Post E-NOR-ME (e talvez offtopic em algumas listas) sobre diversos automóveis e sua importância e influência no mercado automobilístico em geral.
Tem de tudo. E a leitura é bem extensa. Segue:
Os Automóveis mais importantes de sempre
Quando escrevi a
minha lista dos 100 melhores automóveis de sempre
fiz uma lista dos automóveis que mais desejo, em resumo, foi o miúdo de
15 anos dentro de mim que escreveu essa lista. Mas esta é diferente -
pretendo não só fazer uma lista dos automóveis mais importantes (aqueles
que definiram o futuro do automobilismo e trouxeram na sua época
grandes inovações) mas também explicar porque é que
foram importantes.
Este vai ser um artigo que vai crescer ao longo do tempo acrescentando
novos automóveis, e para manter alguma ordem resolvi ordenar por ano de
apresentação do automóvel em questão. Esta lista dos automóveis mais
importantes de sempre conta com a colaboração do expert em clássicos
Carlos GF e claro, de contribuições que os leitores queiram dar.
1885 Daimler-Benz Motorwagen
Genesis - o "Bertha & Karl Benz Patent-Motorwagen" de 1885 é
reconhecido como o primeiro automóvel: um veiculo feito para ser movido
por um motor. Sem ele não estaria aqui provavelmente a falar de
bicicletas...

1899 La Jamais Contente
Pelo que lí, se um urso selvagem atacar e devorar um ser humano terá que
ser abatido porque depois de tomar o gosto à carne humana não vai
querer
outra coisa. O "La jamais contente" teve efeito semelhante no ser
humano, deu o gosto à velocidade. O primeiro recorde de velocidade
registado, pertence ao conde francês Gaston de Chasseloup-Laubat que
atingiu em 1898, com o seu Jeantaud eléctrico, a velocidade de
63,15km\h. Mas a historia não ficaria por aqui porque 1899 foi teve
forte oposição do frances Camille Jenatzy. Jenatzy fabricava táxis
eléctricos e para ir atrás do recorde de velocidade encomendou um
carroçaria em alumínio em forma de charuto à Rothschild para melhor
performance aerodinâmica, equipou-o com 2 motores eléctricos de 25 kw
que debitavam aproximadamente 68 cavalos - chamou-lhe o "La Jamais
Contente", o nunca satisfeito.

Jenatzy e Chasseloup-Laubat degladiaram-se entre si pelo recorde de
velocidade até que Jenatsy venceu em 1899 ao atingir abordo do seu "La
jamais contente" a velocidade de 105,88 km\h em Paris. Mas tendo tomado o
gosto à velocidade o recorde durou apenas até 1902. O ser humano provou
a velocidade e gostou.
1899 Lohner-Porsche
Se já aqui citamos o primeiro Ferrari (o Ferrari 125S de 1947), creio
que é importante também citar o primeiro do que viria a ser o seu
principal rival - a Porsche. A primeira
vez
que o nome Porsche surgiu num automóvel foi na exposição mundial de
Paris em 1900. Um certo de Ferdinand Porsche de 24 anos apresentou o seu
automóvel elétrico. A Lohner era uma empresa de carroçarias austríaca
muito popular entre a realeza e com a popularidade dos automóveis
elétricos na época aceitou a proposta de Porsche para construir o
"Radnabenmotor".
Era um sistema simples - tinha 2 motores eléctricos incluídos no cubo
das rodas dianteiras não precisando de qualquer transmissão ou caixa de
velocidades.
Mas este foi apenas o princípio - Porsche aseguir fez o Lohner Mixte que
foi o primeiro automóvel híbrido do mundo. Tinha um pequeno motor a
gasolina ligado a um gerador para carregar as baterias que alimentavam
os motores eléctricos nas rodas dianteiras. E nunca satisfeito, Porsche
fez uma versão com 4 motores eléctricos (1 em cada
roda) ou seja, provavelmente o primeiro automóvel com tracção integral do mundo.
1903 Mercedes 60HP
Se alguma vez se perguntou qual foi o primeiro automóvel com o
aspecto/configuração moderna então procura o Mercedes 60HP. É que desde o
primeiro automóvel, o Benz motorwagen, todos os automóveis eram
visualmente próximos às carroças puxadas por cavalos. Em 1898 Daimler e o
seu colega Wilhelm Maybach construíram um automóvel de competição
próximo ao motorwagen original e um exemplar foi comprado pelo
empresário Emile Jellinek. E gostou tanto dele que disse a Daimler que
se ele construísse um capaz de ser usado como um automóvel de turismo
capaz de transportar uma família completa ele compraria 3 dúzia por
troca de direitos exclusivos de comercialização sob a sua marca Mercedes
- em honra à sua filha de 11 anos Mercedes Jellinek.
Gottlieb Daimler faleceu em 1900, mas Maybach sugeriu um designe do
filho de Daimler - o Mercedes 35HP tinha um chassis em escada com os
ocupantes sentados atrás do motor de 4 cilindros e o baixo centro de
gravidade dava-lhe um óptimo comportamento. 3 anos mais tarde chega o
60HP que com mais potencia e possibilidades de carroçarias tornou-se o
automóvel mais avançado do mercado e em breve copiado por todos.
1908 Ford Modelo T
Henry Ford era um engenheiro muito inteligente mas acima de tudo muito ligado às suas origens no campo e
queria
produzir um automóvel muito pratico que poderia beneficiar todos
incluindo as pessoas do campo. Era fácil de conduzir, as suas suspensões
conseguiam lidar com as estradas da altura e não tinha muitos dos
problemas dos automóveis da época - o preço era um deles, muito barato, e
entre 1909 e 1927 foram vendidos 15 milhões de unidades.
O Ford modelo T foi também um feito de engenharia, particularmente a
linha de montagem que foi foco de estudo por todo o mundo - algo
que ganhou o nome de "
Fordism".
1922 Austin Seven
Este é o equivalente europeu ao Ford Modelo T, a criação de Herbert
Austin era um pequeno automóvel económico com um motor 4 cilindros
arrefecido a agua com 750cc e construído para aguentar o clima
britânico.
Mas ao contrario do Modelo T, o Seven teve várias variantes entre
descapotáveis, desportivos, carrinha e até competição. Como eram
numerosos e fáceis de modificar, depois da Guerra eram um
meio barato para pilotos, engenheiros e outros participarem em competições.
1926 Bugatti Type 41 Royale
Em 1926 Ettore Bugatti decidiu que queria vender automóveis aos reis,
imperadores e ditadores e criou algo digno do seu nome: tinha um motor
de 8 cilindros em linha de 12 litros (sim, 12 mas curiosamente apenas 1
carburador) com 300 cavalos que puxava um automóvel de 3,2 toneladas,
com 6,4 metros de comprimento (4,3 desses metros são entre as rodas) e
rodas com 60 centímetros de diâmetro! Um Maybach 62 é mais pequeno!
Apesar de ter sido apresentado em 1926 só entregaram o 1º automóvel em
1932, altura em que se instalou a grande depressão. E com isso apenas
foram fabricados 7 exemplares (apenas existem 6 - o protótipo foi
destruído) todos diferentes, o que tornou este Royale num verdadeiro
elefante branco dos fãs do automóvel - sabemos que existe mas poucos os
viram. O ultimo que apareceu para venda foi por 5,5 milhões de
libras...o que é muito!
1934 Citroen Traction Avant
Após a Guerra André Citroen deixou a produção de armamento para se
voltar aos automóveis, e fê-lo com a convicção que o futuro não era os
automóveis caros feitos à mão mas em automóveis baratos e fiáveis
produzidos em massa - não um luxo mas uma ferramenta. Entre o seu
pessoal estava o engenheiro André Lefebre que defendia que o motor e a
tracção deviam estar à frente - "quando se usa um martelo, é a cabeça do
martelo e não o cabo que se movimenta primeiro". Ai nasceu o Traction
Avant.
O Traction Avant tinha o motor e tracção dianteira, bom comportamento de
estrada e era resistente e ao contrario da maioria: era um carroçaria
monocoque e não tinha um chassis independente. Marcou o inicio do
automóvel moderno em que os vários painéis de aço são soldados e
suportam todos os elementos.
1936 Lancia Aprilia
Talvez um dos melhores automóveis produzidos pela Lancia, e um dos
melhores da sua época graças às inovações tecnológicas que continha que
demoraram mais de 20 anos para se tornarem comuns, mas que tornaram o
Aprilia marcante e tão avançado que conseguiu manter-se em produção até
1949.
A Lancia recuperou o motor V4 de 1.4 litros e a construção em monocoque
do Lambda, e colocou-os numa carroçaria espaçosa mas aerodinâmica
desenvolvida utilizando o túnel de vento. Esta combinação permitia ao
Aprilia atingir 130km\h, mas não era só a velocidade o mais importante
mas sim como se conduzia e como fazia as curvas.
Ao montar suspensões dianteiras de pilares deslizantes (um tipo inicial
de suspensões independentes) e barras de torção atrás o Aprilia
conseguia fazer as curvas mais depressa que os desportivos da época e
tornou o Aprilia num favorito pelos pilotos de competição como meio de
transporte para as corridas.
1938 Alfa Romeo 8c 2900B Le Mans special by Touring
A Touring criou no anos 30 um famoso sistema de construção chamado
"Superleggera" em que um uma estrutura de tubos definia e suportava a
"pele" exterior em alumínio - aquilo a que chamamos actualmente de
chassis tubular.
E alem de engenhosos eram de um enorme bom gosto conseguindo equilibrar a
aerodinamica com estilo. Esta carroçaria desenvolvida para a Alfa Romeo
participar nas 24 Horas de Le Mans de 1939 é talvez o mais famoso
exemplo deste trabalho.
1946 Volkswagen Beetle
A historia do Carocha é única - nasceu da imaginação de Adolf Hitler e
Ferdinand Porsche como o carro para o povo alemão, e segundo conta a
historia, para exprimir uma estética germânica forte foi o próprio
Hitler que desenhou uma forma genérica que muitos dizem ter sido copiada
do Tatra T87 e que depois vira a ser o celebre Carocha.

Porsche escolheu a via do motor de 4 cilindros opostos (boxer) para
permitir o design da traseira tendo equipado o Carocha com um tipo
bastante simples de suspensão traseira independente que era conhecida
por soltar a traseira muito facilmente em superfícies pouco
aderentes...como neve que não faltava na Alemanha.
O Carocha foi construído sem recorrer a componentes de automóveis mais
antigos, tinha uma estrutura rígida (aqueles entalhes no metal estão lá
para reforçar a resistência da carroçaria), a prova dos elementos e
usava componentes de alta qualidade, algo invulgar num "carro para o
povo". Muitos destes carros económicos da altura sofriam de sistemas
eléctricos muito falíveis e muitos recusavam-se a pegar nas manhãs frias
e húmidas. Foi uma vitoria de boa engenharia sobre um design falível,
de tal forma que o Carocha continuou a ser produzido no México até 2003
altura que se atingiram 21 milhões de unidades...
1946 Porsche 356
o dr. Ferdinand Porsche criou a Porsche em 1931 mas o primeiro automovel
da marca Porsche apenas surgiu em 1946 - o Porsche 356. Tecnicamente
muito próximo ao Volkswagen Carocha com o motor boxer de 4 cilindros
arrefecido a ar atrás e igual sistema de suspensão, estava disponível em
coupe, descapotavel e speedster (tejadilho e para-brisas mais baixo).
E desde 1946 até ao fim em 1965, o 356 esteve em continua evolução (356,
365A, B, C e Carrera) afastando-se cada vez mais das raizes VW e
tornando-se mais rápido, mais especializado enquanto mantinha uma optima
qualidade de construção - sozinho este modelo arrancou a reputação da
Porsche e trouxe-a ao que hoje podemos ver.
1947 Ferrari 125S
Esta é a historia do primeiro Ferrari, e como o caminho de 2 homens se
cruzou para nascer talvez o nome mais conhecido do mundo automóvel -
Ferrari. Gioachino Colombo era um dos engenheiros de competição da Alfa
Romeo que se viu despedido devido a acusações de comunismo e ao facto
que a Alfa tinha abandonado a competição automóvel. Enzo Ferrari começou
a a sua carreira no desporto automóvel a competir com Alfa Romeos
via-se também sem trabalho até que abordou Colombo para que este lhe
criasse um carro de competição na classe de 1500cc. Este disse: a
Maserati e Alfa tinham um 8 cilindros e os Ingleses um 6 cilindros, nós
devíamos ter um 12 cilindros. E assim nasceu o Ferrari 125S, o Génesis
de toda a Ferrari que conhecemos hoje.
1947 Volvo PV444
Com o fim da Segunda Grande Guerra, a Volvo voltou ao fabrico de
automóveis decidida a quebrar com a imagem que tinha antes criando um
automóvel mais pequeno e em 1947 apresentou o Volvo PV444. A
fiabilidade, qualidade de construção e condução do PV 444 rapidamente o
tornou num êxito mundial e muito contribuiu para a imagem de robustez da
Volvo.
O PV 444 tornou-se no 544 (imagem acima) ao passar a oferecer 5 lugares
(sim, o 444 só tinha 4 lugares), tablier redesenhado e uma nova variante
desportiva com carburador duplo. Ao longo do tempo foi sendo
actualizada novos motores e em 1953 recebeu a variante carrinha Duett.
Designe clássico do pós-guerra, divertido de conduzir e simplesmente
indestrutível o Volvo PV444 tornou-se num clássico muito apreciado, em
particular pela infame fotografá-espiã automóvel Brenda Priddy que
recentemente adquiriu um - é ela na 1ª fotografia e que muito
amavelmente aceitou partilhar a fotografia. Obrigado.
1948 Land Rover 1
Após o fim da Segunda Grande Guerra, o designer-chefe da Land Rover
Maurice Wilks tinha na sua quinta um Jeep Willys e percebeu a utilidade
de um veiculo de tracção as 4 rodas mas mais equipado e mais
"utilizável" que o Jeep. Foi construído usando o máximo de componentes
dos automóveis Rover da época e com painéis planos possíveis e dobragem
simples para não terem que comprar maquinaria complexa. O Land Rover foi
apresentado em 1948 e graças à sua robustez e funcionalidade conseguiu
grandes encomendas da Policia e militares trazendo o Land Rover até aos
dias de hoje.
1949 Saab 92
Com o fim da guerra em 1945 a Svenska Aeropla AB via a procura de aviões
diminuir e resolver diversificar o seu negocio e escolheram o ramo
automovel. Usaram para inspiração os DKW muito populares na Suecia da
altura e acrescentaram algum do conhecimento que tinham da construção de
aviões. O primeiro protótipo veio à luz em 1946 e após 3 anos de
desenvolvimento nasce o Saab 92.
Era um automovel compacto de 2 portas e 4 lugares. Além da aerodinamica
muito eficiente em forma de lágrima, foi o primeiro automovel a incluir
uma célula de segurança para os passageiros - tal como nos aviões. O
motor era um clone do motor da DKW de 2 cilindros de 25 cavalos
associado a uma caixa de 3 velocidades mas leve e aerodinamico
ultrapassava facilmente os 100km\h. Curiosamente, na altura do
lançamento apenas estava disponivel em verde - só mais tarde é que
surgiram o cinzento, preto e azul-cinza em 1953. E assim se manteve por
35 anos...
1949 Citroen 2CV
Após a falência da Citroen e tomada pelo maior credor, a Michelin,
trouxe Pierre-Jules Boulanger para a Citroen. Boulanger apresentou em
1936 a sua ideia que o agricultores deviam ter um automóvel adaptado com
suspensões capazes lidar com as estradas de campo sem partirem um ovo.
Citando "o que era preciso eram 4 rodas com um guarda-chuva em cima e
capaz de transportar 2 agricultores com socas, 60 kg de batatas ou uma
pequena caixa de garrafas de vinho. Em 1948 o Salão de Paris recebeu o
Citroen 2CV que a maioria dos jornalistas disse ser um grande erro -
quem se enganaram foram eles porque o minimalismo do 2CV durou até 1990
provando que uma boa ideia as vezes basta.
1951 Buick LeSabre concept car
O nome Harley Earl é conhecido do mundo do automóvel como um dos
designers mais importantes mas a importância deste concept car é grande -
este é o primeiro concept car.
Os concept cars são construídos para aguçar o apetite do publico e medir
reacções mostrando o que vem aí. Mas eram também experiências para que
designers e construtores pudessem visualizar como é que um desenho a 2
dimensões seria na realidade.
Earl criou os procedimentos técnicos que foram a base para o design
automóvel actual. Criaram a técnica de usarem barro para criarem os
concept cars e uma ferramenta de medição que passava pelo modelo que
tirava medições precisas que constituíam um modelo matématico a 3
dimensões que poderia ser usado para criar as prensas e toda a
ferramenta necessária para passar de modelo à produção em série - este
processo matemático foi essencial para criar o que actualmente chamamos
de CAD\CAM.
1953 Chevrolet Corvette
Nos anos 50, a General Motors não conseguia apanhar a Ford e Chrysler em
vendas e na tentativa de demonstrar uma veia mais desportiva apresentou
o Corvette na Motorama (espectaculo automovel movel) de 1953.
E pela primeira vez, o celebre designer Harley Earl tinha criado algo
desejavel e que poderia vir a ser produzido - e tal foi a reação do
público que a direção da GM deu luz verde para que o Corvette avança-se
para a produção em série. E 15 meses depois o Corvette chega aos stands
da Chevrolet - mas para os fãs foi um balde de água fria: debaixo da
carroçaria em fibra de vidro estava apenas um 6 cilindros em linha de
apenas 150 cavalos associado a uma caixa automática de 2 velocidades que
roubava qualquer restia de desportivismo. Foi um fracasso: os fãs
sonhavam por um V8 (que a GM não tinha) e uma caixa manual e acima de
tudo era muito caro: em 1956 venderam apenas 700.
Curiosamente foi a Ford a apontar o caminho certo com o seu Thunderbird -
como resposta a GM decidiu tornar o Corvette no desportivo que merecia
ser e apartir de 1953 passou a estar disponivel com alterações mecanicas
e o V8 desejado. Nasceu o Corvette.
1953 Bertone Bat 5
Esta obra da Bertone é da responsabilidade de um senhor chamado Franco
Scaglione que antes de trabalhar na industria automóvel, construía
aviões. E resolveu aplicar os seus conhecimentos de aerodinamica em
automóveis experimentais - e em 1953 sacudiu o mundo com este BAT 5
(Berlinetta Aerodinamica Tecnica).
Mas este veiculo tem algo de especial, além do design - tinha menos 38%
de atrito aerodinamico que o veiculo que lhe serviu de base. O que
significava que o Alfa Romeo de série teria de ter um motor 50% maior
para obter as mesmas performances que este BAT 5 com a mesma mecânica.
Aqui temos o nascimento da ciência da aerodinamica no automóvel.
1954 Mercedes 300 SL Esta grande máquina começou como um modelo
de competição com o nome W194 muito popular graças às suas portas que
abertas pareciam as asas de uma gaivaote e em 1952 conseguiram vencer as
24 horas de Le Mans e a Carrera Panamericana. As suas lendárias portas
deviam-se ao complexo chassis - a pele em liga protege um complexo
chassis tubular que era (e ainda é) um pesadelo para reparar e único nos
automoveis de estrada. A unica forma de aceder ao SL era montando as
dobradiças das portas no tejadilho - não era uma questão de estilo, era
uma necessidade.

