EM DEFESA DA BANCA
DO CORDEL NA PRAÇA CAIRU –MERCADO MODELO- SALVADOR Jorge
Linhaça
Prefeito preste
atenção, Há coisas que não se faz. Se foi só por distração -Ou se
foi pura traição- Consulte seu capataz
Tirar da Praça
Cairu A Banquinha do Cordel Foi como cuspir na Cruz E beijar o
Belzebu Trocando inferno por céu
Veja bem senhor
prefeito Que afronte à cultura Tornou-se o tal dito e feito Pura
falta de respeito. É coisa de ditadura!
A barraca do
Cordel Nunca mal fez a ninguém. Atraia menestrel, Gente boa a
granel, Só servia para o bem.
Lá a droga que
havia Era mesmo viciante Muita gente envolvia Com a sua
harmonia Na voz de cada cantante
O cordel,
senhor prefeito, Já ganhou, de todo, o mundo, De todos tem o
respeito Esse improviso feito Com um teor tão
profundo
São histórias da
história A expressão popular Declamadas de memória Contando
chistes e glórias Que não podem se apagar
O cordel é
patrimônio Cultural da humanidade Por mais que queira o
demônio Travestido em Santo Antônio Negar-lhe tal
qualidade
Meu prefeito, ouça
bem, Fazer festas milionárias Outros já fazem também Mas quem
vive de vintém Tem direito à batalha
De ganhar os seus
trocados Batalhando honestamente Sem ter que ser despejados Por
projetos apressados. Bote isso em sua mente!
Rasgue, pois, o
seu orgulho, -Ou o do seu assistente- Pois cordel não é
entulho Pra botar no mesmo embrulho De bandido ou
delinquente.
Preservar nossa
cultura, Essa raiz nordestina, Em sua essência mais pura Dos
versos em lavratura É também a sua sina.
Não queira ser,
pois, lembrado, Como o cruel ditador Que pra limpar o
Mercado Atirou pra todo lado Como franco
atirador
O Cordel, caro
Netinho, Foi no peito alvejado Seu sangue escorre qual vinho Do
Comércio ao Pelourinho Do Campo Grande ao
Mercado.
Volte atrás e faça
o bem A quem nunca lhe deu fel Ao pedido diga amém Volte ao seu
lugar, além, A banquinha do Cordel.
Salvador,22 de fevereiro de
2014 |