CARTA PARA O MEU PAI
Cleber Pinheiro Costa
Hoje, meu Pai, tu poderias estar aqui ao nosso lado com 98 anos, conversando conosco em uma cadeirinha de balanço, ou talvez, em uma cama convalescendo de uma doença, isso não somos nós que decidimos, e assim tu tiveste de nos deixar mais cedo do que pensávamos e desejávamos.
Mas o importante é que o tempo que aqui passaste junto a nós, foi muito bom e nos deixou muitas saudades…
Saudades de te esperar com aqueles cocorotes, quando voltavas de Natal;
Saudades dos nossos almoços em dia de domingo, quando mamãe lhe reservava aquela coxinha de galinha ao molho de cabidela, e que apimentavas com os molhos que só tu sabias fazer, e que te deixava soluçando de prazer;
Saudades das manhãs em que prorrogavas o meu despertar até o último momento, e quando na cozinha chegava, lá estavam o pãozinho assado na chapa e o cafezinho feito do teu jeito: açúcar, café e água, tudo junto e misturado fervido na chaleira.
Saudades do amor que dedicaste aos teus netos e netas, papel de avô, que muito bem desempenhaste. Foram muitas brincadeiras e cuidados que tiveste com essas crianças.
Há meu Pai! Foi tanto amor que nos deste; como tu desejavas nos ver tão bem! Tantas vezes arriscaste na ‘federal’, pra ver se assim garantiria o nosso futuro; mas não foi necessário meu Pai, a maior riqueza que nos deixaste foi o teu exemplo de dignidade, de amor, de fé, de caridade… Hoje somos homens e mulheres dignos de sermos teus filhos.
Gostaria de ter-lhe entregue esta carta pessoalmente, mas como não foi possível, jogo estas letras ao vento e, quem sabe, em tuas mãos um dia chegará.
Como hoje seria teu aniversário, vamos comemorar juntos em tua memória e a noite será de recordações boas e agradáveis.
Natal (RN), 23 de janeiro de 2017
Marcia Pinheiro Costa
*carta lida durante a realização do Evangelho Ecumênico Familiar, atividade realizada, mensalmente, há dez anos consecutivos, entre os descendentes de Bridenor Trigueiro Costa (⍟23/01/1919 ♱ 13/03/1982) e Ana (Mateus) Pinheiro Costa.