Eu no começo, vulgarmente, me entusiasmei com o DREX por causa do endosso governamental. Mas smart contracts é justamente o contrário de esperar endosso centralizado.
Mas assim como o PIX abriu o caminho para um sistema bancário digital e inclusivo — uma coisa está ligada a outra: Antes do Nu Bank, eu já levei 60 dias para abrir uma conta bancária em certo bancão (estatal, o maior deles), enquanto outro bancão (Privado, o maior deles) sequer me deu retorno para nova conta. Hoje estes bancões abrem conta via app — o governo promovendo smart contracts, faria o mercado prestar atenção.
Não precisa ser o governo, mas a forcinha dele, quanto mais no Brasil, onde ele mete a mão em tudo, ajudaria. O que smart contracts precisam é do ecossistema de gatilhos e execução — sockets no Detran dizendo que o documento do possante foi transferido, para o smart contract liberar o dinheiro. O tale "dinheiro programável" que o Drex prometia.
Sim, posso fazer tudo isto com Ethereum e não sei mais o quê, com Bitcoin. Mas sequer a maioria da população ingressou em cryptos, que dirá existir a infraestrutura de gatilhos e execução. Se acontecer, será o Detran do Piauí com um secretário muito motivado, não uma adoção generalizada.
PIX angariou todo brasileiro não porque é digital. Porque é fácil e partiu de uma normativa — todo banco caminhou para aderir. Minha multa por desistir de votar, eu pago com PIX (R$ 3,70 para não ter que escolher entre o muito ruim e o muito pior? Melhor negócio da vida).
Hoje smart contracts não dispõe desta acessibilidade e um estranho com quem você quer gambirar prefere papel e carimbadas, que valem num tribunal, do que um amontoado de bits.