Mas com aquelas portas e o sucesso desportivo fizeram tal furor nos
Estados Unidos que o importador americano pressionou a Mercedes para
fabricar uma versão de estrada - e em 1954 teve o seu desejo realizado
com o 300 SL. Era muito bonito com aquela longa cauda, aqueles
para-choques cromados, para-lamas que pareem ancas femininas mas acima
de tudo era rápido (tinha um 6 cilindros em linha com uma inovadora
injeção de combustivel, debitava 215 cavalos e era capaz de atingir 241
km\h) e caro. E sim, a altas velocidades o fundo do carro aquecia imenso
e a suspensão traseira tornava-o dificil de conduzir rapidamente mas é o
primeiro hiper-carro do mundo. Foram produzidos 1.400 unidades do coupe
e foi substituido pelo 300 SL roadster em 1957 do qual foram produzidos
1.858 unidades - belo, rápido, inovador, caro e raro.
1954 Ferguson R4
Em 1950 o magnata dos tractores Harry Ferguson não estava com vontade de
simplesmente partir para a reforma e fundou o Harry Ferguson Research.
Tinha a convicção que os automoveis do dia-a-dia seriam mais seguros,
especialmente em condições de chuva e neve, se tivessem tracção
integral. E em 1954 começaram a testar o R4 que além da tracção integral
estreava também o primeiro sistema de ABS desenvolvido em colaboração
com a Dunlop - o sistema Maxaret.
Em 1959 o R5 apresentava o pacote completo ao mundo automovel, e em 1966
o Jensen FF tornou-se o primeiro automovel de produção com este sistema
de tracção e travagem e em 1980 chegou ao mercado de volume com o AMC
Eagle.
1955 Citroen DS
Após o fim da Segunda Grande Guerra, a França iniciava um movimento de
mostrar ao mundo de que era capaz de se reconstruir e lutar com os
melhores - o tempo dos polytechniciens. A Citroen não era estranha a
este movimento encomendando aos seus engenheiros que estudassem todas
possibilidades mesmo as impossíveis. Teriam que criar o melhor automóvel
do mundo, o mais belo, o mais confortável e mais avançado para mostrar
ao mundo (especialmente aos americanos) do que a Citroen era capaz.
O design é incrível, especialmente porque a Citroen nunca tinha feito
algo minimamente parecido que tivesse dado aos designers base para
desenvolvimento.Tinha tecnologia como faróis que viraram ao fazer as
curvas, mas a cereja em cima do bolo era a inovadora suspensão
hidráulica. Alimentada por uma bomba hidráulica, este sistema hidráulico
controlava a suspensão auto-nivelante, a direcção e os travões criando
um automóvel descrito por muitos como um tapete mágico.
1955 Fiat Multipla
Apesar da Renault anunciar que foi o inventor do monovolume (com a
Espace) a verdade é que o primeiro monovolume foi o Fiat Multipla.
Baseado no Fiat 600 e graças a posição de condução avançada e a forma em
gota, o Multipla era capaz de transportar 6 pessoas em filas de bancos
em apenas 3,5 metros por 1,6 metros.
Manteve-se em produção por 11 anos sendo muito apreciado por taxistas e
para carrinhas comerciais - desde que não fosse uma urgencia porque com
apenas 30 cavalos o Fiat Multipla não atingia os 90km\h (com 1 pessoa
abordo).
1955 Fiat 600
O Fiat 600 nasceu para substituir o Topolino já muito caduco. A ideia
inicial era manterem o motor à frente e a tração atrás mas cedo
descobriram que isso não era compatível com o objectivo de sentar 4
adultos em apenas 3,22 metros. Teriam de escolher entre motor e tracção à
frente ou motor e tracção atrás - questões de fiabilidade forçaram a
opção de tudo atrás.
Graças a um design compacto em forma de ovo e uma carroçaria económica
mas resistente e a uma suspensão traseira sem as reacções
caracteristicas o 600 não só colocou a Itália do pós-guerra em movimento
se tirou grandes lições sobre o "empacotamento" do automóvel que
convergiram no Austin Mini.
1956 Austin FX4
Os automóveis médios são principalmente feitos para mimar o condutor e o
conforto dos passageiros traseiros não é uma das prioridades - dai que
quando são convertidos para táxis não oferecem a melhor viagem aos
clientes pagadores: não é facil entrar ou sair, má visibilidade e claro a
tendência a cobrarem mais do que deviam.
Mas aí entra a London's Public Carriage Office que delineava as regras a
cumprir para os táxis desde 1906. Mas o "verdadeiro "London Taxi"
apenas surgiu em 1956 pela Austin com o FX4. A historia do design é
curiosa porque o designer chefe da Austin recusou-se a fazer o projecto e
chutou-o para um subalterno chamado Eric Bailey. Inspirou-se nas
berlinas da Austin e no design americano mas premiando as directivas da
London's Public Carriage Office criando este design intemporal.
Juntamente com o autocarro de 2 andares servem de marca da cidade de
Londres e prova que um automóvel pode ser um marco histórico.
1956 BMW 507
A BMW é um dos construtores mais prestigiados do mundo, mas este modelo
quase condenou a BMW à falência. Nos anos 50 a BMW decidiu que precisava
de um modelo desportiva de topo para o mercado americano e recorreu a a
Albrecht Goertz para o criar.
A carroçaria em liga era elegante, com linhas muito trabalhadas e um
longo capot conquistou a atenção. Debaixo do capot escondia-se um V8 BMW
de 3,2 litros com 160 cavalos capaz de acelerar os ocupantes dos 0 aos
100km\h em 9 segundos até uma velocidade máxima de 224 km\h. A suspensão
de barra de torsão permitia uma suspensão confortável e dava confiança.
O problema é que era um modelo apontado ao Mercedes 300SL, o primeiro
hiper-carro da historia, e o 507 foi considerado "soft" demais, um GT e
não um hiper-carro. Nunca conseguiu convencer o publico alvo e ao fim de
apenas 3 anos e 253 unidades produzidas a BMW desistiu - infelizmente
abalou as já frágeis finanças da BMW que veio mais tarde a ser tomada
pela família Quandt.
1957 Lotus 7/ Caterham 7
O Lotus 7 tem uma historia curiosa - nos anos 50 em Inglaterra os carros
novos sofriam de um imposto proibitivo (soa familiar?) mas os chamados
Kit cars eram isentos. Colin Chapman precisava de dinheiro para o Elite e
o 7 foi uma forma de financiamento.
Mas apesar de ser um meio para um fim, Chapman resolveu provar que um
desportivo não tinha que ser grande, com um grande motor, caro e raro.
Aplicando a sua famosa regra do "Light is right" criou a receita para o
desportivo britanico (baixo peso, potencia qb e optimo comportamento)
que ainda hoje é comercilizada pela Caterham desde 1959.
1958 Trabant
Quem esteve atento nas aulas de história do liceu sabe que com o fim da
Segunda Guerra Mundial, a Alemanha foi dividida com os aliados a ficarem
com a parte Oeste e a parte Este para os Soviéticos - e do lado
soviético ficaram fábricas da Audi e Horch. E fechados do oeste, os
sovieticos uniram as unidades fabris no VEB Sachsenring Automobilwerk -
dái o "S" no capot dos Trabant.

Houveram várias versões, P50, P60 e P601 mas todas elas um automovel
básico, equipado com um motor de 2 cilindros a 2 tempos com 0,6 litros,
chassis em escada e paineis de Duroplast (algodão e serrim colados com
resina). E pouco mudou desde o lançamento em 1958, a potencia subiu para
26 cavalos em 1969 o que permitiu que a velocidade máxima chega-se aos 3
digitos (100km\h) e só em 1988 recebeu suspensões de molas.
Curiosamente a reunificação da Alemanha em 1990 não marcou o fim do
Trabant, até chegaram a produzir uma versão com um motor de um
Volkswagen Polo e travões de disco à frente - mas não ajudou porque o
Trabant passou aos livros da história em 1991.
1958 Lotus Elite
Conseguindo com o Lotus 7 o financiamento que precisava, Colin Chapman
começou com o GT que sempre desejava - o Lotus Elite. Foi o primeiro
automóvel com monocoque de fibra de vidro em que os painéis de abrir
eram aparafusados. Debaixo do capot estava umo motor 1,2 litros Coventry
Climax de 71 e mais tarde 83 cavalos. Era relativamente rápido (118
mph) graças ao baixo coeficiente de 0,29 Cd. Mas acima de todos os
números estava o seu comportamento exemplar graças à sua suspensão
traseira MacPherson modificada e discos de travão à frente.
Mas tinha muitos problemas - o monocoque em fibra de vidro era uma
óptima caixa de ressonância e vibrava muito, o perfil do Elite não
permitia que as janelas abrissem e ainda por cima a ventilação interior
não era a melhor. Mas ao longo dos anos foi sendo refinado e melhorado
até ser substituído pela Elan em 1963 - Elite foi o primeiro Lotus como
Chapman queria.
1959 Saab 95
Após o sucesso do 92, a Saab tinha ganho seu lugar na industria
automóvel e resolveu continuar a inovar com o que seria o primeiro MPV
ou Multi-purpose Vehicle.
Além do formato carrinha este Saab 95 tinha uma terceira fila de bancos
virado para trás principalmente para crianças. Outra novidade foi a
introdução de um pequeno aileron por cima da tampa da mala. A pressão
aerodinamica acabava por sujar o vidro da mala e aquele pequeno aileron
minimizava esse efeito - um truque que só voltou a surgir nos anos 70
nos desportivos como o Vw Golf GTI.
1959 Austin Mini
Quando a invasão do canal do Suez levou ao embargo petrolifero a
prioridade para a British Motor Corporation foi o criar um automovel
realmente pequeno e economico. Mas teria que ter 4 rodas e 4 cilindros -
ou seja, não podia ser algo tipo Bubble car. O responsavel pelo
desenvolvimento foi Alec Issigonis que estava decidido a criar algo
diferente quebrando as regras estabelecidas. Para terem uma ideia, o
senhor Issigonis foi ao construtor de pneus e disse: "preciso que
fabriquem pneus deste tamanho" e definiu o tamanho usando as 2 mãos, o
fabricante mediu o espaço entre as duas mãos com uma fita métrica e
avançou.

A escolha de tracção dianteira, rodas pequenas para poupar espaço e o
motor tranversal com a caixa de velocidades integrada a partilharem o
mesmo espaço - a luta por cada milimetro (polegada porque estamos a
falar de Ingleses) era feroz. Mas no final tivemos uma lição de como o
"empacotamento" inteligente permitia colocar passageiros e sua bagagem
num espaço diminuto que ainda hoje é seguida.
1961 Renault 4
A Renault 4, ou 4L como a conhecemos foi a resposta da Renault ao
Citroen 2 CV (2 cavalos) - resposta demorada: 13 anos passados entre o 2
Cavalos e a 4L. Veio a tornar-se o automóvel francês mais vendido de
sempre e ainda hoje em dia é fácil encontrá-la nos recantos mais
incríveis do mundo - foram produzidos cerca de 8,2 milhões de unidades
até 1993, ano em que deixou de ser produzida.

Foi pioneiro em vários aspectos - o primeiro automóvel pequeno de 5
portas com bancos traseiros rebatíveis e para a Renault o primeiro
automóvel de tracção dianteira se bem que o motor era longitudinal,
necessário para permitir a celebra manete de velocidades horizontal da
4L. A distancia entre eixos era diferente de cada lado do carro para
permitir a instalação de um sistema de suspensão independente barato -
permitia a suspensão confortável de longo curso capaz de lidar com todo o
gênero de picadas.
Ao longo dos anos foi sendo atualizada com novos motores, travões de
maior dimensão mas manteve-se até aos seus últimos dias fiel ao
automóvel simples que sempre foi: as janelas sempre foram de deslizar.
1961 Amphicar
Os alemães são um povo peculiar - gostam de comédia britânica, gostam de
ouvir o David Hasselhoff cantar mas são persistentes - conseguiram
fazer o VW bettle funcionar, conseguiram fazer o Porsche 911 funcionar
mas como é que acharam o Amphicar uma boa ideia ultrapassa qualquer um.
Era feio, com barbatanas tipo Cadilac, com uma grande distância ao solo e
segundo a literatura graças à essa altura ao solo e à direcção "vaga"
comportava-se como um barco dentro ou fora de água. O motor de 1.1
litros do Triumph Herald também não ajudava: velocidade máxima em
estrada era de apenas de 100km\h.
Na água não ficava melhor - apenas conseguia atingir 7,5 nós (13km\h),
enferrujava facilmente e metia água devido a sérios problemas de
isolamento. Mesmo assim ainda conseguiram vender 2.500 unidades durante 7
anos.
1961 Jaguar Type E
Muitos me perguntam qual a diferença entre um automóvel e um
grande automóvel - permitam-me responder. A diferença é que um
grande automóvel não é igual a soma das suas partes e o melhor exemplo é
o Jaguar Type E.

