Todo idealista tem um ponto de partida do qual começa a
defender determinada idéia. Ninguém nasce defendendo alguma causa.
Aprendemos a levantar bandeiras com o tempo, e, sempre há um momento
chave, o ponto de partida. Assim aconteceu comigo para que eu me
alistasse na luta pela preservação do meio ambiente. Este tema sempre
me agradou, mas eu me entreguei à causa no ano de 2004 em uma das
várias viagens que já fiz no município de Capelinha, que fica na
região do Vale do Jequitinhonha, estado de Minas Gerais. Naquela
viagem, meu pai levou-me para conhecer o terreno onde fora criado,
numa zona rural apelidada "paiol de fora".
O lugar é presenteado por uma linda reserva natural de
cerrado e uma maravilhosa fauna, além de alguns córregos com águas
realmente cristalinas. Porém na época daquela visita, a paisagem não
estava das melhores. Em pleno janeiro, chovia pouco e a temperatura
estava altíssima. O cerradão estava seco e quase não se via animais
pela estrada. Eu achei o fato estranho, mas meu pai confirmou que nos
tempos de sua juventude já tinha visto secas piores. Quando chegamos
na fazenda meu velho reconheceu a antiga entrada, suspirou de alegria,
mas se assustou com um fato: um pequeno córrego que passava pela
estrada estava totalmente seco. Segundo meu pai, mesmo nos tempos de
secas prolongadas, o córrego nunca havia secado. Era uma verdadeira
calamidade.
Entramos na fazenda e logo chegamos na sede, onde
encontramos com o dono, considerado por meu pai como um irmão.
Enquanto os dois relembravam os tempos em que viveram juntos, fiquei
refletindo sobre o córrego seco: "Se não era a falta de chuvas, qual
seria, então, o motivo da escassez de água?" Não resisti a curiosidade
e chamei um dos meus primos, por nome Jeferson, para subirmos até a
nascente.
Andamos alguns hectômetros e chegamos ao lugar. Logo obtive
minha resposta: Toda a mata ciliar havia sido derrubada. Voltamos à
sede e questionamos o desmatamento. Para a nossa surpresa o autor da
trapalhada era meu próprio tio! Meu primo Jeferson, que é grande
conhecedor da área ambiental, explicou então os motivos da seca do
córrego. Felizmente, meu tio aprendeu a lição e nunca mais interferiu
na mata ciliar do córrego. Graças ao bom Deus, o manancial não secou
mais.
Apesar de calamitosa, a atividade realizada por meu tio teve
um lado benéfico. A partir daquele dia passei a me preocupar
seriamente com a vida do planeta. Observei de perto, toda a teoria que
já havia aprendido e senti nos ombros a responsabilidade que temos de
preservar este lindo planeta. Desde então minha consciência sempre me
lembra que não posso ser apenas mais um cúmplice desta patética
destruição.