Olá Alberto !!
Quando escrevo a um, sinto que escrevo a outro, e isso é resultado da forte união entre vcs dois !!
Sobre a Bahia, precisamos conversar mais, e pessoalmente, pois nesta fase é momento de esclarecer melhor todos os pontos positivos e os negativos, além das possibilidades. Isso é importante para que a expectativas geradas correspondam à realidade, pelo menos o mais próximo possível. E, pelo visto, estaremos presentes fisicamente em breve. É que o Chico, um dos primos mais velhos, me deu uma notícia há uma semana, que lá na Bahia a seca está "braba" como em nenhum ano anterior. Até o encontro da família terá de ser restrito em seu número de participantes. Pra vc ter uma ideia, o pessoal da cidade está indo buscar água pra beber e cozinhar nas caixas de 16.000 litros instaladas pelo governo nas casas da área rural. Isso dificulta, mas não vai impedir nossos planos. Até ao contrário : podemos entrar neste processo para ajudar em métodos de obtenção e economia de água, além de oferecermos possibilidades de renda, como o plantio de espécies mais resistentes à seca, como a babosa, que lá propaga espontaneamente. O Chico disse que até a produção de umbu deste ano está prejudicada (o umbuzeiro tem umas grandes batatas que reservam água).
Antes de responder, liguei para a Lila, do Jatobá Terra Prana afim de perguntar como está a Ika por lá. Ela me disse que está tudo bem e que estão super entrosadas. Que bom, né ?....Aí falei sobre vcs e ela respondeu que pode, sim, estar conhecendo-os. O espaço oferece alguns níveis de participação :
- Aluga uma casa e a pessoa/família fica totalmente livre.
- Aluga uma casa e a pessoa paga em trabalhos por algumas horas do dia, por alguns meses até conseguir trabalho na cidade, ficando, por exemplo, à tarde, totalmente livre.
- Mora lá e compartilha projetos, tarefas, etc...., recebendo somente a casa gratuitamente, de forma definitiva, devendo conseguir trabalho externo para a comida (se bem que lá, verduras e algumas frutas sempre tem)
- Mora lá e compartilha todo o tempo em troca da casa e de comida. Este último não está sendo possível no momento.
Já houve períodos que ela contratou funcionários, mas não está sendo possível no momento, também.
Observe que não é uma proposta de compartilhamento mais achegado de vivências. Cada um, ou cada família, deve ter sua relativa autonomia e espaço exclusivo.
Ela disse que vcs podem ir lá conhecer ou já enviarem seus históricos/currículos. Inclusive ela deseja tentar recursos do poder público para estar disponibilizando o espaço às crianças das escolas. Aí você entra de cheio !! (vou tentar ajudá-la conversando com o secretário do Meio Ambiente que gosta de educação e que pode intermediar com o secretário da Educação)
Tem também a Ecovila Tibá, que creio ainda estar admitindo novos participantes. Eles tem alguns projetos, inclusive um grupinho que está produzindo orgânicos. A ecovila foi fundada por professores da Ufscar e mantem ainda uma característica um pouco de elite : estão construindo uma ótima casa de madeira tratada, etc....
A Ana, durante uma festa, me perguntou sobre vc, então disse que por enquanto tinha arranjado um trabalho temporário. Acho que a vaga para cuidar das crianças de lá ainda está em aberto.
Tem também a Veracidade, na cidade, que embora de espaço menor, é super movimentado e tem vários projetos. Às vezes há vaga para se morar. Agregado à Veracidade, há um espaço de 1 alqueire, dentro da cidade, que possivelmente a Veracidade irá entrar em contrato e cuidar do antigo escritório, duas casas e um barracão (era uma transportadora). Vou ver com o Djalma.
E tem aqui no acampamento, cuja característica principal é conseguirmos um dia lotes de terra do Incra para construirmos ecovilas. Porém, devido à pequena estrutura, acho que seria difícil vcs se estabelecerem. Hoje, depois de três dias me recompondo, é que estou voltando a dar andamento a outras atividades que estavam paralisadas. O envolvimento com a Ika foi desgastante por um lado, mas, por outro, de muito proveito no aprendizado. Ela, embora tivesse muitos conhecimento teóricos, nunca havia vivido situações de necessidades e dificuldades como as que se apresentam aqui. Então, criou-se nela um impulso por sobrevivência, embora eu lhe desse toda a garantia. Ficou super ansiosa por conseguir de imediato um trabalho para comprar uma lente de contato e manter o seu jeep. Enfim, necessitava de muita atenção neste seu processo de proteger a própria individualidade, obstruindo-a, por completo, de vivenciar formas de compartilhamento. Antes de vir pra cá ela já estava estressada com problemas onde vivia e tudo desembocou em um desencontro de expectativas e em dificuldades de vivência comunitária. O ideal é que quem venha pra cá já tenha uma boa autonomia para fazer o seu próprio barraco e criar o seu próprio espaço, além de ter ou procurar os seus próprios recursos de sobrevivência. Depois, estando próximos, vamos aumentando aos poucos o nosso nível de compartilhamento.
No entanto, nada impede que tentemos, destemidamente, encarar as dificuldades de se viver como uma única família compartilhando quase tudo, sem também restringir os momentos e os espaços necessários às nossas individualidades.
Como vou viajar dia 28 ou 29, vcs podem vir morar aqui por 22 dias. Enquanto isso, fazem o seu cômodo. Temos alimentos também para estes 22 dias. Então, poderiam conseguir algum trabalho na cidade durante este período. Se vierem alguns dias antes, seria melhor para eu tentar ajudá-los a conseguirem trabalho.
Depois de conversarmos bastante, há a chance, também, de já irem para a Bahia. Precisaria de 500 reais para os dois e talvez 400,00 no aperto.
Enfim, muitas possibilidades. Dependendo da coragem de vcs de enfrentarem situações não bem definidas, já poderiam vir de "mala e cuia". Deus vai abençoar que tudo dê certo em uma das opções !!
Abração e sorriso amigo aos dois !!....Luiz