O excelente motor XK de 3.4 litros foi desenhado por William Heynes
enquanto fazia vigia de incêndios durante os bombardeamentos e
desenvolvido pelo mestre Waltar Hassan saído da Bentley.Em 1948 a Jaguar
apresentou o XK120 e avançou para a competição automóvel do pós-guerra
que atingiu o máximo com o D-Type. Este modelo era menos potente que
a concorrência mas era mais rápido graças a aerodinâmica desenvolvida
por Malcolm Sayer saído da Bristol Aeroplane company que permitia maior
velocidade de ponta e melhor estabilidade a altas velocidades. O Jaguar
Type E nasceu do desejo de fazer uma versão estradista do Type D e
quando se juntou todo este talento o resultado só podia ser memorável
Outro pormenor interessante - na altura custava metade do preço de um
Ferrari ou Aston Martin.
Para terem uma ideia, quando Enzo Ferrari viu pela primeira vez o Jaguar
Type E tirou o chapéu e disse - "este é o automóvel mais belo de
sempre".
1962 Alpine A110
Este pequeno carro de plástico é o automóvel francês com mais sucesso no
mundo dos rallies até à chegada de Sebastian Loeb e o seu C4 WRC.
Criado por Jean Adele em 1962, manteve-se em produção até 1977 e graças
ao baixo peso era muito ágil e muito rápido - com apenas um motor de
1.300 cm3 era capaz de atingir os 210 km\h e ir dos 0 aos 100 km\h em 6
segundos.
Em 1967 Adele conseguiu convencer a Renault a fabricar os seus
automóveis, inicialmente apenas em Dieppe e mais tarde noutras fábricas
da Renault por todo o mundo (Brasil, Espanha, Bulgária, etc) e
instalou-se à frente do departamento de competição da Renault onde o
A110 continuou a envergonhar os grandes até meio dos anos 70. A Renault
tentou substituir o A110 com o A310 em 1971, mas a procura pelo A110
continuava tal que a Renault continuou a produzi-lo até 1977.
1962 Willys Jeep Wagoneer
Se sempre quiseram saber qual foi o primeiro SUV moderno, foi este, o
Wagoneer - o primeiro veiculo todo-terreno com tracção integral
selecionavel desenhado de raiz para ser tão confortavel na auto-estrada
como fora dela.
Era um automovel bastante grande mas o design bem conseguido permitiu
esconder toda aquele tamanho - mesmo com 230 cavalos só atingia 140
km\h...Conseguiram combinar a mágia das capacidades lendárias do JEEP
com a carrinha classica para os aventureiros de fim-de-semana que não
querem sacrificar os confortos da vida. E tal foi o sucesso que com
poucas alterações (principalmente perdeu o nome Willys) o Wagoneer
manteve-se no mercado até 1992 - 30 anos.
1963 NSU Wankel Spider
Eis o primeiro automóvel de estrada com um motor rotativo - fruto da
parceria entre o engenheiro alemão Felix Wankel e a NSU, o Spider foi a
primeira aplicação do motor rotativo que era também um veiculo de teste
que se podia comprar.
Wankel começou a trabalhar no motor rotativo em 1925 e a NSU estava
muito interessada nas possibilidades deste tipo de motor principalmente
para motos de competição. Vários protótipos começaram a rodar em 1958
mas rapidamente concluíram que a melhor forma de testar esta tecnologia
era na estrada em condições reais de utilização. A NSU resolveu que
construir um desportivo de baixo volume seria a melhor forma de testar a
tecnologia sem arriscar a viabilidade da marca e contratou Bertone para
o design. E a medida que os problemas foram aparecendo nos cerca de
2.400 unidades produzidas, foram sendo resolvidos.
O motor de rotor único de 0,5 litros era tão compacto que estava
escondido debaixo da mala, e apesar de apenas debitar 50 cavalos era
capaz de atingir os 160 km\h e atingir 8.000 rpm e mesmo assim quase sem
qualquer tipo de vibrações. O futuro adivinhava-se risonho para o motor
rotativo...infelizmente não foi assim.
1963 Abarth Fiat 500
Carlos Abarth abriu a sua loja em 1949 e dedicou-se a modificar
automoveis da Fiat e rapidamente atingiu o mesmo status de nomes como a
Cooper. Mas o produto que o fez saltar para a ribalta foi o seu trabalho
no Fiat 500 de 1955.
Aumentou a capacidade do motor de 2 cilindros, novas válvulas e um
carburador maior e o resultado final foram 40 cavalos e uma velocidade
máxima de 145km\h - uma grande melhoria dos 21 cavalos e 90km\h
iniciais. Suspensões e travões melhoradas bem como um pacote
aerodinâmico tornavam este carro do povo capaz de comer quer em
aceleração e maneabilidade muitos dos desportivos da época mas a uma
fracção do preço tornava este Abarth no sonho de todos os "projectos de
piloto" da época.
1963 Lamborghini 350GTV e 1964 Ford GT40
Costuma-se dizer que não devemos tomar decisões de cabeça quente, mas
foi isso que deu origem a estes 2 automóveis e com isso nasceram lendas -
o Lamborghini 350GTV e o Ford GT40. Além da origem tempestuosa
conseguem encontrar mais 1 elemento comum na historia destas 2 máquinas?
Nos anos 60 a Ford tentou comprar a Ferrari depois de vários de
tentativas dos Cobra de Shelby. Só faltava assinar os papeis quando Enzo
Ferrari mudou de ideias e correu com os Americanos. Mas os Americanos
não se ficaram e a melhor maneira de se impor seria vencer uma das
provas com mais prestigio do mundo, as 24 horas de Le Mans - o progeto
GT-40 recebe a luz verde.
Henry Ford II estava decidido a vencer e não poupou esforços na procura
de talento - foi buscar Eric Broadley (fundador da Lola Cars e um grande
engenheiro), Carroll Shelby (não precisa de introdução) e John Wyer
(ex-chefe de equipa da Aston Martin). Os primeiros carros eram baseados
no Lola GT com um grande motor Ford e começou a participar em Le Mans em
1964 mas só venceu em 1966 e venceu 4 vezes seguidas para grande
desespero da Ferrari. O Ford GT40 foi tão bem concebido que exactamente o
mesmo carro venceu a prova em 68 e 69.
Quando
Ferruccio Lamborghini
queixou-se dos problemas do seu Ferrari, Enzo Ferrari terá respondido
"o que é que um construtor de tractores sabe de automoveis
desportivos?". Com esta deixa, Lamborghini resolveu provou que sabe umas
quantas coisas. Criou uma fábrica moderna e juntou uma equipa com
talento, especialmente Giotto Bizzarrini que criou o fabuloso V12
Lamborghini que durou até ao Murcielago.
A primeira versão que foi apresentada no salão de Turin de 1963 não foi a
visualmente mais bem conseguida, mas depois de alterado pela Touring,
conseguiu complementar o grande trabalho de chassis e afinação. Assim
nasceu a Lamborghini.
Alguem conseguiu detectar o tal factor comum a ambas máquinas?
1963 Chrysler Gas Turbine
Nos anos seguintes à segunda grande guerra houveram vários construtores
automoveis a fazerem experiencias com automoveis com turbinas como a
Rover e o seu Jet 1, mas os que chegaram mais proximos à produção em
série foi a Chrysler com o seu Gas Turbine.
Como experiencia a Chrysler resolveu produzir 50 unidades de um coupe
movido com uma turbina a gas. E para os que o acharem muito proximo ao
Ford Thunderbird é porque o designe foi da mesma pessoa, Elwood Engle,
com a construção feita pela Ghia em Itália.
A turbina desenvolvia 130 cavalos de forma muito linear e era capaz de
acelerar dos 0 aos 100km\h em 10 segundos mas curiosamente nunca se
verificou qual era a velocidade máxima. Mas infelizmente tinha vários
problemas - os consumos eram elevados 24l/100km na melhor das hipoteses e
a turbina gerava muito calo que acabava por aquecer muito o habitaculo.
A Chrysler acabou por desistir da experiencia e dos 50 Chrysler Gas
Turbine fabricados 40 foram destruidos, 10 foram entregues a museus e
desses 10 apenas 1 ainda funciona - o que esta na coleção de Jay Leno.
1963 Ford Lotus Cortina
Este é um dos primeiros "heróis do povo", um daqueles automóveis que
parecem comuns até se pôr o pé no acelerador - a Ford fornecia a
carroçaria de 2 portas do humilde Cortina à Lotus e estes enfiavam o seu
motor de 4 cilindros twim-cam de 105 cavalos, caixa de 4 velocidades de
relações curtas e suspensão traseira especifica. Acrescentaram jantes
largas, vias mais largas, discos de travão à frente e por fora uma
pintura especifica - creme com uma lista verde. Ajudava a identificar e
sair do caminho...
Ao ser leve e potente teve muito sucesso no mundo dos turismos, mas só
foram produzidos 3.300 exemplares desta 1ª geração, a mais cobiçada de
todas. Houve uma segunda geração em 1967 com novo exterior, novas
possibilidades de cores exteriores, ligeiramente mais potente (109
cavalos) mas que nunca cativou tanto quanto a primeira. Este foi o
primeiro automóvel pratico, acessível mas ao mesmo tempo potente e capaz
de envergonhar máquinas bem mais caras.
1964 Renault 16
Este é o primeiro automóvel que me recordo o meu par ter, e o meu avô
teve um também - o primeiro automóvel familiar hatchback com banco
traseiros reclináveis, uma invenção que veio mudar o mundo dos
automóveis do segmento.
Além de o tornar pratico, era muito espaçoso no interior e muito
confortável, cortesia da suspensão independente de longo curso capaz de
absorver as irregularidades das estradas portuguesas da altura. A isto
acrescentava travões dianteiros de disco, boa performance (a versão mais
fraca atingia os 150km\h) e até tinha vidros eléctricos - algo apenas
reservados aos automóveis de luxo da época. O Renault 16 veio
revolucionar os familiares.
1964 Ferrari 275 GTB
Da mesma forma que o Ferrari 125S de 1947 foi "o" primeiro Ferrari, mas
não deixa de ser um modelo de competição. E apesar que a Ferrari já
produzir modelos de estrada antes deste 275 GTB, este é considerado o
primeiro Ferrari para a estrada porque foi o primeiro a ser equipado com
suspensões capazes de permitir que um Ferrari fosse conduzido
rapidamente de forma confortavel (e segura) - é o Genesis dos Ferrari de
estrada que conhecemos hoje em dia.
Ao contrário do 250GT a suspensão traseira deixou de ser um eixo rigido
com molas para uma suspensão de braço duplo, para ajudar à distribuição
do peso a caixa de velocidades estava separada do motor e recebia discos
de travão nas 4 rodas. À frente estava o V12 de 3.3 litros capaz de
debitar 280 cavalos e tudo tapado por uma carroçaria obra de
Pininfarina.
1965 Lancia 1.6HF Coupe
Tambem conhecido como o ultimo Lancia como marca independente - e como
todos os modelos até este, era um Lancia, um automovel um caracter
unico, exemplar e muito estilo tal que se manteve em produção durante 11
anos com quase nenhuma alteração.
Era uma variante do mais classico Fulvia e apesar de estar disponivel
com classico V4 de 1.2 litros foi a versão 1600HF que com o perfeito
equilibrio e potencia conseguiu vencer o mundial de rallies duas vezes
nos anos 70. Criação de Antonio Fessa, que tambem criou todos os Lancia
dos anos 60, um engenheiro genial que não abria mão dos seus principios
de engenharia terá tambem sido em grande parte responsavel pela queda da
Lancia que perdia dinheiro em todos os carros desde os anos 60 e o
destino já conhecemos, vendida à Fiat.
1965 Honda S800
Como sabemos a Honda começou por fabricar motas, dai que não foi
surpresa quando o a Honda apresentou o seu primeiro automovel, o S500,
não foi surpresa que trazia muito conteudo do mundo das 1 rodas - tinha
um motor de 530cc com 4 carburadores e debitava 44 cavalos a umas
incriveis (ainda hoje em dia) 8.000rpm! A transmissão era tambem de
corrente, como numa mota.
O S500 evoluiu para S600 ao receber um motor de 606cc e mais tarde veio o
S800 ao adoptar um motor de 800cc, mais popular e mais conhecido. Já
tinha uma transissão e suspensão convencional. Tinha uma boa aceleração e
comportamento para o pequeno motor e chegou à Europa a custar
ligeiramente menos que um Triumph Spitfire. A produção durou até 1970 e
durante muitos anos a Honda ficou sem um desportivo após o S800.
1965 Chevrolet Corvair
O Chevrolet Corvair nasceu como a resposta americana às crescentes
importações estrangeiras - um sedan compacto mais pequeno que as normais
banheiras americanas da altura e de motor traseiro arrefecido a ar. Se
soa familiar é porque o engenheiro-chefe da GM Edward Cole tinha um
fascinio pelo Volskwagen Bettle e adoptou a mesma arquitectura.
Mas infelizmente o Chevrolet Corvair saltou para a ribalta graças ao
advogado Ralph Nader que o colocou no topo do seu livro "unsafe at any
Speed" classificando-o como uma armadilha mortal que tinha mais
acidentes sem envolver outros veiculos.
É que além do motor traseiro adoptaram tambem o mesmo tipo de suspensão
traseira do Bettle que em curvas apertadas as rodas recolhem para dentro
diminuindo a área de contacto com a estrada e perdendo aderência e a
traseira passava para a frente - algo que quem já conduzi um 911 dos
antigos conhece. O Bettle tinha uma medida de segurança que evitava os
acidentes - era lento, algo que o Corvair não era.
Nader afirmava tambem que a GM sabia dos problemas estruturais do
Corvair e para adiou alterações nas suspenções desculpando-se com erro
dos condutores.
Em conjunto, o Chevrolet Corvair e Ralph Nader trouxeram a protecção ao
consumidor ao mundo automovel e mudaram completamente a relação entre
construtores automoveis e consumidor.
1965 Lamborghini Miura
Coom resumir o Lamborghini Miura - um icone,
um poster, uma "pin up", historico. Curioso que um modelo tão marcante teve um nascimento tão complicado.
Miura foi desenhado por alguns técnicos nos tempos livres as escondidas
do chefe da Lamborghini que preferia os GT's. Chegavam ao ponto de não
usar papel - apenas rabiscavam no chão com giz. Apesar de automoveis de
motor central serem comuns na altura na competição, os desportivos da
altura tinham todos o motor à frente - o Miura foi o primeiro automovel
de estrada com o motor em posição central e transversal ao eixo do
carro.
A linda carroçaria começou a ser desenhada por Giorgetto Giugiaro mas
este abandonou a Bertone a meio do projecto e eis que entra Marcello
Gandini para criar uma imagem intemporal.
Curiosamente, a Lamborghini começou a receber encomendas para o Miura
após expor o chassis no salão de Turim de 1965 quando Marcello Gandini
ainda não tinha acabado de desenhar a carroçaria!
O Miura criou os padrões para os desportivos de motor central marcando para sempre a historia do automovel e as
paredes dos quartos de muitos jovens.
1966 Pontiac GTO
Todos os fãs dos automoveis gostam dos "muscle cars" americanos,
principalmente pela simplicidade da receita: pegar no maior e mais
potente motor que encontrarem ou conseguirem fabricar, coloquem-no num
chassis basico e leve com uma suspensão igualmente básica - mas sabem
qual foi o primeiro? O tiro de partida foi dado pelo Pontiac GTO em
1964, inicialmente o GTO era apenas um upgrade opcional para o Pontiac
Tempest, mas foi tal o sucesso que em 1966 tornou-se num modelo
independente - o primeiro Muscle Car.
Para o separar do Pontiac Tempest, tinha jantes/pneus diferentes,
interior mais desportivo e alguns acabamentos diferentes, mas acima de
tudo tinha um V8 com 360 cavalos capaz de acelerar este coupe ou
descapotavel dos 0 aos 100km\h em 6 segundos. Este Pontiac GTO definiu o
muscle cars que todos prontamente copiarama - afinal em 1966 a Pontiac
vendeu 100.000 GTO's. Este é o Genesis do Muscle Car...
1967 Ferrari 365 GTB/4 Daytona
Enquanto a Lamborghini avançou com o motor em posição central nos anos
60 a Ferrari resolveu fazer nada disso com o seu Coupé V12 - o belo 365
GTb/4 Daytona. O 365 é a capacidade de cada cilindro, 4 veios das
válvulas e Daytona em homenagem à vitória da Ferrari nas 24 horas de
Daytona.
Muitos criticaram o facto da Ferrari avançar com algo tão clássico
quando claramente o futuro estava no motor em posição central. Mas a
verdade é que a potencia do V12, aliado à suspensão independente as 4
rodas permitia velocidades de 278 km\h de velocidade máxima e era muito
fácil de conduzir a velocidades elevadas - algo que o Miura não era
capaz. O design assinado por Pininfarina tornou este modelo muito
desejado (especialmente nos ultra-raros descapotaveis) e assim nasceu a
referência/receita para o Coupe Ferrari que ainda hoje perdura.
1967 Alfa Romeo 1750 GTV
O Alfa Romeo 1750 GTV desenhado por Bertone é um dos modelos fetiche dos
fãs da marca. O motor de 4 cilindros em linha era suave e potente,
estava associado a uma caixa de 5 velocidades suave bem escalonada que
com o chassis bem equilibrado e travões generosos era capaz de
acompanhar com grande facilidade maquinas mais potentes em estradas de
montanha.
Mas lidava muito bem com as auto-estradas, o que ajudou a conquistar
muitos fãs nos Estados Unidos. Um sucesso tal que o design surgiu pela
primeira vez em 1963 e manteve-se basicamente inalterado até 1977 -
porque mexer em equipa vencedora?
1967 NSU RO 80
O NSU RO 80 marca uma revolução falhada. O motor rotativo foi
desenvolvido por Felix Wankel que, como muitos engenheiros, procuravam
um motor rotativo suave sem o movimento para cima e para baixo do motor
de pistões classico. Wankel vendeu este motor à NSU alemã que pretendia
usá-lo em motos e automoveis de pequena dimensão.
O motor Wankel era tão suave como uma turbina e muitos viram nele o
futuro tal que a NSU vendeu licensas a muitos construtores mundiais como
a GM, Mazda e Citroen. A NSU estreou este motor no RO 80 que foi
coroado o automovel do ano e conquistou todos os jornalistas do mundo
automovel da altura com o seu conteudo tecnológico e suavidade do motor.
E aí chegamos à parte da "revolução falhada" - ninguem sabe ainda como é
que este problema não foi detectado durante os testes de
desenvolvimento mas os motores eram extremamente frageis ao ponto que
quando 2 condutores de RO 80 se cruzavam na estrada levantavem 1, 2 ou 3
dedos representando quantos motores tinham já substituido sob garantia.
A NSU acabou por desistir e para enterrar a historia, a NSU desapareceu
sendo recuperada a marca AUDI - o motor Wankel pode ter sido um
desastre mas a venda das licensas ajudou a desenvolver o sucesso da
actual Audi. E esta hem?
1968 Opel GT
A Opel nunca foi uma marca conhecida por extremos e extravagancias nos
seus modelos de série, daí que quando no final dos anos 60 apresentou um
concept a que chamou de XVR de um desportivo de 2 lugares com um
design muito proximo ao do Corvette ninguem ligou muito porque não iria
chegar à estrada...mas este chegou! Baseado no inocuo Kaddet a Opel
apresentou o Opel GT em 1968.

