Queria ser aquele poeta... Jorge Linhaça
Queria ser aquele poeta
Cujos versos fizessem sentido Cujas ideias fluíssem claras Cuja voz não se elevasse num grito Mas fosse o sussurro de um anjo.
Queria ser aquele poeta
Das palavras bonitas Do senso comum Do vai com a maré Da futilidade contextual Dos versos sensuais
Mas sou apenas o poeta
Dos versos sinceros Das palavras brutas Da verdade crua Da contestação pura Da constatação nua Da contramão do trivial
Sou o poeta perdido no tempo Relendo o passado Rasgando o presente Prevendo o futuro de asas negras.
Eu sou o bastardo das musas O bardo proscrito do parnaso O menestrel maldito Da corte dos insanos.
Salvador, 27 de abril de 2013 |