Dina, escrevi de uma vez, desculpa qualquer erro.
E sugiro também esse texto sobre o tema
http://blogconvergencia.org/blogconvergencia/?p=1922
Milhares de jovens negros e negras morrem todos os dias há muitos anos. Mas assim como a morte de Amarildo, Douglas, Willian foram muito repercutidas após as jornadas de junho, a repressão aos rolezinhos é que tornou a ida no shopping uma pauta das lutas sociais nessa nova situação aberta com as jornadas de junho. O movimento negro na sua maioria foi cooptado pelos financiamentos públicos e hoje poucas são as organizações que puxam campanhas nacionais contra o racismo. O movimento popular tem um caráter territorial e muitas vezes restrito a algumas comunidades. Nessa perspectiva, os rolezinhos de um encontro de jovens com o objetivo de se divertir tornou-se algo político.
Certamente, os jovens que puxaram essas iniciativas nem tenham tido consciência do significado político que teria após a repressão, mas em tempos que negar a luta de classes é tão naturalizado, os rolezinhos fizeram cair as máscaras da hipocrisia do racismo à brasileira. A classe dominante e suas organizações não precisam analisar esses fenômenos, basta reprimir. O movimento estudantil, sindical, sociais e a esquerda podem e devem buscar compreender esse fenômeno, que pode não ser novo, mas que ganhou uma conotação política inegável nas últimas semanas. Não é um ato pensado conscientemente como político, como Rosa Parks e a desobediência civil nos EUA, mas a repercussão é semelhante. E se não nos identificamos com a realidade da periferia pra agir, vamos ser omissos diante dessa realidade cruel.
Sobre o "Não vai ter Copa"
O futebol faz parte da cultura dos jovens da periferia brasileira. Ao levantarmos essa palavra de ordem estamos ignorando a realidade em que vivemos. Se queremos dialogar com a periferia temos de partir do seu nível de consciência e da sua realidade. O futebol não é o problema, mas sim as injustiças sociais que se perpetuam e se tornam absurdas diante da Copa e seus investimentos bilionários de dinheiro público em obras para o capital. Cadê o dinheiro para a educação, a saúde, a moradia e o transporte?
No movimento LGBT aqui também existe o argumento de que cada é que tem mais legitimidade de falar por si. Concordo, mas considero incompleta essa formulação. Voz a tod@s que querem se organizar e lutar é muito importante, mas se reconhecer no outro e lutar não só por si mas pelos explorados e oprimidos é que é fundamental. Quando fazemos isso deixamos de pensar enquanto indivíduo e pensamos coletivamente. Por isso, os movimentos sociais organizados podem intervir em novos espaços com o intuito de apoiar essas iniciativas. Diferente é a postura de setores governistas que se utilizam da truculência para calar os demais, como na manifestação do 20 de novembro em Porto Alegre.
A luta da periferia tem de ser a luta de todos nós.