O design era basicamente do concept, mantendo o motor bastante para trás
que permitia a frente baixa com os farois retracteis e a traseira que
corta a direito. A bela e detalhada carroçaria era produzida pela
Chausson em França e debaixo do capot o 4 cilindros de 1.9 litros e 90
cavalos, e apesar das suspensões não serem as mais avamaçadas o
comportamento era muito bom tendo uma grande legião de fãs, incluindo
nos EUA para onde foram grande parte dos Opel GT. A Opel mostrou com o
GT que também era capaz de mover almas e corações no mundo automovel
(seguindo-se máquinas como o Manta, Kaddet GTI, Lotus Omega, Calibra e
outros) e conseguiu manter um lugar de relevo na industria automovel
europeia que muitos não viam durar.
1968 Bertone Carabo
Da mesma forma que o Mercedes SL foi o 1º hiper-carro e o Lamborghini
Miura o 1º hiper-carro com motor em posição central, o concept car
Bertone Carabo apresentado no Salão de Paris em 1968 definiu a forma em
cunha que os hiper-carros iriam ter nas decadas segujintes.
Curiosamente, na altura o seu autor (um certo Marcelo Gandini) disse que
não passava de um concept e que não iria para produção...até o
Lamborghini Countach ser apresentado um anos mais tarde!
Ao mover o motor para posição central a frente podia descer em angulo
acentuado em linha com o enorme para-brisas, sem quebra da linha e
cortada pela traseira abrupta que parecia esconder um reactor nuclear. O
aspecto de nave espacial, o vidro cobreado de baixo e a pintura verde
metalizada com tons alaranjados - o principal objectivo era chocar.
E chocar conseguiu - debaixo daquela forma dramatica esconde-se um Alfa
Romeo Tipo 33 com o seu V8 de 2 litros e 230 cavalos, suspensão de
competição capaz de atingir (supostamente) 260 km\h, mas apesar do
Carabo ter conseguido ser citado em quase todos os jornais da época
poucos falavam da mecânica. A forma dramática ainda hoje impressiona. Se
os hiper-carros preenchem os seus sonhos, este é o genesis...
1969 Porsche 914
O Porsche 914 foi a primeira tentativa da Porshce de entrar no mercado
dos desportivos de grande produção e ao contrario do que muitos dizem
até teve bastante sucesso vendendo quase 120.000 unidades na sua
carreira de 6 anos. O 914 era um hibrido - desenvolvido pela Porsche, a
Volkswagen forneceu o motor do VW411 de 4 cilindros boxer arrefecido a
ar e era construido pela Karmann.
Infelizmente o motor Volkswagen debitava 85 cavalos atingindo apenas
170km\h, mas o bom comportamento de estrada, practicabilidade e o facto
de ser bem construido tornou-o muito popular, particularmente nos EUA
ansiosos por terem um desportivo de topo a preço acessivel.
Graças à sua fraca performance, à associação com a VW, não é/foi muito
amado pelos fãs da Porsche (que vêem a marca apenas como a produtora do
911 e mais nada), mas foi a primeira tentativa do que a Porsche a um
segmento veio a conseguir anos mais tarde com o Boxster, mais ao menos
com a mesma receita.
1970 Citroen SM
A Citroen teve um enorme sucesso com o Citroen DS original, muito acima
das mais otimistas expectativas - dai que nem pensaram 2 vezes quando
alguém sugerir um coupé de luxo de alta performance: ou seja, juntar a
tecnologia e design avançado do DS com performance, não pensaram 2 vezes
em passar um cheque para comprar a falida Maserati em 1968. O primeiro
produto desta união foi o Maserati SM.
E a receita para ser sem falhas - um vestido de gala francês a cobrir um
coração V6 italiano. Debaixo do capot estava um V6 de 2.7 litros e 170
cavalos derivado do conhecido V8 Maserati, excepto que aqui a
transmissão era à frente com o motor montado bastante atrás dentro do
compartimento do motor. Herdou muita da tecnologia do DS, como a
suspensão hidráulica auto-nivelante, travões de discos nas 4 rodas e
faróis direcionais controlados pela direção assistida.

O design exterior era do outro mundo - a cobertura vidrada da frente, o
enorme para-brisas, o formato fastback com a tampa da mala em vidro e os
pneus traseiros semi-ocultos completavam o look espacial. O interior
recebia toques espaciais como mostradores ovais, volante de braço único e
grandes sofás como assentos.
Infelizmente a crise petrolífera instalou-se em 1973 e a procura
simplesmente desapareceu - afinal o SM fazia médias de 16l/100km. Ainda
houve uma versão com injeção direta de 3 litros de 180 cavalos e até
caixa automática, mas não recuperou e chegou ao fim tendo sido apenas
produzidas 12.920 unidades. Uma máquina espantosa sem duvida, mas
arrastou consigo a Citroen que pouco depois entrou em falência - tendo
sido fundida em 1974 com a Peugeot para criar a PSA e a Maserati foi
vendida à De Tomaso em 1975.
1970 Alfa Romeo Junior Z
O Alfa Romeo Junior Z começou como um estudo aerodinamico da Zagato
feito com base no Alfa Romeo Giulia 1300 GT apresentado em 1969. Era
belo, com um formato em cunha e terminava numa especie de aileron
traseiro. As luzes dianteiras estavam cobertas por plastico e tinha uma
vasta área vidrada por onde os 2 ocupantes poderiam ver a paisagem
passar. E vê-la passar iriam porque apesar de ter apenas um 1,3 litros
conseguia atingir os 190km\h.
Era leve e o chassis do Giulia davam-lhe um comportamento que coloca
este Alfa na lista de qualquer fã da marca. Especialmente quando surgiu o
1600 Junior para o substituir - era mais longo (permitia mais conforto e
mais elegancia) e ainda mais rápido (de 87 para 113 cavalos).
Infelizmente estas belas e eficientes máquinas eram muito caras e nos 5
anos que durou a produção apenas 1.500 unidades (1300 e 1600) foram
fabricadas.
1970 Alfa Romeo Montreal
O Alfa Romeo Montreal foi uma fugaz visita da Alfa Romeo ao mundo dos
super-carros - este belo, magnífico, sensual (completem as hiperboles
que quiserem) máquina nasceu de um convite da organização da feira
mundial de 1967 em Montreal à Alfa Romeo para que estes criassem um
concept car para a feira (curiosamente, apenas convidaram a Alfa, mais
nenhuma marca foi convidáda). Desenhado por Bertone com base no Giulia
foi um sucesso absoluto, o que convenceu a Alfa a colocá-lo em produção.
Mas antes colocaram-lhe um V8 à frente (uma versão de estrada do Tipo 33
de competição de 2.6 litros e 200 cavalos) acopolado a uma caixa de 5
velocidades ZF e graças a toda esta cavalagem o Montreal era capaz de
atingir 220km\h. Infelizmente o chassis, particularmente o eixo traseiro
rígido, não conseguia lidar com a potência. Isso e a crise petrolifera
que se instalou acabou por ditar o fim do Montreal.
1970 Range Rover
Logo a seguir a colocarem o 1º Land Rover na estrada em 1948 (ver mais
acima) os seus "pais", os irmãos Wilks começaram a pensar numa versão
mais civilizada, com maior conforto e performance. O projecto só
arrancou realmente quando o projecto foi entregue a Charles Spencer King
vindo da Rolls-Royce que tinha que desenvolver um novo projecto de raiz
sem ter que usar algo de novo, ou seja, tinha que usar o que tinha à
mão.
Uma das novidades foi o "emparelhar" de uma suspenção confortavel de
lonog curso com tracção integral - até aquele altura todos usavam uma
suspensão dura para maior durabilidade. Esta caracteristica aliada a um
design sobrio mas elegante trouxe uma nova e melhor solução para os
todo-terreno e desde o lançamento que o Range-Rover mantevesse entre os
melhores dentro e fora da estrada. Muitos podem não apreciar (eu
incluido) a transformação dos SUV para sinais de status na cidades, mas a
verdade é que criou um novo segmento.
1971 Lamborghini Countach
Se o Miura foi um marco e um sucesso mesmo antes do design estar
terminado, o Countach veio arrasa-lo completamente. Curiosamente o
designer foi o mesmo, Marcello Gandini mas tudo o resto era diferente. O
Miura era sensual e musculado, enquanto o Countach era uma nave
espacial. Oo motor V12 era basicamente o mesmo mas ao inves de
atravessado estava em linha o que colocava a cabine para a frente com a
caixa de velocidades entre os passageiros. E conseguem imaginar o furor
que gerou quando o LP500 foi exibido em todo o seu amarelo vivo e uma
placa a dizer - "faz 290km\h"? Deve ter parecido que os extra-terrestres
aterraram e enganaram-se no planeta!



Várias modificações foram feitas a este concept antes de chegar à
estrada (principalmente maiores admissões de ar para o motor) como o
LP400 em 1974. E o Countach foi evoluindo ao longo do tempo, recebendo
motores mais potentes, enormes ailerons e entradas de ar e alguns dos
pneus mais largos do mundo e até 1991 sairam (ruidosamente certamente)
cerca de 2.042 exemplares desta obra prima. Os ultimos QV
(Quattrovalvole eram capazes de atingir 320km\h. Um dos icones do mundo
automovel, unico, inesquecivel.
Curisidade: sabem de onde vem o Countach? É uma expressão local para "Wow!!"
1971 NASA Lunar Roving Vehicle
Já que os americanos foram os primeiros a chegar à Lua, eles teriam que
conduzir na Lua. A ideia veio mesmo do pai do programa espacial
americano Wernher Von Braun quando disse "Don´t Worry about getting
to the moon - I will get you there. It's what you do when you get there
that´s important. You'll probably be driving a car on the moon". E
foi um dos mais raros (apenas foram fabricados 4) e mais caros (o
contrato para o design e fabrico foi de 19.6 milhões e cada minuto de
condução estava estimado em 60.000 dolares - isto nos anos 70).

Construido totalmente em alumínio, o Lunar Roving Vehicle (LRV) da Nasa
tinha um chassis articulado com direção em ambos os eixos e os pneus
eram de aço e titânio. Era claro electrico e ao inves de um volante
tinha um joystick e o primeiro chegou à Lua com no dia 31 de Julho de
1971. Curiosamente, tambem é o único automovel a ter um acidente na Lua
quando um dos para-lamas se soltou levantando uma grande nuvem de pó e
tiveram que parar para o reparar...com fita gomada.
1973 Citroen GS Birotor
Além do Citroen SM houve mais uma má decisão que levou ao fim da Citroen
como marca independente - o Citroen GS Birotor. A Citroen sempre
procurou ser diferente do restante pelotão e na altura a melhor forma de
o fazer era adoptar o motor rotativo Wankel. Foi produzida uma
pré-serie de 250-260 unidades experimentais que após longos testes
convenceram a Citroen que valia a pena avançar para a produção em série.
Assim nasceu o GS Birotor.
Apesar de parecer apenas mais um GS, a verdade é que era quase
completamente diferente, por fora e por dentro - especialmente debaixo
do capot onde se escondia o bi-rotor que debitava 106 cavalos. A ideia
era ser uma versão mais potente e refinada do "comum" GS - até tinha
melhores assentos. Era acrescentar a potência e suavidade do motor
Wankel ao conforto e comportamento do GS.
Só um problema - tal como todos os motores rotativos da altura os
consumos eram altos: 15l/100km. E infelizmente as qualidade do GS
Birotor não foram suficientes para convencer o público - após apenas ter
produzido 850 unidades (numa fábrica nova montada de proposito para
este modelo) a Citroen comprou quase todos os Birotor de volta para
serem destruidos. Segundo os registos apenas 180 a 200 GS Birotor foram
poupados.
1973 Porsche 911 Carrera RS 2.7
Este é um dos Porsches mais conhecidos e amados pelos fãs da marca mas
normalmente pelas razões incorrectas. No incio dos anos 70 as vendas do
911 começavam a derrapar e o 914 tinha acabado de sair da produção, daí
que a Porsche resolveu que tinham que desenvolver um modelo de topo que
mantivesse o 911 na cabeça das pessoas até á chegada do 911 Turbo que
ainda estava em desenvolvimento - o Carrera RS vinha aí.
Aumentaram a capacidade do 6 cilindros Boxer para 2.7 litros que com uma
nova injecção da Bosch passou a desenvolver 210 cavalos. Para melhorar a
performance o 911 passou por uma crise de bulímia - o RS usava aço
muito mais fino, os vidros eram tambem mais finos, toda a insonorisação
foi retirada e os para-choques foram substituidos por peças de plástico.
Tudo isto poupou 150 quilogramas relativamente ao 911 normal. 0 aos
100km\h em 5,5 segundos e uma velocidade máxima de 240 km\h.
Claro que o visual tambem ajudou a tatuar o 911 na imaginação do público
- quase todos eram em branco com as conhecidas inscrições "Carrera" e a
"cauda de pato" para ajudar a manter o eixo traseiro no chão. Cumpriu o
seu dever, mas acima de tudo nasceu um dos 911 mais emblemáticos de
sempre - digam a qualquer "doente" da Porsche que têm um destes e vejam a
inveja a crescer.
1973 Lancia Stratos
O Stratos original foi um concept car construido por Bertone para o
salão de Turim de 1970 baseado no Lancia 1600HF e era apenas um sonho -
era muito baixo (dava pelos joelhos de um adulto) e o volante ao centro
apenas acessivel abrindo o para-brisas mas inspirou o jovem director de
competição da Lancia Cesario Fiorio para construir uma máquina apenas
com o objectivo de vencer rallies. Assim nasce o Lancia Stratos.
A forma em cunha foi desenhado pelo eterno Marcelo Gandini e, apesar de
inicialmente terem havido planos para versões mais acessiveis, usaram o
motor V6 do Ferrari Dino e foi uma sensação nos rallies quer nos fãs que
adoravam o som e o aspecto extra-terrestre e nos pilotos que apreciavam
a sua velocidade e precisão (se bem que problemático devido à curta
distancia entre eixos). Venceu 2 campeonatos do mundo de rallies, marcou
o seu lugar na historia e nos corações de todos os fãs dos automoveis,
uma demonstração que estilo e função não são necessáriamente
incompativeis.
1973 BMW 2002 Turbo
Este é o primeiro BMW de série com motor turbo - o BMW 2002 Turbo.
Trata-se de um BMW 2002 com um 2 litros turbo com 170 cavalos (tirado do
BMW Turbo concept), e mantendo em mente que estamos a falar de 1973,
atingia 210 km\h e acelerava dos 0 aos 100km\h em 8 segundos.
A suspensão foi rebaixada, vias alargadas e pneus mais grossos para
lidar com a potencia mas a tecnologia turbo era violenta com a potencia a
chegar de forma brutal e era preciso coragem para o conduzir
rapidamente. Infelizmente a brutalidade e a crise petrolifera acabou por
condenar este BMW turbo. Muitos especialistas dizem que foi o falhanço
do 2002 turbo que quando a BMW criou os M5 e M3 desenvolveram motores
atmosféricos e não turbo - mas curiosamente, 30 anos mais tarde o actual
M5 e futuro M3 vão ser turbo.
1974 Citroen CX
Subtituir um exito é dificil, substituir um exito como o Citroen DS ao
fim de 20 anos ainda mais dificil - mas a Citroen conseguiu-o com o CX.
Um design inteligente de elementos do GS, DS e SM que escondia toda a
tecnologia mais avançada que a Citroen tinha.
A forma aerodinamica escondia motores derivados do DS e nova evolução da
suspensão hidropneumática que proporcionava um comportamento agil com o
conforto de um tapete voador: a versão GTI turbo de 168 cavalos fo
proibida de surgir em anúncios na televisão por ser rápida demais.
Era confortavel, espaçoso e tinha o interior a combinar com o exterior.
Além da versão normal, havia a versão Prestige com distancia entre eixos
aumentada e a versão carrinha com 7 lugares ou espaço suficiente para
engolir um sofá. Esteve no mercado até 1991, altura até a qual vendeu
mais de 1 milhão de unidades.
1974 Peugeot 504 V6 Cabriolet
Tal como o 504 sedan, a Pininfarina produzia as carroçarias do coupe e
cabriolet em Turin antes de as mandar para França onde recebiam os
motores. Mas com os 4 cilindros o 504 não vendia conforme o programado -
até receber (o primeiro automovel a receber) o V6 de 2.6 litros
desenvolvido em conjunto pela Peugeot, Renault e Volvo: o V6 PRV. E essa
mudança transformou completamente o automovel.
Facilmente identificaveis pelos 2 farois dianteiros mais compridos (ao
invés de 4 mais pequenos), novos para-choques e farois traseiros
tornaram-se num dos mais procurados Peugeots de sempre, particularmente
em descapotavel, e até ao fim da sua produção em 1982 pouco ou nada
mudou - para quê?
1974 Volvo 240
Desde o final dos anos 60 que a Volvo andava fixada na segurança e
desenvolvia tecnologias como o ABS, airbags, para-choques com
amortecedores entre outras. E nos anos 70 resolveu colocar toda essa
tecnologia experimental em práctica - pegaram no Volvo 144 colocaram uma
nova frente, montaram novos motores, nova suspensão MacPherson e toda a
tecnologia de segurança que tinha: assim nasceu o Volvo 240, o Volvo
que cunhou o nome de tijolo Volvo.
Disponivel como uma sedan de 4 portas ou uma carrinha de 5 portas e no
cao do 240 Turbo tinha 155 cavalos, o 240 tornou-se no padrão de
segurança automovel e manobrabilidade. E quando deixaram de o produzir
em 1993 foram produzidas 3 milhões de unidades.
1974 Volkswagen Golf
Durante os anos 60 e 70 a Volkswagen não conseguia conquisTar clientes
para novos produtos ou substituir o Carocha nos corações dos fãs da
Volkswagen. Tentaram com o Variant e o
K70
mas as vendas foram no minimo modestas. Dai que a Volkswagen concluiu
que para avançar era necessário alguem de fora da Volkswagen e contratou
Giorgetto Giugiaro. Este tinha acabado de terminar com grande sucesso o
desenvolvimento do Alfasud para a Alfa Romeo provando que conseguia
lidar tão bem os automoveis compactos de produção em massa como criava
super-carros.
Consultoria externa não é novidade mas esta tem um novo pormenor -
Giugiaro teve a colaboração de Aldo Mantovani que era um engenheiro de
estruturas e design de produção. Juntos entregaram a Volkswagen não só o
design interior e exterior, mas tambem o design de toda a "ferramenta
de produção" (máquinas, etc) e todo o calendário de produção. Nasceu o
Volkswagen Golf.
Cortanto completamente com Carocha, o Golf foi um sucesso imediato
libertando de uma só vez a Volkswagen do "peso" do Carocha e iniciou o
seu caminho para se tornar um dos maiores (e muito provavelmente o maior
dentro de pouco tempo) construtor automovel do mundo. O Golf foi sendo
modernizado ao longo do tempo mas enquanto se reinventava mantinha-se ao
mesmo tempo fiel ao design original. Curiosamente, passados quase 40
anos, a Volkswagen adquire a Giugiaro.
1974 Ford Escort RS2000 mk2
A Ford rapidamente percebeu que havia um grande potencial no mercado dos
desportivos para os entusiastas - tração traseira, bom comportamento,
motor sonante e detalhes visuais que chamassem à atenção era o que os
"boy-racers" queriam. O Ford Escort RS2000 mk1 foi o tiro de partida mas
foi o RS2000 mk2 que acertou com a receita.
Exteriormente tinha uma frente diferente que melhorava a performance
aerodinamica e o separava da restante gama, suspensões rebaixadas,
para-lamas alargados e interior desportivo. Debitava 110 cavalos de um
motor de 4 cilindros e acelerava dos 0 aos 100km\h em 9 segundos, o que
era bastante para a altura e a suspensão assegurava uma condução muito
viciante.
E para quem quissese ir mais longe podia ir sempre aos "X kits": uma
linha de componentes para melhorar a performance como um kit para puxar o
motor para 145 cavalos, caixa de velocidades Rocket, diferencial
autoblocante, novas suspensões e outros.
Infelizmente depois deste a Ford passou tudo para o eixo dianteiro e o
melhor que arranjou foi o Escort XR3 que nunca conseguiu recuperar o
prazer deste.
1975 Lotus Esprit
O Lotus Esprit é um exemplar raro de longevidade - tendo sido
apresentado em 1975 foi comercializado aé 2004, tendo sido produzidos
10.675 exemplares. O Esprit nasceu quando Cloin Chapman decidiu
substituir o Europa mas ao inves de recorrer ao que tinha em casa foi ao
encontro de um tal Giorgetto Giugiaro. Daí nasceu a forma baixa em
cunha que parecia colada a estrada e era preciso ser-se agil para entrar
ou sair do Esprit.

