Um lamento e uma canção de amor.
Preparando o Datagramazero de agosto de 2015 tive que engendrar umas palavras para o editorial do número vindouro. Estas palavras me tocaram emocionalmente e é por isso que as antecipo hoje aqui o abaixo:
Iniciar o Datagramazero em novembro de 1977 foi um sonho e uma audácia. Não havia uma revista eletrônica privilegiando a Ciência da Informação com uma visão ampla da área e suas inter-relações com outras áreas. Nas palavras de J. L. Borges: “é preciso ser fiel ao sonho e não às circunstâncias". E neste caso do Data as palavras começam, em certo sentido, como mágica a formar um conteúdo de um periódico e digital. "Como associando ao traço visível à coisa invisível, a coisa ausente … As palavras nos significam e nos definem e identificam, também, aqueles que tratam conosco. Escrever pode, então, ser um lamento em uma canção de amor não correspondido.”
Com o passar do tempo o Datagramazero foi sendo todo realizado só por mim como uma atividade lúdica e prazerosa. Por cerca de treze anos fiz a revista sozinho. Mas é preciso lembrar que existe a adversidade que aparece como coisa imponderável, a circunstância inesperada que chega poderosa e superveniente na nossa realidade. Nesses momentos passamos a viver no pequeno espaço de um vazio temporal, como na indeterminação entre dois estados.
Neste julho de 2015 convivi com o imponderável que pode cessar as atividades do nosso dia a dia. Compreendi que haverá o momento em que infelizmente as circunstâncias serão tão fortes que encerrarão o sonho.
Aldo de Albuquerque Barreto
editor