Dia desses um idiota aqui da lista disse que o Google não iria perder a corrida do AI, porque por mais que seu Bard, digo, Gemini ainda engatinhasse perto do ChatGPT, sua base de dados era a maior, graças ao seu webcrawler.
Há alguns dias, vi alguém dizendo “game over, Google”, ao experimentar o SearchGPT. Não levei a sério, mas tentei fazer um teste.
Existe uma banda obscura chama Grateful Dead que gravou uma música obscura chamada “Wharf Rat”. Então outra banda obscura, o Midnight Oil,
fez um cover num disco obscuro de sobras de estúdio e b-sides.
Só que Midnight Oil mudou a letra e quando eu tentava achar, só achava a original do Grateful Dead. Diria que é uma busca um nível acima de complexidade, nos idos atuais que você acha o que quer na primeira página de resultados.
Qual a letra da música “Wharf Rat", na interpretação do Midnight Oil (não a do Grateful Dead)?
Gemini, Grok, Meta AI e Claude me deram a mesma resposta: O Midnight Oil nunca gravou “Wharf Rat”. As respostas tinham o mesmo teor dizendo que as bandas eram de estilos distintos, só variando a eloquência da resposta, a ponto de achar que elas compartilhavam a mesma base de dados.
Tive que comer meu chapéu.
Google está com os dias contados?
Talvez por um buraco mais embaixo do que a simples concorrência com o ChatGPT.
Google virou o Google porque nos 2000, botou ordem numa web que sequer, era semântica. Era uma façanha o Googlebot indexar 5% das home pages e isso ser uma formidável base de dados de tudo.
E o acordo tácito era devolver aos bravos desenvolvedores de conteúdo, tráfico de interessados nas informações. Todo mundo feliz.
Aí redes sociais aconteceram e tudo foi pelo ralo. De uma formidável base de informações a gente trocou por um conteúdo imbelicizante (Sério? Uma semana discutindo a mulher não ter cedido a janela no avião???) nos cercadinhos dos domínios de rede sociais.
Temos muita informação, poderosos computadores para indexá-las, mas conteúdo de menos.
Agora, a troca tácita “Você me deixa indexar seu conteúdo que eu te devolvo em visitas” acabou: Chatbots indexam o conteúdo e o usuário pega o que precisa ali mesmo no domínio da AI, não rende a visita no domínio que foi publicado.
E o Google vai ser render a este formato em 2025.
Onde as AI vão se alimentar de dados, se redes sociais lotadas de informação enviesada prevalecem às home pages?