Marilza Regattieri: ''O Ensino Médio que está aí não faz sentido''

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jemima silvestre

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Dec 17, 2011, 5:04:00 PM12/17/11
to aracatiprofissional
O cenário do Ensino Médio no Brasil é triste. Os resultados nas
avaliações nacionais e internacionais são fracos, os índices de
reprovação e evasão são altos, há queda no número de matrículas e
faltam professores especialistas. O desânimo é tanto que a maior taxa
de abandono ocorre logo no primeiro ano do segmento. Em 2010, 12,5%
dos alunos recém-ingressos deixaram de ir à escola, contra 7,6% no 3º
ano, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), essa
etapa de conclusão da Educação Básica tem de garantir as aprendizagens
necessárias ao desenvolvimento de conhecimentos e atitudes e práticas
sociais e de trabalho. Isso significa que o jovem, ao se formar,
poderá ingressar na vida adulta de forma digna seja qual for o caminho
que quiser seguir. Mas não é o que ocorre.

Na tentativa de mudar esse quadro, a Organização das Nações Unidas
para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) desenvolveu, em
parceria com o Ministério da Educação (MEC), dois modelos de
currículos: os chamados protótipos de Ensino Médio de formação geral e
o Integrado. O objetivo é estimular o debate e ajudar os sistemas de
ensino a construir propostas curriculares e revisar o projeto político-
pedagógico.

A economista Marilza Regattieri, que cuida da área de Ensino Médio e
Educação profissional da Unesco há 13 anos e participou do estudo -
cujo relatório completo será publicado neste semestre -, diz que é
preciso garantir à instituição a escolha de um modelo segundo a
realidade e o perfil de seus alunos. "Ao verem considerados os seus
anseios, eles passam a ter outra relação com a escola. Ficam mais
interessados", diz Marilza. Leia a seguir a entrevista que ela
concedeu a GESTÃO ESCOLAR.

Qual o principal gargalo do Ensino Médio hoje no Brasil?
MARILZA REGATTIERI É o currículo. Há uma diversidade muito grande em
relação a condições socioeconômicas, sonhos, expectativas e visões da
juventude sobre o mundo. Apesar disso, o que se observa é uma escola
única, que pouco diferencia as suas formas de atendimento e
organização do Ensino Médio. A discussão, portanto, precisa se centrar
no currículo, em aprendizagens que garantam ao cidadão, ao sair da
escola, o preparo para continuar os estudos e evoluir enquanto pessoa
e profissionalmente. Assim, ele estaria apto para desenvolver
habilidades que qualquer tipo de trabalho demanda, na escrita, na
fala, na construção do raciocínio lógico e no domínio de uma Língua
Estrangeira. Embora isso esteja previsto na LDB, não chega a ser
efetivado.

Qual a sua avaliação sobre as políticas públicas vigentes para o
segmento?
MARILZA O Ensino Médio que está aí não faz sentido. Houve o
amadurecimento na oferta e na gestão das políticas do setor - a
exemplo dos catálogos nacionais de cursos técnicos e de tecnologia e
de programas como o Ensino Médio Inovador -, mas faltam medidas que
acompanhem o dinamismo que a comunidade escolar e o mercado de
trabalho exigem. A integração curricular entre Ensino Médio e Educação
profissional ainda é incipiente. É preciso uma proposta pedagógica que
sistematize isso melhor.

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