A sensação que gerou no salão de Turim em 1972 foi grande, mas o Esprit
ganhou a sua popularidade mundial quando Colin Chapman conseguiu
convencer os produtores dos filmes de James Bond a usar o Esprit no
filme "The spy whou loved me" na celebre cena de perseguição com o
helicoptero e o mergulho nas águas do mediterraneo.
Mas na realidade os Esprit tendiam a sobreaquecer, não eram tão rápidos
como se pensavam e um pouco claustrofobico - mas colavam a estrada e as
curvas mais que um Pincher às canelas de um estranho. Mas a chegada do
Esprit Turbo capaz de 245km\h em 1980 viria a melhorar o problema das
performances e enfim entrar no campo dos super-carros.

Para evitar o tempo de resposta associado com os motores turbo da
altura, usaram um turbo Garret T3 a um escape proprio capaz de usar um
baixo fluxo de gas de escape para o máximo de potencia - 210 cavalos
apartir de um motor de 4 cilindros e 2,1 litros era o resultado final. A
Lotus reforçou o berço do motor, chassis, suspensões, direção e travões
para que consegui-se lidar com a potencia extra e caixa de velocidades
do Maserati Merak veio ajudar a colocar a potencia na estrada.
Exteriormente o design pouco mudou, recebendo sais laterais, aileron e
entradas de ar para o diferenciar da versão classica. Em 1986 surgiu a
versão HC Turbo com 215 cavalos e mais binário e acima de tudo um
interior mais amigável.
A ultima evolução do Esprit veio corrigir um dos ultimos problemas do
Esprit, o número de cilindros - chegou o Esprit V8.

Em 1995 chegou o Esprit V8 com 32 válvulas, 3,5 litros 2 turbos Garret
T25 com 353 cavalos capazes de acelerar a forma familiar do Esprit aos
280 km\h - curiosamente apesar de ter o dobro dos cilindros era mais
pequeno que o antigo 4 cilindros. A ultima evolução veio em 1987 quando a
Lotus passou a usar uma embraiagem de competição e uma melhor ligação à
caixa de velocidades Renault. Enfim o Esprit, tal como um bom vinho
chegou ao seu melhor.
1975 Porsche 924
O Porsche 924 é um dos modelos menos amado da marca alemã. O projecto
nasceu no inicio dos anos 70 como um projecto conjunto com a Volkswagen e
Audi. O design seria feito pela Porsche, mas produzido utilizando o
máximo de componentes da Volkswagen e vendido como um Volkswagen. O
motor era um 2 litros do Audi 100 (e sim, tambem da Volkswagen LT) e o
eixo traseiro que inclui a caixa de velocidades era tambem Audi. Mas eis
que entra a crise petrolifera e com as vendas do 914 em queda livre e o
futuro do 911 um pouco incerto, a Porsche viu que não tinha um modelo
acessivel para vender. A Porsche decidiu tomar conta do projecto e
comercizá-lo apenas como um Porsche mas produzido pela Volkswagen.

Lançado em 1975 foi um sucesso de vendas, era capaz de atingir os
200km\h e a distribição de peso perfeita dava-lhe um óptimo
comportamento. Mais tarde chega a versão Turbo que passa a potencia de
125 para 170 cavalos, a velocidade máxima para 225 km\h e não era
propriamente lento a chegar lá: 0 aos 100km\h em 6,9 segundos era
bastante rápido para os anos 80.
1975 AMC Pacer
O AMC Pacer era a resposta americana à invasão de carros compactos
importados durante a crise petrolifera e a prova que americanos não
sabem fazer carros pequenos. Mecanicamente era uma mistura estranha: a
metade da frente era um monocoque com suspensão independente e a metade
traseira usava um chassis independente (tipo jipe) com um eixo rigido
com molas (tipo carroça de cavalos). O motor inicialmente previsto era
um Wankel rotativo mas com o aumento do preço de combustivel a AMC
resolveu oferecer um 6 cilindros de 3.8 litros ou um V8 de 4,2 ou 5
litros! E os travões? Tambores e discos à frente só por opção...

Mas isso não é nada comparado com o aspecto exterior - apesar de ser
vendido como um carro compacto era enorme com 4,4 metros e quase
quadrado. E sem falar no aquário que instalaram - basicamente mais de
50% do carro era vidro, ou no facto da porta do condutor ser maior que a
esquerda para ajudar a aceder aos lugares traseiros. Creio que a
revista "Motor" o descreveu da melhor forma: "Conduzimos o Pacer e quem
nos derá não o ter feito"!

1976 Aston Martin Lagonda
O ano de 1976 trouxe dois curiosos seres ao mundo - eu nasci em 1976,
tal como o Aston Martin Lagonda. E é fácil de ver porque impressionou,
apresentado no salão automóvel de Earls Court parecia uma nave espacial.
Muito baixo e em forma de cunha chamou a atenção o suficiente para
atrair logo no dia da apresentação 170 reservas pagas salvando a Aston
Martin da falência - os directores da altura acharam que a melhor forma
de evitar a falência seria criar um 4 portas capaz de competir com a
Rolls-Royce, Bentley e Maserati.
Desenhado por William Towns e Mike Loasby impressionou todos, sendo
quase impossível detectar que era, mecanicamente, basicamente um Aston
Martin V8 alongado - isso significava um V8 de 5,3 litros de 300 cavalos
e suspensões desportivas, mas o equipamento que incluía tudo desde ar
condicionado a vidros e assentos eléctricos fazia este Lagonda pesar
mais de 2 toneladas mas mesmo assim atingir facilmente os 230km\h.
Foi o primeiro automóvel com comandos sensíveis ao toque, LED's e um
microprocessador pelo meio, mas foi um erro já que toda esta tecnologia
ainda não estava madura para uso automóvel e foi difícil de acertar.
Tudo isso veio a ter um efeito: apesar de apresentado em 1976 com um
preço de cerca de 20.000 libras, a primeira unidade só foi entregue em
1979 e custava 32.000 libras!
Mas a meio dos anos 80 começava a perder força, apesar do restyle e de
uma versão biturbo que nunca chegou à produção, ao fim de apenas 645
unidades produzidas o Lagonda chegou ao fim em 1990 - mas salvou a Aston
Martin.
1976 Volkswagen Golf GTI 1
Já incluímos neste artigo o nascimento do Volkswagen Golf, o que se veio
a tornar o padrão para compacto\hatchback europeu. Mas há outro
pormenor que tornou o Golf Mk1 um arco na história automóvel. Durante o
desenvolvimento do Golf, um grupo de engenheiros da marca alemã resolveu
colocar o motor de 1.6 litros de injecção e 110 cavalos do Audi 80 GTE e
o resultado foi tal que este modelo que não estava no programa oficial
da Volkswagen chegou ao mercado.
E assim nasceu a formula para o que se veio a chamar os "Hot Hatches" ou
GTI's nas terras de Camões: um motor pujante, suspensão desportiva e
alguns truques visuais. Formula simples que hoje em dia continua a ser
copiada e refinada, a receita para o desportivo do homem comum.
1977 Saab 99 Turbo
Depois da experiencia positiva com o Saab 92 e a sua célula de proteção
dos passageiros, a Saab resolveu fazer da segurança a sua pedra basilar -
e o resultado foi o Saab 99. O design exterior seguiu as linhas mestras
da aviação da Saab e a célula central foi tão bem concebida que se
manteve inalteravel até 1994 no 900.
No inicio a performance era muito criticavel, mas isso em breve foi
resolvido - turbo. A Saab já andava a brincar com o uso de turbo desde
os anos 60 e graças ao génio de um engenheiro chamado Per Gillibrand que
desenvolveu a válvula de wastegate que permitia reduzir o tempo de
resposta entre o acelerar e a chegada da potencia (o celebre turbo-lag)
tornou este Saab 99 turbo (saiu em 1977) numa referencia - apesar do seu
estilo discreto e conforto era extremamente rápido e foi o primeiro dos
sedans de alta performance que começaram a surgir um pouco por todo o
lado nos anos 80.
1977 Porsche 928
Quando a Porsche apresentou o 928 foi um choque, particularmente para os
que viam a marca como fabricante do 911 e nada mais. Provou
principalmente que a porsche é uma marca inovadora - este GT V8 trouxe
grandes avanços a nivel da aerodinámica e mecanica.

Tinha um forma unipeça, sem os para-choques separados, sem os veios para
conduzir a água da chuva, com todos os paineis a colaborarem no design
do 928. Debaixo desta linha futurista estavam inovações como um eixo
traseiro que permitia ao eixo traseiro alguma capacidade de virar
melhorando o comportamento em curva e a estabilidade na travagem. Todo o
design da mecanica foi feito por forma a conseguir uma distribuição de
peso perfeita 50-50 (frente\tras) graças á nova caixa de 5 velocidades
montada no eixo traseiro e o deposito de combustivel em plástico montado
atrás do eixo traseiro. Na altura, outro detalhe inovador que todos
falavam era a pala do sol com iluminação...coisa revolicionária na
altura. E sabiam que foi a primeira escolha para ser o carro de Tom
Selleck no P.I. Magnum? A sério - mas a Porsche recusou-se a montar um
tecto de abrir maior e a produção da séria acabou por ir para o Ferrari
308 que conhecemos.

Não só provou as credenciais de engenharia da Porsche como conseguiu
manter-se no mercado sem grandes alterações até 1996 (quase 20 anos).
Infelizmente não foi um grande sucesso comercial - principalmente devido
ao facto que os fãs da Porsche apenas queriam saber do 911.
1978 Lancia Megagamma
Se nunca ouviram falar deste Lancia Megagamma é porque não chegou a ser
produzido, mas estão a olhar para a primeira mono-volume (como as
conhecemos).
E novamente temos o trabalho de Giorgetto Giugiaro neste post que prova
ser capaz de tanto fazer super-carros de cortar a respiração como
automoveis populares.
Este concept foi apresentado em 1978 foi o primeiro a mostrar como a
maior altura permitia diferentes ângulos dos assentos e melhor
acomodação e espaço em automóveis pequenos. Infelizmente a Lancia não
quis arriscar e não avançou com este Megagamma mas se olharmos com
atenção, parece muito um Fiat Uno (1ª geração) aumentado. Só mais tarde
surgiram as monovolumes como a Renault Espace que trouxeram este
conceito para a estrada tendo nascido um formato muito popular.
1978 Mazda RX7
Pode parecer estranho estar a falar num automóvel de motor Wankel depois
de o chamar de "revolução falhada" (ver NSU Ro80 acima) e agora estar a
falar de outro, no Mazda RX7. Mas este não é apenas um carro é uma
homenagem ao que espírito e força de vontade humana.

Aquando da sua saida o motor Wankel o mundo automóvel olhou para ele
como o futuro e muitos aderiram mas com o aumento dos preços dos
combustíveis, inicio das preocupações sobre emissões e sérios problemas
de fiabilidade muitos desistiram do motor rotativo. Muitos mas não todos
- a Mazda continua a acreditar na viabilidade do motor rotativo e o
Mazda RX7 foi o resultado dessa força de vontade, era rápido, suave e
fiável. Algo muito humano e muito japonês - sim a tecnologia é
promissora mas para fazê-la funcionar é necessário perseverança e
imaginação, e ainda não desistiram. Ainda vamos ver o motor rotativo por
ai - talvez como extensor de autonomia em veículos eléctricos ou como
motor de combustão capaz de queimar hidrogénio sem qualquer modificação.
1979 DeLorean DMC-12
Apesar de ser principalmente uma estrela do cinema, a verdade é que o
DeLorean é muito mais que isso e é curioso que tal como a Tucker, a
história roda principalmente em torno do criador do DMC-12. John
Delorean era um engenheiro e executivo da GM e abandonou a marca para
seguir o seu desejo de construir um desportivo como devia ser.
Resolveu instalar-se na Irlanda do Norte aproveitando-se do apoio de 40
milhões de libras que o governo britanico dava a indústrias que se
fixassem naquela região. O conceito original era estranho - um coupe 2
lugares com o motor atrás, portas tipo Gullwing, motor rotativo citroen,
chassis em plástico com paineis exteriores em aço inoxidavel. A ideia
dos paineis em aço inox era que nunca iriam enferrujar e não era preciso
pintar os automoveis - tal como Henry Ford disse para o modelo T: podem
ter qualquer côr desde que seja aço inox.
Mas o trabalho de engenharia foi atribuido à Lotus perdendo muitas das
caracteristicas inovadoras, e no final não passava de um Lotus Esprit
com painés de aço inox e um motor V6 Renault de fraco rendimento. Não
tinha a potência ou prazer de condução desejado, era caro e mal
fabricado. E tendo arrancado a produção em 1980, maior parte para os
americanos, a marca faliu em Janeiro de 1982 após produzir 8550
unidades.
Mas digno de um filme de Hollywood não acaba aqui a historia - com a
falência desaparecem mais 77 milhões de libras de dinheiros públicos
britanicos, surgem provas que desde o inicio John DeLorean tinha
conspirado com a Lotus para enganar e extorquir dinheiro ao governo e
pouco depois foi preso nos EUA por tomar parte numa rede de tráfico de
drogas.
1979 BMW M1
Em 1975 a BMW decidiu que a melhor forma para ganhar os seus galões
seria participar no grupo 4/5 , principalmente porque a colocaria
frente-a-frente com a Porsche. A divisão Motorsport decidiu-se por um
automovel de motor central desenvolvido de raiz, o que obrigaria a
construir 400 unidades para homologação.
Ora para conseguir participar na competição teriam que terminar as 400
unidades em 1978 e as linhas de produção da BMW não conseguiam lidar com
isto, daí que decidiram subcontratar a construção. Ops! Enquanto
Giugiaro terminava a carroçaria, a BMW escolheu a Lamborghini para o
construir. Infelizmente a Lamborghini era incapaz de cumprir os
requisitos de qualidade dos alemães (e estava quase a fechar portas) e
ainda tiveram que redesenhar a cabeça do motor o que resultou em não
conseguirem homologar o M1 no grupo 4. Sem competição em que participar,
a BMW criou o trofeu mono-marca ProCar em 1979 para dar um objectivo ao
M1.
Infelizmente, mesmo sendo melhor que muitos super-carros da época a BMW
apenas consegui vender cerca de 450 unidades do M1, o que o tornou num
objecto de culto.
1980 Fiat Panda
Costuma-se dizer que génio vem em todos as formas e tamanhos, e isso
vê-se no Fiat Panda original. A ideia era criar um novo automovel do
povo, simples e barato, e novamente vemos o génio de Giugiaro no seu
melhor. Era um grande desafio era preciso ser barato de produzir mas
agradar aos clientes porque seria necessário vendas brutais para ter
lucro. E tal como no Land Rover 1, o Panda tinha que ser o mais plano
possivel - até o para-brisas era plano.

