Changelings Brasileiros

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Werban

unread,
Nov 11, 2008, 5:46:34 PM11/11/08
to Changeling: the Dreaming - Brasil
Cada lugar tem suas próprias lendas e culturas e o nosso país, como já
se sabe, está recheado de mitos (que o diga quem é fã do Monteiro
Lobato). É muito provável que uma campanha de Changeling no Brasil
ainda contaria com uma presença forte de Kiths mais "tradicionais",
principalmente Exus e Pookas (que estão espalhados por toda parte...
Essa praga!), porém, assim como no caso dos Nunnehi americanos, deve
haver Kiths de Chengelings 100% nacionais! Como seriam os changelings
brasileiros? Quantos Kiths deveriam existir? Que nome poderíamos dar
para eles, para generalizar sua "espécie"? Me interesso muito pelo
assunto, já que vez por outra gosto de usar o Brasil (principalmente o
Nordeste) para narrar. Temos tantas boas histórias que são A CARA dos
Changelings! A lenda do Boto, da Vitória Régia, da Mula sem Cabeça, da
Cuca, do Boi Tá-tá e até a do Saci (essa última é um clássico!). E o
que seria a Emília se não um Inanimae? Contem aí o que vocês pensam
sobre as fadas locais! E lembrem-se: um sonho que se sonha só é
apenas um sonho, mas um sonho que se sonha junto é realidade!

Daniel Duende Carvalho

unread,
Nov 12, 2008, 11:54:49 AM11/12/08
to changeli...@googlegroups.com
Grande Werban,

sua presença é uma lufada de Glamour fresco e vital neste grupo! :)

Como disse antes, estou conduzindo do jeito que posso uma Crônica de Changeling. Ela se ambienta no Brasil, mais especificamente em Brasília, e fiz um trabalho de pesquisa e preparação da história do Brasil no WoD. A princípio havia pensado em criar kiths brasileiros, mais ou menos aos moldes dos Nunnehi. Mas depois acabei ficando convencido de que esta não era a melhor solução, e que seria um desrespeito às diferenças culturais e cosmológicas existentes entre o povo de lá e o povo de cá.

Enfim, resolvi ousar. Como a história do que aconteceu, e de como são os sonhos daquí, é bastante longa, não vai dar pra entrar em detalhes. Mas falando por alto, o que aconteceu foi o seguinte.:

O "descobrimento" da América se deu, de certa forma, em decorrência de eventos bem anteriores. Na história obscura dos Kithain, este evento é conhecido como "A conquista do Oeste". Mas por aqui, pelos poucos que dele se lembram, o evento é chamado "A Queda do Oeste" -- e por sinal este é o nome de minha crônica.

Houve um tempo em que o Oeste, nome pelo qual muitos conheciam e hoje conhecem estas paragens a oeste do Atlântico, era realmente uno com o sonhar. Mais do que isso, o Oeste era o seu próprio sonhar, e este era um bocado distinto do Sonhar do Leste. Naqueles tempos, assim como hoje, um oceano os separava. Mas este oceano era bem diferente -- quase intransponível para qualquer um que não tivesse o poder, a coragem ou a tolice para tentar cruzá-lo. Uma vez penetradas as terras do Oeste, o Sonhar tomava uma dimensão tão intensa que qualquer pensamento ou palavra poderia tomar forma imediatamente. E os poucos moradores destas regiões se referiam a si mesmo, embora de modos bastante distintos, como "pessoas som" ou "pessoas voz". Não é bem claro como surgiram, ou o que realmente aconteceu com eles, mas estas pessoas tinham o poder e a sabedoria de moldar o Sonhar, e criavam para sí seus próprios povos, e deles cuidavam. Havia sete pessoas-som, e cada uma delas criou para si um lar, um povo, e cantou uma história. Destes sete povos, sete canções, descendiam os nativos desta região quando -- muito antes das navegações européias -- Um contingente da diáspora dos povos feéricos europeus alcançou as terras do Oeste.

Não sabiam eles, e talvez em sua soberba nunca pudessem aceitar este fato, mas a sua própria presença trazia mais do que apenas Banalidade (sim, até as fadas eram banais demais para o Oeste, e o maculavam com sua presença). Eles traziam outras palavras. E estas palavras foram a semente da Queda do Oeste. Com o tempo, houve guerra (e guerra era uma das palavras trazidas do Leste). E com a guerra levou à conquista, à escravidão e à destruição (outras 3 das 5 palavras vindas do leste). E então os povos destas paragens, que nem sequer concebiam a guerra ou a riqueza (a quinta palavra) foram em pouco tempo dominados, no que pareceu um abandono por parte das pessoas-palavra que os haviam criado.

