao companheiro Carlos Martínez Romero do
povoado de Santa Cruz Acalpixa pela defesa da água e do território.
23. Unimo-nos às reivindicações de dezenas de comunidades nahuas e
totonacas da Sierra Norte de Puebla que exigem o cancelamento das
concessões às empresas de mineração e da implementação de projetos
hidrelétricos, bem como o cancelamento das concessões de mineração na
Sierra Sul e Costa de Oaxaca à empresa Altos Hornos do México.
24. Apoiamos a luta da comunidade de Conhuas em Calakmul, Campeche,
pela defesa de seu território e de seu trabalho digno e ao mesmo tempo
exigimos o fim das agressões contra a comunidade pelo governo desse
Estado.
25. Exigimos o reconhecimento das terras comunais de San Pedro
Tlaltizapán no arroio Chignahuapan, Estado do México, e o fim dos
projetos imobiliários em terrenos comunais.
26. Exigimos respeito às terras recuperadas pela União Camponesa
Indígena Autônoma de Rio Grande, Oaxaca, e saudamos seu acampamento em
resistência.
27. Do mesmo modo, exigimos respeito ao funcionamento da rádio
comunitária Ñomndaa, voz do povo amuzgo em Xochistlahuaca, Guerrero,
bem como o respeito de todas as rádios comunitárias nos diferentes
territórios indígenas do país.
28. Reiteramos a exigência de que o Estado mexicano garanta as
condições de segurança de Raúl Gatica do Conselho Indígena e Popular
de Oaxaca-Ricardo Flores Magón.
29. Exigimos respeito às economias comunitárias que funcionam de
maneira autônoma e à margem do livre mercado que o capitalismo impõe,
como são os casos do uso do tumin em território totonaca de Papantla,
Veracruz, e o Conselho de Trueque nas comunidades do município de
Tianguistenco, no Estado do México.
Reconhecemos, apoiamos e animamos as lutas pela autonomia e livre
determinação de todos os povos indígenas que integram o Congresso
Nacional Indígena, da península de Yucatán à península da Baixa
Califórnia.
É isso que somos, nossa palavra e nossa luta irrenunciável, somos o
Congresso Nacional Indígena e nosso é o futuro de nossos povos.

Em 18 de agosto de 2013.
Do CIDECI-UNITIERRA, San Cristóbal de las Casas, Chiapas.
Pela reconstituição integral de nossos povos.
Nunca Mais Um México Sem Nós.
CONGRESSO NACIONAL INDÍGENA.
________________________

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