Tinha apenas uma escova limpa-vidros, toda a chapa era plana, o capot
era um concha e a grelha era apenas ranhuras numa chapa. O tablier era
apenas um tabuleiro com os instrumentos e comandos numa caixa por cima
do volante e até os ventiladores eram nas pontas do tablier e estavam
ligados directamente por aberturas ao exterior. Mecanicamente era muito
simples, o que o tornava barato (de fabricar e reparar) e resistente mas
mesmo assim ainda teve uma versão com tracção integral para os mercados
que precisavam de algo mais "capaz". E prova do génio deste pequeno
automovel é que se manteve no mercado durante 15 anos!
1980 Ligier JS4
Este foi complicado - por um lado somos defensores da liberdade de
movimento mas por outro lado este veiculo trouxe para a estrada uma
série de pessoas que de outra forma não seriam permitidas andar na
estrada. Este é o Ligier JS4, o primeiro papa-reformas.
E sim, este é o produto desse Ligier que esta a pensar - Guy Ligier
propriétario da equipa de Formula 1 francesa Ligier. A ideia era, como
acima referei, poder vender um automovel a quem não podia conduzir um
automovel: tinha pequenos motores a gasolina ou diesel (abaixo dos 50
cm3) e caixa automática, podiam ser conduzidos sem carta desde que se
tivesse pelo menos 14 anos, não precisava de matricula ou imposto de
circulação. O publico alvo inicial eram os jovens que queriam algo mais
que um scooter mas foram os idosos os principais clientes.
Mas foi cuidadosamente construido - carroçaria em aço e não em plástico
como actualmente, motor em posição central, um baixo centro de
gravidade, suspensão independente e foi construido de forma a poder ser
conduzido com apenas 3 rodas (na eventualidade de se perder uma roda
pelo caminho - algo provavelmente comum na Franca dos anos 80?).
1982 Mercedes 190
O Mercedes 190 foi apresentado no fim de 1982, mas ainda antes de sair
já era fonte de muita discussão com muitos incondicionais da marca a
receberem mal a ideia de um Mercedes acessivel. Era uma bela peça de
engenharia com chassis e carroçaria estudada para absroção de impactos,
ABS, airbags, suspensão traseira multi-link e outras caracteristicas
técnicas que só se tornariam standart 5 anos depois. Acima de tudo, a
qualidade e engenharia Mercedes estava lá toda.
Os motores iniciais não eram propriamente inspiradores - um 2 litros a
gasolina e um 2,5 diesel atmosférico, mas algo que mudou quando a
Mercedes pediu à Cosworth para desenvolver uma versão mais potente: o
celebre 2.3 16 válvulas. A completar o potente motor foi acrescentado um
kit de carroçaria e alterações às suspensões que tiraram todo o beje do
190 e transformaram o modelo por completo. As grandes batalhas no DTM
(especialmente a versão 2.5 Evo2) marcaram o 190 na história.
1982 Audi Quattro
O Audi Quattro é presença obrigatoria sendo responsavel por trazer a
tracção integral aos automoveis de série (apesar do primeiro ter sido o
Jensen Interceptor FF a verdade é que não conta como carro de produção
de série). Baseado no Audi 80 foi adicionada a transmissão integral do
Volkswagen Iltis militar com um diferencial Torsen para boa medida e o
resultado foi um carro facil de conduzir e rápido. Muito rápido.
O sucesso no mundo dos rallies pode ser medido pela rapidez com que toda
a concorrencia copiou o sistema. Era extremamente bem construido e
ainda hoje muito apreciado pelos colecionadores e fãs do automovel.
Quattro ficou na história.
1984 Saab 900 turbo 16 Válvulas
A Saab lançou o 900 em 1980, que era mais uma evolução do 99 que
propriamente um automovel novo. A secção central era a mesma do 99, mas
com uma frente mais comprida e uma traseira mais elegante. Recebeu
tambem um tablier inspirado no mundo da aviação - todos os comandos
estavam perfeitamente no campo de visão do condutor. Mas o que tornou
este modelo especial foi a chegada da versão turbo de 16 válvulas.
O 2 litros da Saab recebeu uma nova cabeça de 16 valvulas (uma novidade
na época), com um novo turbo e intercooler para debitar 175 cavalos.
Pode parecer pouco agora, mas nos anos 80 um automovel com aquela
potencia apartir de um motor (relativamente) pequeno, confortavel,
seguro e capaz de levar 5 pessoas e grande quantidade de bagagem era uma
novidade.
A Saab conseguiu ainda melhorar o 900 Turbo 16 com o kit de carroçaria
Aero que cobria a parte debaixo do carro com paineis plasticos que uniam
os para-choques dianteiros e traseiros, jantes de 3 braços e aquele
aileron tipo cauda de pato.
1984 Peugeot 205 GTI
O Peugeot 205 surpreendeu tudo e todos desde o lançamento - aesar do
design compacto tinha muito espaço interior, tinha uma mala de boa
capacidade e era bonito. Tão bem conseguido que conseguiu manter-se em
produção durante 14 anos com actualizações mínimas.
Um dos factores para este sucesso era que independentemente do motor
debaixo do capot, o Peugeot 205 era um prazer de conduzir e apesar de
haverem carros pequenos bonitos poucos davam o mesmo prazer de condução.
O 205 teve várias versões mas uma das mais apreciadas foi o 205 GTI.
O chassis oferecia um equilibrio perfeito e muita aderencia que
completava perfeitamente com o 1.6 de 115 cavalos (ou do 1.9 de 130
cavalos que mais tarde chegou) e tão bom era a experiencia que quando a
Peugeot tentou substituir o 205 com dois outros modelos (o 106 mais
pequeno e o maior 306) a verdade é que as vendas mantiveram-se e acabou
por substitui-lo apenas ao fim de 14 anos com o 206.
1985 Ford Sierra RS Cosworth
A Ford teve muito sucesso com os Escort e Capri Cosworth até ao fim dos
anos 70 e queria aproveitar essa imagem para melhorar as vendas do novo
Ford Sierra apresentado em 1982 que não conseguia propriamente convencer
o público com o seu design - o que explica que o departamento Special
Vehicle Engineering da Ford passou do papel à produção em apenas 13,5
meses.A Cosworth desenvolveu o 4 cilindros 2 twin-cam turbo de 204
cavalos e tudo enfiado no versão 3 portas com mais gelras no capot que
um tubarão, suspensões e travões melhorados e uma asa traseira para
(tentar) manter as rodas traseira no chão. Isto para um veiculo muito
leve e sem nenhuma ajuda ao condutor - não era qualquer condutor que
conseguia explorar todo o potencial do Sierra RS Cosworth.

O Sierra RS Cosworth era função acima de afirmação e conseguiu não só
ser um sucesso comercial (para o Grupo A só eram precisos 5.000 unidades
e a Ford acabou por produzir mais de 6.000 em apenas 1 ano) e esta
injecção de imagem conseguiu não só fazer o Sierra descolar mas
prolongar a sua vida por 10 anos! Mas a Ford não ficou por aí - ainda
fabricaram 500 exemplares do demoníaco Sierra RS500 Cosworth com 220
cavalos.
Estes são extremamente raros e cobiçados hoje em dia.
1985 Toyota MR2
Quando ouço o nome Toyota a primeira coisa que me vem à cabeça é gelado
de baunilha, mas então como é que conseguiram tornar o MR2 um sucesso e
referencia?! O projecto para um desportivo de motor começou na verdade
em 1976 mas a crise petrolifera adiou tudo para 1979. A ideia era
construir um desportivo de motor central, compacto e acessivel baseado
em mecanica de um automovel comum, neste caso o Corolla. Assim nasceu o
MR2 - que são as iniciais para "Mid-engined Recreational vehicle with 2
seats",
menos nos paises francofonos em que se chama apenas MR...
E foi um grande sucesso. Era extremamente fiavel (importante quando na
altura as opções comparaveis eram os MG e o Fiat X1/9), rápido e o
design foi muito bem conseguido. Abriu os olhos aos construtores que
havia mercado para um descapotavel/desportivo acessivel.
1985 Porsche 944 Turbo
O Porsche 924 pode ter sido um exito de vendas mas foi amplamento odiado
pelos fãs da Porsche: sabiam que era um produto da Volkswagen e Audi,
que o motor e a maioria dos componentes eram Volkswagen. O 924 Turbo deu
uma dose de potência mas não bastou para animar as vendas entre os
incondicionais da marca. Mas a Porsche conseguiu dar a volta à situação
reinventando o 924 com um restyling muito bem feito e mudando o nome
para 944.
Deram ao 924 para-lamas dianteiros e traseiros mais largos, novo
interior e um novo motor de 4 cilindros que era basicamente metade do V8
do 928 - mas o resto ainde era o 924 e continuava a ser fabricado pela
Audi. Só com a chegada do 944 Turbo é que a Porsche fez algumas
actualizações debaixo do capot - as suspensões foram modificadas e nova
electronica instalada. Era um carro mais facil de conduzir rapidamente e
no dia-a-dia, e segundo muitos especialistas, era melhor que o 911 da
mesma altura.
1985 Saab EV-1
O nome pode enganar, não se trata de uma concept electrico porque na
realidade (mecanicamente) é um Saab 900 turbo. Mas alem de ser um
concept 100% funcional e realista (algo que nos anos 80 era extremamente
raro) estamos a olhar para a primeira realização practica do que hoje é
bastante comum - medidas de redução de consumos e emissões.
Além da optima performance aerodinamica, a carroçarica dianteira e
traseira era construida em aramida que recuperava a forma original
depois de impactos e era mais leve que o aço. O cockpit tinha uma cupula
em vidro corado com um painel solar de 66 células capazes de por si
alimentarem o ar condicionado e as portas tinham barras que incluiam
fibra de carbono para maior resistência. Este concept car foi feito em
apenas 6 meses nos anos 80 e já incluía muitas tecnologias que hoje
achamos comuns.
Já agora, o EV-1 eram as iniciais de Experimental Vehicle number 1...
1986 Lancia Thema 8.32
Nos anos 80 a Lancia tentava chamar à atenção ao Thema e achou que a
melhor forma forma de o fazer era enfiar o V8 do Ferrari 308
Quattrovalve debaixo do capot do Thema - dai o nome 8.32: 8 cilindros e
32 válvulas.
O motor foi ligeiramente alterado - principalmente desceram a potência
de 240 para 215 cavalos e tornaram-no mais utilizavel a baixa
velocidade. O Thema recebeu uma caixa de 5 velocidades reforçada, jantes
e grelha especifica. Infelizmente mantiveram a tracção dianteira, o que
tornava complicado lidar com toda a potência - apesar de ser rápido,
era apenas ligeiramente mais rápido que o Thema Turbo. Mas para
compensar recebia-se um interior recheado com couro e madeira, ar
condicionado e o primeiro aileron traseiro automático. Foram fabricados
muitos poucos e não foram um grande sucesso comercial, mas quem tiver um
agora tem uma bela máquina e valiosa.
1987 Ferrari F40
O Ferrari F40 foi construido para celebrar os 40 anos da Ferrari, mas
tambem para celebrar o hiper-carro - com o melhor que a época oferecia.
Baseado no 288 GTO tinha um chassis tubular, recorria a todo o tipo de
materiais compositos e o exterior era um misto de eficiencia, beleza e
agressão. Aproveitava a tecnologia turbo da Formula aplicando 2 turbos
IHI a um V8 de 3 litros de curso curto que desenvolvia 478 cavalos e era
capaz de atingir 323km\h.
Mas acima de tudo era um corredor, sem luxos e exageros - um carro de
competição para a estrada. E tal foi a procura que a Ferrari fabricou o
dobro do previsto - estavam previstos apenas 600 unidades, acabaram por
produzir 1.200 F40.
1987 Porsche 959
Nos anos 80 a Porsche estudava sériamente a possibilidade de acabar com o
911, especialmente por terem dúvidas sobre a viabilidade de colocaram
mais potencia num automovel com o motor e tracção atras. Daí que em 1981
arrancou desenvolvimento do
Porsche 959
que seria um substituto para o 911 e o elemento principal seria a
utilização de novas tecnologias, particularmente um novo tipo de tração
integral. Mas o que na realidade resultou foi um automovel tão avançado
que simplesmente reescreveu as regras.
Apesar do aspecto e de partilhar a célula central com o 911, a verdade é
que o 959 era um automovel completamente novo. Mecanicamente tinha uma
nova tracção integral, e uma nova versão do 6 cilindros boxer turbo, com
suspensão pilotada e altura electronicamente controlada. Mas ao
contrario dos hiper-carros da época que eram basicamente carros de
competição para a estrada, grandes e complicados de conduzir
rapidamente, o 959 era relativamente pequeno mas extremamente facil de
conduzir graças à tecnologia que permitia um conduto médio explorar as
capacidades e os 450 cavalos debitados. Bateu muitos recordes para
automoveis de estrada e assim redefiniu as regras, tornando-se num
padrão para todos os hiper-carros que se seguiram.
1988 Mazda MX5
O Mazda MX5 é mais do que o renascer do clássico roadster ingles, é
acima de tudo uma lição à industria automovel: é possivel construir um
desportivo barato, pequeno, em grande quantidade e ter lucro. E a
comprovar isto, apos o lançamento e sucesso do MX5 muitas marcas (MG,
Fiat, etc) lançaram os seus roadsters, se bem que sem o mesmo sucesso.
É impossivel ignorar o impacto que o Mazda MX5 teve na industria
trazendo o desportivo acessivel - foi inspirado no Lotus Elan mas com
grande fiabilidade mecanica, com os confortos que os clientes precisavam
(aquecimento, boa protecção dos elementos, suspensão comfortavel) e
acrescentou um comportamento impecavel, boa performance e o som certo do
escape. A receita funcionou tão bem que o modelo 1 e 2 são basicamente
iguais com farois diferentes e o 3º modelo é uma evolução do 1ª geração -
em equipa vencedora não se mexe.
1989 Porsche 911 Carrera 4
Como falamos antes, o Porsche 911 acabou por ser salvo quando o seu
suposto substituto, o 959 acabou por ser apenas uma montra tecnologica
ao ser dispendioso demais. Mas o trabalho conseguido no 959 foi
aproveitado para um dos principais saltos na evolução do 911 - o 911
964.
Apesar de ser muito semelhante ao modelo que substituia (alguns paineis
foram aproveitados) a base mecanica era nova - cerca 85% do total do
carro era novo. A plataforma era nova para receber novas suspensões e
acima de tudo a versão final do sistema de tracção integral do 959.
Debitava apenas 250 cavalos, mas a estabilidade e facilidade de uso em
todas as condições climatéricas mudou a reputação do 911. Oferecia toda o
prazer de condução sem o risco de vida associado, e acima de tudo
voltou a comprovar as credencias dos engenheiros da Porsche e deu uma
nova vida ao 911.
1989 Nissan Skyline GT-R R32
Antes que comentem, sim eu sei que o Skyline já existe desde 1959 e o
GT-R já vem desde 1969, mas a versão E-BNR32 ou R32 é o marco que
interessa. Isto porque até ao R32 a ideia de automovel desportivo para
os japoneses eram inspirados nos desportivos europeus ou muscle-cars
americanos e nunca conseguiram acertar.
Até que a Nissan aceitou que não consegue igualar o estilo Europeu e
avançaram para onde Europeus e Americanos não os podem seguir - o mundo
cibernético em que a CPU é rei. Sayonara!
1990 Honda NSX
Com as vitorias na Formula 1 e o crescente tecnologico que colocava os
seus carros de estrada ninguem ficou surpreendido quando a Honda
anunciou que iria desafiar a Ferrari e Porsche no seu proprio jogo - o
NSX nasceu.
O Honda NSX era construido completamente em aluminio - debaixo da
carroçaria em aluminio estava um chassis em aluminio e até as suspensões
eram em alumínio. Debaixo do capot de vidro traseiro a Honda colocou o
seu V6 VTEC capaz de atingir as 8.000rpm. O interior foi cuidadosamente
construido e equipado com uma posição de condução confortavel.
Mas apesar de ser melhor que os Porsche e Ferrari da época a verdade é
que não conseguiu cativar os compradores ou fãs - faltava caracter quer
ao design e estilo e porque a Honda o anunciava como sendo "tão facil de
conduzir como um Civic"...Os supercarros tinham os seus defeitos mas
eram esses defeitos que davam o caracter cativante e a Honda fez mal em
os tirar.
1992 AM General Hummer
Apesar de não parecer, há muito em comum entre o Hummer e o Jeep Willys
que desembarcou na Normandia - a AM General foi a empresa que produziu o
Jeeps militares e desenvolveu o HUMMER segundo o caderno de encargo do
exercito americano como um veiculo capaz de atravessar qualquer terreno,
resistir a tudo e ter inumeras versões. O High Mobility Multi-purpose
Wheeled Vehicle foi desenhado em 1979 e 1 ano depois os primeiros
prototipos foram entregues para testes. E tal foi a recepção que em 1983
o exercito fez a primeira encomenda de 55.000 HMMWV ou Hummers como os
soldados vieram a chamar-lhes. Mecanicamente é baseado num chassis
separado em escada que permitia qualquer configuração desde transporte
de tropas, ambulancia, tanque, etc.

A grande estreia do Hummer foi nos ecrãs da CNN durante a Guerra do
Golfo em 1991 a correr com os iraquianos do Kuwait. E em 1992 surgiu a
versão civil, disponivel em 4 configurações. Com um motor diesel de 6,2
litros ou um V8 a gasolina de 5,7 litros do Corvette foram vendidas
cerca de 1.000 unidades por ano durante 14 anos.
1992 Dodge Viper
No Salão automovel de Detroit de 1989 a Chrysler causam sensação ao
apresentar um concept car que era extramamente agressivo, baixo com
muito de um AC Cobra e com um igualmente impressionante V10 de 8 litros e
450 cavalos. Tal foi a reacção que a Chrysler não hesitou em avançar
para a produção e em 1992 chegou às estradas - o Viper.

Apesar do look extraordinário era bastante arcaico - tinha um chassis
separado (como num jipe a sério), o motor era de um pick-up pesada
(modificado pela Lamborghini), não tinha ABS ou qualquer ajuda
electronica. Mas apesar de tudo isso era extremamente rápido (290 km\h)
se bem que poucos tinham coragem para lá chegar e com tanto binário que
não interessava a velocidade selecionada. Infelizmente, tambem tinha um
tejadilho amovivel inutil, a qualidade de fabricação era fraca, era
extremamente largo e era dificil de manter na estrada molhada ou
acidentada. Mas isso de pouco ou nada interessa - para uma versão
imaculada e moderna do Muscle Car este era o fruto proibido mais
desejado.
1992 Ferrari 456 GT
Desde o Ferrari Daytona (1973) que o Ferrari de topo não tinha o motor à
frente e desde a morte do 412 (1979) que a Ferrari não tinha um
automovel com mais de 2 lugares - 2 situações que o Ferrari 456 veio
resolver em estilo. Enfim o topo do catalogo da Ferrari recuperava um GT
com um motor V12 à frente e era lindo, agressivo e ao mesmo tempo
elegante, e extremamente caro e inacessivel.