Mas as pessoas-palavra não haviam abandonado seu povo. Pelo contrário, elas apenas haviam se negado a pronunciar as palavras do Leste, e portanto se negado a guerrear. Nem todos os egressos do Leste eram assim tão maus. Um pequeno grupo deles, que havia se perdido do grupo original e chegado à Ilha Viva (um micro-continente que existia nas costas de um dragão aquático), também conhecida como Á Tir Feu, havia entendido os caminhos do oeste de uma forma diferente. E aqueles deste contingente que continuaram a viagem rumo ao Leste vieram com outras idéias. Trouxeram também uma palavra recomendada por um deles que, mesmo ficando em Á Tir Feu, foi muito importante na história do Oeste: A palavra esperança. De posse da palavra trazida pelo povo Verde (nome dado aos viajantes que passaram por A Tir Feu antes de chegar ao Oeste), as pessoas-palavra decidiram dar a seus povos a chance de decidir seus destinos da forma que preferissem. Eles tinham agora a esperança de que algo pudesse ser feito. Alguns dos povos se tornaram guerreiros, outros se tornaram exploradores das riquezas da terra. Outros apenas tentaram de um modo ou de outro restaurar a glória e a beleza perdidas do Oeste, sem ceder às novas palavras más, mas portando a nova palavra boa como seu estardarte. A eles foi dado o nome de "povo-sonho". Destes povos descendem os nativos da América do Sul (cuja geografia foi inventada ao longo das eras em um misto de sonhos do leste e do oeste), e também os espíritos sonho que a habitaram e ainda hoje a habitam.

Mas estes espíritos sonho não são todos iguais, nem seguiram todos o mesmo caminho. Alguns deles estavam prontos para entender, aprender e utilizar o "Changeling Way" quando este chegou por estas paragens, junto com a nova onda da Banalidade do Leste. Outros decidiram se tornar algo como "genii loci" de alguns lugares, e se manifestam apenas naquele lugar específico, da forma que quiserem. Outros ainda desenvolveram uma forma de possessão que permite que eles ajam no mundo físico usando um corpo tomado de outra pessoa (em alguns casos um corpo vivo, tomado por algumas horas, em outros casos um corpo de uma pessoa morta). Mas o grande contingente dos espíritos-sonho acompanhou os povos sonho quando estes se retiraram em quase sua totalidade para o sonhar, já na época da invasão européia. E lá ficaram observando, chorando pela destruição de seu mundo, mas com a eterna esperança de que um dia a balança possa ser invertida.

Em minha crônica, entre tantos outros eventos, conta-se a história do retorno do povo-sonho, que espera retomar o Oeste para sí e para os velhos modos.

Desculpem o texto um pouco inarticulado. Tive que escrever isso numa correria doida, pois tenho muito trabalho a fazer e estou atrasado, mas não podia perder a chance de contar essa história.

Abraços do Verde.



2008/11/11 Werban <arcanj...@gmail.com>



--
Daniel Duende Carvalho
* http://newalriadaexpress.blogspot.com
* http://cadernodocluracao.blogspot.com

Werban

unread,
Nov 12, 2008, 5:25:40 PM11/12/08
to Changeling: the Dreaming - Brasil
Daniel, seu texto foi pra mim quase uma Lia de tão inspirador! Eu
ainda não consegui visitar seu blog ou (algo assim) porque acesso
quase sempre do trabalho, e aqui o sistema de bloqueio da internet é o
maior agente da Banalidade! Sim, minha chefe é uma Dauntain!
Sobre minha participação aqui, que bom que você curtiu! Meu objetivo
por aqui é ressucitar esse grupo e fazer com que os membros que estão
adormecidos se libertem e voltem a sonhar! Não tenho muitos amigos com
quem conversar sobre Changeling. Aqui onde eu moro, apenas eu conheço
bem esse cenário e amaioria dos jogadores prefere ignorá-lo... É uma
pena. Discutir com você e com os outros usuários do grupo, pra é uma
forma de colher Glamour!
Gostaria de saber mais sobre sua crônica e suas pesquisas. Não desisti
de narrar Changeling por aqui (os sonhos sempre persistem, não é?) e
se o fizer, será uma história ambientada no Brasil! No mais,
continuarei me comunicando e pesso para os outros membros do grupo que
se manifestem também!!!! Quero saber a opinião de todos sobre esse
assunto.

On 12 nov, 13:54, "Daniel Duende Carvalho" <daniel.carva...@gmail.com>
wrote:
> Com o tempo, houve *guerra* (e guerra era uma das palavras trazidas do
> Leste). E com a guerra levou à *conquista*, à *escravidão* e à
> *destruição*(outras 3 das 5 palavras vindas do leste). E então os
> povos destas paragens,
> que nem sequer concebiam a guerra ou a *riqueza* (a quinta palavra) foram em
> 2008/11/11 Werban <arcanjone...@gmail.com>
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