Nesses dias nos deparamos com um fato atípico à rotina aqui do campus Araranguá. Todos percebemos que as eleições para DCE mudaram a cara do nosso hall. Afinal, eleições são sempre um período de grande agitação e efervescência das mais variadas ideologias, ainda mais no cenário da universidade pública.
Neste ano, os campi da UFSC instalados fora da capital completam seus 4 anos de *(sub)existência. Os estudantes desses campi, confrontam-se agora com a sua SEGUNDA oportunidade de votar nas chapas que concorrem à direção do Diretório Central dos Estudantes.
Por isso, achei conveniente algumas reflexões sobre esse tema. Para tanto, recapitulemos um pouco o histórico da presença do movimento estudantil de Araranguá nos debates da Universidade e as contribuidões do DCE para a organização do movimento estudantil fora de Florianópolis. Limito-me aqui de tratar da Organização DCE e não das chapas em si.
O primeiro centro acadêmico da UFSC a organizar-se fora dos limites da ilha de Santa Catarina é o Centro Acadêmico Livre de TIC, em Araranguá, ainda em 2009 pelo Jawad e seus colegas de turma. Em 2010 organiza-se também o CA de Engenharia de Energia. Como mencionado anteriormente, essa é a SEGUNDA eleição para o DCE em que os estudantes da UFSC, em Araranguá, tem a oportunidade de escolher seus representantes, ou seja, mesmo com dois centros acadêmicos já formados e depois de muitas discussões (vazias na maioria), os mais de 600 estudantes do Campus Araranguá, em abril de 2012, puderam participar pela primeira vez deste pleito. Aqui nos deparamos com a mostra mais clara da despreocupação, por parte da entidade, em organizar qualquer tipo de movimento social em nosso campus.
De 2009 até hoje muita coisa aconteceu em nosso campus. Só em 2010 começou a existir RU(só de segunda a sábado, por que aos finais de semana o estômago de todo mundo tirava folga). Depois conquistamos esse direito também aos finais de semana. Passamos por discussões de containers e casas pré-moldadas. Hoje, ainda completamente fora da institucionalidade e já com outros diretores, dividimos o campus com a Unisul e estamos bem longe da consolidação. Desde a fundação do CALTIC já somos quase 1000 estudantes, alguns já formados inclusive. E em nenhuma dessas mudanças existiu qualquer tipo de posicionamento ou contribuição do DCE para o debate.
Neste momento eles ressurgem. Alguns parecendo que estavam em cavernas até o momento. Reapresentam suas propostas redundantes e vagas. Como de praxe, e em todos os casos, oferecem uma campanha onde realizam uma abordagem secundária e genérica às reinvindicações dos estudantes dos campi do interior. A isso chamam de inclusão e contam como vantagem. São sorridentes e descontraídos, inteligentes e bem-humorados, caracteristicas presentes nas campanhas de quase todos que vêm na política um meio de subsitência.
Não pretendo convencer ninguém com isso. Muito menos difamar esta ou aquela chapa. Só penso que é conveniente uma reflexão mais ampla em torno dessa questão. Penso que estamos carentes de sinais de um comprometimento minimo com nossas necessidades por parte dos componentes das chapas. Acredito que movimento se constrói com discussão e luta, não com eleição.
Pra concluir, está claro que os interesses na disputa desta entidade são muitos, e a única coisa que transparece nas chapas que se apresentam é a limitação do DCE em tocar políticas que contemplem as demandas de UMA SÓ UFSC. A limitação em tentar criar espaços políticos e não eleitorais. A limitação em criar movimento social e não partidário.
Em suma, precisamos ter um DCE capaz de mudar mais do que um hall. Caso contrário, não vejo necessidade de termos um DCE.
*Todos que estamos em Araranguá conhecemos as dificuldades que, diariamente, enfrentamos.Por isso o "sub".
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João Carlos Cichaczewski