O estilo é de Pininfarina e foi claramente inspirar-se no Daytona quer
de perfil ou de traseira. Á frente estava um novo V12 e a caixa de
velocidades atrás para uma distribuição de peso perfeita. A suspenção
electronica e direção assistida permitiam um comportamente digno de um
Ferrari mas oferecendo o conforto esperado de um GT. No interior
encontrava-se o melhor dos acabamentos em linha com a herança dos GT's
da Ferrari. O 456 marcou o regresso da Ferrari aos automoveis com o
motor à frente - mais faceis de conduzir e menos exigentes. Seguiram-se o
550, 612, 599 e vamos ter um novo em breve. Já me esquecia - foi também
o último automovel com farois de levantar...
1993 Renault Twingo
Em 1988 Patrick Le Quement deixou a Volkswagen para dirigir o
departamento de designe da Renault, provavelmente não imaginava que ia
criar um dos automoveis mais revolucionarios da altura e que mudou a
industria automovel numa altura que não se ligava muito ao design e
poucos arriscavam novas possibilidades.
Curiosamente Le Quement foi recuperar um projecto de um citadino que
tinha sido abandonado e viu a possibilidade de quebrar as regras. Mas
não foi facil - teve que ir directamente ao chefe da Renault para poder
arrancar o projecto, resistiu as inumeras pressões de normalizar certos
componentes como os farois semi-redondos por outros já usados e
desmontar os resultados das clinicas aos clientes em que 40% não
gostaram do Twingo. Ao que Le Quement supostamente respondeu "o maior
risco é não correr riscos".
Contra tudo e todos Le Quement venceu e o Twingo chegou ao mercado cheio
de detalhes unicos e interessantes como a consola digital central,
escavo limpa-parabrisas unica muito eficiente, assentos deslizaveis e
reclinaveis entre outros. Foi um sucesso comercial fenomenal e chegou a
merecer ser escrito um livro sobre o Renault Twingo intitulado: "O carro
que não devia existir".
1993 Renault Clio Williams
A Renault sempre teve uma presença nos pequenos desportivos - houve o
Renault 5 Turbo 2, seguido depois pelo Renault Super 5 Turbo. Este
ultimo tinha apenas 115 cavalos mas sendo leve e com um bom chassis fez
as delicias dos jovens condutores dos anos 80. Nos anos 90 chegou novo
desportivo, desta vez o Renault Clio 16 valvulas com 138 cavalos que
tambem teve uma boa aceitação pelos fãs. Mas ia ficar melhor com a
decisão da Renault em competir no Grupo N do campeonato de rallies
frances que resultou no nascimento do Renault Clio Williams.
Pegaram no já bom Clio 16 valvulas, puxaram o 1.8 para 2 litros que
desenvolvia 200 cavalos, montaram uma nova caixa de velocidades
(curiosamente vinha do Renault 19 TD!?), alargaram as vias dianteiras e
melhoram as suspensões. Todos claramente identificaveis pelos largos
para-lamas dianteiros, jantes douradas e cor azul - mas acima de tudo um
dos automoveis mais agradaveis de conduzir...rapidamente!
1994 Toyota RAV-4
Tal como o MR-2 a Toyota conseguiu ver um nicho por preencher no mercado
americano - o chamado Recreational Active Vehicle: basicamente um
automovel que combina a aceleração e manobrabilidade de um desportivo
com o aspecto e a posição de condução de um todo-terreno. Dai o Rav-4:
Recreational Active Vehicle (with) 4 (wheel-drive).
Nesta altura a maioria dos 4x4 eram derivados de jipes puros e duros, ou
seja, chassis separado, suspensões de longo curso, desconfortáveis,
ruidosos, difíceis de conduzir na estrada...etc. Mas a Toyota viu o que
atraia os compradores era o aspecto e a posição de condução, dai
construiram o Rav4 com elementos de automoveis comuns como suspensões e o
motor do Carina. Tal foi o sucesso, que os restantes construtores não
tiveram escolha se não fazer a sua versão como o Land-Rover Freelander, o
Honda CR-V entre outros.
1994 Peugeot 106 Rallye
O plano da Peugeot para substituir o 205 passava por dividir os clientes
entre o 106 mais pequeno e o 306 maior - esse plano incluia tambem
substituir o 205 GTI, e para esse fim criaram o 106 Rally para os fãs da
condução.
O Peugeot 106 Rally foi desenvolvido baseado no grupo N que exigia um
motor de 1,3 litros que graças a vastas alterações debitava 100 cavalos,
desde que se puxasse as rotações (redline estava nas 7.200 rpm), algo
facil graças às relações curtas da caixa. As suspensões vinham do modelo
XSI, o interior era simples e até as jantes eram de metal simples. Tudo
combinado e tinhamos um automovel que apenas podia ser conduzido se não
rapidamente e agressivamente. Os fãs da condução pura e simples
adoravam-no.
1994 Subaru Impresa Turbo
Quando a Subaru apresentou o Impreza em 1993 não causou grande
burburinho - era um sedan de 5 ou 4 portas, tal como a maioria dos
Subarus tinha tracção integral e na altura do lançamento a versão de
topo com 101 cavalos era tudo menos rapida e inspiracional. Mas aí esta o
golpe de mestre - a Subaru previu esta situação e em 1994 lançou o
Subaru Impreza Turbo com 208 cavalos, com uma proeminiente entrada de ar
no capot, para-choques dianteiro que razava o alcatrão, aileron
traseiro e jantes largas.

O que nem a Subaru esperava é que se viesse a tornar no heroi de muitos
jovens, seguindo o mesmo caminho do Audi Quattro e Lancia Delta
Integrale. Era compacto, o sistema de tracção integral tornava-o simples
e facil de conduzir rapidamente e o baixo centro de gravidade do motor
boxer dava-lhe um comportamento irrepriensivel. A Subaru levou o Impreza
para o mundial de rallies onde teve muito sucesso e graças a Prodrive
(que desenvolveu o Impreza para os rallies) foram feitas muitas
alterações ao chassis que refinaram o já optimo trabalho da Subaru. Um
mito tinha nascido...a um preço acessivel.
1994 McLaren F1
Tal como o F40, o McLaren F1 foi um marco da evolução dos hiper-carros.
Nasceu do desejo da McLaren de construir o melhor carro do mundo, mais
rápido e mais excitante de todos mas ao mesmo tempo facil de conduzir no
dia-a-dia. Gordon Murray, que criou tambem muitos dos Formula 1 da
McLaren, tinha uma visão de um imponente automovel de 3 lugares com o
condutor ao sempre e acima de tudo muito leve. O design do feito por
Peter Stevens e o motor V12 de 6,1 litros e 630 cavalos foi desenhado e
fabricado à medida pela BMW.
Era extremamente complexo (logo demorado) e caro de fabricar graças ao
uso de materiais exoticos como folha de ouro para forrar o compartimento
do motor para ajudar a dispersar o calor. mas o produto final foi uma
dos mais rápidos automoveis de estrada do mundo (0 aos 100km\h em 3,2
segundos e o F1 GTR venceu todas as provas do campeonato de endurance
que participou excepto duas - principalmente o F1 venceu as 24 Horas de
Le Mans de 1995.
Infelizmente devido ao elevado custo de produção (há quem diga que a
McLaren não ganhou dinheiro com o F1) apenas 100 McLarens F1 foram
fabricados até 1997.
1995 Aston Martin DB7
Se o Mercedes Classe A é o tipico projecto alemão, então o Aston Martin
DB7 é projecto britanico - pegar em materiais de segunda sem grandes
recursos e no final conseguir fazer um brilharete. Depois de adquirida
pela Ford, esta decidiu que o que a Aston Martin precisava era de um
modelo acessivel para ir atrás dos Mercedes e BMW de topo. Mas
"queimados" com o problemático desenvolvimento do Virage\Vantage deram à
Aston o que era um projecto de substituto para o Jaguar XJS e enquanto a
Jaguar iria trabalhar em desenvolver um coupe completamente novo (o que
viria a ser o XK) a Aston teria de se contentar em desenvolver um
automovel apartir de material já desactualizado.

Mas a Aston conseguiu criar uma forma extremamente bela na linha do que
devia ser um Aston Martin ao ponto de os clientes não quererem saber que
já era velho antes de sair da fábrica, ou que o compartimento não era
propriamente grande ou confortavel, ou que muitos interruptores eram da
Ford ou os farois traseiros do Mazda 323F. Ao ponto de ter mais sucesso
que o Jaguar XK que era mais moderno e barato.
1996 Renault Megane Scenic
Desde 1993 a Renault contava com 2 mono-volumes na sua gama: num extremo
tinhamos o pequeno (mas revolucionário) Twingo e no outro a Espace -
fazia sentido colocar algo entre estes 2 produtos, mas era um passo
arriscado. Um risco calculado - as grandes monovolumes eram caras e
grandes demais para as familias mais jovens e uma "Espace mais pequena"
teria um publico maior.
A ideia da Renault era substituir o Renault 19 com um novo modelo com 6
carroçarias diferentes: o Megane, disponivel em sedan, coupé,
descapotavel, carrinha e monovolume - todos teriam a mesma plataforma,
tablier e mecanica. Assim nasceu a Scenic. Com os seus 5 lugares
individuais que podiam ser retirados e arrumados, carroçaria alta que
dava mais volume, uma posição de condução mais elevada que transmitia
confiança e grande capacidade de carga e arrumos foi um sucesso imediato
- ao ponto que todos os construtores apressaram-se a produzir a sua
versão neste formato muito popular.
1996 Lotus Elise
Todos conhecemos a Lotus e ao lema do seu criador Colin Chapman "For
better Performance add lightness" algo personificado pelo famoso Lotus 7
que é o equivalente a anorexia automovel. Mas a verdade é que até os
anos 80 a Lotus produzia grandes super-carros e o falhanço comercial do
Elan nos anos 90 obrigou a Lotus a repensar o seu futuro e escolhas. E a
decisão foi voltar às suas raizes, com o Elise muito avançado e muito
leve capaz de dar uma experiencia de conduçaõ de um super-carro mas
custar muito menos.
Tinha um chassis de aluminio muito rigido que oferecia um comportamente
surpreendente e uma direção extremamente precisa. Apesar de partilhar o
mesmo motor de 118 cavalos do MGF era 30% mais leve o que o tornava mais
rápido e mais economico.
A carroçaria em fibra de vidros foi desenhada por Julian Thompson
tirando muita da inspiração do seu carro pessoal, um Ferrari Dino. No
interior muito do chassis de aluminio esta visivel. O Lotus Elise foi um
automovel inovador, servindo inclusivamente ao celebre Tesla Roadster,
que provou (novamente) que não é necessário um super-carro para se viver
a mesma experiencia e o mesmo prazer.
1997 Mercedes Classe A
O Mercedes Classe A é o verdadeiro projecto alemão - a Mercedes não
queria apenas construir um automovel compacto, queria revolucionar a
categoria, reescrever as regras e mais metáforas semelhantes.
Era mais curto, tinha um chassis de 2 andares em sandwich e os motores
eram montados de lado. Essas várias inovações tornaram-no muito seguro
mas tambem muito espaçoso no interior com um fundo plano e bancos
desmontaveis que permitiam colocar cargas de 2 metros de comprimento no
interior quando o Classe A media apenas 3,5 metros de comprimento
exterior.
Mas foi extremamente caro de desenvolver e como era o primeiro automovel
de tracção dianteira da Mercedes algo tinha que correr mal - as vendas
já tinham começado quando uma revista Norueguesa
capotou um Classe A ao tentar a manobra do Alce.
Aparentemente a tendencia para capotar era causada pelo facto do
Mercedes Classe A ser curto e alto. A Mercedes teve que parar a produção
e redesenhar a suspensão traseira, algo que sacrificou um pouco o
conforto. Prova que mesmo as melhores mentes as vezes falham, em grande.
1997 Alfa Romeo 156
1986 foi o ano em que a Alfa Romeo falhou como construtor independente,
tendo sido comprada pela Fiat. A historia e imagem da Alfa Romeo
tornava-a num forte opositor à Audi e BMW no sector Premium, mas
infelizmente a Fiat deu à Alfa a plataforma do Fiat Tipo algo funcional
mas nada desportivo. Esta plataforma deu origem aos Alfa Romeo 145 e 146
que nunca foram capazes de competir com os alemães. Mas os engenheiros
da Alfa não desistiram - pegaram nesse chassis e meterem uma avançada
suspenção dianteira e multi-link traseira que melhorou o comportamento
para fazerem o 155 e em 1997 vestiram esse chassis (revisto) com uma das
mais belas e elegantes carroçarias dos anos 90 no Alfa Romeo 156.

As pegas das portas em aluminio à frente e as ocultas nas portas
traseiras, o comportamento exemplar e o primeiro motor diesel de rampa
comum do mundo foram detalhes que tornavam o 156 num Alfa muito
especial. Infelizmente varios problemas de fiabilidade acabaram por
limitar o sucesso no mercado, mas foi sem dúvida um dos mais belos e
importantes Alfa Romeo da era Fiat.
1997 Audi A6
Dêem-me uma hipotese para explicar o que é que este Audi esta a fazer
nesta lista antes de comentarem - e é culpa do sr. Ferdinand Piech,
actual chefe da Volkswagen, chegado da Audi em 1997. O sr Piech é um
engenheiro com muito conhecimento técnico e tinha o sonho de fabricar
Volkswagens, Audis, Skodas e Seats partilhando o máximo de componentes.
Mas cada uma das marcas do grupo tinha o seu caracter, identidade muitos
(dentro e fora da VW) não acreditaram que fosse possivel - eis que
Piech ganha as suas credenciais provadando a todos que era possivel, com
o Audi A6 de 1997.

Debaixo da chapa, incluindo motores e suspensões, era um Passat mas a
engenharia permitia criar 2 automoveis com distancias de eixos e de vias
diferentes o que era capaz de dar comportamentos completamente
diferentes e o resto é o design (interior e exterior) a diferenteciar o
que são na verdade automoveis identicos. E actualmente é o grupo
Volkswagen a fazer nova evolução deste sistema modular de fabricação
permitindo cruzar quase todos componentes em todas as gamas.
1997 Toyota Prius
Posso não ser um grande fã do Toyota Prius, mas a verdade é que se trata
do resultado da visão do presidente da Toyota que muito antes que todos
disse que emissões de CO2 e aquecimento global iriam ser preocupações
futuras e instruiu os seus engenheiros a construirem o que seria o
Prius.
A ideia foi combinar um motor electrico com o motor classico permitindo
assim reduzir os consumos de combustivel (ao ajudar o motor classico nas
acelerações e arranques - alturas em que consome mais) ou mesmo rodar
em modo electrico sem qualquer emissão. É uma coqueluche dos
ambientalistas e objecto de desprezo de outros mas trata-se acima de
tudo de uma visão do presidente da Toyota (
mesmo que tenham roubado o principio e a patente a um cientista russo)
e de uma tecnologia recente que vai dar mais tempo de vida ao motor de
combustão até que a tecnologia permita uma alternativa viavel.
1997 Porsche Boxter
No inicio do anos 90 a Porsche estava (outra vez) em sarilhos - os
desportivos mais modernos com o motor à frente como o Porsche 928 e o
944 não pegaram como o esperado e o 911 não tinha desaparecido tambem
como o esperado. Foi nesta altura que a Porsche recorreu a Toyota para
os ajudarem a reduzir os custos e tempos de produção, e uma das ideias
que veio ao de cima foi construir 2 automoveis apartir da mesma base
mecanica. Ora a Porsche estava a desenhar a nova (outra) reinvenção do
eterno 911 (geração 996) e usando a mesma plataforma (e muitos dos
componentes) resolveram tentar de novo o mercado dos desportivos
acessiveis que ainda escapava a Porsche - nascera o Porsche Boxter.

O Porsche Boxter foi apresentado sob a forma de concept no Salão de
Detroit em Janeiro de 1993 e este roadster inspirado do classico 550
Spyder e a resposta que obteram foi tal que a Porsche começou a aceitar
encomendas poucos meses depois. Só um problema, não tinham o carro -
ainda era um concept. E demoraram o seu tempo porque só apresentaram a
versão final em 1997 - 4 anos de espera.
Muitos deram o projeto como morto tal como as restantes tentativas da
Porsche de "ter mais um modelo que o 911", mas a verdade é estava tão
bem construido, era muito bom de conduzir que os consumidores esqueceram
a eternidade de espera e finalmente ao fim de tantos anos a Porsche
tinha um sucesso de vendas.
1997 Porsche 911 (996)
Depois do Porsche 911 964 que provou que conduzir um 911 rapidamente não
significava jogar à roleta russa e o 993 que trouxe uma nova suspensão
traseira (tirada do defundo 989 que melhorou a aderencia) que obrigou a
uma nova traseira mais larga mas no nucleo o 911 continua igual e os
engenheiros da Porsche concluiram que era impossivel continuar a
"esticar" a mesma receita - teriam que reinventar por completo este
icone da estrada.

E essa reinvenção foi feita em linha com o desenvolvimento do novo
Boxter, a nova tentiva da Porsche ao desportivo acessivel - a
plataforma, sistema electrico, motor, transmissão, farois e interior
eram partilhados. Algo que foi muito criticado pelos fãs,
particularmente porque este 996 foi considerado por muitos o "Elvis" do
911 - passou a ser um GT confortavel, que creio ter sido Jeremy Clarkson
que disse "não tanto um carro mas um sitio onde um homem gordo, careca
iria ter a sua crise de meia-idade". Mas a Porsche recuperou, porque foi
este modelo que serviu de base ao 997, que é considerado por todos como
o melhor 911 de sempre. Que prova que as vezes é preciso é bater no
fundo para regressar ao topo.
1997 Mercedes SLK
A Mercedes sempre foi mestre nos automóveis de luxo, os descapotáveis de
luxo incluídos. Foram muitos ao longo do tempo, mas quem não sonhou com
o 300 SL dos anos 50 ou a linhagem SL que até hoje existe. Magníficos
automóveis com preços igualmente magníficos. Mas na era moderna a
Mercedes tinha que diversificar oferta para sobreviver - aí entra o
Mercedes SLK, as iniciais em alemão para Desportivo Leve e Pequeno.

