25
de agosto de 2012
BATISTAS
"PAZ E AMOR"
O povo batista, de um
modo geral, era considerado o "povo da Bíblia". Por mais humilde que fosse
o crente batista, seu preparo na classe de catecúmenos (batismo) ou na
Escola Bíblica Dominical fazia dele um sábio intérprete das coisas do
Reino. Para o povo batista a Bíblia era "a única regra de fé e
prática".
Então entrou uma turma
de inconversos nas nossas instituições de ensino teológico. Gente
inteligente e bem articulada que conseguia fazer as provas e driblar
os concílios de exame ao ministério pastoral. No princípio esses
candidatos eram avaliados publicamente, porém com o tempo passaram a
apresentar TCC e/ou exames escritos. Para eles foi muito melhor, uma vez
que bastava responder a contento no concílio, dar um bom almoço
aos convidados, bajular o pastor presidente e a ordenação estava
garantida.
Após a ordenação tudo se
tornava mais fácil. Compromissos? Com quê ou com quem? "Com Deus", diziam
abertamente. "Não obedeço a homens, não tenho compromisso com a igreja
batista". E em nome de Deus passaram a deixar a Bíblia como regra DE
PRÁTICA em prol de um pragmatismo tosco e
mundanizado.
Foi a geração
de BATISTAS PAZ E AMOR. Um jeito novo de ser batista. Novo no Brasil,
pois nos Estados Unidos já existia desde a década de 40 e são os pais
desses batistas. Emotivos ao extremo, chamaram para si a RENOVAÇÃO
ESPIRITUAL da década de 1960, transformando igrejas evangélicas
tradicionais em agências do pentecostalismo híbrido: usavam o nome BATISTA
indevidamente. A crítica foi ferrenha no início. Mas como tudo é uma
questão de tempo e adaptação, montaram para si uma convenção e viveram
felizes e alegres (se a situação fosse hoje, a denominação não apenas
daria nota dez ao deslize doutrinário como também os transformaria em
mestres de seminário e criaria um departamento para angariar fundos
para o novo sistema; afinal, tudo é uma questão de GESTÃO, FUNDOS,
RESULTADOS...)
Mas outra parte da
geração BATISTA PAZ E AMOR continuou na convenção e foi minando, dia após
dia, as práticas bíblicas e as pobres igrejas que convidavam esses
obreiros estranhos. Em nome da compreensão, do bom convívio, da harmonia,
da unidade da igreja ou da célebre frase: "NO ESSENCIAL, A UNIDADE;
NO NÃO ESSENCIAL, A TOLERÂNCIA E, EM TUDO, O AMOR", foram inventando
seu próprio modo de ser cristão, qual seja: o MÉTODO ESPONJA. Esse método,
consistiu no seguinte:
1) Absorveram os
costumes da "American Black Gospel" com seus trejeitos, com suas manias,
com sua pneumatologia e implantaram essas coisas nas igrejas,
transformando uma expressão local num estilo nacional e
unificador;
2) Absorveram o "GOSPEL
ROCK" com várias performances, vestiram-se de roqueiros e trouxeram o show
para os palcos das igrejas, afastando o púlpito ou colocando fogo nele;
trouxeram não apenas o estilo, mas a prática do rock and
roll;
3) Absorveram o
sincretismo religioso neopentecostal, aceitando dentes de ouro, pó de
ouro, sopro, cai-cai-no-espírito, unção do riso, do animal, transferência
de unção, tarde do descarrego, reunião de empresários, terapia do amor
etc.
4) Foram atrás de todos
os métodos de crescimento de igreja e fizeram experiências laboratoriais
com cada um deles, formando verdadeiras monstruosidades. Absorveram G12,
M12, MIR, ICP, M.D.A. etc. O resultado foi a quebra de muitas igrejas e,
de cada dez, a criação de uma mega-igreja, com os restos das que morreram;
agora é moda encontrarmos 50 pianistas numa mega-igreja e 50 igrejas
pequenas sem um simples violonista ou 30 pastores-membros de mega-igrejas,
e 30 igrejas pequenas sem um simples pregador dominical de
qualidade;
5) Absorveram as
práticas sincréticas dos liberais: Marcha para Jesus, café
de pastores, noite da bênção, 40 dias de jejum etc. Transformaram o
louvor de igreja (feito por crentes que amavam a Jesus e louvavam com
canções, ou evangelizavam através da música) em empresariado gospel,
com novos milionários às custas do povo que lhes compra cds e dvds (agora
para cantar uma canção de muitos conjuntos ou até de hinários as igrejas
estão ameaçadas de ter que pagar DIREITOS
AUTORAIS!);
6) Criaram a hierarquia
religiosa, uma espécie de episcopado disfarçado (batistas eram
congregacionais), ordenaram as esposas dos pastores em pastoras e
graduaram pastores de sucesso como apóstolos;
6) Aderiram à
modernização das bíblias, através do famigerado método da EQUIVALÊNCIA
DINÂMICA, inventando desde paráfrases com o nome de bíblia até versões "a
la carte", ao gosto do freguês. Já há batistas amando bíblias católicas e
paráfrases; um desses tradutores, após terminar a sua tradução de uma
conhecida versão internacional, pulou para outra editora, começando outra
tradução (ué, então a primeira não prestou?);
7)
Resolveram entulhar o batistério, porta solene de entrada numa igreja
batista, e viver a PAZ E O AMOR, aceitando crentes e obreiros de
qualquer método de batismo e qualquer ideologia teológica. Já temos
igrejas aqui e no exterior onde os membros são evangélicos de outras
terras e igrejas, a maioria não batizada biblicamente e muito menos
doutrinada, e criaram sistemas híbridos de administração, como igrejas
batistas com PRESBITÉRIO (quando a interpretação batista de sempre jamais
diferenciou presbíteros de pastores). Não bastasse isso, as mega-igrejas
agora convidam ministros protestantes não batizados biblicamente para
serem do "CORPO PASTORAL"; não tardará o dia em que teremos pais-de-santo,
médiuns e padres pregando em nossos púlpitos;
8) Em igrejas batistas
da Alemanha já é normal vermos PASTORAS, com o instrumento católico de
água benta, batizando bebês das famílias que aderem às igrejas (uma
família querida testemunhou isso para mim, em viagem que fez de Portugal
para a Alemanha, mas eu já não me escandalizo com
nada...)
