Bom, vou tentar me focar no último parágrafo pra não ir muito longe rsrsrs...
"É claro que no Brasil, onde "criatividade" só dá dinheiro no mundo do
jabá e na indústria da publicidade, onde nunca pareceu realmente viável
viver da própria criatividade sem se vender para o mainstream e a
galera já tá acostumada a viver de bicos aqui e ali, é mais fácil
ignorar a questão de como se sustenta o mercado "independente". Citando
Luiz Alberto Mendes, 55, autor do livro
Memórias de um sobrevivente:
Ontem desejei ser escritor. Isso não dá certo em nosso país. Se alguém
se disser escritor, vou perguntar: "E vive de quê?". Passei cinco anos
escrevendo, revisando e reescrevendo um livro. Lançado pela Cia. das
Letras, foi finalista do Prêmio Jabuti de 2006. Esse é o concurso
literário mais conceituado do país. No entanto, no trimestre passado o
livro me rendeu somente R$ 5,30.Na
verdade, nem sei se consigo acreditar na existência de um "mercado
independente" no Brasil. Existe o jabá, depois uma parte do mainstream
que tem cara de independente, e um bando de gente que não ganha nada, e
ponto. Citando você:
Falei do tecnobrega no Pará
E aí vem outra questão: será que a gente vai continuar com o
complexo de Daslu e tentar copiar um modelo que já não funciona na Europa, ou vamos ir mais a fundo e assumir nossa natureza um pouco mais aberta e colaborativa pra propor modelos econômicos além da oposição "distribuir de graça" x "transformar em conteúdo e cobrar pela distribuição"?"
Bom, acho que essa é a grande questão, porque afinal de contas a gente teve de esperar que iniciativas como o copyleft ou creative commons fossem criadas lá fora para que fatos como esse
NYT: "Gilberto Gil ouve o futuro, com alguns direitos reservados" se tornassem manchetes?
Será que não podemos tomar uma iniciativa que vá contra a maré? Por mais inovadoras e até mesmo revolucionárias que sejam as iniciativas do copyleft ou creative commons, elas partem de onde sempre partiram as iniciativas... E na minha opinião a preocupação do Lovink assim como a da flexibilização dos direitos autorais é remendo novo em pano velho, eles tentam entender como se dará essa transição e como atenuá-la para que consigam manter os seus tentáculos ($$$) sobre o mundo... por mais orwelliano que isso possa parecer é o que eu tenho percebido.
Se o Linus tivesse se preocupado com o $$$ antes de enviar a famosa mensagem para a Usenet não teríamos o Linux...
Também não acho que a gente deva ir tocando em frente sem parar para se perguntar como
imaginaram como profissionais criativos poderão sobreviver
mas é que a resposta pode estar tão distante desse sistema que agora vivemos ($$$) que a gente ainda só consegue vislumbrar algumas formas...
Citando o Blog do Lúcio Ribeiro...
* SUECOS DO IT BETTER – Um grande material sobre "rock sueco" vai
aparecer aqui num futuro próximo, mas vale destacar já uma iniciativa
de sete gravadoras independentes suecas que está tirando o sono das,
digamos, "grandes gravadoras". Encabeçadas pelo ótimo selo I Made This,
as sete organizações indies fundaram o movimento The Swedish Model, com
o lema "Your Fans Are Belong to Us", que corre o país discutindo novas
formas de ganhar dinheiro com a indústria da música, porque do "velho
jeito" já era. Totalmente a favor de as pessoas pegarem música de graça
via Internet, o projeto indie-sueco parou de brigar contra o download
faz tempo e lançou campanha européia que defende atitudes "subversivas"
para os padrões de sempre, como "compre a camiseta da banda e ganhe o
disco dela", "compre o ingresso do show e ganhe um disco de remixes". A
música em si "quase" saiu do foco. A discussão é profunda. A gravadora
I Made This, por exemplo, tem um departamento com especialistas em
televisão e cinema, montado exclusivamente para tentar "vender" as
músicas das bandas do selo para seriados, comerciais e filmes.
Isso são só alguns aspectos do Modelo Sueco...o que me preocupa mais nessa conversa toda é que a gente percebe claramente que para a arte e a tecnologia da informação essa revolução é um fato (http://marcogomes.com/blog/2008/eu-faco-parte-da-revolucao/)... mas será que irá parar por aí? porque se a resposta for sim, realmente é melhor a gente começar a pensar em como iremos ganhar dinheiro... princpalmente em um país onde a cultura é um dos principais tesouros...
abs
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