O sucesso de
Tempo comprado, dentro e fora dos meios acadêmicos, surpreendeu o próprio autor, o sociólogo alemão Wolfgang Streeck. O livro traz uma interpretação original da crise econômica que irrompeu em 2008
e seus efeitos, entre os quais uma crise política de governança democrática de proporções globais. Para Streeck, sintomas como o Brexit e a recessão continuada da União Europeia são as manifestações mais recentes da crescente incompatibilidade entre capitalismo
e democracia, situada na longa transformação neoliberal do capitalismo pós-guerra a partir dos anos 1970.
Diante da escassez de análises que expliquem as dinâmicas econômicas atuais, Streeck empenha-se em atualizar as teorias da crise da Escola de Frankfurt e entrega uma narrativa fascinante sobre os desdobramentos da tensão entre democracia e capitalismo ao longo
de mais de quatro décadas e como ela rebate nos conflitos entre os Estados, os governos, os eleitores e os interesses do capital. Embasada em ampla pesquisa de dados econômicos (representada por dezenas de gráficos), a séria investigação que se apresenta ao
leitor não tem nada da frieza que se espera nessa seara; ao contrário, trata-se de um texto direto e com tiradas irônicas. O resultado é uma combinação rara e impactante da análise de tendências estruturais do capitalismo e a correlação de forças sociais,
políticas e culturais.
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“Uma obra esplendidamente provocadora de economia política.” –
Aditya Chakrabortty, The Guardian.
“Para qualquer pessoa interessada em compreender o impasse no qual as democracias se encontram, eis um livro vital, ainda que profundamente consternador, cuja conclusão é perturbadora, embora seja mais do que convincente.” –
Matthew Lawrence, Prospect Magazine
“Em suas melhores partes – quando paixão política se une a exposição crítica dos fatos e argumentação incisiva –, a investigação ampla e empiricamente embasada de Streeck faz lembrar a de Karl Marx em O 18 de brumário de Luís Bonaparte.” – Jürgen
Habermas.
Trecho do livro
“Os novos mercados de trabalho também tinham seus adeptos – por exemplo, entre as mulheres, para as quais o trabalho assalariado representava liberdade pessoal, mas também entre as gerações de jovens, que consideravam a flexibilidade das condições de trabalho
e a ausência de vínculos tradicionais um reflexo da flexibilidade de sua vida social individual. De qualquer modo, não precisavam ter receio de que o pesadelo de ganhar um relógio de ouro após cinquenta anos de trabalho na mesma empresa se tornasse realidade.
Os múltiplos esforços dos empregadores e dos políticos no sentido de disfarçar, por artifícios retóricos, a diferença entre a mobilidade escolhida pela própria pessoa e a mobilidade forçada, entre trabalho independente e precariedade, entre demitir-se e ser
demitido, foram um sucesso numa geração à qual foi ensinado, desde tenra idade, que o mundo é uma meritocracia e o mercado de trabalho, um desafio esportivo equivalente ao ciclismo de montanha ou à maratona.”
Ficha técnica
Título: Tempo comprado: a crise adiada do capitalismo democrático
Título original: Gekaufte Zeit. Die vertagte Krise des demokratischen Kapitalismus
Autor: Wolfgang Streeck
Tradução: Marian Toldy e Teresa Toldy (edição portuguesa); Luiz Felipe Osório (prefácio à segunda edição)
Orelha: Pedro Paulo Zahluth Bastos
Páginas: 240
Preço: R$ 47,00
Formato (largura x altura): 16x23
ISBN: 978-85-7559-645-6
Editora: Boitempo
Apoio: Goethe-Institut
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