Chamo isso de "BATISTAS
PAZ E AMOR". Sim, é um mimo! Para eles ninguém é pecador, todos
são filhos de Deus. Qualquer igreja é boa, não importa o conteúdo
doutrinário, não importa o tipo de culto, não importa a fé que tenham.
Todos são amados e chamados à Mesa do Senhor. Sim, Deus não faz acepção de
pessoas, não manda ninguém para o Inferno, só o Diabo é que irá pra lá;
isto é, se Deus na última hora não mudar de idéia ou se realmente Diabo
existir, pois bem pode ser uma metáfora...
O interessante é que o
BATISTA PAZ E AMOR, que hoje está na liderança de várias esferas
denominacionais, ama a todos, ama incondicionalmente, mas DETESTA UM BATISTA TRADICIONAL. Aliás, é inimigo
visceral dos batistas que não jogaram suas bíblias fora, que não
entulharam seus batistérios, que ainda têm a fé dos pioneiros. Eles não
toleram batistas tradicionais! Eles os ofendem, os ridicularizam, os
ameaçam, usam a mídia denominacional para ameaçá-los e cercear-lhes a
liberdade de cooperar sem se alinhar com o pecado. Por isso, os
maltratam, não os escutam e os rotulam de FUNDAMENTALISTAS. Sim, é
mais fácil rotular assim, pois como não gostam de gente que pensa e que
pensa com a Bíblia na mão, qualquer um que não ande na toada do rebanho
enganado é classificado como retrógrado e ameaçador.
Isto iria acontecer. A
Bíblia já dizia assim. "Nos últimos dias - sobrevirão tempos difíceis -
muitos apostatarão da fé".
Talvez eu não imaginasse
que isso estivesse tão próximo de acontecer no Brasil, quando andei pelas
ruas de High Point, de Pleasant Grove, de Winston-Salem, na Carolina do
Norte, Estados Unidos. Enquanto admirava as enormes igrejas batistas ali
erigidas, sendo que as menores eram maiores do que algumas grandes aqui do
Brasil, a pessoa que me mostrava uma após outra, 100 numa mesma cidade,
dizia: "não se iluda, irmão. A maioria destas igrejas, inclusive a
PRIMEIRA IGREJA BATISTA, não crê mais na inerrância das Escrituras
Sagradas, não crê que Jesus foi gerado pelo Espírito Santo, não crê em Céu
ou em Inferno, nem tem qualquer conversão". Perguntei: "então pra que
formam igrejas e as frequentam?" Ele disse: "Essas igrejas eram boas. Mas
agora a tônica é PAZ E AMOR, sem ofender as pessoas. Eles são amigos, são
vizinhos, trabalham juntos, querem um bom clube cheio de paz e amor". Eu
disse: "não ofendem ninguém mesmo; só a
Deus".
Ouvi um colega contar-me
de uma discussão entre um velho pastor com um jovem e muito bem sucedido
GESTOR DE IGREJA, desses sistemas modernos de crescimento
e "deformação" de igrejas. Disse o jovem: "vocês, velhos
pastores, já eram; agora nós damos pão fresco para a igreja todos os
dias!" O velho pastor, tranquilo, mas pontual, lhe disse: "Sim, é bom que
a igreja coma pão fresco diariamente, mas desde que seja PÃO DE TRIGO e
não FEITO DE JOIO..."
Que os verdadeiros
crentes batistas acordem. Que os verdadeiros pastores batistas despertem.
E que voltem o seu olhar para Cristo, para a Bíblia, para o Calvário, para
a nossa herança de suor e sangue, e que fujam dos crentes batistas PAZ E
AMOR".
"E curam
superficialmente a ferida da filha do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando
não há paz." (Jr 6:14)
Wagner Antonio de
Araújo
OPBCB
001
presidente da
ORDEM DOS
PASTORES BATISTAS CLÁSSICOS DO BRASIL
ABACLASS -
ASSOCIAÇÃO DOS BATISTAS CLÁSSICOS DO BRASIL
Igreja Batista Boas Novas do
Rodoanel, Carapicuíba, São Paulo,
Brasil