Acima de tudo foi uma jogada de mestre. Para assegurar fiabilidade e
baixo custo de desenvolvimento a Mercedes recorreu ao que tinha em casa e
construiu o SLK com base no Classe C e colocaram todo o seu dinheiro no
designe de uma peça que o separaria de todos os outros roadsters: um
teto rígido desdobrável.
Tejadilhos rígidos desdobráveis não eram propriamente novidade e podiam
ter ido para uma capota de lona, mas a Mercedes conseguiu desenhar este
tejadilho rígido de forma a dobrar-se em várias partes e assim não
ocupar muito espaço na mala. Assim, o SLK oferecia a condução com os
cabelos ao vento mas com a opção do conforto de um coupé fechado. E teve
tanto sucesso que pouco depois quase todos os construtores automóveis
ofereciam um ou mais modelos com este sistema de tejadilho.
1998 Volkswagen New Beetle (Carocha)
Quando Ferdinand Piech chegou a CEO da Volkswagen em 1993 não ficou
satisfeito com o que viu - a produção era ineficiente e com problemas
sérios. E visionário que é sabia que para iniciar uma mudança era
necessário um símbolo, e o Concept One desenhado por J. Mays era esse
sinal de partida. E que maneira de avançar, do que um regresso ao
passado?
Curiosidade - o avô de Ferdinand Piech, Ferdinand Porsche foi o
responsável pelo desenvolvimento do Carocha original. Mas voltando ao
Concept One, este foi recebido como um truque que não iria salvar a
marca e nunca veria a luz do dia. Mas Piech conseguiu puxar o tapete a
todos! 2 vezes!
Além de ter sido um sucesso comercial tremendo - a fabrica no México
onde é produzido não conseguia produzir o suficiente para alimentar a
procura americana que o lançamento na Europa foi adiado várias vezes,
Piech conseguiu provar era possível produzir um automóvel tão peculiar
apartir de uma base comum (neste caso o o comum Volkswagen Golf 4) e
conseguir um enorme rendimento - este New Beetle marcou o início da caça
aos nichos do mercado automóvel. Plataformas e modularidade com um
twist.
1998 Nissan Cube
Dêem-me uma chance de explicar a presença deste Nissan Cube neste artigo
- apesar de tecnicamente muito simples e sem nada de inovador, do ponto
de vista de design marca o seu lugar aqui.
Este Cube é obra do designer Shiro Nakamura que queria combinar a função
do objecto com beleza da forma mais simples possivel. E combinou isto
com um principio muito simples - na cidade, particularmente nas grandes
cidades, as velocidades são baixas tornando irrelevantes a aerodinamica e
desportividades. Então pode-se dar o máximo de espaço interior e
dedicar mais tempo e atenção à agradabialidade/joviabilidade do
interior.
1998 Smart
O Smart veio da imaginação de Nicolas Hayek chefe da empresa de relógios
Swiss e responsavel pela sua recuperação particularmente pela
popularidade da submarca Swatch. Hayek queria aplicar a mesma receita da
Swatch de um design e fabricação altamente integrado a um automovel que
pode ter inumeras versões divertidas e coloridas com uma motorização
electrica ou hibrida.

A primeira tentativa com a Volkswagen não correu bem e só em 1994 é que a
Swatch e Mercedes entraram em acordo para produzirem o Smart. Só que a
passagem do papel para a realidade foi no minimo problemática - devido a
particularidade do Smart era impossivel fabrica-lo abaixo do custo de
automoveis pequenos convencionais e desde o arranque a diz-se que a
Mercedes já perdeu 4 mil milhões de dolares com o Smart. É o preço a
pagar por ser o primeiro - o Smart abriu caminho para uma nova geração
de micro-carros como o Toyota iQ, Fiat 500, o futuro Mini Rockteman e o
novo Smart ForTwo que vai nascer em breve de um acordo com a Renault.
1999 Audi A2
Muitos devem recordar o projecto 3 litros da Volkswagen, ou seja, um
automovel capaz de percorrer 100km com 3 litros de combustivel. O
projecto foi entregue à Audi que decidiu aproveitar o seu conhecimento
em aerodinamica e uso de aluminio para criar uma forma peculiar mas
muito eficiente associado a um peso de apenas 875 quilogramas.
Estavam disponíveis vários motores, um deles um 1.2 litros que conseguia
os tais 3l/100km. O Audi A2 foi apresentado pela primeira vez como
concept car AL2 em 1997, mas antes de chegar à produção a VW decidiu
mudar o projecto 3 litros para o mais pequeno e barato Lupo deixando a
Audi com um automóvel brilhante, tecnologicamente muito avançado mas
muito caro, desnecessário graças aos desenvolvimentos dos motores diesel
e extremamente complicado de manter graças ao chassis de alumínio que
apenas algumas oficinas na Europa conseguiam trabalhar. Prova que as
vezes uma boa ideia por sí não chega.
1999 BMW X5
A ideia de um todo-terreno de luxo começou a ser discutida na BMW quand a
Land-Rover contactou a marca alemã para o fornecimento de motores para a
segunda geração do Range Rover. Mas preocupada com o "status" da BMW,
acharam que seria melhor simplesmente comprar a Land-Rover - só que a
proprietária apenas aceitava vender a Land-Rover se a BMW ficasse com a
Rover também. E em 1994, sempre optimistas, a BMW disse que sim.
Mas a verdade é que ao fim 2 anos do casamento atribulado com a Rover e o
anunciar do Mercedes Classe M, a BMW decidiu que tinha que avançar. Mas
ao invés de seguir os passos da Mercedes que quis manter a performance
todo-terreno, a BMW decidiu apostar no comportamento em estrada. Dai que
baseou o X5 numa evolução do BMW serie 5 carrinha com tração integral. E
a aposta foi um sucesso - o comportamento em estrada era excelente e
graças à serem fabricados numa unidade nos EUA (o maior mercado de SUVs)
o sucesso comercial foi estrondoso. Muitos dizem que foi o Mercedes
Classe M que arrancou com os SUV's de luxo de estrada, mas na verdade ao
ignorar o todo-terreno, sozinho o BMW X5 criou este nicho dos
falsos-todo-terreno para a estrada de luxo que depois muitas marcas
replicaram.
2000 Renault Sport Clio V6
O desporto automóvel, Formula 1 principalmente, sempre foi apetecível
aos construtores automóveis pela publicidade e imagem, mas a verdade é
que poucos conseguem fazer essa ponte na realidade. Mas a Renault
provavelmente encontrou a melhor forma de ligar o mundo da alta
competição com o automóvel comum do dia-a-dia com o incrível Clio V6.
Basicamente pegaram num V6 de 227 cavalos e colocaram-no atravessado
entre as rodas traseira onde normalmente ficaria o banco traseiro. O
chassis, tejadilho e portas eram de série o que dava um aspecto normal
mas depois notava-se as abas alargadas e a secção traseira anunciava
performances demolidoras. Não era dos automóveis mais practicos - tinha
apenas 2 lugares, não tinha mala, a instalação V6 acrescentou mais 300
quilogramas de peso o que o tornava as acelerações equivalentes ao Clio
Cup 172 mais acessível. Em 2003 o Clio V6 foi atualizado
estilisticamente, o V6 passou a debitar 252 cavalos e a suspensão
traseira foi atualizada para melhor comportamento. Descrito como um dos
automóveis mais viciantes de conduzir, prova de que tamanho não é o mais
importante e que as vezes compensa perder a cabeça e fazer uma
loucura...
2001 Renault Avantime
No ano 2000 a Renault resolveu "subir" no mercado automóvel, adoptando o
lema "createur de d'automobiles". E como desde os anos 90 Patrick Le
Quement tinha conseguido desviar o design da Renault das clinicas de
clientes para algo mais instintivo com os Twingo e Scenic, este tinha
uma grande influência na marca francesa e assim nasceu o Avantime.
O Avantime surgiu pela primeira vez como concept car funcional no salão de Genebra em 1999 baseado na Espace da altura.
A ideia de um coupe-monovolume é no minimo estranha e seria impraticável
de produzir, mas ao ser baseado no chassis muito flexível da Espace Le
Quement conseguiu convencer a Renault a avançar com a produção.
Houve um atraso de cerca de 2 anos para acertarem com a geometria de
abertura das portas mas a produção arrancou em colaboração com a Matra
em 2001. Dava uma sensação de espaço, luxo e calma que mais nenhum
automóvel dava juntamento com os aspectos práticos óbvios.
Mas o design foi mal recebido, e hoje fica como prova que as vezes ter
algo muito à frente cedo demais pode ser não ser bom e ao fim de 3 anos a
Renault abandonou a produção. Infelizmente, marcou também um passo
atras no design da Renault que perdeu a audácia produzindo os actuais
Megane, Twingo, Koleos, entre outros. Pessoalmente estou a namorar
uma...
2001 Mini (BMW)
No ano 2000 a BMW enfim chegou à conclusão que não conseguia fazer nada
da Rover (as razões são matéria para um artigo quem sabe) olhou para o
que valia a pena levar consigo e a única coisa que valia a pena era o
projeto do novo Mini que tinham arrancado. Despacharam a Rover para uma
empresa de capitais de risco, a Land-Rover à Ford e apesar de muitos na
BMW acharem que o Mini era um enorme risco, especialmente porque
recuperar um mito não é fácil ou garantido, a BMW avançou.

É que este novo Mini não era barato - o chassis era especifico, o
interior muito trabalhado, a suspensão cara e tinha que ser uma fábrica
especifica a construi-lo porque a linha de montagem era única. Mas com a
verdade é que as criticas foram magnificas - todos adoraram o
comportamento e manobrabilidade, bem como o conforto. E rapidamente
novas versões começaram a chegar, o descapotável foi um sucesso
particularmente nos Estados Unidos. O sucesso foi tão grande que a BMW
chegou a pensar em adiar a substituição desta primeira geração do novo
Mini: mesmo 5 anos depois do lançamento as vendas atingiam 210.000
unidades por ano.
2002 Ferrari Enzo
O Ferrari F50 foi uma tentativa em trazer um Formula 1 para a estrada,
mas até a Ferrari admite que foram longe demais. Era ruidoso demais,
vibrava demais, o tejadilho era basicamente inútil e nas rotações
intermédias não desenvolvia. Dai que quando Luca de Montezemolo arrancou
o projecto FX disse claramente que teria que ser o melhor que
tecnicamente a Ferrari é capaz para a estrada e deu à Pininfarina rédea
livre para que o estilo fosse completamente novo e inovador. A
aerodinâmica foi extremamente trabalhada - o nariz tipicamente Formula 1
e as 2 grandes entradas de ar canalizavam ar para os travões e por cima
do para-brisas. O fundo do carro era completamente plano e selado com
peças moveis à frente e na traseira para melhorar a performance
aerodinamica a alta velocidade.

E graças aos venturi entre as rodas traseiras que colavam a traseira à
estrada, este não precisava de um aileron traseiro. Debaixo da
carroçaria de CFC\Nomex esta um chassis de fibra de carbono e alumínio,
com o V12 de 6 litros e 650 cavalos montado num suporte de alumínio
apertado à frente ao chassis de carbono e atrás recebe uma caixa de
velocidades do mesmo tipo de um Formula 1.
E quando chegou a hora de escolher o nome para o melhor automóvel que já
produziram, a Ferrari decidiu homenagear o seu pai fundador falecido em
1988 - Enzo Ferrari. Inicialmente a Ferrari planeava produzir apenas
349 Enzo's que foram vendidos numa questão de horas no dia do
lançamento. Mas depois de muita pressão de clientes, a Ferrari concedeu
construiu mais 51 unidade - 399 foram produzidas para clientes e a
ultima unidade (o Enzo número 400) foi para o Papa João Paulo 2º.
2002 Porsche Cayenne
Além do mercado dos desportivos acessíveis, a Porsche também queria
entrar no mercado do automóvel familiar numa tentativa de alargar a sua
gama. E a primeira tentativa foi o Porsche 989 - apesar de parecer um
911 alongado o motor era à frente e tinha a mala atrás como um hatchback
normal.
Mas com a crise financeira, a Porsche abandonou o projecto e segundo
reza a historia o chassis e transmissão integral foi aproveitado para o
Audi A8. Mas foi um até já porque nos anos 90 a Porsche resolveu
aproveitar a explosão do mercado dos SUVs (especialmente no
importantíssimo mercado americano) para tentar de novo e foi ter com a
Volkswagen para desenvolverem em conjunto um.

A versão da Porsche foi o Cayenne, tinha inicialmente tinha apenas
motores V8 debaixo do capot e um estilo muito criticável - mas a verdade
é que estava muito bem conseguido e construído, tinha tração integral
permanente e tinha até a possibilidade de montar uma suspensão própria
para o todo-terreno mais violento. Mas foi acima de tudo a possibilidade
de comprar um SUV com 450 cavalos de baixo do capot (algo que apenas o
Lamborghini LM002 tinha), capaz de ir dos 0 aos 100km\h em 5 segundos e
mesmo assim levar 5 pessoas em total conforto que atraiu ainda mais nova
clientela a Porsche e em conjunto com o sucesso do Boxter, a Porsche
tinha deixado para trás os dias de incerteza.
2003 Rolls-Royce Phantom
Em 1998 o grupo Vickers decidiu livrar-se do ramo automóvel vendendo as
marcas Rolls-Royce e Bentley. Um dos principais interessados era a BMW
que já tinha dado consultoria técnica e motores para alguns Rolls e
Bentleys, e tinha uma parceria de motores de aviação com a Rolls-Royce
PLC que detinha os direitos sobre o logo e nome da Rolls-Royce.
Mas eis que entra em cena a Volkswagen e que consegue fazer uma melhor
oferta que a BMW e fica com a Bentley e Rolls-Royce. A historia não
acaba aqui porque a Rolls-Royce PLC recusa-se a deixar a Volkswagen usar
o nome e logo da Rolls-Royce - a VW comprou a marca mas não podia usar o
nome. O impasse acabou por ser resolvido com a Volkwagen a ficar com a
Bentley para si e continuaria a produzir os Rolls-Royce até 1 de Janeiro
2003, altura em que a BMW entraria em cena com um novo modelo e tomaria
a marca.
Enquanto a BMW construí-a uma nova fábrica em Goodwood, os designers
instalaram-se em Hyde Park (Londres) com o objectivo de criarem algo que
seria o melhor da engenharia automóvel moderna. O resultado foi um
automóvel muito britânico e ao mesmo tempo muito moderno. O chassis de
alumínio e motores são produzidos na Alemanha com a pintura, montagem e
os incríveis acabamentos a serem feitos em Goodwood. Um marco da
engenharia e conforto absoluto.
2005 Bugatti Veyron 16:4
Podia escrever muito aqui sobre o Veyron e a sua importância na historia automóvel...mas a verdade
é que já o fiz.
Creio que foi Jeremy Clarkson que melhor o resumiu - "É o triunfo da
loucura sobre o senso comum, do homem sobre a natureza e da Volkswagen
sobre todos as marcas e todos (incluindo Clarkson) que diziam não ser
possível".

Bugati Veyron, o carro que não devia existir.
2007 Audi R8
A Audi sempre teve como objectivo intrometer-se entre os grandes da
Mercedes e BMW, e não havia melhor maneira de saltar para esse mundo que
com um super-carro. Infelizmente várias foram os concepts apresentados
como o Audi Quattro Spyder ou o impressionante Avus Quattro daí que
quando chegou o Le Mans Quattro em 2003 muitos acreditaram que era
apenas mais concept - afinal era o que viria a ser o Audi R8 apresentado
em 2007.
Construído basicamente sobre o mesmo chassis do Lamborghini Gallardo,
equipado com tracção integral Quattro e um V8 de 4,2 litros recebeu
tamanhas criticas que a Audi conseguiu de uma só vez ficar ombro com
ombro com a Mercedes, BMW e até a Porsche. Demoraram, afinal começaram
em 1991 com o Quattro Spyder e só em 2007 apresentaram o R8, mas
acertaram no alvo.
2007 Jaguar XF
Sob dominio da Ford os anos 90 foram trágicos para a Jaguar - designe
triste (Type S), interiores de baixa qualidade, o Type X baseado no Ford
Mondeo que nunca enganou ninguem e pelo meio o XJ de 2003 que apesar de
ter um dos mais avançados chassis da altura ainda parecia vir do século
passado. Mas quando tudo parecia perdido para a Jaguar entra em cena um
cavaleiro de armadura brilhante chamado Ian Callum. Determinado a dar
um novo começo à Jaguar, enterrou o previsto F-Type com motor central e
partiu à procura de cativar o publico mais novo, fundamental para a
sobrevivência da marca. Começou a modelar a imagem com uma série de
concepts - o R-coupe, o RD-6 e enfim o C-XF que um certo disse Jeremy
Clarkson disse que se fosse tornado realidade ele cortava uma perna e
dava com ela em sí proprio...

Mas a verdade é que poucos meses depois chegou a versão de série e era
quase igual ao concept. Adeus o design de antigamente, especialmente no
interior que parecia tirado de uma nave espacial, tudo em cima de uma
versão atualizada e revista do chassis do Type S. Adeus cheiro a mofo e
design do século passado, interiores de baixa qualidade e comportamento
duvidoso - a Jaguar estava de volta decidida a não cair silenciosamente
na noite.
2010 Nissan Leaf
Curiosamente, Leaf não do Inglês de folha mas, segundo a Nissan, são as
iniciais de Leading Environmentally friendly Affordable Family car. Yup,
também acho que pegaram em Leaf e simplesmente viram que palavras
Verdes conseguiam lá meter. O Leaf não ser certamente o primeiro
automóvel eléctrico mas é o primeiro automóvel eléctrico de grande
série. Até ao Leaf, os automóveis eléctricos de estrada eram conversões
de automóveis de motor de combustão ou veículos de curta série em que a
construção era muito manual e cara.
Conseguiu no mesmo ano ganhar o Troféu de Carro Europeu do Ano (2011), o
prémio World Car of the Year (2011) e o premio Green Car Vision Award
(2010). E assim arrancou uma nova geração do automóvel eléctrico - será
que vai ter sucesso e iniciar uma mudança ou um monumental flop, só o
tempo dirá.
Fonte:
http://www.4rodas1volante.com/2011/02/os-automoveis-mais-importantes-de.html