O meu celular ouviu a gente falando sobre o Shazam funcionar em cima de forças esotéricas e comunicou com o algoritmo do Youtube, que me mostrou este vídeo:
Sempre brinquei que o método que identificavam música era um pacto demoníaco e nunca fui atrás para saber para desencantar. E é desencantador mesmo: Como é a mortadela? Exatamente isto que até alguém com pouca imaginação como eu poderia pensar, eles precisam de uma base de dados de todas as músicas já gravadas.
Ok, talvez tenha um pouco de magia sim: Eles bolaram um algoritmo que cria um "espectrograma" da música e busca por padrões que batem. Até aqui, nenhuma mágica. Só precisa lembrar que o usuário não manda o sample numa sala com isolamento acústico. Quem já tentou gravar um áudio sabe que é justamente na hora que alguém tosse, o cachorro late, o vendedor de gás passa na porta e alguém puxa conversa com você, como se você estivesse disponível.
Mesmo se a amostra chega com ruído, é possível pegar os padrões. Na verdade, o pulo do gato está mais em separar o som do ruído do que ter uma biblioteca que tem de Mozart a MC Tarraqueta.
E qual a novidade? Peter Jackson pegou horas de filmagens cruas dos The Beatles e conseguiu limpar o áudio para mostrar o processo de gravação do Get Back, usando IA.
Acontece que o Shazam foi lançado em 2002. Nem smartphone tinha na época.
Como funcionava? A limitação é a mãe da criatividade: No UK, sede da empresa, você ligava para um número, colocava o microfone do seu celular para ouvir a música e eles devolviam a identificação da faixa, via SMS.
Hoje, tem uma porção de serviços que fazem a mesma coisa que o Shazam porque como se pode pensar, o modelo de negócio disto não é dos mais claros. Para segurar as pontas até inventarem os smartphones, tiveram que licenciar ou vender patentes.
Às vezes no silêncio da noite, eu fico pensando, no antes, no agora e no Grooveshark. Outra ferramenta antecipada, fornecia streaming via browser quando Spotify nem existia. Era o melhor de streaming até hoje por fazer o básico: Copiar a usabilíssima interface do Winamp de drag'n'drop de músicas e diretórios.
Não é a chatura onde a playlist corrente fica escondida, como é hoje. Fechou por que meio que parece que as gravadoras não ficaram felizes com o serviço deixar uma base de dados de música sem recolher derecho ôtoral.
Como o Shazam fez então? Bom, eles não precisaram se preocupar, a Apple comprou a empresa e estes já pagam por ter as músicas das gravadoras no HD deles (embora eu desconfie, predador como a Apple é, as gravadoras que pagam para ter a música lá).
Então, a magia se desfez. Exceto para Androids, de uns 2018 para cá: Ele identifica passivamente a música ambiente, MESMO O CELULAR ESTANDO OFFLINE.
Só bruxaria explica.