Queridos Amigos,
Ronaldo, sobrinho do meu marido, está internado no Hospital Psiquiátrico Pedro II (Instituto Nise da Silveira) há mais de um ano. Esteve na enfermaria do prédio “Casa do Sol”, depois foi transferido para Pavilhão Braule Pinto (Morada Assistida), e por último, transferido para a “Casa Azul”. Ronaldo esteve internado durante vários anos, em vários hospitais e sanatórios. Talvez ele tenha condições de retornar para casa. Talvez... Mas com certeza sua mãe não terá condições de recebê-lo. Em janeiro ele completará sessenta e cinco anos e minha cunhada Odaléa estará com oitenta e sete anos...
Todas as vezes que eu olho para o Ronaldo eu vejo tanta paz, tanta bondade, tanto amor. Mas eu não acompanhei as suas crises, os seus surtos. Mas a sua mãe sim! O irmão, um ano mais novo que o Ronaldo, também.
Então eu me pergunto: o que pode ser resgatado de uma vida sem vida? De uma vida que teve sua vida dilacerada pela doença, ainda tão jovem? E eu me respondo: o amor! A esquizofrenia adoeceu a mente do Ronaldo, mas não o seu coração, por isso ele transmite paz, bondade, amor. Ele ama e deseja ser amado. Como todos nós desejamos! De quinze em quinze dia ele é encaminhado para o CAPS Ernesto Nazareth na Ilha do Governador, onde mora sua mãe, para que ele possa receber as medicações e realizar as Oficinas Terapêuticas. Hoje, o Hospital Psiquiátrico Nise da Silveira e o CAPS Ernesto Nazareth entendem que o melhor para o Ronaldo, e para a sua mãe, é que ele possa ficar em uma Residência Terapêutica, lá mesmo na Ilha do Governador. Essa residência possuirá serviços de psiquiatria que serão fornecidos pelo poder público, através dos serviços de saúde. Só que isso não ocorre de uma hora para outra. É necessário espera e negociação; muita negociação entre o Estado, as Instituições (Nise da Silveira e Ernesto Nazareth) e a família. E nessa negociação entra vários fatores, principalmente à entrega da casa que servirá como residência; a contratação dos cuidadores dos residentes (no máximo cinco residentes para cada casa); enfim, muito tempo ainda aguardaremos por uma resposta que poderá, inclusive, ser uma negativa.
Mas eu estou confiante de que o Ronaldo terá um final feliz, uma velhice digna. Quando sou questionada por ambas as Instituições (e isso tem ocorrido com bastante freqüência!) a minha resposta é sempre a mesma: no que depender de mim farei o possível para ajudá-lo, e visitá-lo, onde quer que ele esteja. Mas ele tem mãe (e irmão!), e a palavra final é a dela. Vejamos o que será falado na próxima reunião do dia 12 de agosto.
Que o Senhor nos abençoe.